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Prepare-se para uma conversa inspiradora! Glaucia Guarcello, da Singularity Brasil, compartilha sua jornada multifacetada, desde a engenharia civil até a liderança em inovação.

Descubra como ela uniu seus conhecimentos em diversas áreas para impulsionar a inovação em grandes empresas. Entenda como a visão estratégica e a paixão por aprender a levaram a transformar desafios em oportunidades.

Acompanhe esta entrevista reveladora sobre a importância da inovação e do pensamento estratégico para o futuro dos negócios. Uma verdadeira aula de como transformar o "forecast" em "foresight"!

#Inovação #EstratégiaDeNegócios #LiderançaFeminina #SingularityBrasil

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Transcrição
00:00Olá, bem-vindos e bem-vindas ao Humanamente Possível, e hoje eu tenho uma pessoa aqui
00:13bastante diferente. Ela é engenheira, doutora, professora, escritora, palestrante e também
00:22Managing Director da Singularity no Brasil. Eu estou me referindo a Glaucia Guarcello.
00:29Anunciei certo, Glaucia?
00:31Anunciei certo, é igual Limoncello, isso aí.
00:33Muito bem, muito prazer ter você aqui, obrigado mesmo por ter vindo.
00:37Você parece ser multitarefa, muita coisa para te apresentar, ainda vamos falar de detalhes aqui,
00:45tem um livro, tem um monte de coisa para a gente conversar, e eu quero pedir para que você
00:49primeiro se apresente um pouco, quem é você de fato, uma mineira muito jovem, muito ativa,
00:55por favor.
00:56Primeiro, obrigada, é uma honra estar aqui contigo, você é um executivo, já te falei
01:00isso, que me inspira muito.
01:02Obrigado.
01:03Então, é uma honra estar contigo aqui.
01:06Eu sou uma mineira, eu sou extremamente caseira, eu sou uma pessoa muito caseira, e parece que
01:13eu faço muita coisa, mas na verdade é que eu faço várias coisas da mesma coisa.
01:17eu peguei um tema que é inovação, e eu fui, igual quando você mata um porco, você
01:23tira várias coisas do porco, você tira o bacon, você tira a lateral dele, você faz
01:27várias coisas, você tira a pele.
01:29Eu peguei um tema e eu fui tirando tudo que aquele tema podia proporcionar.
01:33Então, o mesmo material que eu estudava no doutorado, é o que eu vendia na consultoria,
01:37era o que eu dava aula, era o que eu implementava nos projetos, os cases dos projetos viravam aula,
01:42que foi o material que virou livro, então no final são várias facetas da mesma coisa,
01:47não é que eu faço várias coisas diferentes.
01:49Eu só tive vários exercícios diferentes da mesma coisa.
01:53É, tudo bem, falando assim, é simples e a simplicidade é que leva a gente pra frente,
01:57de fato, mas não é trivial.
02:00Então, me conta um pouco, você fez engenharia?
02:02Fiz engenharia civil na UFMG, eu sempre gostei muito de ciências exatas, né?
02:10Eu sempre tive mais facilidade na escola em ciências exatas, e eu achava que na engenharia
02:16eu podia materializar as coisas de alguma forma, então me interessava mais.
02:21Fiz engenharia civil na UFMG, fiz meu mestrado na engenharia de produção, e aí já na UFRJ,
02:26estava na COP, onde eu estudei PDP, que era Processo e Desenvolvimento de Produto,
02:32que já é um viés de pesquisa e desenvolvimento, né?
02:35Já é um pouco pra inovação.
02:38E aí, por ironias do destino mesmo, eu acabei me esbarrando com o tema de inovação
02:44na minha carreira na Andrade Gutierrez, eu trabalhei na Andrade Gutierrez durante 11 anos,
02:48entrei como engenheira civil mesmo, de obra, comecei a fazer projetos de melhoria contínua,
02:53de Lean Construction, entrei num concurso de inovação tecnológica da empresa,
02:59e eu ganhei esse concurso, e o prêmio do concurso era fazer um curso de inovação,
03:02de certificação e inovação.
03:04E aí, quando eu vi aquilo, eu falei, me achei, porque eu tenho tudo a ver com esse tema,
03:08e eu me apaixonei e nunca mais parei de estudar inovação.
03:11E aí, do mestrado, eu fui pro MBA na COPEAD, já estava ali no fundão, né?
03:14Ou seja, não para de estudar.
03:16Nunca parei de estudar.
03:17Emendei ali no MBA na COPEAD, fui fazer MBA porque, na época,
03:21a Andrade Gutierrez já estava passando ali por Lava Jato,
03:25estava tendo uma redefinição estratégica,
03:28e um dos temas que foram elencados como mais relevantes foi inovação.
03:32E aí, sabe aquele negócio de estar no lugar certo, na hora certa?
03:34Falaram de inovação, eu tinha acabado de terminar o mestrado,
03:37eu falei, eu sei fazer isso aí.
03:38E aí, me deram uma oportunidade, eu me tornei superintendente de inovação lá,
03:41nessa época eu era super jovem, mas porque o assunto virou muito importante,
03:46e a fome que eu vontade de comer.
03:47E aí, eu me tornei superintendente de inovação e excelência,
03:51nessa época de redefinição estratégica, pós Lava Jato.
03:55E aí, quando eu comecei a trabalhar com a McKinsey,
03:57porque a McKinsey foi contratada para fazer essa reestruturação,
04:00eu percebi que eu não sabia nada da linguagem de estratégia,
04:03porque como eu era engenheira, como eu estava em engenharia,
04:06eu não sabia ler um balanço, eu não sabia finanças,
04:09eu não entendia nada, nem o dicionário, assim, eu não entendia.
04:12Eu falei, eu tenho que fazer o MBA, porque eu não consigo conversar.
04:14E aí, eu fui fazer o MBA na COPEAD, já estava lá no fundão.
04:18Na verdade, eu tinha começado o doutorado na engenharia,
04:21com o meu orientador, eu tranquei e fui para o MBA por causa do trabalho.
04:25Me apaixonei por estratégia, e aí eu fiz o doutorado em estratégia,
04:29fiquei na COPEAD até o fim do doutorado.
04:30O doutorado no COPEAD também.
04:32No COPEAD também, em estratégia de inovação e ventures para multinacionais.
04:38Glaucio, é muito interessante.
04:39Aí, carreira, saiu da Andrade Gutierrez?
04:42Então, eu entrei na Andrade Gutierrez ainda como estagiária.
04:45Na verdade, foi uma novela, foi bem engraçado.
04:47Porque quando eu entrei na engenharia,
04:49eu gostava muito de engenharia de estruturas.
04:52Porque é a mais de matemática, né?
04:54Eu sempre gostei de matemática.
04:56E aí, no estágio, eu fui fazer estágio primeiro em engenharia de estruturas.
05:00E eu odiei.
05:01Eu achei muito repetitivo.
05:03Achei chato.
05:04Chegava um outro prédio igual.
05:05E aí, eu conversei com o professor.
05:07Eu falei, eu acho que o que eu gosto é que, na escola,
05:09cada hora é um prédio diferente.
05:11Agora é estoura metálica.
05:12Agora é madeira.
05:13Agora é concreto.
05:15E, na vida real, é o mesmo tipo de prédio o tempo inteiro aparecendo.
05:19Eu não achei graça naquilo.
05:21Aí, eu tentei um estágio em engenharia de transportes.
05:23Também detestei.
05:24E aí, eu cheguei para o meu professor.
05:25Eu falei assim, eu acho que eu não nasci para o mercado de trabalho.
05:28Eu acho que eu quero ser professora.
05:29Porque o que eu gosto é de ter assunto novo.
05:31Vida acadêmica.
05:32Exato.
05:33E aí, ele falou assim, então, começa fazendo iniciação científica.
05:36Me deu uma bolsa lá de iniciação científica em métodos e elementos finitos.
05:39Que é bem matemática.
05:41Aí, fiquei ali no método e elementos finitos um tempo.
05:43Comecei a ajudar.
05:45Eu já dava meio aula particular na escola.
05:47Isso é um parêntese importante.
05:48Eu vim de uma realidade muito simples.
05:50E meu pai não tinha condições financeiras de me bancar para a escola.
05:54Então, ele me dava passagem.
05:56Mas, eu não tinha como ter alimentação.
05:57E eu morava do outro lado da cidade.
06:00E, para eu conseguir xerocar as matérias e alimentar...
