Nesta terça-feira (28), policiais civis e militares deflagraram a “Operação Contenção” nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, com o objetivo de conter a expansão do Comando Vermelho. O saldo até agora é de 86 pessoas presas e 24 mortes confirmadas, incluindo dois policiais civis, dois agentes do BOPE e 20 suspeitos de atuarem na facção criminosa. Diego Tavares comentou. Reportagem: Rodrigo Viga Comentaristas: Diego Tavares
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00:00E como a gente falou agora no início, já nas nossas manchetes, eu aproveito já pra gente começar a falar principalmente do Rio de Janeiro.
00:08Então, nesse dia muito importante, movimentado por lá, uma mega operação contra o Comando Vermelho.
00:14Terminou com 56 pessoas presas e ao menos 18 suspeitos mortos.
00:20Quem traz as informações agora ao vivo é o nosso repórter direto do Rio de Janeiro, claro, Rodrigo Viga.
00:26Rodrigo, boa tarde. Já começo te perguntando quais são as principais atualizações que você tem de novo.
00:33Já tenso por aí, né? Bem-vindo.
00:36Aquele dia pra entrar pra história e ficar marcado, infelizmente, por fatos negativos de combate à violência e à criminalidade.
00:44Minha cara Bia, meu caro Bruno, muito boa tarde pra vocês, pro nosso espectador internauta da Jovem Pan.
00:49Vou dar um trabalhinho pro pessoal da tarde, porque os números estão sendo atualizados nesse momento pelas Forças de Segurança do Rio de Janeiro.
00:55A respeito dessa mega operação que tá sendo considerada no par da história.
00:59Desde, inclusive, aquele processo de pacificação de favelas, em que as Forças de Segurança tomaram algumas comunidades,
01:06implementaram as políticas de UPPs e depois isso foi tudo por água abaixo.
01:10Nesse momento, informação de agora, viu?
01:13Minha cara Bia, Bruno, vejo espectadores internados da Jovem Pan.
01:16Já temos 86, 86 pessoas presas e 24 mortes confirmadas.
01:24Quatro de agentes de segurança, dois policiais civis e dois agentes do BOPE, a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro e outros 20 suspeitos.
01:34Além desses 86 presos, números atualizados aí na sua tela, ouvinte espectador internauta da Jovem Pan e 24 mortos,
01:42nós já tivemos até agora a apreensão de quase 50 fuzis com criminosos ligados ao Comando Vermelho.
01:49Que operação é essa?
01:50É uma mega operação com viés, com conotação de guerra, de combate das Forças de Segurança do Rio de Janeiro,
01:57em dois complexos de favela da Zona Norte do Rio de Janeiro.
02:01Estamos falando do Complexo da Penha e do Complexo do Alemão, que são bases do Comando Vermelho.
02:06Cem mandados de prisão, 150 de busca e apreensão estão sendo cumpridos desde cedo.
02:12E a operação ainda não terminou, viu, Bia?
02:14E é claro, como sempre, a retaliação por parte do crime organizado.
02:19Nesse momento, informação também de agora, nós temos pelo menos três vias expressas de grande movimentação bloqueadas e interditadas por ações do crime organizado.
02:29Estão interditando, fazendo barricadas e atravessando ônibus para impedir o trânsito.
02:33Isso está acontecendo.
02:35Bloqueio na Linha Amarela, que conecta a Zona Norte à Zona Sudoeste da capital,
02:40na Grajaú e Jacarepaguá, que também fica ali na Zona Norte do Rio de Janeiro.
02:44E temos ainda uma outra operação do crime organizado acontecendo na Dias da Cruz, no bairro do Meia, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
02:52Então, em represália a essa ação da polícia, os criminosos estão bloqueando vias expressas, avenidas,
02:59para tentar tirar o foco da polícia, que continua sufocando o Comando Vermelho no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Bia?
03:08E claro que a população fica em pânico, né?
03:11Tem imagens disso aí por toda manhã, das pessoas muito preocupadas com toda essa situação.
03:16A gente segue acompanhando, conta com o Rodrigo Viga, para mais atualizações sobre o assunto a qualquer momento.
03:22Viga, obrigada. Qualquer coisa, então, é só chamar.
03:25Aproveito para a gente começar também chamando nossos comentaristas do dia.
03:29Nós vamos conversar agora com o Diego Tavares, aqui nos nossos estúdios da Jovem Pan, já sobre esse assunto.
03:36Diego, boa tarde. São diversas operações recentes, né, ultimamente, contra facções e organizações criminosas.
03:44O que dá para a gente esperar daqui para frente? Um número maior de retaliações, não?
03:48Boa tarde, Beatriz Manfredini. Boa tarde, Bruno Pinheiro e a todos que nos acompanham nessa tarde em tempo real.
03:53E, Bia, é um cenário de calamidade, um cenário de guerra.
03:57Quem nos acompanhava por imagens há pouco, e volta a nos acompanhar por imagens agora,
04:02parece muito as imagens que nós repercutíamos lá na faixa de Gaza,
04:05quando estávamos aqui repercutindo o conflito entre Israel e Hamas.
04:08Mas é o Rio de Janeiro, uma das principais capitais do Brasil,
04:12que, infelizmente, se encontra com mais de 50% do seu território,
04:16já tomado pelo tráfico, pelas organizações criminosas e pelas milícias.
04:20Então, é um problema que não pode mais ser negligenciado.
04:24E, de fato, com o aumento do número de operações contra o crime organizado,
04:28certamente o número de retaliações do crime organizado com a sociedade também aumentará.
04:34Acabamos de dizer aqui, já estão montando barricadas, colocando fogo em veículos,
04:38colocando fogo em ônibus, enfim, totalmente, deixando totalmente em situação de calamidade
04:44a vida do carioca nesses dias.
