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A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quarta-feira, 5, que o governo Lula é contra o projeto de lei que tipifica a atividade de organizações criminosas e milícias como terrorismo.

O texto, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), está tramitando em regime de urgência na Câmara desde maio.

Na terça-feira, 4, o parlamentar apresentou um requerimento para apensar o projeto de lei antifacção, de autoria do governo federal, ao seu.

Questionada sobre a iniciativa de Danilo Forte, Gleisi afirmou o seguinte à imprensa:

“O governo é terminantemente contra. Somos contra esse projeto que equipara as facções criminosas ao terrorismo.

O terrorismo tem objetivo político e ideológico, e o terrorismo, pela legislação internacional, dá guarida para que outros países possam fazer intervenção no nosso país, nós não concordamos com isso.”

Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:

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Transcrição
00:00E a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quarta-feira 5 que o governo Lula é contra o projeto de lei que tipifica a atividade de organizações criminosas e milícias como terrorismo.
00:12O texto de autoria do deputado Danilo Forte, da União Brasil do Ceará, está tramitando em regime de urgência na Câmara desde maio.
00:19Na terça-feira 4, o parlamentar apresentou um requerimento para apensar o projeto de lei antifacção de autoria do governo federal ao seu.
00:26Questionada sobre a iniciativa de Danilo Forte, Gleisi afirmou o seguinte à imprensa, abro aspas.
00:30O governo é terminantemente contra. Somos contra esse projeto que equipara as facções criminosas ao terrorismo.
00:37O terrorismo tem objetivo político e ideológico e o terrorismo, pela legislação internacional, dá guarida para que outros países possam fazer intervenção no nosso país.
00:46Nós não concordamos com isso. Nós já temos uma legislação sobre facções criminosas, mandamos agora um projeto de lei que traz bastante rigor para o combate às facções
00:54e temos lá a PEC da Segurança, que está dormitando há seis meses quase e que a Câmara não deu encaminhamento.
01:00Está na comissão especial. Espero que o relator realmente apure o seu relatório para que a gente aprove o mais rápido possível
01:05para nos dar condições de fazer operações integradas. Fecho aspas.
01:09Duda, independentemente do juízo que se faça a respeito desse conceito de ser a favor ou contra, a mudança, a classificação das organizações criminosas armadas do Brasil como terroristas,
01:22o que se percebe pelo discurso da Gleisi e do restante do PT é que existe uma preocupação com o controle.
01:28Eles têm um certo pavor de que alguém venha interferir no Brasil para mostrar justamente aquilo que eles nunca solucionaram de problemas do país e da população brasileira.
01:43É, acho que tem isso mesmo. Quando ela fala que isso pode dar guarida para intervenções no Brasil,
01:50parece que os petistas de fato acreditam nessa possibilidade de um ataque americano aqui aos crimes organizados no Brasil.
02:02É uma coisa meio utópica pensar nisso. Isso nunca aconteceu. A gente está muito longe dos Estados Unidos para acontecer alguma coisa desse tipo.
02:16Mas isso, obviamente, vem com essa força porque o PT tem uma desconfiança histórica anti-americana desde a sua fundação.
02:29Não gosta nem um pouco também do Donald Trump. E vamos ser sinceros, o Donald Trump também faz algumas coisas um pouco além do que deveria.
02:38Essa coisa de ficar bombardeando barquinho no Caribe. Isso também nunca aconteceu.
02:43O correto seria pegar essas pessoas, prender, julgar, ver se tem evidências. É uma coisa realmente nova o que está acontecendo.