06:02Eu comecei a dar aula particular para os meus colegas de sala.
06:05Então, eu te ajudava com cálculo e você pagava meu almoço.
06:10Eu deixava você xerocar meu caderno, que é todo bonitinho.
06:13E você xerocava o livro para mim.
06:14Porque eu não tinha o livro.
06:15Então, eu ia fazendo esses escambos.
06:17Escambos.
06:17É, exato.
06:18E aí, os professores souberam que eu tinha facilidade para explicar as matérias para os
06:24outros colegas.
06:25Eu era uma aluna muito boa.
06:26Eu fui medalha da faculdade.
06:28E aí, eu comecei a ficar conhecida porque eu passei com 100 em geometria, analítica e
06:31álgebra linear.
06:32Eu comecei a ficar conhecida por causa das minhas notas.
06:35E aí, isso foi criando um mercado para mim, né?
06:36Porque aí, os outros meninos queriam que eu explicasse as matérias para eles.
06:40E aí, eu fui criando ali meu mercadozinho.
06:42Fui conseguindo, né?
06:43Me sustentar até eu começar a fazer esses estágios.
06:46Fui para a bolsa de iniciação.
06:48E aí, quando eu cheguei no final da faculdade, todo mundo falava que eu tinha que fazer
06:50processo de trainee.
06:52Porque você precisa entender como é o processo.
06:54E eu me inscrevi no processo da Andrade Gutierrez para testar, para ver como era um processo
06:58de trainee.
07:00Me inscrevi durante o processo seletivo.
07:02Ai, vai ser horrível que eu vou falar, mas é verdade.
07:05Eles falaram que, pela Andrade, você poderia viajar para o mundo todo para trabalhar.
07:10Claro que é infraestrutura.
07:11Então, é viajar para um lugar que não tem infraestrutura, né?
07:12Mas viajar para o mundo inteiro.
07:13Eu nunca tinha andado de avião na minha vida.
07:16E eu falei, gente, eu vou poder conhecer o mundo inteiro se eu trabalhar com construção.
07:20Então, o que me fez ir para a construção dentro da engenharia não era necessariamente
07:24o amor à construção.
07:25Era pegar o avião.
07:26Era a vontade de...
07:27Desbravar o mundo.
07:28Era a vontade de conhecer o mundo.
07:29Era isso.
07:30E aí, eu me empenhei muito no processo porque eu queria ter uma forma de conhecer o mundo.
07:35E aí, passei.
07:36Comecei a trabalhar na cidade administrativa, na obra da cidade administrativa de Minas Gerais.
07:40Fiquei lá um ano e pouco no estágio, na área de projetos, que basicamente é estagiário
07:48de projetos.
07:48Entregar projeto para o encarregado, né?
07:50Ficar correndo atrás de encarregado na obra para entregar projeto.
07:53E aí, quando eu me formei, me transferiram para Manaus.
07:56E aí, eu morei quatro anos e meio em Manaus na obra da Arena da Amazônia, que era a época
08:00da Copa.
08:01Glaucia.
08:01Calma.
08:04Calma.
08:05Eu vou para frente e vou para trás.
08:06Tá.
08:06Primeiro assim, eu conheci você num evento.
08:09A gente pode falar qual evento foi.
08:10Foi da Livelo.
08:11Pode falar porque é público.
08:12Estava nas redes sociais.
08:14Um evento de liderança da Livelo, recente.
08:17Você fez uma palestra que me impressionou muito.
08:21E aí, daí que eu resolvi te convidar.
08:22Mas mesmo começando lá, vindo sua palestra, lendo sobre você, eu também não imaginava
08:31que em tão pouco tempo, tanta coisa.
08:34Você, inclusive, eu vou quebrar o gelo aqui.
08:36Você tem um visto diferente americano.
08:38Tenho, tenho.
08:40O EV1A.
08:41E o EV1A significa o quê?
08:43Então, existe uma categoria de vistos americanos para Exceptional Skills.
08:49E podem ser em alguns tipos de skills, né?
08:53Tem para atletas.
08:54Atletas de alta performance podem se candidatar.
08:57Tem para artistas, né?
08:58Cantores, enfim.
08:59E o meu é em business, né?
09:01Que é a categoria para quem é trabalhador.
09:04Não, para quem é gênio.
09:05É isso.
09:06Porque business por business eu conheço muito.
09:09Eu sou meio obtuso.
09:10Eu trabalhei 40 anos, mas eu não consigo um visto desse.
09:13O seu é um visto de gênios.
09:15É.
09:15Ele é chamado de Genius Visa.
09:17Mas é esse apelido.
09:21É porque o Einstein tinha esse visto.
09:23Quando ele morava nos Estados Unidos.
09:24Então, ele ficou classificado como Visa Genius.
09:27Porque é um visto do indivíduo.
09:29O Einstein é aquele outro mineiro.
09:32É aquele ali da teoria da real.
09:33Mas claro que eu não estou me comparando ao Einstein, pelo amor de Deus.
09:35Não, nem eu.
09:36Mas é um visto que você pode trabalhar e viver no país.
09:42Independentemente do vínculo empregatício.
09:43Porque, em geral, é uma empresa que te leva, né?
09:45É o Alien Worker.
09:48Eu odeio ser o nome de alien, né?
09:50Mas é o Alien Worker que eles falam.
09:52Muito bem.
09:53Você tem...
09:54Já quebramos um pouquinho o gelo aqui.
09:56Eu estou conversando.
09:57Eu estou conversando com uma...
09:59Gênio.
09:59Não, não.
10:00De jeito nenhum.
10:01Está conversando com uma pessoa cheia de problema.
10:03Para resolver.
10:04Só quem tem problema, né?
10:05Que é genial.
10:06Vamos lá.
10:08Daí...
10:09Então, aí fiquei em Manaus, quatro anos e meio.
10:11Construindo estádio.
10:12Construindo estádio.
10:13E aí, o que aconteceu foi que...
10:16Quando eu estava em Manaus, eles decidiram criar uma iniciativa de Lean Construction.
10:22Que era, basicamente, pegar conceitos de Lean Manufacturing da indústria e aplicar a construção civil.
10:27E eles precisavam de alguém para cuidar dessa área junto com uma consultoria.
10:31Que, na época, era a Porsche Consulting do carro que estava trazendo essa consultoria para as obras.
10:36E, por coincidência ou não, o gerente da obra, a irmã dele, foi minha professora na UFMG.
10:44E ela falou para ele que eu era muito estudiosa.
10:47Eu era muito nerd.
10:47Sempre fui muito nerd.
10:49E ela falou, bota a Glaucia.
10:51Porque a Glaucia é estudiosa.
10:52Ela vai entender como é que é para fazer.
10:53É coisa nova.
10:53Ela vai gostar.
10:55E aí, ele me convidou para fazer isso.
10:57E eu comecei a entender os conceitos.
10:58Eu fui fazer um curso de Lean Management de carro para aplicar em obra.
11:02Me apaixonei.
11:04Tinha uma outra obra vizinha que começou a fazer os mesmos conceitos na área de planejamento.
11:08Eu fugia da minha obra.
11:09Matava serviço na minha obra para ir para outra obra aprender.
11:12E aí, por fim, o projeto teve muito sucesso.
11:15A sede começou a olhar os índices de produtividade.
11:18A gente tinha quatro estádios na época.
11:19O Mané Garrincha.
11:23A gente tinha o do Grêmio.
11:24A gente tinha Rio, Brasília e Manaus na Copa.
11:28Dos quatro, o esperado era a produtividade de Manaus e a pior.
11:31Porque a logística em Manaus é muito ruim.
11:34E a qualificação da mão de obra também.
11:36Mas como a gente fez fluxos de produção muito bem desenhados.
11:39De engenharia de produção, no caso.
11:42As nossas produtividades eram as maiores.
11:44Dos quatro estádios.
11:45E aí, a sede falou.
11:46Tem algum erro nesse índice de produtividade.
11:48Vamos lá ver por quê.
11:50E viram que era por causa do Lean Construction.
11:52E aí, eu fui transferida para a sede.
11:54Para poder fazer isso em outras obras.
11:56Fazer fluxos de produção em outras obras.
11:58Eu não tinha ideia de como fazer.
12:00A gente tinha várias consultorias no início para fazer.
12:03Mas o negócio foi crescendo.
12:05O CEO depois virou CEO.
