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  • há 2 meses
Projeto propõe usar a prática de banda para combater o individualismo da tecnologia e desenvolver habilidades de interação, cooperação e escuta entre os alunos.
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Transcrição
00:00Converso agora com o Marcelo Coelho, ele que é músico, educador, empreendedor aí na área.
00:13Ele vai falar na arena, na arena de inovação, sobre contraturno musical, potencializando
00:19habilidades socioemocionais.
00:22E é um tema, assim, bem interessante, porque a gente está falando muito de tecnologia,
00:27muito do digital, mas também do humano, de potencializar esse socioemocional, que é
00:33muito importante hoje nas escolas.
00:34E como que a música pode ajudar nisso?
00:36A gente precisa entender um pouco que a história da música coincide com a história da humanidade,
00:44entende?
00:45Só que, sem entrar em detalhes, em algum momento da história houve um recorte da música enquanto
00:51arte, que virou entretenimento.
00:54Então, a impressão que se tem hoje da música é que a música é entretenimento o tempo
00:59inteiro.
00:59A nossa capacidade de usufruto da música está muito baixa, ainda que ela seja um elemento
01:05intrínseco ao ser humano.
01:07Só que, no atual momento, em que cada vez mais a tecnologia está trazendo uma individualização,
01:16todo mundo no seu lugar, no seu quadrado, com o seu tablet, com o seu celular.
01:20E fala-se muito de como que a gente junta, como é que a gente interage e tal.
01:27A música sempre exerceu esse papel.
01:30E isso, eu estou falando de um aspecto, que é a interação.
01:34Eu não estou nem falando de outros aspectos mais funcionais, que têm a ver com a biologia,
01:40com tudo aquilo que a música pode proporcionar, entende?
01:43Então, o que eu vou falar hoje na palestra é desmistificar um pouco do que é essa música
01:50interdisciplinar, o que sempre foi, o que é a música funcional, o que sempre foi, e o
01:56que é a música arte que veio no final, veio muito tempo depois.
02:00Então, em algumas culturas, inclusive, isso nem existe.
02:03A música arte pela arte somente.
02:05Na África não é assim, na Índia não é assim.
02:07Isso é uma coisa da Europa.
02:08Então, o contraturno musical, com a intenção de se criar um tipo de atividade em grupo,
02:20prática em grupo, com a intenção do socioemocional, não é o socioemocional na frente, é a música
02:27na frente.
02:27Sim.
02:28Isso muda completamente.
02:29Porque o que acontece é que, numa prática de banda, há situações que podem se desenvolver
02:37as habilidades socioemocionais, mas não há uma clareza nem intencionalidade nisso.
02:42Essa é a diferença.
02:44Percebe?
02:45Então, é esse o que dá pra acontecer.
02:48Eu não tô falando como é que isso funciona, né?
02:50Sim.
02:50Só tô falando de um modo geral.
02:51Que é possível de acontecer.
02:52Mas assim, só pra eu entender um pouquinho, você falou de uma música em grupo, e aí
02:57o objetivo não é formar grandes artistas, né?
03:01Isso é uma consequência.
03:03Mas seriam bandas mesmo formar bandas?
03:06Bandas.
03:06Cada um.
03:08Mas você precisa, você não precisa saber um pouquinho, pelo menos?
03:12Você pode...
03:13Olha que interessante.
03:13Na Índia, se você chegar num evento, porque é um pouquinho diferente, lá eles
03:22tem uns encontros, em que tem um mestre que começou a praticar a tábua desde os seus
03:28cinco anos de idade.
03:30Você chega lá, esse é o grande mestre, tem uma grande roda, e você chega lá e você
03:33só sabe tocar uma caixa de fósforo.
03:36Você senta e compartilha.
03:39É assim que funciona lá.
03:40É como se você chegasse num banquete e falasse, olha, eu não tenho um prato, eu
03:45só tenho isso aqui pra ofertar.
03:47Então, oferta.
03:48Sim.