02:53Mas essa possibilidade, quando você já tem essa bagagem de ter essa desconfiança, de ter essa rejeição aos Estados Unidos,
03:03isso parece que é mais possível.
03:05Agora, ela diz ali, em relação a equiparar crime organizado com terrorismo, o PT tem se colocado contra.
03:16E eu acho que, à medida que os dias vão passando e o debate vai acontecendo,
03:23parece que estão surgindo mais vozes de especialistas, também agora de gente do Ministério Público colocando ressalvas nessa questão.
03:39Se é mesmo, se é correto, a questão não é tanto se é correto ou não julgar crime organizado como terrorismo,
03:48mas se isso teria alguma serventia.
03:52Aqui, ontem, no Papo Antagonista, o Alessandro Vieira comentou isso.
03:56Ele falou assim, a questão não é se é.
03:58Ele fala até assim, olha, eu acho que não é, mas, de repente, se a gente entender assim,
04:03isso pode ser útil em termos penais.
04:07Ou seja, a gente vai poder, de repente, aumentar as penas das pessoas que integram o crime organizado.
04:16Tem gente também que fala que seria mais fácil prender alguém no exterior,
04:20ou congelar os bens, ou conseguir uma ajuda dos Estados Unidos nisso.
04:25Tudo isso está sendo debatido.
04:27Agora, hoje, por exemplo, no Estadão, sai uma coluna do Marcelo Godoy,
04:32em que ele entrevista o Lincoln Gaquia, que é um dos principais,
04:37ou talvez o principal promotor aqui do Ministério Público do Estado de São Paulo,
04:42que combate o primeiro comando da capital.
04:45Várias ações dele investigando o PCC,
04:51inclusive participou dessa agora carbono oculto.
04:55E a preocupação dele é, se a gente entender que é terrorista,
04:58isso vai para a Justiça Federal.
05:00Então, as investigações vão subir de nível e vão cair na Polícia Federal.
05:05E aí, talvez os gaecos, que são os grupos dos Ministérios Públicos especialistas
05:10em crime organizado, vão ter que sair das investigações.
05:14Então, tem essa questão também de o que cabe,
05:19qual entidade deve ou não ficar a cargo das investigações.
05:24E aí, isso precisa ser analisado no futuro, para a gente não fazer uma bobagem
05:29e depois acabar enfraquecendo as investigações sobre crime organizado.
05:34Pois é, a gente sempre tratou com muita prudência essa questão
05:37e a gente vai tentar esclarecer cada vez mais para vocês quais são os efeitos.
05:41Porque se trata, na verdade, de um destravamento burocrático
05:45para determinadas medidas, com determinados efeitos.
05:50Então, tem pessoas que são favoráveis a esse destravamento,
05:54tem outras que acham que esse destravamento vai abrir margem para muita confusão.
05:58E a gente vai tentar esmiuçar isso cada vez mais aqui para vocês.
06:03O que o Alessandro Vieira, que é relator da CPI do Crime Organizado e é senador,
06:08disse ontem aqui no Papo Antagonista,
06:10foi que não se adequa ao conceito clássico de terrorismo,
06:13à conduta dos membros das facções criminosas armadas,
06:17porque o conceito clássico fala em um caráter ideológico ou um caráter religioso.
06:23E as facções criminosas armadas têm o objetivo do lucro.
06:27Então, elas dominam o território.
06:28Obviamente, você tem a questão pessoal ali do traficante,
06:32que quer ter poder, que quer ostentar uma arma,
06:34que quer conseguir namorar ou, enfim, fazer outras coisas com pessoas do humor,
06:42como a gente vê em episódios absolutamente abomináveis.
06:45Teve uma moça que parece que foi morta justamente porque recusou o assédio sexual
06:50feito por um traficante.
06:52Então, eles, embora tenham essa questão pessoal ali com o poder,
06:56eles buscam o dinheiro, as facções, elas estorquem a população do território
07:01que elas dominam e, obviamente, lucram em várias frentes,
07:04com serviços de água, gás, internet, com venda de drogas,
