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O deputado Guilherme Derrite realizou um "recuo tático" no PL Antifacção, alterando a proposta após forte pressão do Palácio do Planalto e da Polícia Federal. Ele abandonou a vinculação à Lei Antiterrorismo e devolveu as atribuições da PF previstas na Constituição. O especialista Fernando Capano analisa as mudanças no projeto.

Apesar do recuo, o Centrão estaria usando a pauta de segurança para preparar uma derrota política a Lula, aumentando a tensão na Câmara. O corte revela ainda que a disputa em torno do PL Antifacção, especialmente nas redes, tem incomodado o presidente da Casa, Hugo Motta.

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Transcrição
00:00O deputado Guilherme de Ritchie alterou o projeto de lei que ficou conhecido como PL Antifacção.
00:05Após esperneio do governo e da Polícia Federal, o relator abandonou o enquadramento das facções criminosas na lei antiterrorismo
00:12e recuou na tentativa de restringir a atuação da PF, dois dos pontos mais polêmicos do substitutivo anterior.
00:18O novo relatório protocolado na noite desta terça-feira transforma o projeto em um marco legal autônomo de combate ao crime organizado,
00:25deixando para trás a vinculação ao terrorismo e devolvendo à PF as atribuições previstas na Constituição,
00:32mas sem citar a corporação diretamente.
00:34Entre os críticos da proposta, acreditem, estava o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Vamos ouvir.
00:41Uma coisa é o narcotráfico. As organizações criminosas, as facções, como nós conhecemos no mundo todo,
00:48no México, na Colômbia e no Brasil. O PCC, Comando Vermelho, Amigos dos Amigos, na imprensa,
00:55você vai tomando conhecimento desses grupos que estão sendo combatidos.
01:00Qual é o método para combatê-los?
01:02O que o governador Cláudio Castro utilizou, que no passado era o escadrão da elite, rota na rua, tropa de elite.
01:09Isso tem resolvido? Não, não tem resolvido.
01:12E no Rio mesmo, nós já estamos vendo o Comando Vermelho de novo, lá na Penha e no Alemão.
01:18O problema é que agora, além de usarem métodos que não levam a solução,
01:22querem comparar grupos terroristas com as facções de narcotráfico do Brasil.
01:28Isso é muito grave, porque se um país assume essas organizações como narcoterroristas,
01:33isso significa que pode permitir intervenção externa no país,
01:37como os Estados Unidos vêm ameaçando fazer no México, na Venezuela.
01:41Isso significa que o Brasil passa a ser um país de alto risco para o investimento,
01:46alto risco para visitar, para viver.
01:48É verdade que há insegurança no país e cada vez pior.
01:52É verdade que nós não podemos permitir que grupos armados não só exibam essas armas,
01:57desfilem com essas armas, como domine as populações,
02:00extorquindo, cobrando taxas de proteção,
02:03controlando a venda de gás, a venda muitas vezes da própria internet.
02:06Mas isso se combate com inteligência, se combate com repressão,
02:11se combate com infiltração, se combate indo atrás do dinheiro,
02:15como nós provamos com a Operação Carbono.
02:17Pode se combater também procurando desalojá-los,
02:20retirá-los dos territórios em determinados momentos,
02:24desde que se respeite a protocolos e a manuais da atuação das polícias militares
02:29para esse tipo de enfrentamento.
02:31O que nós não aceitamos é a execução pela demanda legal,
02:35é a tortura e é o uso político-eleitoral e político-ideológico
02:40da questão da segurança pública.
02:42Porque se resolvesse, tudo o que eu citei que já aconteceu no Brasil
02:45teria resolvido.
02:46Portanto, não vamos aceitar essa tipificação
02:50que sai do Código Penal e vai para o direito internacional
02:53de grupos narcoterroristas,
02:55que o bolsonarismo, na verdade é isso,
02:57para uso eleitoral, quer, no Congresso Nacional,
03:01transformar em legislação.
03:02É o Brasil confessar que não é capaz de defender a sua soberania.
03:06É quase como pedir, como disse o Flávio Bolsonaro,
03:09que o Trump mande bombardear a Baía da Guanabara,
03:12barcos na Baía da Guanabara.
03:14Vamos assumir a nossa responsabilidade,
03:16criar o Ministério da Segurança Pública,
03:18dar continuidade a políticas como a Operação Carbono.
03:21Vamos desmontar o crime organizado no Brasil,
03:26não só desarmando e evitando o controle de territórios,
03:29mas atingindo o coração do crime organizado,
03:32que é o dinheiro.