12:07Quando ele virou CEO, ele me puxou junto.
12:09E aí, no meio desse turbilhão, estourou a Lava Jato.
12:14E aí, quando estourou a Lava Jato.
12:16Que era uma iniciativa de redução de custos.
12:18Virou quase a alma do negócio, né?
12:20E aí, eu tive a chance.
12:22Eu virei diretora com 26 anos.
12:24Meus pares tinham 50, 60 anos.
12:26Eu era a única mulher, sabe?
12:28Então, por causa dessa sorte barra estudo.
12:33Eu tinha me capacitado.
12:34Fiz lá o meu mestrado em inovação.
12:36Estudei bastante.
12:38Mas também, teve a oportunidade que a Lava Jato criou.
12:41Desse assunto tomar uma relevância muito maior do que tinha antes.
12:44Tá.
12:45É.
12:46Inovação é sua praia.
12:47É o amor da sua vida.
12:49Não, mas a minha vida é meu marido.
12:50Mas é a minha praia.
12:51Profissionalmente, é a minha praia.
12:52Mas profissionalmente, o amor da sua vida é inovação.
12:55Inovação.
12:55Como é que você foi cada vez mais se aproximando da inovação?
12:59Então, eu comecei pela gestão.
13:01E gestão é inovação.
13:02A gente fala que é inovação core, né?
13:04Eu comecei com o processo de gestão, melhoria contínua.
13:07Mas eu sempre detestei essa ideia de padronização pela padronização, sabe?
13:12De você fazer só pra falar que eu tô seguindo aqui uma ISO ou uma norma.
13:15Mas, de fato, eu não uso aquilo pra gerar mais produtividade ou mais eficiência.
13:18Então, começou muito nesse viés da eficiência, que é o viés que o engenheiro tem, na maioria das vezes, quando a gente fala de inovação.
13:25E, com o tempo, eu fui tendo acesso, como eu falei, por causa desse concurso, que eu fiz uma certificação em inovação.
13:30Fui depois me especializando mais.
13:33Eu fui entendendo o poder da gente criar essas novas avenidas de crescimento pras organizações.
13:38E o case da Andrade Gutierrez foi me dando mais espaço no mercado pra eu poder experimentar outras coisas.
13:44E aí, depois de 11 anos na Andrade, a Deloitte me convidou pra ir pra Deloitte.
13:49Eu fui pra Deloitte, fiquei 5 anos e meio na Deloitte.
13:52Entrei como diretora de inovação e transformação digital pra indústria de capital intensivo, que é construção, mineração, energia, óleo e gás.
14:01As mais próximas do que eu fazia na AG.
14:03Virei sócia, depois virei sócia equity, virei líder da consultoria estratégica de inovação.
14:08Aí fui mexer com tudo quando é indústria, né?
14:09Fui pra finanças, fui pra varejo, enfim.
14:12E depois de 6 anos e meio, eu já era sócia líder dessa área, eu queria poder fazer relações comerciais que eu pudesse ter participação no desenvolvimento.
14:25Porque eu nunca acreditei muito nessa consultoria em que eu consulto, mas eu não posso ter a minha pele junto, sabe?
14:32E quando você é sócia de auditoria, você não pode ter esse comprometimento financeiro por questões, né, óbvias.
14:40E aí aquilo me frustrava bastante, porque na consultoria eu queria poder experimentar esses modelos mais de venture capital do que de consultoria.
14:49E aí eu fui pra The Bakery, que é uma consultoria bem menor em relação a Deloitte, é isso aqui, né?
14:54Mas que ela é muito focada nessa ideia de venture capital e poder co-construir e ser sócio dos clientes na construção de novas ventures.
15:02Aí eu fui pra lá como CEO, aí já startup, uma lógica completamente diferente.
15:08Fiquei lá um ano e pouco, ainda sou sócia lá, quando eu recebi o convite da Singularity.
15:14E aí bateu no coração, eu falei, olha, eu continuo como sócia, eu tô hoje como advisor, mas não tô mais como executiva, porque aí foi.
15:22Bom, você olha, Singularity é...
15:25De fevereiro pra cá.
15:26De fevereiro pra cá.
15:27Singularity tá no Brasil há quanto tempo?
15:28Seis anos.
15:29Seis anos, e foi fundada em 2012, 13?
15:322012, isso.
15:33Muito bem, me fala um pouco sobre a Singularity, como é que tá andando isso, o que é que tá, o que é que é bom, o que é que não é, me vende a Singularity aqui.
15:41Então, vamos lá.
15:41Quando você tá vendendo pra mim, tá vendendo pra milhares de pessoas, mas é bom você saber.
15:45Bom fazer esse pitch direito.
15:46A Singularity é uma escola de negócios que foi fundada por dois futuristas, que são o Ray Croswell e o Peter Dyer Mendez.
15:54O Ray, principalmente, ele é muito reconhecido por ser um futurista que acerta muito.
16:00Cerca de 60, 70% das previsões do Ray viraram verdade.
16:04Então, ele foi criando muita credibilidade de ser um futurista que consegue entender esses sinais latentes e fazer cenários que são, de fato, que viram realidade, né?
16:14E o Peter é muito conhecido porque ele criou o XPRIZE, ele é um empreendedor serial muito famoso também.
16:22Então, os dois, em conjunto, decidiram criar uma escola que fosse baseada nessa ideia de foresight estratégico, né?
16:28De você olhar pro futuro como se não fosse uma projeção do passado, mas olhar pro futuros diferentes.
16:34Que nós vamos falar bastante, porque, inclusive, é seu livro que eu vou dissertar um pouco.
16:38Inclusive, é do livro.
16:38E eles queriam muito mostrar como as tecnologias exponenciais quebram essa lógica do crescimento incremental que a gente tá acostumado nos negócios
16:49e criam negócios completamente novos numa velocidade absurda.
16:53E como a gente entendeu um pouco dessas regras da disrupção e de como essas tecnologias funcionam,
16:58pode nos ajudar a criar negócios que, de fato, são a prova de futuro.
17:01Essa foi a lógica que criou, foi uma joint venture entre os dois, com o Google da Califórnia e a NASA.
17:07Foi criada na Califórnia, dentro do campus da NASA.
17:11E ela foi se expandindo globalmente.
17:13Hoje, eu não sei de cabeça quantos países são, mas eu sei que tem na Austrália, eu sei que tem na Europa, tem aqui, na América Latina.
17:19Nos Estados Unidos, permanece.
17:22No Brasil, está há seis anos, como parte do grupo Anima, que foi quem trouxe os direitos da Singularity pra cá.
17:28É como se fosse uma franqueada.
17:29É, como se fosse uma franqueada, a gente tem os direitos da marca aqui.
17:33E estamos crescendo muito.
17:34A gente hoje estava de manhã na apresentação de fechamento de semestre.
17:38Do primeiro semestre do ano passado pra esse primeiro semestre, a gente cresceu 130%.
17:42Então, a gente mais que dobrou.
17:45Porque, principalmente com esse boom da inteligência artificial,
17:48ele trouxe, de maneira muito palpável, o poder dessas tecnologias pras pessoas, né?
17:53Às vezes, ficava muito etéreo.
17:55Ele falava assim, ah, exponencialidade, parecia um negócio muito fluffy.
17:59E agora eu acho que a inteligência artificial, assim como a internet,
18:03algumas outras tecnologias, já mostraram pras pessoas que elas vêm pra ficar.
18:07E que elas mudam completamente como alguns negócios funcionam, né?
18:11E é isso.
18:11E aí, eu já era professora da SU.
18:14Tinham três anos.
18:15Quando o Reinaldo e o Daniel me convidaram pra assumir a SU no Brasil.
18:21E como eu sou muito dessa área, educação, eu acredito muito que é a base pra qualquer outra coisa.
18:27Eu falei, ah, eu acho que é um chamado.
18:28Sabe aquela coisa, se eu não for, vou me arrepender pra sempre.
18:30Quase é um chamado divino.
18:31É, eu falei, se eu não for, vou me arrepender pra sempre.
18:33Meu pai sempre falava, você tem que se arrepender do que você faz, não do que você deixou de fazer.
18:36Que é muito mais doloroso se arrepender do que você não fez.
18:38Claro que com, né, não cometendo crimes, né, claro.
18:42Mas assim, dentro da lei, você tem que se arrepender do que você faz.
18:45E eu falei, não posso deixar essa chance passar.