07:08que passou a ser uma dessas múltiplas fontes de renda
07:14das facções criminosas armadas.
07:17Então, você tem aí uma discussão sólida.
07:20Ele fala sobre a questão penal, mas nas condutas a gente poderia aplicar
07:23justamente para ter maior rigor.
07:25Enfim, a gente vai detalhando para vocês.
07:27Ricardo, algo a acrescentar?
07:30Particularmente, eu não sou ao contrário da Glaise Hoffman,
07:32eu não sou terminantemente contra esse projeto de equiparação das facções ao terrorismo.
07:38Mas eu confesso que eu tenho sinceras dúvidas.
07:41Vocês falaram a respeito da entrevista do senador Alessandro Vieira ontem,
07:45e ela é muito elucidativa nesse sentido.
07:47Eu não me preocupo, Felipe, com uma interferência estrangeira,
07:51no caso, uma interferência, uma invasão territorial,
07:53algum tipo de ação militar.
07:55Esse não é o problema.
07:57O que eu acho é que talvez o Brasil, o país, possa ficar,
08:00a partir do momento em que você faça essa equiparação,
08:03pode ocorrer de o país ficar exposto a algum tipo de sanção
08:07ou punição internacional por, de alguma forma,
08:10ou abrigar ou não combater facções terroristas dentro do território nacional.
08:14Esse conceito de terrorismo, ele foi universalizado, vamos chamar assim,
08:20através de uma resolução até da própria Organização das Nações Unidas.
08:25Isso foi no começo dos anos 70, se eu não estiver enganado.
08:28E o terrorismo, para poder ele ser considerado como tal,
08:32ele tem que ter, em primeiro lugar, a utilização da violência,
08:36e isso a gente observa, sim, nessas facções criminosas do Rio de Janeiro,
08:39como outras facções criminosas do Brasil.
08:41Você tem que ter o caráter de causar medo, de espalhar o terror,
08:45e nesse sentido, então, poxa, nem se fala, né?
08:48O que mais, uma das coisas que mais sofrem as populações das comunidades cariocas
08:54é de medo, né? Porque eles realmente vivem sob esse terror.
08:57E o terceiro ponto, para poder caracterizar, é essa motivação política,
09:01que pode ser a motivação política pela política,
09:04mas uma motivação política nas questões nacionalistas,
09:07ou mesmo religiosas.
09:09E nesse sentido, como você falou, como o senador ontem disse também,
09:12a gente não encontra isso na atuação dessas facções.
09:15Eles querem ganhar território para poder ganhar mais dinheiro
09:19através das atividades ilícitas.
09:21Então, por isso, eu não sei se acaba a sociedade, de um modo geral,
09:24e até o parlamento, acaba perdendo muito tempo
09:27com esse tipo de discussão, que vai acabar sendo inócuo até,
09:30ao invés de se debruçar sobre questões concretas,
09:33e que possam ser implementadas para poder tentar,
09:35pelo menos diminuir nessa violência toda a qual a gente está sujeito a todos os dias.
09:40E é bom ficar muito claro esse ponto.
09:43Não é por uma questão conceitual que as facções criminosas armadas
09:47têm todo esse poder que tem no Brasil.
09:49Quer dizer, mesmo sendo conceituadas como facções criminosas armadas
09:53e não como terroristas, elas poderiam ser combatidas
09:56de uma maneira mais eficaz, mais eficiente pelo Estado brasileiro,
10:00que deixou isso aí acontecer.
10:02Por diversas responsabilidades acumuladas ao longo de décadas,
10:06que a gente, no trabalho jornalístico, tentou apontar
10:08e continua tentando uma por uma.
10:10Diga, Duda.
10:11Você falou isso, eu conversei com o José Vicente da Silva,
10:15que é um coronel aposentado da Polícia Militar,
10:17sobre essa questão, e ele falou para mim,
10:20Duda, não tem lei que torne as instituições mais eficientes.
10:25Você pode mudar a lei, o que for,
10:28mas se a Polícia Federal não fizer o seu trabalho na fronteira,
10:32não conseguir impedir a entrada de drogas no Brasil,
