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Marcos Vinícius de Freitas, professor de Direito e Relações Internacionais, visitante na China Foreign Affairs University e Senior Fellow no Policy Center for the New South, analisa a extensão da trégua tarifária entre Estados Unidos e China. Ele explica como a postura de Donald Trump busca forçar negociações ao limite, o impacto sobre a credibilidade dos EUA no comércio internacional e o peso da resiliência chinesa, especialmente em setores estratégicos como tecnologia e minerais de terras raras.

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Transcrição
00:00Sobre a extensão da trégua tarifária entre Estados Unidos e China, eu converso com Marcos Vinícius de Freitas,
00:07que é professor de Direito e Relações Internacionais e é um professor visitante na China Foreign Affairs University
00:14e Senior Fellow Policy Center for the New South.
00:18Aqui eu começo a entrevista agradecendo muitíssimo a presença do nosso sino luso brasileiro professor.
00:24O professor fez carreira aqui no Brasil, mas está há tanto tempo na China que virou uma referência para boa parte da imprensa
00:32sobre assuntos chineses, tendo um background, um passado, uma herança de DNA português.
00:40Professor, agora que eu dei a volta ao mundo com a sua biografia e a sua árvore genealógica, vamos ao que interessa,
00:47que o senhor conhece a China, inclusive, de dentro para fora.
00:50Professor Marcos, pelo menos nós aqui da imprensa, e olha que nós temos conexões com os analistas e gente de dentro,
00:57inside information, todo mundo foi pego de surpresa.
01:01Estávamos no cálculo, contagem regressiva para o que seria o acerto entre Estados Unidos e China para amanhã,
01:08o que já acontece na China por causa do fuso horário.
01:11E o Donald Trump fala, não, mais um trimestre, mais 90 dias, o que bagunçou, obviamente, a programação de muitos importadores e exportadores.
01:21Mas, primeiro, numa análise, para a sua leitura, professor, política, foi uma vitória da China?
01:28O senhor acredita que a China sai de uma certa maneira vitoriosa neste embate político com os Estados Unidos?
01:36Marcelo, em primeiro lugar, obrigado pelos comentários e pela sua generosidade sempre.
01:43Mas não é a primeira vez que a gente observa Trump fazendo isso.
01:49Se você lembrar da primeira vez em que ele começou a guerra comercial com a China,
01:55a estratégia era muito parecida com aquela que a gente vê.
01:59Dessas renovações e uma hora se para de falar no assunto.
02:02O que a gente nota em todo o processo é que ele faz isso e age desta maneira no sentido de querer travar a negociação
02:12até o ponto máximo em que ele pode ter algum tipo de benefício ou lucrar algum benefício de última hora.
02:22É uma estratégia dele, ele tem feito isso com uma série de países, fez, inclusive, com o México,
02:27com quem eles renovaram também por mais de 90 dias.
02:30Então, é uma estratégia do Trump de puxar ao máximo do limite esta tentativa de forçar a mesa de negociação.
02:41Só que na China ele encontra uma resiliência que ele não consegue encontrar em outros parceiros ou em outras economias
02:50que, por terem uma relação diferente com os Estados Unidos, de maior dependência,
02:55eles não conseguem fazer isso justamente com a China, que tem efetivamente uma presença importante no mercado norte-americano,
03:05na questão de exportação, também representa um mercado muito importante para as empresas norte-americanas
03:12que entendem que, se saírem da China ou tomarem passos equivocados, podem perder a presença naquele mercado.
03:21É só você pensar, por exemplo, que a Apple, 25% dos produtos que a Apple produz são vendidos na China
03:27e seria irrecuperável uma vez que a Apple saísse da China ou encontrar algum mercado que pudesse substituir a China.
03:37Então, esta é uma questão muito importante.
03:39Em terceiro lugar, que a gente também não pode esquecer, é que quando nós olhamos para a relação comercial,
03:46existem outros fatores também que dão um peso importante para a China.
03:52O fato de que a China tem se livrado dos títulos da dívida americana é uma preocupação para os Estados Unidos.
04:00O fato de que os chineses conseguiram aí com que mais países e mais empresas negociem em wans,
04:08a moeda chinesa, ao invés de dólares, também é uma preocupação para o governo norte-americano.
04:13Em terceiro e último lugar, nessa questão de preocupações, o fato de que a China tem conseguido aí
04:19também exercer o seu peso na questão de minerais de terras raras,
04:24com os quais os Estados Unidos têm uma dependência para a sua indústria tecnológica.
04:29E os chineses, embora tenham 40% das reservas mundiais,
04:35o Brasil é um dos grandes países que tem uma enorme reserva também,
04:39os chineses detêm aí quase o monopólio do refino.
04:43Então, não importa que os Estados Unidos encontrem em outras fontes,
04:47a questão do refino ainda passa pela China.
04:49Então, os chineses têm muito claro o seu poder de barganha quando sentam a mesa de negociação.