18:48Conversei com os meus sócios e a gente achou ali uma forma de eu continuar, de alguma forma,
18:52apoiando a The Bakery, mais poder realizar esse sonho.
18:56Muito bem.
18:56Você tá lançando um livro.
18:58Lancei, isso.
19:00Tá aqui na minha mão.
19:01Menos Forecast, Mais Foresight.
19:03Isso.
19:05Foi pro ar agora.
19:06Esse livro é muito recente.
19:07Foi, tem três semanas.
19:08Três semanas.
19:10Muito bem.
19:11E eu assisti você falando.
19:13Tem uma lógica impressionante de não, de certa forma, combater nosso hábito de fazer
19:20forecasts, porque você tá simplesmente replicando o passado e usando ele como instrumento pra
19:27pensar no futuro.
19:28Isso.
19:29Muito bem.
19:29Aí você desenvolveu, aqui no livro, bastante sobre o foresight.
19:32E o foresight é uma coisa que é pouco conhecida ainda ou é pouco discutida.
19:38Utilizada.
19:38Explica pra gente um pouco melhor.
19:40Então, essa ideia de você olhar pro futuro de maneira diferente do passado, né?
19:46Porque o foresight, ele é basicamente uma forma estruturada de olhar pra futuros alternativos.
19:51É muito baseada em metodologias de futurismo.
19:54E isso nunca foi muito bem visto pelo corporativo, principalmente, porque o corporativo sempre foi averso a risco.
20:02A gente foi criado nas escolas de negócio pra ter aversão a risco.
20:06Eu quero escala.
20:07É muito baseado no mindset industrial, né?
20:09Então, na revolução industrial foi criada essa ideia de que eu desenho um modelo e eu replico, né?
20:15Tempos modernos ali.
20:16Eu replico esse modelo à exaustão e vou refinando, tirando desperdícios, otimizando a produtividade pra eu gerar o maior resultado, o maior lucro possível daquilo.
20:25Melhorando cada vez mais o modelo já existente, o pré-existente.
20:28Exato, gerando excelência no pré-existente.
20:31E claro que isso faz sentido e claro que isso gera resultado dentro de um paradigma de controle.
20:36Se eu tenho controle das informações, se eu tenho baixa complexidade de mercado, baixa complexidade em relação às incertezas, funciona muito bem.
20:45Eu sei que eu tenho uma demanda cativa aqui, eu vou atender aquela demanda e eu vou gerar eficiência operacional pra eu ter a maior produtividade possível atendendo aquela demanda.
20:53E o forecast nasce pra isso.
20:55O problema é que o mundo mudou muito, as condições de contorno mudaram demais, o grau de incerteza e complexidade aumentou absurdamente.
21:01A falta de controle.
21:02A falta de controle.
21:03Não falta de controle, falta de coisas controladas.
21:06Exato.
21:06E a nossa tendência como gestores foi o oposto.
21:11A gente se tornou mais apegado ainda ao forecast.
21:15Como a gente não controla o de fora, a gente foi pra uma muleta psicológica de eu preciso controlar alguma coisa, eu vou tentar controlar aqui dentro.
21:22E o problema que isso gera é que num mundo tão volátil e incerto como o que a gente vive hoje, isso sempre vai gerar um problema.
21:29Se eu ficar acima do forecast e me gera uma zona de conforto, o que com certeza tem várias oportunidades que eu não tô explorando.
21:35Porque existem tecnologias que eu nem tô testando, existem mercados que eu nem tô experimentando.
21:40E quando eu fico abaixo, ao invés de eu encarar aquilo como um mandatório pra eu experimentar outras coisas, eu dedico mais tempo entendendo qual premissa que eu errei pra eu refinar a premissa pra eu fazer um forecast melhor, do que de fato explorando soluções alternativas.
21:55E o que essas metodologias de foresight falam é que não é você que dita pra onde o mundo vai.
22:00Isso vem muito dessa prepotência, né?
22:02Dessa arrogância corporativa que a gente tem, de que a gente é tão genial que a gente vai ditar pra onde o cliente vai, a gente vai ditar pra onde o mundo vai.
22:09O foresight, ele vai pra um lugar muito mais de humildade, de deixa eu entender o que tá acontecendo fora, deixa eu entender sinais latentes de tecnologia, deixa eu entender conversões geopolíticas que antes não existiam, deixa eu entender mudanças comportamentais que antes não existiam.
22:25E a partir do de fora, eu desenhar potenciais cenários pra dentro.
22:30Não é que eu busco uma resposta determinística, como é o do forecash, eu vou crescer 25%.
22:35Eu quero responder quais são áreas não exploradas que podem me trazer crescimento.
22:40Talvez eu cresça 10, talvez eu cresça 15, vai ser posteriori, né?
22:45E eu vou ajustando o meu time de maneira ágil pra responder aquilo.
22:50E não pré-determinando um budget daquele time.
22:53Tá, tudo bem, muito simples.
22:55Não, zero simples, é complexo pra caramba.
22:58E eu acho que é quase impossível uma empresa viver só de foresight hoje.
23:02Ela precisa equilibrar essas duas coisas.
23:04Por isso que o livro não é, pare o foresight, só faça forecash.
23:07Isso eu entendi perfeitamente.
23:08Você coloca uma série de exemplos práticos de como desenvolver o foresight,
23:13ou como se adaptar a nova realidade, e como direcionar o forecash, diminuindo a dependência de um e migrando para o outro.
23:21É, achando quais são as áreas que eu tenho controle, que eu posso usar o forecash, que vai ficar tudo bem,
23:25e quais são as que elas que eu não tenho.
23:26É muito interessante, que a hora nenhuma você fala, isso aqui é velho, esquece.
23:29Não, é só adequar.
23:30É porque não tem muito isso, né?
23:31A vida, em geral, ela tá no e, ela não tá no ou.
23:35É encontrar em quais situações essa metodologia é mais adequada,
23:39quais situações essa outra metodologia é mais adequada.
23:43E fazer esse balanço, né?
23:44Fazer, eu falo muito de portfólio, você viu lá, fazer esse portfólio mais equilibrado.
23:48O problema é que a gente tenta pegar a mesma fórmula e aplicar para tudo.
23:51Você continua dando aula?
23:53Continuo, menos.
23:54Mesmo agora na gestão da...
23:55Bem menos, porque não tá dando tempo.
23:58Então, e como eu preciso focar muito, e a gente tem desafios significativos,
24:03então eu tô diminuindo cada vez mais.
24:05Mas você adora dar aula?
24:06Eu amo.
24:07Mas nem sempre a vida é fazer só o que amo, né?
24:09Não tem como.
24:10Claro, claro.
24:11Mas, e eu acho que hoje eu agrego mais valor fazendo o que eu tô fazendo do que dando aula.
24:16Aliás, para fazer o que a gente ama, a gente tem que fazer muita coisa que não ama.
24:19Exato.
24:19Esse é o segredo de chegar lá.
24:21A liberdade é poder fazer o que ama, né?
24:22Esse é o segredo.
24:24Então, eu tô dando bem menos.
24:26Algumas eu continuo.
24:27E hoje eu tô muito focada também em fazer imersões de foresight para empresas, em geral.
24:34Então, pegar os executivos que iam fazer o planejamento estratégico.
24:37E para mim, essa é a força da educação.
24:39Porque, diferentemente de um trabalho de consultoria, a força da educação é ajudar a criar capacidade nessas pessoas.
24:47Então, como a gente pode fazer uma imersão para ajudar esses executivos a entenderem como olhar para o mercado externo
24:53e identificar tendências?
24:56E identificar potenciais?
24:58E não como eu vou fazer um relatório e te entregar.
25:01Ou seja, é uma maneira de colocá-los para trabalhar.
25:04E que ela é mais perene.
25:06Não, mas eles são coautores ou autores do trabalho.
25:09Eles são autores e eles são sustentáveis depois.
25:12Porque eles não dependem de mim.
25:14Esse que é o negócio de mim, singularity, né?
25:16Eles continuam depois esse trabalho.
25:19E que tem tudo a ver porque tanto o Peter quanto o Ray, eles são estrategistas de foresight, né?
25:27Então, eu tenho a mesma profissão que eles, no fim das contas.
25:30O que é maravilhoso, porque eles são uma inspiração.
25:32E aí, para eu poder replicar isso no Brasil, que bom que a gente é alinhado.
25:35A gente pode falar, de um modo geral, quantas empresas hoje são clientes?