03:34Para nos ajudar a entender as mudanças,
03:36estamos com o Fernando Capano,
03:38especialista em segurança pública.
03:40Fernando, boa tarde.
03:41Como o senhor analisa essa terceira versão do PL Antifacção
03:44apresentada pelo relator, o Guilherme Derriti?
03:46Bom, uma boa tarde para todos.
03:50Mais uma vez, um prazer estar aqui participando do programa.
03:53De fato, me parece que tivemos alguns recusos,
03:56de ontem para hoje.
03:57Já estamos aí na terceira versão desse projeto.
04:04Ele, a meu juízo, apresentava realmente um defeito,
04:07um vício de inconstitucionalidade no que concerne
04:09as atribuições da Polícia Federal,
04:12as limitações das atribuições da Polícia Federal,
04:15e também do feixe de atribuições do próprio Ministério Público.
04:18Mas eu lamento, sinceramente,
04:22este recuo no que concerne a questão do terrorismo.
04:27Não estamos falando, a meu juízo,
04:29de equiparar Grupo A, Grupo B ou Grupo C
04:33com organizações terroristas no sentido técnico da palavra.
04:36Mas fato é que estas organizações estão a cometer atos
04:40análogos ao terrorismo.
04:42E, portanto, a meu juízo, nós precisaríamos de uma legislação
04:45que desse ao Estado brasileiro, sim,
04:48a possibilidade de um combate,
04:50dando nome àquilo que, de fato, está acontecendo no Brasil
04:54nessa oportunidade.
04:58Tomara que, no trâmite desse projeto,
05:00no âmbito da Câmara dos Deputados,
05:01e também no âmbito do Senado,
05:03nós tenhamos aí uma discussão um pouco menos politizada,
05:06com P minúsculo.
05:07Porque, afinal de contas, o problema não é de ideologia A
05:11ou de ideologia B.
05:12O problema da segurança pública toca a todos nós,
05:14independentemente da nossa coloração política.
05:18Fernando, apenas para reforçar, então,
05:19na avaliação do senhor,
05:21deveria incluir,
05:22esse projeto deveria incluir condutas típicas
05:24de organizações criminosas, de facções,
05:26na lei antiterrorismo?
05:27A mim, me parece que nós poderíamos,
05:31obviamente, com um projeto um pouco mais,
05:33melhor redigido, do ponto de vista técnico,
05:35mas me parece que a questão não é,
05:38insisto uma vez mais,
05:39não é, obviamente, abrir mão da nossa soberania,
05:42como quer o ex-ministro José de Seu,
05:44não é isso.
05:45É, na verdade, reconhecer que, por exemplo,
05:47entre outras coisas,
05:48o domínio de um território é, sim,
05:51manifestação inequívoca
05:53de uma organização que pratica atos
05:56análogos ao terrorismo.
05:58Logo, nós precisamos, a meu juízo,
06:01enfrentar essa situação sob pena
06:04de, por exemplo, acontecer o que aconteceu
06:06lá na Colômbia nos anos 90,
06:07em que uma parcela muito substancial,
06:09muito robusta do território colombiano
06:11foi tomada pelas FARC,
06:12a começar pela lógica da prática
06:15de uma montagem de um narco-estado.
06:19Então, para que isso, eventualmente,
06:20não aconteça entre nós aqui,
06:22nós precisamos reconhecer
06:23que nós estamos diante de máfias,
06:25máfias, tecnicamente falando,
06:28obviamente, transcendem a lógica
06:29das organizações,
06:30porque, inclusive,
06:31elas têm capacidade de operar
06:33em ambiente internacional,
06:35e, portanto, nós precisamos, sim,
06:37ter instrumentos jurídicos,
06:39instrumentos legais,
06:40precisamos dotar o nosso ordenamento jurídico
06:42de um marco inequívoco
06:44para que a gente possa combater
06:45atos análogos à prática do terrorismo.
06:49É uma distinção que me parece
06:50bastante importante,
06:51não é uma filigrana,
06:52não é um detalhe,
06:54e espero realmente
06:56que o Congresso Nacional,
06:57de novo,
06:57encare essa situação
06:59com a coragem
06:59que precisa encarar.
07:01Rodolfo Borges.
07:03Boa tarde a todos,
07:04Capano, obrigado pela entrevista.
07:07Eu queria só botar
07:08mais uma informação
07:09do que a gente está falando.