04:47Então, nossas autoridades precisam, de fato, se debruçar com seriedade sobre esse problema
04:51e reconhecer que nós, no Brasil, nos encontramos em guerra.
04:55Essas pessoas, os faccionados, eles querem apartar parte do território
04:59para fazer valer nesse território o seu próprio ordenamento jurídico,
05:02as suas próprias regras.
05:04Eles têm a sua própria organização.
05:07Não raras vezes, também, nós noticiamos aqui execuções providas pelo Tribunal do Crime.
05:11Veja só, um tribunal.
05:12Eles têm um sistema de legislação e cumprimento de leis próprios.
05:16Então, nossos dirigentes precisam dessa consciência,
05:20de que essas pessoas são invasores, não são como brasileiros,
05:23não é como o cidadão comum que transgride e acaba cometendo um crime.
05:27É alguém que pretende subverter a ordem constitucional.
05:30O grande desafio do Brasil nesse próximo ciclo
05:33será, de fato, como encarar o tratamento jurídico das facções criminosas.
05:37São duas horas e dezesseis minutos, são imagens recuperadas,
05:42um dia de guerra, de fúria, no Rio de Janeiro.
05:45Não é uma notícia internacional, não.
05:47São imagens de hoje, um pouco mais cedo.
05:49O Diego Tavares falava sobre essa união de forças.
05:52E agora, no início do expediente,
05:55na verdade, veio uma entrevista coletiva do governador Cláudio Castro,
05:59Diego, dizendo que não recebeu ajuda do governo federal
06:04e que nem mesmo solicitou, já que nas últimas vezes
06:07eles chegaram a solicitar, mas não veio uma resposta.
06:11Ninguém respondeu, ninguém ofereceu ajuda.
06:14E agora também a gente vê que são homens da Polícia Militar
06:17do estado do Rio de Janeiro atuando lá nesse confronto.
06:22Ou seja, em São Paulo, Diego,
06:24a gente já vai ouvir, inclusive, o governador Cláudio Castro,
06:28mas recentemente em São Paulo,
06:30quando se faz uma operação qualquer,
06:33acaba que o governo federal já quer estar lá atuando, unindo forças.
06:38Será que, de fato, o Rio de Janeiro não é interessante
06:41porque o governador não vai disputar a presidência da República?
06:45Ou será que, de fato, a atenção é somente para o estado de São Paulo?
06:49O que justifica, neste momento,
06:51essa ausência do governo federal
06:53em um dia como hoje na cidade do Rio de Janeiro, Diego?
06:58Isso é boa parte do problema, Bruno Pinheiro.
06:59Infelizmente, no Brasil, uma pauta para que ela seja interessante,
07:03ela tem que ter também o capital político envolvido.
07:07Não basta a resolução do problema para a sociedade.
07:10E a segurança pública não deveria ser uma pauta
07:13que divide o Brasil como tantas outras pautas
07:15entre nós e eles, entre direita e esquerda,
07:17ou qualquer uma dessas outras divisões
07:19que, infelizmente, preenchem o debate público.
07:23O que nós vemos por parte do governo federal
07:25é um interesse na pauta da segurança pública
07:27só do ponto de vista eleitoral.
07:30E eu faço aqui um desafio, uma reflexão à nossa audiência.
07:33Qual foi o último grande tema
07:36sobre o qual os nossos dirigentes federais
07:38se debruçaram quando a pauta é segurança?
07:41O Ministério da Justiça e Segurança Pública,
07:43por exemplo, passou mais da metade
07:44dessa atual gestão debatendo única e exclusivamente
07:47as câmeras nas fardas dos policiais,
07:50inclusive fazendo uma certa chantagem institucional
07:53com os governadores de Estado,
07:55limitando acesso aos recursos
07:57do Fundo Nacional de Segurança Pública
07:58aos governadores que não quisessem
08:00instalar as câmeras nas fardas
08:03de seus policiais militares.
08:05De lá pra cá, mais um pouquinho de narrativa.
08:07Até tentaram emplacar a PEC da segurança pública
08:10sem muito diálogo com os demais atores
08:13da segurança pública, principalmente os governadores
08:15de Estado, que viram as suas competências
08:17serem, de certa forma, diminuídas
08:20com a proposta inicial da PEC
08:22e agora tenta emplacar um novo projeto de lei
08:25pra aumentar as penas
08:27pros crimes de organização criminosa, né?
08:31O chamado pacote anti-organização criminosa,
08:34mas que destoa do próprio trabalho histórico
08:36da base do governo.
08:37Há exemplo de um outro pacote
08:39que foi votado recentemente
08:40que visava o aumento das penas
08:42dos crimes de furto e roubo,
08:43no qual toda a base governista
08:45votou contrariamente ao projeto
08:47que mesmo assim acabou passando.
08:49Então, o que nós observamos é muita narrativa,
08:52muito uso eleitoral da pauta de segurança pública
08:54e pouco resultado concreto,
08:56pouca união de fato
08:58pra que as organizações criminosas
09:00sejam devidamente enfrentadas
09:02como tem que ser enfrentadas
09:03por todo o aparato institucional brasileiro.
09:05São cenas lamentáveis.
09:08O Diego lembra muito bem,
09:10mais uma vez,
09:11sobre a discussão da PEC da segurança,
09:15que de acordo com os governadores
09:16era para colocar essa autonomia
09:18muito mais sobre o governo federal
09:20do que sobre os estados.
09:22E numa situação como essa,
09:23seria então necessário aguardar o governo federal
09:26e não o governo estadual reagir imediatamente.
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