25:40Hoje, a HCM Singularity, que a gente faz todo o Pianel juntos, né?
25:45Nós temos 106 empresas ativas como clientes.
25:48A gente entrega cerca de 3 programas por dia diferentes.
25:53Então, está bem grande e crescendo, né?
25:58Agora a gente está sofrendo as dores do crescimento.
26:00Porque a gente precisa se estruturar um pouco mais.
26:02Crescimento rápido dá dor nos ossos.
26:04É isso, é isso.
26:05E dentro da sala de aula, são quantos cursos ou alunos atualmente?
26:11Ai, não sei, porque a gente trabalha só corporativo, né?
26:13Depende muito dos programas.
26:15Os programas da SU, que são mais focados para C-Level, são menos alunos.
26:19Porque, em geral, são diretoria, board, etc.
26:22Então, digamos, sei lá, que a gente teve a ter formado...
26:25Eu sei que a HCM até hoje formou meio milhão, alguma coisa assim.
26:28É gigantesca e já tem bastante tempo fazendo sucesso.
26:31Mas a Singularity...
26:32Hoje, a gente tem 25 clientes grandes ativos com programas rodando.
26:37Hoje, esse mês, né?
26:39E aí, clientes como Coca-Cola, Unilever, clientes grandes mesmo.
26:45Grandes corporações.
26:45Grandes corporações que todas têm se reinventado, né?
26:50Têm tentado se reinventar cada vez mais e olhar para o futuro de maneira mais consciente, eu acho.
26:56E é bem nesse caminho que a gente tem tentado seguir.
27:00Claro que o Brasil é impossível se não olhar para pequenas e médias empresas.
27:04E a gente tem feito um movimento de ir para lá também, além de empresas familiares.
27:08Existe um programa que chama Exponential Families,
27:10que é um programa de formação de sucessores com letramento em tecnologias exponenciais.
27:14que a gente está tentando trazer para o Brasil.
27:17Porque é um programa que seria muito interessante para o nosso país, né?
27:20Se a gente pega agro, se a gente pega varejo, se a gente pega transporte.
27:24São todos setores que, muitas das vezes, um empreendedor que tinha uma frota ou que tinha um mercado
27:29foi crescendo, criou um império e agora tem a nova geração que precisa...
27:34E normalmente é na sucessão que perde-se o sucesso.
27:38Exato!
27:38Então, como a gente pode trazer esse letramento de coisas que a primeira geração não tinha necessidade de saber,
27:44mas que a segunda vai precisar.
27:46É muito comum na história do varejo brasileiro, o crescimento, crescimento do sucesso do fundador,
27:53até que chega um momento que ele não tem mais capacidade de controlar e não profissionalizou
27:57e a gente perdeu muita gente, muita companhia ao longo do tempo por conta disso.
28:01Exato!
28:05Esse mercado é gigantesco no Brasil, claro, porque os setores que você falou,
28:10eles são basicamente formados por empresas familiares.
28:13Isso, por famílias.
28:14E por tradições, vão passando de geração em geração.
28:17Exato, exato.
28:18Então, a gente agora também está indo para empresas familiares e indo para PMS em geral,
28:24porque também é uma parte muito relevante do nosso PIB e que, poxa, com tecnologias que são democráticas,
28:31como a própria inteligência artificial, que elas são acessíveis, você consegue fazer muita coisa.
28:38Se você pega uma padaria, você pega um supermercado local e você traz capacitação e inteligência artificial,
28:45você traz um nível de eficiência incrível.
28:49E hoje, como se coloca em qualquer negócio, você consegue transformar.
28:52Com custos super acessíveis.
28:54Eu estou mentorando e participando de um negócio muito bacana, que é a BRH,
29:00que é pegar todo um processo de vale-transporte, que é um negócio gigantesco no Brasil,
29:04e fazer ele de forma diferente e inteligente.
29:06Ai, maravilha. Innecessário.
29:08100% com inteligência artificial, monitoramento à distância.
29:12É transformador.
29:13É transformador.
29:14Está cheio de negócio assim.
29:15Cheio, cheio, cheio, cheio.
29:17E é muito legal, né, viver esse momento de tanta transformação.
29:22Tem muita gente que tem medo.
29:23Eu amo, assim, eu acho empolgante tanta mudança.
29:28Legal, você é palestrante.
29:30Você também é palestrante.
29:32Então, eu não sei se eu sou uma palestrante profissional ou não.
29:34Eu sou uma professora que dá palestra.
29:36Seria bem sincera.
29:39Porque eu vejo palestrantes profissionais, bem profissionais, assim, e eu não estou lá ainda, não.
29:44Mas eu dou palestras muito nessas temáticas, né, de inovação, principalmente inovação estratégica.
29:52E dou minhas aulas nessas temáticas também, sempre no mesmo assunto, o que muda é o tamanho da aula, né.
29:58Para mim, a palestra é uma aula curta.
30:00Mas eu não estou naquele nível de palestrante, sabe?
30:05Tipo você, que fez...
30:06O Leonel fez uma palestra, deixa eu explicar essa história aqui.
30:10Ele falou que ele não era palestrante profissional ainda, ele me fez uma palestra de uma hora sem slide.
30:17Sem slide.
30:18Sem ter slide.
30:20Ele conseguiu por uma hora ter um raciocínio concatenado inteiro, assim, até o final.
30:25Muito obrigado.
30:25E eu falei, gente, brilhante, brilhante.
30:27Muito obrigado, mas a entrevistada aqui é você, tá?
30:30Muito obrigado.
30:31De qualquer forma, você dá aula, você faz palestra, você tá estudando alguma coisa agora, né?
30:38Não, sou executiva, depois do livro, agora não.
30:41Agora eu tô zero estudando.
30:42E eu sou mãe, né?
30:43Então é importante falar isso também.
30:44Eu tô com a filha de quatro anos, que ocupa muito na minha vida também.
30:47Lógico, lógico.
30:48Mas essa parte é boa.
30:49Mas é o melhor prêmio da vida.
30:50É a melhor parte.
30:51O meu nome e a sua filhota?
30:52Manuela.
30:53Manuela.
30:53Manuela.
30:53Muito bem.
30:55E você...
30:57Não...
30:57Tem um PHD aí também?
30:59Tem essas coisas?
31:00Tive um PHD no meio.
31:01Tem um...
31:02Americano?
31:04Não, não, não.
31:04Foi aqui.
31:05Na verdade é Doctor of Science, né?
31:06A gente não tem PHD no Brasil.
31:09A nomenclatura de fora...
31:10O PHD é de Philosopher Doctor, né?
31:13Que...
31:13Doutor em Filosofia.
31:15Aqui no Brasil a gente tem o Doctor of Sciences.
31:19Que, em teoria, é um nível a mais que o PHD.
31:21Se você fosse olhar nos Estados Unidos, o DSC é um nível a mais que o PHD.
31:26Se for olhar elas por elas, é como se fosse o equivalente ao PHD.
31:31Então, todo o PHD que você vê no LinkedIn, no Brasil, etc.
31:34Na verdade, ele não é PHD.
31:35É uma nomenclatura mais comum, mas provavelmente ele é um DSC.
31:38Se ele formou numa faculdade aqui, ele é um DSC.
31:40Só que se você coloca DSC, as pessoas não sabem o que é.
31:43Então, o PHD, como é mais popular, você coloca como PHD.
31:46Aí agora...
31:47Agora...
31:48Não sei, tem algum plano de estudar alguma coisa nova assim?
31:51Ah, eu brinco.
31:52Agora eu só vou ler livro de aeroporto.
31:54Ah, tá, já tô brincando.
31:55Boa!
31:56Não, eu tô numa fase que...
31:59Eu tenho lido muitos livros sobre filosofia.
32:02Assim, principalmente muitos livros estoicos.
32:06Eu tô num momento...
32:08Meia idade, né?
32:09Eu tô num momento de refletir mais sobre a vida.
32:12Sobre propósito.
32:14Sobre entender um pouco mais...
32:17O sentido da vida mesmo, né?
32:18Porque às vezes você vai ligado no...
32:19Eu que faço muita...
32:20Fiz muita coisa.
32:21Eu fui ligada no automático, né?
32:23Vai sobrevivendo, ligada no automático.
32:25Na hora que você para pra respirar, você fala...
32:27Tá, por que que eu tô fazendo tudo isso?
32:30Eu tô correndo atrás de que eu?