03:49Isso é na Índia.
03:50Mas isso é a essência da música desde sempre.
03:52Aqui, no nosso mundo ocidental, não se pensa assim, nem se olha dessa maneira.
03:55Então, a sua pergunta faz todo sentido.
03:57Mas tem que tocar alguma coisa?
03:58É, eu fico pensando, né?
03:59Vou fazer uma aula de música, mas eu não sei tocar nem um tecladinho.
04:03A proposta do contraturno não é ensinar instrumento.
04:06O instrumento vem de uma metodologia híbrida.
04:11A aprendizagem do instrumento é pela tecnologia, por uma plataforma.
04:15Mas o encontro é presencial.
04:19Porque o que acontece no modelo atual é, você tem música no contraturno, você vai
04:24ter aula de instrumento.
04:25É um professor pra um aluno, pra uma hora de aula, pra uma sala.
04:29Isso.
04:29Isso, pra enorme maioria das escolas, fica completamente inviável.
04:34Então, ninguém oferta.
04:37Ainda que as escolas queiram o contraturno cada vez mais cheio.
04:40Mas música, ninguém quer olhar, porque você não consegue resolver esse problema.
04:42Você não consegue ensinar pra todo mundo o instrumento.
04:45Exato.
04:45Você vai ensinar e não é escalável.
04:48Se os alunos têm esse aprendizado do instrumento na plataforma, o encontro no contraturno, enquanto
04:59banda, com a intenção do sócio emocional, começa a fazer muito mais sentido.
05:03E o aprendizado do instrumento na plataforma também não é um aprendizado do jeito que
05:07é do modelo tradicional, que muitas vezes também não funciona.
05:10Acaba frustrando mais do que fazendo as pessoas quererem continuar.
05:13Que é um aprendizado do instrumento voltado pra realização prática imediata.
05:18Eu preciso tocar bateria básico dessa música.
05:21Você vai pegar uma música básica, uma coisa bem básica, e todo mundo básico na mesma
05:27música, no mesmo repertório, e eles se encontram.
05:30E ali eles começam a construir juntos.
05:32E é isso que é o construção emocional.
05:34Esse processo com intencionalidade, com clareza da direção, de como você organiza isso,
05:42você vai resolvendo questões socioemocionais com os alunos.
05:48Eu vejo que algumas escolas ainda têm uma tentativa de musicalização.
05:53A escola da minha filha, por exemplo, tem.
05:55Mas isso fica muito pra educação infantil, pro fundamental 1 e no fundamental 2, esquece.
06:00Se no médio, música não existe dentro da escola.
06:03Exatamente.
06:04Mas seria importante trazer, é um aprendizado importante pra desenvolvimento de habilidades
06:11necessárias?
06:13A música?
06:14Sim.
06:14A música é uma área do conhecimento humano.
06:17É aquilo que eu tô falando.
06:19O recorte, pra nós, é entretenimento.
06:22É.
06:23Não há uma clareza dos enormes benefícios da música.
06:27A ciência sabe.
06:30Os músicos não sabem.
06:31Isso é engraçado.
06:32Então, a ciência sabe, mas são trabalhos isolados.
06:36Só que agora, tá ficando muito claro.
06:39Como é que você combate o celular?
06:42Como é que você combate esse vício que existe em cima disso?
06:46Como é que você larga?
06:48O que substitui?
06:48Você só vai substituir uma coisa pela outra.
06:51Entende?
06:51A música tem esse poder.
06:54Isso é uma das coisas.
06:55Eu não tô falando da parte da música e ciência, que isso é uma relação interdisciplinar
06:59que existe.
07:00Existe a música e matemática, que é uma outra aplicação.
07:03Existe música e línguas, música e história, música e cultura.
07:07Enfim, a música e o sócio emocional, a música e a física, ela está relacionada.
07:12Pitágoras, por exemplo, entendeu muito da estrutura da matemática, ele foi o pai
07:15da matemática, pela música.