04:55E é claro, nesse processo todo, eles têm sido um, não um inimigo para Trump,
05:02mas um competidor que ele não consegue derrubar usando as medidas que ele aplica em outros lugares.
05:08Professor, eu conheço muito bem a sua biografia, assim como a sua bibliografia.
05:13Antes, né, do senhor ter ido para a China, era um grande estudioso de Estados Unidos.
05:20E nós nos falamos há décadas, já tivemos essa conversa em outros momentos.
05:24Repito a pergunta.
05:26Como é que fica o capital político, não só dos Estados Unidos,
05:30ou então, não só do Trump, mas dos Estados Unidos?
05:33Porque o Trump fica com essa barganha, ou então o que a gente chama no pôquer do blefe.
05:38Mas, em determinado momento, o jogador de pôquer vai entender, e isso melhor do que eu que não jogo,
05:44que o blefe tem um certo limite, porque depois ele não funciona mais.
05:47O jogador vai perdendo a credibilidade.
05:50Isso não pode minar a credibilidade dos Estados Unidos, uma confiança institucional
05:56com os Estados Unidos nas últimas décadas, se não séculos.
05:59Foi um farol de confiança.
06:01E agora, não dá muito para confiar.
06:03A gente vê pelas bolsas, valorização do dólar.
06:06Não sei se eu vou confiar nos Estados Unidos, porque, de repente, a tarifa muda,
06:09os prazos não são respeitados.
06:12Na interpretação do senhor, como é que fica esse capital, não só político do Trump,
06:16porque, teoricamente, não pode ser mais presidente, mas deixa uma herança para o partido,
06:21mas esse capital de confiança que os Estados Unidos tinham aí como uma bandeira fincada há mais de um século?
06:28Marcelo, o presidente Donald Trump é o melhor presidente que a China poderia ter eleito,
06:37porque todas essas medidas que ele tem tomado têm, de fato, minado a confiabilidade nos Estados Unidos.
06:46Claro que nós não estamos aqui querendo apostar contra os Estados Unidos,
06:50e muita gente vai sempre ressuscitar aquela frase, nunca aposte contra a América,
06:56mas o fato é de que muito da confiança tem se perdido pelo fato de que, em primeiro lugar,
07:03os Estados Unidos deixaram de ser o país que busca um comércio internacional mais equitativo.
07:12As instituições que os norte-americanos lutaram décadas para criar,
07:16como o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial de Comércio,
07:20tudo isso vem sendo atacado profundamente pelo presidente Donald Trump.
07:24E essas questões de tarifas realmente é um tiro em toda a questão do liberalismo econômico,
07:31afinal, nós vivemos na ordem econômica liberal, criada depois da Segunda Guerra Mundial,
07:37e isso vem acabando aí justamente porque essas medidas que Trump adota
07:41são contrárias a qualquer perspectiva liberal.
07:44Então, o capital dos Estados Unidos, a sua influência, que ainda é muito grande,
07:49vem decaindo.
07:50E veja só, não é, Marcelo?
07:53O encontro que nós vamos observar ali entre Trump e Putin,
07:57uma das preocupações era justamente na parte do presidente Putin quanto à sua segurança,
08:04em razão do fato que o presidente dos Estados Unidos anuncia de tempos em tempos
08:07tem que matar líderes de outros países e algo aceitável.
08:11Então, você vê que essa deterioração do capital de liderança dos Estados Unidos
08:18vem diminuindo muito intensamente nos últimos tempos.
08:22E nenhuma dessas medidas ajuda a melhorar.
08:25O problema, e é aqui que é o grande entrave que a gente observa no futuro,
08:30é que, por exemplo, as medidas de alteração de importação, essas tarifas,
08:37dificilmente serão alteradas pelo sucessor, porque aconteceu isso com o Joe Biden.
08:44Quando o Joe Biden assumiu, ele manteve as tarifas, uma grande parte delas de Trump,
08:49porque vira uma fonte de renda, de recursos para os governos,
08:56que no momento econômico dos Estados Unidos tem aí enfrentado várias dificuldades.
09:01É só a gente lembrar que no ano passado os Estados Unidos gastaram mais pagando juros de dívida
09:08do que investindo efetivamente nas suas forças militares.
09:13Queria agradecer a conversa que eu tive com o professor Marcos Vinícius.
09:17Uma pena, professor, nosso tempo hoje está mais apertado,
09:20mas eu abro um ensejo para a gente retomar,
09:23porque o Donald Trump sempre nos dá muito subsídio para conversarmos.
09:28Espero que a nossa próxima conversa seja tão produtiva quanto foi essa e que seja em breve.
09:33Falei com o Marcos Vinícius de Freitas, professor de Direito e Relações Internacionais
09:38e também professor visitante na China Foreign Affairs University,
09:42lá em Pequim, na China, e Senior Fellow Policy Center for the New South.
09:48Professor Marcos, sempre um prazer.
09:49Muito obrigado mais uma vez.
09:51Até a próxima.
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