32:31Eu tô correndo do quê?
32:32Por que essa pressa toda?
32:33Essa ansiedade toda?
32:35Então, eu cheguei meio neste momento de vida aí nos últimos anos.
32:40De tentar entender os porquês, né?
32:43Eu fui órfã muito cedo.
32:45Eu venho de uma realidade de vida muito simples.
32:47E por muito tempo eu acho que eu queria provar pra mim mesma.
32:51Ou provar pra alguém alguma coisa, sabe?
32:53E aí eu ia tendo essa ansiedade, esses selos e essas coisas.
32:58Pra eu poder, de alguma forma, acho que pertencer.
33:01E aí agora eu já acho que eu passei um pouco disso, assim.
33:06Eu não tenho mais essa necessidade.
33:07Agora existe a Manuela pra te fazer...
33:09Exato!
33:10Pensar um pouco diferente.
33:11Exato!
33:12Eu não tenho mais essa ansiedade descabida, sabe?
33:17Pelo contrário.
33:18Hoje eu quero fazer coisas que façam sentido.
33:21Mas a Glócia é maravilha, mas tudo que você fez faz sentido.
33:26Eu, como eu sou um pouco mais...
33:28Menos jovem do que você.
33:29Eu entendo isso perfeitamente.
33:32Até porque, de alguma forma, a gente tem origens até parecidas.
33:36Eu também passei por todas essas dificuldades.
33:38Peguei meu primeiro voo aos 25 anos.
33:40Ah, e é isso.
33:41É esse povo mesmo.
33:43A gente sabe dessas dificuldades o quanto você precisa ser focado no início.
33:49Mas se você não fosse focada no início, você não estaria agora...
33:52Podendo ter essas opções agora.
33:53Podendo ter essas opções.
33:54Exatamente.
33:55Mas assim, vai lendo seus livros aí cada vez mais.
33:58Mas assim, pelo pouco que eu estou te conhecendo, daqui a pouco você está em algum outro curso diferente, buscando alguma outra formação.
34:06Eu gosto.
34:08Daqui a pouco você está em algum outro curso diferente, fazendo outra formação.
34:11Você não vai parar, claramente.
34:14Isso...
34:14Inquieta demais.
34:14Você foi professora do Dom Cabral também?
34:17Eu fui professora do Dom Cabral por nove anos.
34:20Amo a fundação.
34:22Fui professora do MBA.
34:24O MBA da fundação que é maravilhoso.
34:26O sinal é super reconhecido.
34:27Super.
34:28E foi quem me abriu a porta para ser professora.
34:31Porque eu tinha terminado o mestrado, eu não tinha feito doutorado ainda.
34:34Quando a fundação me convidou para ser professora, convidada para o MBA.
34:39E isso foi uma honra, né?
34:40Porque eu já idolatrava a fundação.
34:43E foi por causa da minha experiência na fundação.
34:45Que depois eu acabei tendo a oportunidade de entrar na Singularity.
34:48Dei aula na pós-graduação da USP também, por causa dessa experiência.
34:52Então, quem me deu a minha primeira porta para poder...
34:55Abriu para você esse mercado.
34:56E que eu sou fã de carteirinha, assim.
34:59Eu acho a fundação...
35:00É minha concorrente hoje.
35:02Mas eu acho brilhante, incrível.
35:06O trabalho é fantástico.
35:08Na verdade, é uma concorrente.
35:09Vocês são concorrentes que se auxiliam e que crescem juntos.
35:13E eu acho que é muito bonito você admirar um concorrente, sabe?
35:16É muito bonito você falar assim.
35:17Poxa, eu admiro muito o trabalho de alguém.
35:19Eu admiro muito o trabalho da fundação.
35:22Eu já fui conselheira da parte de mestrado acadêmico.
35:25É profissional da fundação também.
35:28Então, enfim.
35:29Competir na sua origem é andar junto, não é brigar.
35:33Exato.
35:34E tem espaço para todo mundo, né?
35:35E eu acho que quando você tem competidores bons,
35:37te faz subir a régua também.
35:39Então, é bom.
35:40Vamos falar um pouco sobre inteligência artificial.
35:42Bora.
35:43Porque dentro desse seu mundo aqui...
35:46Você, inclusive, fala na palestra que eu assisti.
35:49Mas, assim...
35:50Existe como ficar longe da inteligência artificial hoje?
35:53Não.
35:53Eu falo que é...
35:55Sabe quando tinha o Windows?
35:57Começou o Windows, todo mundo tinha que saber usar o pacote Office?
36:00É o Office atual, assim, né?
36:03É o básico.
36:03É o básico.
36:04Você não vai ter como trabalhar sem utilizar em qualquer profissão.
36:08Se eu estou falando de advogado a médico, a engenheiro,
36:13não tem área que vai ficar por fora, né?
36:18Nem empresas.
36:19Nem empresas.
36:19Nem negócios.
36:20Nem negócios.
36:21Nem negócios.
36:22Porque é...
36:24É impossível competir com o nível de inteligência, capacidade, velocidade.
36:31Não tem ser humano que consiga fazer tudo.
36:33E quando você olha para uma empresa hoje, ainda temos no Brasil muitas empresas antiquadas.
36:38Empresas que estão perdendo o mercado, talvez perdendo o futuro sem nem notar.
36:45E você vai fazer uma consultoria, como é que você fala para eles?
36:48Ou como é que você convence uma empresa a sair do mundo analógico e, de fato, prestar
36:51atenção nesse mundo novo?
36:53Ameaçando, chamando atenção?
36:56O que é que...
36:57O ser humano, na gestão da mudança, reage muito melhor ao reforço positivo que ao negativo,
37:02né?
37:03O chicotear o filho não faz o filho mudar de comportamento.
37:07Em geral, né?
37:08Se uma empresa chegou no tamanho que chegou, cresceu, ela foi inovadora em diversos aspectos
37:13durante a sua história.
37:15Ela otimizou produção, ela fez gestão.
37:17Qualquer empresa que você pegar que exista, se ela existe no mercado, você pode olhar para
37:21a história dela, você vai achar diversas...
37:23Um dia ela foi muito inovadora.
37:24Você vai achar diversas inovações que foram acontecendo ao longo da história dessa
37:27empresa.
37:28Então, você entender a cultura, você respeitar a história da empresa e você explicar
37:34que não é que ela estava errada, o mundo mudou e agora ela precisa saber algumas coisas
37:39a mais, eu acho que é um approach muito melhor do que chegar chutando a porta, sabe?
37:45Eu não só acho, como nos projetos que eu fiz até hoje, foi muito mais perene você
37:50fazer dessa forma do que chegar chutando a porta, porque eu já vi os dois approaches
37:53sendo implementados.
37:56Eu acredito muito no poder...
37:57Por isso que eu acredito muito no poder da educação.
37:59Sim.
37:59Porque a educação, o primeiro passo dela é criar consciência.
38:03Ninguém muda, ninguém cria competência sem ter consciência.
38:08Então, primeiro, eu preciso trabalhar a cabeça das pessoas para elas entenderem a urgência
38:14e a temática para depois eu poder tomar alguma ação prática daquilo.
38:19Porque tem muito vendedor de curso, de escola, que quer te vender fórmula mágica, né?
38:26Outro dia eu ouvi numa escola de negócio X aí um slogan assim, ah, aqui não tem nada
38:31de teoria, aqui é só framework prático para você utilizar e replicar.
38:34Você não ensina essa pessoa a pensar.
38:37Você ensina essa pessoa a pegar um negócio, eu copio...
38:40Executar.
38:41Mudou a situação, eu preciso de você de novo.
38:43Replicar e...
38:44É, e para fazer a parte que a máquina faz muito bem, eu não preciso de um ser humano
38:47para fazer isso mais.
38:48Então, o approach que eu acredito e que a Singularity acredita muito, ele é muito diferente
38:52disso.
38:53Ele vem de um lugar de...
38:56Entenda a sua necessidade.
38:58Eu não preciso te vender que você precise de uma coisa.
39:00Eu preciso te mostrar dados e fatos e você vai chegar na conclusão se você precisa
39:06ou não.
39:07Porque você é um adulto, você tem um cérebro, você consegue entender as coisas.
39:09E tem uma história já de sucesso.
39:11Exato.
39:11Você vai conseguir entender as oportunidades e ameaças, às vezes as pessoas subestimam
39:15os outros e as histórias de vida dos outros, sabe?
