O Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal realizaram nesta terça-feira (04), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), a primeira reunião presencial do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado. O órgão foi criado para coordenar ações conjuntas entre as forças de segurança estaduais e federais, com foco no enfrentamento das facções que atuam em diversas regiões do país. Diego Tavares e Priscila Silveira comentaram. Reportagem: Rodrigo Viga Comentaristas: Diego Tavares e Priscila Silveira
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
00:00Agora vamos falar que nesta terça-feira, a gente completa uma semana daquela operação do Rio, que matou mais de 120 pessoas.
00:08E aí o secretário nacional de segurança pública do Rio de Janeiro, Mário Sarrubo, ele esteve na capital fluminense.
00:15Na verdade o secretário da presidência, o repórter Rodrigo Viga vai chegar agora com os detalhes.
00:22Oi Viga, boa tarde, bem-vindo.
00:24Tudo bem Márcia, boa tarde para você, para o nosso ouvinte, espectador internauta da Jovem Pan.
00:30Hoje aconteceu aqui no Rio de Janeiro a primeira reunião efetiva na prática, antes era só contato pelo telefone, pelas redes sociais, pelo WhatsApp.
00:41Primeira reunião do escritório emergencial de combate ao crime organizado.
00:44Você lembra né Márcia, que na semana passada lá no olho do furacão, após a mega-operação com 121 mortes na PEN do Alemão na Zona Norte do Rio de Janeiro,
00:52houve aquele disse-me-disse, o governo do Rio de Janeiro reclamando a falta de apoio, de ajuda do governo federal.
00:58Ministro Ricardo Lewandowski, pouco tempo depois, horas depois, veio o Rio de Janeiro acompanhado aí de Mário Sarrubo e outros integrantes do governo federal.
01:08Diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, da PRF, entre outros nomes.
01:13E daquela reunião que se extraiu foi a criação desse escritório.
01:16Com o objetivo do escritório, estreitar laços, aproximar a relação entre o estado do Rio de Janeiro e o governo federal para combater tráfico milícia.
01:26O crime organizado de uma maneira geral, foi em contraportas fechadas aqui no Centro Integrado de Comando e Controle,
01:32que é uma espécie de quartel general de monitoramento das forças de segurança.
01:36Mas a gente pôde apurar algumas coisas que foram tratadas, ditas internamente nessa reunião,
01:41que não teve pronunciamento, tem sido até inclusive uma marca, né, de autoridades federais aqui no Rio de Janeiro.
01:47A falta de pronunciamento foi assim com o Alexandre de Moraes ontem e hoje com o Mário Sarrubo aqui no Centro Integrado de Comando e Controle.
01:54Trataram, por exemplo, do fortalecimento do FICO, que é aquela força-tarefa integrada de combate ao crime organizado.
02:01Há também um compromisso maior, segundo o governo do Rio de Janeiro e do governo federal,
02:05na divisa, nas divisas, no patrulhamento das divisas e principalmente das fronteiras,
02:10para evitarem a entrada de armas, drogas e munições no território nacional.
02:13É uma discussão muito importante que vai ganhar volume, vai ganhar corpo, força, robustez e musculatura daqui para frente,
02:19porque estamos falando da retomada de territórios que há anos estão sob o controle de tráfico de drogas e milícia.
02:25Como é que vai ser financiado esse programa, esse plano de retomada de territórios que vai começar no ano de dois mil e vinte e seis?
02:32Rio de Janeiro já tem um fundo pronto no valor de um bilhão de reais,
02:36mas para um processo contínuo que possa levar qualidade de vida, serviço, educação, saúde para as comunidades,
02:43para essas comunidades ficarem longe da égide do crime organizado,
02:47vai ser preciso um planejamento de longo prazo e o planejamento de longo prazo exige muita grana,
02:52muito dinheiro, muito investimento.
02:54Esse foi o tom da conversa, primeira reunião realizada depois de conversas pelo telefone e também pelo WhatsApp.
03:00Agora foi para valer, viu, Márcia?
03:03Que bom, né? Que bom que saiam mais aí realmente propostas para tentar melhorar a segurança dentro dessas comunidades, né?
03:11E de fato ocupar o território, porque ele ainda não foi ocupado, né?
03:15Aconteceu a operação, mas a partir de agora um longo trabalho precisa ser feito para se ocupar de fato esse território.
03:22Obrigada, Rodrigo Viga. Você volta ainda hoje se tiver mais informações.
03:26Agora eu quero abrir novamente aqui os nossos comentaristas, porque, Diego Tavares,
03:31eu lembro que em 2010 houve uma grande operação para pacificar alguns morros lá no Rio de Janeiro
03:37e foi uma operação bem sucedida com bem menos, por exemplo, número de mortos e mais, um número maior ainda de presos.
03:45Houve a instalação das UPPs, que são as unidades de polícia pacificadora,
03:49e eu ouvi uma especialista do Rio de Janeiro comentando que de 2010 até agora parece que a coisa ficou cada vez pior.
03:57Eles deixaram de mão, os territórios foram reocupados pelas facções criminosas,
04:03não só pelo Comando Vermelho, por outras facções, e aí chegou no nível que estamos hoje, até essa operação.