07:17Os maiores filósofos, e eu vou falar isso na palestra, todos eles têm alta conta da
07:23importância da música.
07:24Só que ela, no momento que a gente vive hoje, ela é consumida por uma coisa muito
07:29pequena do que ela é capaz de entregar.
07:31Por exemplo, não tá errado.
07:34Mas você usa a música pra lavar uma louça, pra fazer uma faxina, pra...
07:37Isso é pouco.
07:39Isso é pouco.
07:40Por exemplo, a gente perdeu a capacidade de apreciação musical.
07:44Vou dar um exemplo.
07:45Se você precisa ler um livro, você não senta num lugar desse, nesse barulho pra ler.
07:50Mas você faz isso ouvindo música e em qualquer barulho.
07:54Então, pra ler um livro, pra eu entender e conseguir extrair o que tem ali, eu preciso
07:58desse silêncio.
07:59Pra você conseguir extrair da música o que ela tem pra te entregar, de uma série de
08:04reações biológicas que tem a ver com a emoção, com o afeto e com tudo mais, você
08:09precisa de um tempo de apreciação.
08:11E a gente perdeu isso.
08:12Sim.
08:13A gente perdeu.
08:14Sala de concerto ainda é possível.
08:16Você entra, as pessoas ficam até estressadas agora, porque elas entram, não podem pegar
08:20o celular e começa a dar aquela ânsia de ter que mexer no celular.
08:25Pra quê?
08:26Pra nada.
08:27Então, você começa a perceber que elas não têm nem mais a paciência de esperar
08:30uma hora e meia, duas horas de concerto de uma orquestra.
08:33Paradinha, né?
08:34Só apreciando.
08:35Ouvindo, apreciando.
08:36Nós perdemos isso.
08:37A música é quase um pano de fundo ali pra fazer alguma coisa.
08:40No dia-a-dia.
08:41No dia-a-dia, eu tô falando.
08:42Sim, no dia-a-dia é isso.
08:44Isso é muito pouco do que ela tem pra ofertar.
08:46Entendi.
08:46Porque se você pegar a sua história, ela é contada pela música, se você quiser.
08:50Com certeza.
08:51Você tem as suas músicas de infância, as suas músicas que o seu homem cantava lá
08:54desde o bebezinho.
08:54E a gente começa a perceber, por exemplo, a quem tem alguma relação religiosa, espiritual,
09:01todos os ritos espirituais têm na música um momento muito importante e sagrado.
09:08Então, isso não é à toa.
09:09Se você vai na igreja evangélica, por exemplo, metade do culto evangélico é música.
09:18Por quê?
09:18É entretenimento?
09:20Mas por que música, então?
09:23Eu salto essa pergunta.
09:25Por que música?
09:26Metade, metade do rito evangélico é música.
09:29Por quê?
09:31Porque é legal?
09:32Não porque relaxa?
09:33Não.
09:33Não.
09:34É porque ela conecta.
09:36E eu estou falando de uma das funcionalidades.
09:39Bacana, né?
09:39Sabe?
09:40Quando você falou de plataforma para esse contraturno, o que seria a plataforma?
09:44Plataforma digital.
09:46Mas é uma plataforma específica?
09:47É uma plataforma específica.
09:49Chama-se plataforma som.
09:51Em que os alunos têm aula de...
09:53Ele escolhe o instrumento que ele quer aprender.
09:56Ele pode mudar.
09:58E todos eles, todos os instrumentos, você aprende o que não é o comum em cima de uma música.
10:06Tinha um repertório.
10:08Então, define...
10:09Nessa semana, a gente vai aprender a música tal.
10:11Todo mundo...
10:12Todos os instrumentos estão naquela música, no nível de todo mundo.
10:15Então, se você é nível zero, é nível zero porque a música te permite tocar, a partir do zero, o básico suficiente para a música acontecer.
10:25Que legal.
10:25Claro que tem apoio de recursos outros que fazem a música ficar mais preenchida.