39:19A maioria dos executivos que eu conheci que eram mais resistentes à mudança, eles se sentiam
39:24desrespeitados pela mudança.
39:27E aí eles jogavam contra, mas a partir do momento que eles se sentiam inseridos,
39:30naquilo.
39:31Qual?
39:32Autores?
39:32E que eles entendiam o potencial que aquilo tinha para o negócio deles.
39:37Tem ninguém que joga contra ganhar seu próprio dinheiro não, sabe?
39:40Na hora que eles entendiam que aquilo ali, cara, isso aqui funciona, eles vão.
39:45Só que se é vendido de forma goela abaixo.
39:47É vendido como, ah, agora a gente reinventou a roda e vocês não valem mais nada.
39:52Não tem Cristo que faça as pessoas mudarem mesmo.
39:55Tem que ter humildade.
39:56Tem que ter humildade.
39:58E eu acho que isso me ajudou muito porque na consultoria, eu tenho cara de menina, né?
40:02Então eu nunca fui para um auto-executivo ameaçadora.
40:07É sério, eu nunca soei ameaçadora.
40:09Quando eu chegava para um CEO ou para um líder de conselho e eu genuinamente dava uma
40:13ideia, não tinha uma briga de testosterona ali de, ah, o que é esse cara aqui dessa
40:17consultoria que veio me falar o que eu deveria fazer no meu trabalho?
40:20Existe quase uma projeção de poderia ser minha filha me dando um conselho, sabe?
40:24Poderia ser, eu não sou ameaçadora para esse tipo de perfil.
40:30E eu entendi muito cedo que isso era um benefício para mim e não um problema.
40:34Tinha um lado de um problema, sim, que às vezes isso é desmerecido.
40:38Mas tinha um lado muito legal que uma vez que essa barreira do preconceito da cara de
40:42menina passava, porque viam que eu fiz doutorado, nananana, eles me ouviam.
40:47Eles genuinamente me escutavam, porque não viam num lugar de ameaça que vai lá para
40:52o, vai lá para a sua amígdala, explode, você não está nem ouvindo, né?
40:55É, ia para um lugar de deixa eu considerar, deixa eu entender.
41:00E eu acho que com isso eu conseguia gerar mais impacto, né?
41:03Eu virei sócia muito cedo por isso.
41:05Eu conseguia vender muito bem, entregar muito bem, porque eu entendi muito cedo o que
41:09que isso me dava de benefício também.
41:11E não só o lado ruim que eu já sabia.
41:14Então, eu comecei a me apoiar no lado bom.
41:15E por isso que a aula me ajudou também.
41:17Porque eu falava, como é que eu vou conseguir vender para um CEO?
41:21Porque o jeito que em geral um sócio homem vai vender para um CEO é, vai chamar para
41:25jantar, para tomar um vinho, vai ali, sabe?
41:28Vai ser no after hours, vai ser num lugar que tem ali um lugar para poder conversar.
41:34Quando você é mulher e jovem, é muito complexo na dinâmica social você se colocar nesse
41:38mesmo lugar.
41:39Então, eu falei, como que eu vou fazer essas pessoas me ouvirem?
41:43Porque se eles não me ouvirem, eu não consigo vender projeto.
41:47E aí, a aula fez esse papel para mim.
41:49Porque se eu estou numa posição de ensinar alguém a fazer alguma coisa, por definição,
41:53essa pessoa vai ter que me escutar.
41:55E aí, quando eu comecei a dar aula para CEOs, dar aula para executivos, eles sempre
41:59viravam para mim no final da aula e falavam, como que eu faço isso?
42:01Me ajuda?
42:02E isso virou o meu canal de vendas, né?
42:04Eu vendia...
42:05Por isso que eu falei que no final é tudo a mesma coisa.
42:07O meu canal de vendas era através das aulas na consultoria.
42:10Faz todo sentido.
42:11Olha, outro dia eu estava num evento e eu ouvi uma palestra com o Walter Longo.
42:16Ah, ele é maravilhoso.
42:17Eu fui para o Japão com ele.
42:18Ah, é?
42:18E ele falou lá uma coisa que eu adorei, assim, sobre inteligência artificial e sobre
42:22riscos, etc.
42:23Ele falou, em terra de robô, quem tem um coração é rei.
42:27É isso mesmo.
42:27E aí, eu acho que a melhor oportunidade da inteligência artificial é cada vez a gente
42:34usar mais o nosso lado emocional.
42:36Perfeito.
42:37E eu vi você falando sobre isso também.
42:39Então, por favor, explica.
42:42Então, a Carla Tchepo, que é uma das professoras da SU, uma neurocientista, ela fala uma coisa
42:47muito legal, que ela fala que ao longo da história, o ser humano foi criando como definição
42:52de inteligência só o córtex pré-frontal.
42:56A gente confundiu cognição com inteligência, né?
42:58Como se fosse um tipo de inteligência só.
43:01E se a gente vê como capacidade humana só o córtex pré-frontal, e ela fala que isso
43:06é muito baseado no iluminismo, né?
43:08Quando a gente olha ali para Descartes, falava, penso ou logo existo.
43:11Ou seja, a minha existência é baseada na minha cognição.
43:14Se eu não tenho cognição, eu não existo.
43:16E isso foi sedimentando no mundo corporativo como um mundo extremamente racional.
43:21Racional, exato, matemático e tudo mais.
43:24Onde a parte emocional não só é desvalorizada, como ela é mal vista, né?
43:29Ela parece inadequada ao ambiente corporativo.
43:35E quando a gente começa a ver que essa parte que a gente chama de inteligência é a que
43:40a gente não tem a mínima chance contra a inteligência artificial...
43:45Agora nós já perdemos todas.
43:47A gente pensa assim, poxa, se isso é a única coisa que eu entendo como valor humano, acabou.
43:53Acabou meu valor.
43:53Podemos todo mundo morrer, não temos mais valor.
43:55Mas na hora que a gente entende que nós temos múltiplas inteligências,
44:00e que algumas delas são natas nossas e continuarão nossas,
44:06e que por mais que a máquina eventualmente possa simular,
44:10nós não gostaríamos que simulasse?
44:12Porque eu falo muito isso, eu falo que pra mim a discussão é muito mais sobre
44:15o que deliberadamente a gente não gostaria que a máquina fizesse como decisão humana,
44:20e não sobre a capacidade da máquina fazer ou não.
44:23Não é uma discussão, a máquina vai ser capaz de fazer isso ou não.
44:26O que eu não quero que a máquina faça?
44:29E o que eu quero que a máquina faça?
44:31Porque no After All, o dono da máquina é a gente.
44:33Às vezes a gente acha que a máquina é dona da gente, mas é o contrário.
44:37Então, e aí a gente vê que inteligência emocional, gestão de conflitos,
44:43ética, moral, estratégia, reputação, relacionamentos, né?
44:50A máquina não vai botar seu projeto de pato-braço e vender pra você, né?
44:55Intimidade.
44:56Gratidão.
44:57Gratidão.
44:58Sabe?
44:59São inerentes ao ser humano.
45:02E aí a gente precisa repensar todo o modelo do que forma um ser humano.
45:06Será que a gente vai precisar aprender medicina, arquitetura, engenharia?
45:10Ou será que a gente vai ter que ensinar as crianças empatia, resolução de conflitos,
45:14gratidão?
45:15Porque o que ela vai fazer no futuro?
45:18Claro que ela vai ter que saber fazer um prompt, saber gerir inteligências artificiais,
45:22mas às vezes a gente acha que a gente continuará tendo valor na inteligência tradicional, né?
45:27Você faz conta de cabeça ou você usa calculadora?
45:31Você usa calculadora.
45:33Então, assim, quando tem a ferramenta, por mais que a gente queira mentir pra si mesmo falando
45:38que a gente vai continuar fazendo a conta de cabeça também, porque é importante pro nosso raciocínio,
45:43no fim, você não faz.
45:46Bom, eu sou testemunha.
45:48Eu, quando eu era jovem, garoto, saindo de faculdade, a gente admirava muito aquele colega
45:55que tinha todas as informações, porque nós não tínhamos acesso às informações.
46:00Informação era valor, né?
46:01Você fazia uma pergunta, a pessoa sabia responder.
46:03E quantas vezes você ficava.
46:05E quando você não sabia responder, você não sabia onde buscar.
46:08Buscar.