07:10O Guilherme,
07:10que está apresentando o programa,
07:11aqui já identificou
07:12que tem uma emenda já
07:13do líder do PP
07:14na Câmara
07:15para recuperar
07:17essa tipificação,
07:18não a tipificação,
07:19mas a equiparação
07:20ao ato do terrorismo,
07:21e só para explicar
07:22para todo mundo,
07:23o PP é o partido
07:24do Guilherme de Rit,
07:26que se entendeu
07:27aparentemente com o governo,
07:28recuou,
07:29mas aparentemente também
07:31recuou com a perspectiva
07:33de que talvez possa vir
07:34a avançar
07:35na tramitação
07:36desse projeto de lei.
07:38E eu queria só,
07:39Capano,
07:39que você desse para a gente
07:40essa perspectiva
07:41do que de efetivo
07:43seria benéfico
07:45para o enfrentamento
07:45das facções criminosas
07:47no Brasil
07:47dessa equiparação.
07:50Faz parte,
07:51a gente já ouviu aqui
07:52outros especialistas
07:53dizendo que
07:54a circulação
07:55das informações,
07:56inclusive do ponto
07:56de vista internacional,
07:58do compartilhamento
07:59de informações,
08:00de atuação
08:00dessas facções
08:01do Brasil
08:02no exterior
08:03pode ajudar
08:04a combater
08:05esse tipo de crime.
08:05Do ponto de vista prático,
08:07qual que é o benefício
08:09de considerá-las,
08:10de considerar
08:11que eles praticam
08:12atos terroristas?
08:13Rodolfo,
08:15obrigado pelas suas
08:16ponderações
08:17muito pertinentes
08:18e pela informação
08:18acerca aí
08:19já dessa tentativa
08:21de emenda
08:22para resgatar
08:23essa questão.
08:24Pois é,
08:25do ponto de vista prático,
08:27não é só a questão
08:28do compartilhamento
08:28de informações,
08:29é dotar,
08:30como diz o Estado brasileiro,
08:31de uma capacidade maior
08:32em todos os níveis
08:34fazendários,
08:34não só em ambiente
08:36de Estados,
08:36mas também em ambiente
08:37da União,
08:38que, digas de passagem,
08:39precisa ser chamada
08:40a pagar a conta também,
08:42porque muito se fala
08:43de segurança pública
08:44e ambiente da União,
08:45mas a União responde
08:46só por 12%
08:47do total do bolo orçamentário
08:49que vai para a segurança pública.
08:51Então,
08:52para que a União
08:52possa participar
08:53de maneira mais robusta,
08:56inclusive nessa lógica
08:57dos atos equiparados
08:58a terrorismo,
08:59não precisa pagar a conta também,
09:01e isso precisa ser discutido
09:02com seriedade,
09:03isso precisa ser discutido
09:04inclusive com brevidade.
09:06E, como disse,
09:07para além da questão
09:08do compartilhamento
09:08das informações,
09:09nós eventualmente
09:10vamos poder ter
09:11uma clivagem
09:13distinta
09:13daquela que nós temos hoje.
09:16Penso que
09:17nós teremos
09:17muito mais capacidade,
09:19por exemplo,
09:19de causar de fato,
09:20em consequência
09:21dessas inflamações
09:22fluídas
09:22que giram no mundo,
09:24que giram no sistema
09:25financeiro internacional,
09:26nós vamos ter capacidade
09:27realmente
09:28de combater
09:28a lógica
09:29da asfixia,
09:30de combater não,
09:31de propiciar
09:31a lógica
09:32da asfixia financeira,
09:34e essa clivagem
09:35passa a ser um tanto
09:36distinta,
09:37especialmente
09:37para os membros
09:38líderes
09:39dessas organizações
09:40que passam a ser
09:41inimigos
09:42do Estado brasileiro.
09:44A clivagem
09:44de inimigo
09:45versus amigo,
09:47no meu ponto de vista,
09:48diante do crescendo
09:51deste problema,
09:52tende a nos dar,
09:53obviamente,
09:53maior instrumental
09:54para que a gente
09:55possa enfrentar o problema
09:56como ele deve ser enfrentado,
09:58insisto mais uma vez,
09:59para que nós não tenhamos
10:00o que aconteceu na Colômbia,
10:01para que nós não tenhamos
10:02o que aconteceu na Itália.
10:03Lembro que lá na Itália,
10:04por ocasião da Operação
10:06Mão Limpa,
10:07Mano Pulit,
10:08se falava que
10:09onde tudo é máfia,
10:11nada é máfia.
10:12Então, nós precisamos
10:12de uma vez por todas
10:13reconhecer
10:14que nós estamos diante
10:15de organizações
10:16muito poderosas
10:17e que precisam ser
10:18combatidas com instrumentos
10:19normativos também
10:20mais poderosos.
10:34e que nós estamos diante
10:37para que nós podemos
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