04:10O que vai precisar ser feito, então, para retomar, de fato, esse território,
04:16que não é simplesmente algo que envolve a segurança pública?
04:21Envolve também uma retomada social, uma retomada política, uma conscientização da comunidade.
04:27É um trabalho, talvez, que leve muitos anos, né, Diego Tavares?
04:31Realmente, Márcio, é um problema complexo que exige também uma solução complexa.
04:34O que nós temos até hoje é que todas essas políticas que foram empregadas, como você citou, de 2010 para cá,
04:41foram, de fato, um fracasso.
04:42Você tem a UPP, sim, em algumas favelas do Rio de Janeiro.
04:46Mas de que adianta você ter uma UPP se o policial que trabalha nessa UPP tem que dar bom dia
04:50para o traficante de fuzil na porta do morro?
04:53Se a polícia não pode trocar o policial que trabalha nessa UPP,
04:57que se não for um policial do agrado do tráfico, possivelmente,
05:00esse policial será morto em atividade, enfim, será vítima ali dos narcoterroristas.
05:05Então, de fato, essas políticas são fracassadas.
05:07O que o Brasil precisa é entender o contexto que foi escancarado pela operação do governador Cláudio Castro.
05:13Entender que o contexto no qual o Brasil está inserido em relação a essas facções criminosas
05:17é um contexto de guerra.
05:18Se as facções dispõem de armamento de guerra, dispõem de drones que jogam bombas,
05:24tomam territórios, o que nós temos de diferença em relação a invasores estrangeiros
05:28e as facções criminosas é que os faccionados têm certidão de nascimento brasileiras.
05:33No mais, são pessoas que estão invadindo o território brasileiro,
05:36apartando pedaços do nosso território e fazendo valer ali a sua própria legislação,
05:41o seu próprio ordenamento jurídico, fazendo ali o seu próprio país.
05:45Então, o Brasil precisa encarar esse conflito com as facções,
05:48como esse conflito de fato é.
05:49Uma guerra.
05:50E uma guerra, infelizmente, tem que ser combatida, como nós vimos, no Rio de Janeiro.
05:54Também com o uso de tecnologia e inteligência, mas também, infelizmente, com o armamento em campo.
05:59As UPPs, por exemplo, que eu citei, estão jogadas às baratas.
06:02Os próprios policiais ficam à mercê dos traficantes, como você disse,
06:06e sem falar no crescimento da milícia e da corrupção dentro da polícia,
06:11que é por onde chegam os armamentos dos traficantes.
06:14Os fuzis chegam através, sim, da corrupção policial.
06:18Isso foi comprovado em vários estudos feitos ali nas comunidades.
06:22Priscila Silveira, um bônus dessa operação foi uma aproximação meio que obrigatória
06:29do governo federal com o governo do Rio de Janeiro.
06:32Agora não tem mais saída.
06:33Ou aproxima ou vai respingar no governo Lula, querendo reeleição.
06:38Exato.
06:38A gente vê aí uma reunião formal, né, Márcia, assim dizendo.
06:42E eu acho muito aqui, a gente tem que dar palmas, né,
06:45para essa união, tendo em vista que uma das forças que faz com que o Estado
06:50perca, né, ali o fio com relação ao crime organizado é essa desunião.
06:55Quanto mais o Estado, e eu digo Estado, a gente precisa aqui falar para a nossa audiência
06:59que a questão da segurança pública, ela é direcionada aos Estados propriamente ditos,
07:04ou seja, Rio de Janeiro, Minas Gerais.
07:05Mas o governo federal não quer dizer que ele não possa prestar auxílio para combater
07:10essas grandes organizações, que é o que está sendo proposto, inclusive, pelo governo federal.
07:16Agora, é importante a gente dizer que, muito embora tenha havido essa união,
07:20não deixa de ser uma pauta eleitoreira, tendo em vista que na própria fala do Sarrubo,
07:24ele diz que as polícias, elas devem entregar os criminosos vivos para que seja, então,
07:29dada a justiça.
07:30Mas a gente também precisa estabelecer que nem sempre essas polícias são recebidas,
07:35como foi o caso aí dessa última operação, com flores.
07:38Então, a gente tem que lembrar de cada caso para poder falar quem está certo e quem está errado.
07:43Claro que entregar vivo é um cenário que se espera, mas nem sempre isso será possível,
07:48como foi colocado aqui anteriormente.
07:50Lembrando que quanto mais as forças são colocadas de forma antagônica pelo Estado
07:55e o governo federal, mais se cresce a possibilidade deles estarem o crime.
07:59organizados, estruturados e com dinheiro, vencendo muitas vezes essa guerra,
08:04como bem colocou aqui o Diego, que não deixa de ser uma guerra,
08:06por isso que não tem como vencê-la se não houver a união dos esforços,
08:10como está se pretendendo aqui, como foi colocada nessa reunião.
08:15Sempre acontece isso quando a bomba já estourou, né?
08:18A gente não tem uma política de prevenção aqui no nosso país.
Seja a primeira pessoa a comentar