46:10Acho que hoje, quando eu olho pra minha neta, agora ela tem uma netinha,
46:13quando eu olho pra minha neta, o que importa pra ela não é ter informação,
46:16o que vai importar de fato pra ela cada vez mais é lidar com ela, com a informação.
46:21É lidar e saber fazer as perguntas certas, né?
46:24Por favor, sim.
46:24Então, por isso que nunca foi tão importante a gente estudar a filosofia.
46:30Glócia, eu tenho um desafio pra você.
46:31Diga.
46:32Mal te conheço, mas tenho um desafio ouvindo tudo isso aqui.
46:35Vai estudar a história.
46:36E aqui, eu não tô querendo, mas quando eu tinha 40 anos, eu era dirigente de uma empresa,
46:41eu fui fazer faculdade de história por livre opção.
46:43Ah, maravilhoso.
46:44Maravilhoso.
46:44Você vai estudar ainda história?
46:46Vai ser a sua formação?
46:47Eu, assim, eu gosto muito de história, assim como eu gosto muito de filosofia.
46:51Sim.
46:52Porque eu acho que se a gente olha nessa perspectiva antropológica das coisas,
46:57muita coisa começa a fazer sentido.
46:58O ser humano repete muitos ciclos, né?
47:00Sem dúvida.
47:01A gente acha que tudo é muito inédito, mas tem muita coisa que não é tão inédita.
47:04Tudo tem uma causa lá atrás.
47:06Exato.
47:06E uma raiz e um porquê.
47:08Exato, exato.
47:10E eu acho que nas ciências humanas, muitas dessas coisas estão lá pra gente aprender mesmo.
47:15É uma pena que eu tenho que começar a terminar.
47:17Ah, não.
47:18Tá tão bom.
47:18Não, mas nós temos que começar a terminar.
47:21A primeira coisa, faltou alguma coisa?
47:24Hã?
47:24Alguma coisa que eu não perguntei, que você queira ressaltar?
47:27Nada, nada.
47:27Tá ótimo.
47:28Boa sorte com o seu livro.
47:31Obrigada.
47:31Eu recomendo pra todos, mostrar aqui pra câmera, eu recomendo, pra câmera, eu recomendo a todo mundo que leia o livro da Glaucia, muito obrigado por ter me dado ele de presente, eu já tenho ele no Kindle, eu já comecei a brincar com ele, assisti a sua palestra e também fiquei bastante admirado.
47:49Parabéns pelo seu trabalho.
47:50Obrigada.
47:51O que é que você diria pra uma turma que tá começando hoje engenharia como você começou, nem sei quanto tempo atrás, mas alguns, duas décadas atrás ou algo assim?
48:02Mas, eu acho que a gente conseguir lidar bem com a incerteza, sabe?
48:10Trabalhar um pouco a aceitação da incerteza.
48:12Porque a gente é muito treinado pra criar planos de longo prazo, sabe?
48:20Então, quando você entra na faculdade, você fala, ah, eu vou me formar, eu vou entrar na empresa tal, vou trabalhar a vida inteira lá e vai ser assim.
48:27E Buda fala que a base de todo sofrimento é o apego, né?
48:31Você se apega a uma ideia ou a um plano e tal, e aí não sai como planejado, você sofre.
48:36Tenta ser um pouco mais flexível.
48:39Pode ter sonhos, aspirações, mas seja um pouco mais aberto pras oportunidades que aparecem,
48:45porque você pode descobrir coisas que vão te fazer muito mais realizado e feliz do que aquele plano rígido que você criou.
48:52Você é budista?
48:53Eu não sou, mas eu gosto muito.
48:56E eu não tenho religião, assim, eu admiro várias.
48:59Eu sou muito espiritualizado, mas eu não tenho religião.
49:02E eu vejo que muitas vezes a gente fica muito fixo nessa sensação de controle que a gente quer ter da nossa carreira, da nossa vida.
49:13E muitas oportunidades se perdem nesse meio do caminho, porque a gente fica fixo, sem abrir pro que tá acontecendo, né?
49:19Então, acho que ter coragem, uma vez que identifica, acho que o segundo é, tenha coragem, testa.
49:25É, o Buda também diz que tudo passa.
49:27Tudo passa, o bom passa ou o ruim passa.
49:28Estamos aqui de passagem, tudo tá de passagem e a gente precisa saber que hoje você tem um cargo, amanhã você não vai ter mais,
49:34hoje você tem controle, amanhã você não vai ter, hoje você tem um objetivo, amanhã esse objetivo pode ser irrelevante.
49:42Então, eu concordo e admiro o que você falou.
49:45Vamos curtir mais as incertezas.
49:47A jornada, exato.
49:48Curtir a jornada, acho que é isso.
49:50Muito bem.
49:50Algum livro que você queira recomendar, que não seja o seu, sobre um pouco...
49:54O seu já está mais do que é recomendado.
49:56Tem um que eu acabei recentemente que se chama Pensamento Eficaz.
49:59Que livro maravilhoso, maravilhoso.
50:01Ele ajuda muito a gente a entender que, às vezes, a gente se preocupa muito em tentar justificar, em tentar explicar as coisas.
50:11E ele tem uma lógica simples de, cara, foca no seu.
50:14Faz o melhor que você consegue fazer.
50:15Dedica sua energia em tornar as situações melhores e não em ficar gerando...
50:22Entenda seus gatilhos de reação para você conseguir ter mais autocontrole.
50:26Então, um livro fantástico.
50:28Tem um livro antigo que chama Power Shift, do Toffer, Alan Toffer.
50:35Que é impressionante o livro.
50:37Ele é bem antigo, mas ele é super atual.
50:39Eu acho incrível, assim, quando você pega um autor que era futurista há 30, 50 anos atrás.
50:44Você vai ver o livro dele hoje e você fala, meu Deus.
50:47E eu acho que o Nexus, né?
50:48A gente está trazendo a Rari em novembro para o Brasil.
50:53Na HSM?
50:54Na HSM+, isso.
50:56E ele é um antropólogo, né?
51:01É um estudioso, historiador, fantástico.
51:04E ele acerta muito, né?
51:05Quando ele veio da última vez, ele veio em novembro.
51:09Perguntaram para ele, qual o maior medo que você tem?
51:11E tem isso gravado.
51:12E ele falou, meu maior medo hoje é estourar uma pandemia global.
51:17Três meses depois começou a pandemia do Covid.
51:20E o Adam Grant, tem vários dele, né?
51:22Tem o Originais, que eu adoro.
51:24O Essencialismo também.
51:25O Essencialismo é dele, não.
51:27Mas o Essencialismo é muito bom também.
51:29Tem o...
51:32Da Gotinha d'Água ali, não vou lembrar nunca.
51:35Mas...
51:36Pense de novo.
51:37Think Again.
51:38Que é dele também.
51:38O Adam Grant, ele é um autor que não só para os livros,
51:42mas segui-lo nas redes sociais é muito bom.
51:44Ele tem sites de liderança muito bons também.
51:46Então, eu gosto bastante.
51:48Você já conheceu, já leu um livro da Angela Duckworth?
51:53Garra?
51:54Não, não li.
51:54É muito bacana também.
51:55Vale muito a pena.
51:56Ah, eu vou ler.
51:56Porque tem muito a ver com o que a gente falou aqui,
51:58de fazer o que não gosta
51:59para conseguir dar certo
52:02e depois fazer aquilo que se ama.
52:05É o diferencial de carreira, de liderança, etc.
52:09Também está muito na força de vontade.
52:11Não simplesmente em fazer o que...
52:15A gente ouve muito isso.
52:16Eu só faço o que eu amo.
52:18Eu amo o que eu faço.
52:19Esquece.
52:20Muito bem.
52:21Muito obrigado.
52:22Obrigada.
52:23Eu que agradeço.
52:24Eu conversei aqui com a Glaucia
52:26e foi uma conversa muito prazerosa.
52:29Uma conversa muito dinâmica.
52:30Eu espero que todo mundo tenha entendido.
52:32Quem não entendeu, procure a Glaucia.
52:35Guarcello.
52:36Guarcello.
52:36Estou tentando fazer a pronúncia certa.
52:39Italiano.
52:39Está perfeita.
52:40Está perfeita.
52:40Muito obrigado, Glaucia, de coração.
52:42E vocês todos, muito obrigado.
52:44Este é Humanamente Possível.
52:46A vida é leve e humanamente é possível.
52:49Obrigado de coração.
52:54Eu vou ajudar.
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