Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, analisou a retomada da produção de fertilizantes pela Petrobras na Bahia. Ele explicou que a decisão é estratégica para o país, mas não necessariamente vantajosa para os acionistas da estatal.
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00:00A Petrobras deve retomar a produção de fertilizantes no Nordeste.
00:10A empresa concluiu a licitação para contratar serviços de operação e manutenção de duas fábricas de produtos nitrogenados na Bahia.
00:17A gente vai falar sobre isso com o Pedro Rodrigues, que é sócio e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
00:22Bom dia para você, Pedro. Seja muito bem-vindo ao Real Time.
00:26Bom dia, Marcelo. Prazer estar aqui com vocês.
00:28Eu queria fazer primeiro um resgate histórico. O Brasil, lá atrás, estava começando a produzir fertilizantes com a Petrobras.
00:35Na época, foi uma decisão administrativa e política também. Parou de produzir, dizia que o custo era muito alto, que não valia a pena.
00:43E eu queria saber a sua análise. Essa percepção mudou? Mesmo tendo um custo alto, agora tem-se a ideia de que vale a pena?
00:51Não, Marcelo. Na verdade, como você colocou bem, a decisão acaba sendo uma decisão muito mais política do que econômica.
01:00O Brasil não tem gás natural, por exemplo, a preços baratos, como tem na Rússia, que é um produto, um insumo importantíssimo para se produzir fertilizantes.
01:10Na verdade, a retomada dessas fábricas pela Petrobras me parece muito mais uma decisão política do que uma decisão econômica.
01:20Não me parece que agora, diferente do que foi no passado, a Petrobras vai acabar conseguindo gerar lucros na produção de fertilizantes no Brasil
01:27ou produzir fertilizantes no Brasil mais barato do que o fertilizante que pode ser comprado no mercado internacional.
01:34A gente tem aí, obviamente, toda uma discussão sobre o quanto a Petrobras poderia investir nesse tipo de coisa, já que ela é uma empresa de capital aberto.
01:42Mas, por outro lado, se a gente pensar do ponto de vista estritamente do Brasil como Estado,
01:47eu não digo nem desse governo que está aí, mas como Estado,
01:49parece que nos últimos anos aumentou a percepção de quão estratégico é a gente ter um suprimento adequado, confiável de produtos agrícolas,
02:03para a gente não ficar dependendo, por exemplo, de países que estão em zona de guerra,
02:07de países que amanhã podem, por exemplo, parar de exportar para a gente por qualquer motivo.
02:12Perfeitamente, Marcelo.
02:13Eu acho que se o Estado brasileiro, junto com o poder executivo, o poder legislativo, tem essa opção,
02:19tem essa escolha, é uma escolha da sociedade, a gente deve o fazer, porém com o dinheiro do Estado brasileiro,
02:26não com o dinheiro do acionista da Petrobras.
02:28Eu acho que é uma questão simplesmente de alocar onde o custo vai cair pela importância estratégica
02:35que o Brasil dá ao fertilizante, por exemplo.
02:38Portanto, eu acho que a decisão não é errada em si do Brasil ser estratégico para o país ter a produção de fertilizante
02:44ou produzir fertilizante internamente.
02:46O que, para mim, parece equivocado é que essa decisão de país, do governo, do país,
02:53recaia sobre o bolso do acionista da Petrobras.
02:55Ou seja, a gente está obrigando o acionista da Petrobras a ter, a pagar, uma decisão estratégica do governo brasileiro,
03:02o que não me parece, pela lógica que você colocou, da Petrobras, uma sociedade de economia mista,
03:07que é a mais justa e a mais correta do ponto de vista institucional, inclusive.
03:11Agora, do ponto de vista estritamente do acionista, você descarta que ele possa vir a ter lucro com esse investimento no futuro?
03:18Sim, mais uma vez, como no passado, me parece que a lógica econômica da fábrica de fertilizantes não mudou.
03:29A Petrobras tentou arrendar essas fábricas para um agente do setor privado
03:34que não conseguiu viabilizar, principalmente, o gás natural a preços competitivos
03:38para que conseguisse produzir fertilizantes também a preços competitivos.
03:42Ou seja, é melhor a gente importar fertilizantes do que fazer no Brasil.
03:46Não me parece que essa lógica do mercado se modificou.
03:49O que volta ao meu ponto de que a Petrobras, mais uma vez, vai continuar produzindo fertilizantes
03:54simplesmente para a decisão política.
03:56Não me parece que o acionista da Petrobras vai ter lucro com essa operação.
03:59Essa parceria que a Petrobras firmou com a Engelmann,
04:02você acha que pode tornar as operações mais baratas e mais céleres também?
04:07Talvez torne a operação mais eficiente, do ponto de vista da operação em si.
04:12Porém, como eu coloquei, os fundamentos, principalmente em razão do preço do gás natural,
04:16que é o insumo fundamental para a produção de fertilizantes,
04:19no Brasil os preços do gás natural são caros para se produzir fertilizante.
04:23Então, por mais ou melhor que seja a operação, a gente pode ter a operação melhor do mundo,
04:29porém os fundamentos para se produzir fertilizante continuam os mesmos.
04:33Portanto, não é a operação para fazer o fertilizante ficar mais barato,
04:36e sim o preço do gás natural no Brasil, que é uma discussão muito mais ampla.
04:40como baratear o preço, como aumentar a oferta de gás,
04:43que eu acho, inclusive, que o Brasil deve ter.
04:45Mas, nesse caso, parece que mais a Petrobras tentando, mais uma vez,
04:50e tendo uma influência política e tentando resolver um problema,
04:53uma decisão do governo.
04:54Você acha que a Petrobras deveria se ater à prospecção e à exploração de petróleo
04:58sem expandir demais o escopo dela?
05:01Tem gente que defende o contrário.
05:02Olha, eu acho que a Petrobras, como uma empresa de sociedade economia mista,
05:07deve respeitar as regras do mercado e buscar os ativos que gerem para ela
05:12a maior lucratividade.
05:13Eu acho que quem defende o contrário deveria, primeiro, defender a reestatização da Petrobras.
05:18Aí, sim, eu acho que a Petrobras reestatizada, é uma empresa 100% estatal,
05:22ela pode tomar a decisão fora do âmbito econômico e atuar como agente político
05:28do governo do Estado brasileiro.
05:30Mas, nesse caso, a Petrobras, como sociedade de economia mista,
05:33isso tem regras no mercado de capitais que protegem, inclusive, o acionista minoritário
05:38para que a companhia não tome esse tipo de atitude.
05:42Então, eu acho que a decisão, quem defende o contrário, também pode estar correta.
05:46Porém, para isso, eu entendo que a Petrobras deva ser estatizada
05:50e não no modelo jurídico que ela funciona hoje.
05:53Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura,
05:56obrigado pela sua participação, bom dia para você.
06:00Obrigado, sempre um prazer estar aqui com vocês.
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