10:37não conseguir prender os integrantes de organizações criminosas,
10:43não cuidar também desse tráfico,
10:45porque não é só na fronteira nacional também,
10:47nas fronteiras entre os Estados,
10:50aí a gente nunca vai conseguir realmente combater o crime organizado.
10:53Então, se a PF fizesse o seu papel,
10:56cumprisse o seu papel,
10:57a gente não estaria com essa situação que tem hoje o Rio de Janeiro ou a Bahia.
11:02Felipe, diga.
11:05Deixa eu só complementar esse comentário do Duda.
11:08O Duda falou na entrada das drogas no país.
11:11Hoje eu tive a oportunidade de ler uma matéria excelente no Estadão,
11:14do Rodrigo da Silva, em que ele detalha como que essa droga é escoada,
11:21como que essa droga é exportada,
11:23qual é um dos principais canais de saída da droga do Brasil,
11:28que é por via marítima.
11:29O crime organizado consegue infiltrar,
11:32ele consegue misturar as cargas de alimentos,
11:35soja, milho, trigo, café, enfim,
11:38essa pauta de exportações agrícola do Brasil
11:40para o exterior é muito extensa
11:42e consegue infiltrar dentro dos navios cargueiros
11:46os entorpecentes.
11:48Como a fiscalização dos alimentos,
11:50como a fiscalização dessas commodities,
11:52ela é, não poderia dizer que ela é frouxa,
11:54mas ela não é tão rigorosa,
11:57porque o volume é muito grande,
11:59a necessidade de embarque rápido também,
12:01se eu não me engano, menos de 2% ou 3%
12:05de toda a carga embarcada para o exterior de alimentos,
12:09desses grãos, são efetivamente fiscalizados,
12:12então fica relativamente fácil poder exportar,
12:15entre aspas, as drogas,
12:17porque o risco de serem descobertos,
12:20dessas cargas serem descobertas,
12:22é pequeno, então é um grande canal de exportação.
12:25A atuação tem que ser nas duas pontas,
12:28é não deixar essa droga entrar
12:30e a droga que entrou também não pode sair tão facilmente assim.
12:33Pois é, mas se somam evidentemente
12:35as dificuldades logísticas,
12:37o pagamento de propina para determinadas autoridades
12:40em todo esse circuito,
12:42em todas essas rotas da droga,
12:44isso é histórico aqui no Brasil,
12:46já foi alvo de muitas investigações jornalísticas e policiais,
12:50e a gente imagina que continue acontecendo.
12:53Aliás, foi um dos pontos abordados aqui
12:55pelo senador Alessandro Vieira,
12:57que precisam ser investigados na CPI do crime organizado,
13:00que é levar ali as autoridades,
13:02é carcereiro,
13:03quais são as dificuldades realmente para conter essas organizações.
13:08E a preocupação com a fronteira,
13:09como eu falei ontem e repito,
13:11ela precisa entrar no debate público brasileiro,
13:15é o principal ponto do debate americano,
13:17do debate israelense, do debate europeu,
13:19e aqui a gente vive sob insegurança pública,
13:23em razão do escoamento dessas armas,
13:26dessas drogas que dão tanto poder aos traficantes
13:28nas chamadas comunidades.
13:30Aliás, em relação ao que o Duda falou,
13:31eu sempre trago aqui aquela velha frase do Erasmo de Rotterdam,
13:35filósofo e teólogo holandês,
13:37em 1800, não, em 1516,
13:411516, ele disse o seguinte,
13:44aspas,
13:44um número muito pequeno de leis
13:46será suficiente em um estado bem ordenado,
13:49com um bom príncipe e magistrados honestos,
13:52e se as coisas forem diferentes,
13:54nenhuma quantidade de leis será suficiente.
13:57Fecho aspas.
13:59Quer dizer,
14:00as leis,
14:01elas estão lá escritas,
14:03se elas não forem aplicadas,
14:04se não houver vontade pessoal,
14:06vontade política,
14:07vontade jurídica,
14:08se as pessoas resolverem ignorar o que está escrito,
14:12não adianta nada.
14:14Então, precisa haver uma vigilância permanente também por causa disso.
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