10:30Mas todo mundo no mesmo passo, no mesmo ritmo.
10:37E eles se encontram para executar isso.
10:39E aí está aí o desenvolvimento.
10:41Exato.
10:41E a plataforma que é necessário ele ter esse momento sozinho com ele, não aprendizado do que ele tem que aprender.
10:48Porque isso também tem a ver com o sócio emocional.
10:50É autogestão, é autodisciplina, é a perseverança, a resiliência que ele tem que ter para o aprendizado.
10:57Ele perceber, entender os limites, que a música é um espelho.
11:01Muito legal.
11:02Você percebe quando você não consegue fazer uma coisa, não dá para culpar ninguém.
11:06Fala, putz, sou eu que não estou conseguindo.
11:09Então, tenha paciência.
11:09Eu que estou ruim mesmo.
11:10Não é que é ruim, mas você começa a entender o seu limite.
11:15E isso vai, por exemplo, de encontro.
11:17Não bate de frente com aquilo que a gente ouve.
11:20Você pode tudo.
11:22Pensa que você chega.
11:25Ninguém pode tudo.
11:26E a música mostra.
11:27Olha, tem coisas que você consegue muito bem.
11:30Tem coisas que você não consegue.
11:33Perfeito.
11:35Bem interessante.
11:37Essa ideia do contraturno seria duas vezes por semana?
11:40Uma vez.
11:40O encontro é uma vez por semana.
11:43Ah, mas com uma intenção ali toda semana.
11:47E qual a vantagem disso?
11:49Vou fazer um comparativo com o modelo atual.
11:52O modelo atual é...
11:53São várias frentes de comparação.
11:56Vamos falar da parte metodológica.
11:58O modelo atual é um professor para um aluno, para uma sala de aula, para uma hora de instrumento.
12:05E você, então, não consegue ter uma grande variedade de instrumentos para ofertar.
12:13Para cada instrumento é um professor diferente.
12:16Então, você começa a ter uma série de problemas.
12:18Você não consegue ter a escala disso.
12:20E ainda que você queira ofertar, financeiramente, praticamente, isso não dá e você está pagando.
12:25Então, muita escola realmente adoraria fazer, mas não consegue.
12:29Muito legal.
12:29Esse outro modelo é diferente.
12:31A aula de instrumento, o aluno faz em casa.
12:33E é uma plataforma interativa, que tem dashboard, você consegue mensurar tudo.
12:38Você tem todos os KPIs, o que você quer saber da participação do aluno.
12:43Isso pode estar conectado com a coordenação para ver o desempenho do aluno.
12:47Às vezes, ele não está indo bem em sala de aula, mas ele está indo muito bem na plataforma de música.
12:52O que está acontecendo?
12:53Como é que a gente interage?
12:54Já que a música é interdisciplinar, será que tem alguma coisa que dá para conectar?
12:57Esse é um ponto.
12:58Então, ele aprende pela plataforma e aí ele chega para a prática de banda para desenvolver aquela música que ele aprendeu na plataforma.
13:09Muito legal.
13:10E aí eles se encontram.
13:11E aí, a parte da escola, o que funciona?
13:14Qual a vantagem?
13:15É um professor para 10 alunos, para diferentes instrumentos.
13:21O que a escola tem que ter é uma sala de aula, não 10 salas de aula.
13:24Se você quiser 10 alunos ao mesmo tempo, teria que ter 10 salas.
13:27Não, basta uma.
13:28Se você tiver 3 salas, você vai ter 3 turmas, 3 professores, cada uma de 10 alunos.
13:34E aí você começa a ter grupos musicais disponíveis para tocar na escola.
13:39Outra coisa é que a escola passa a ter uma cultura de ter música, que formam-se grupos e bandas e amigos.
13:49Isso começa a trazer um interesse, claro, pela música, mas a oportunidade de expandir repertório de aluno, que eles não têm.
13:58A oportunidade, com a intenção, de expandir a escuta crítica.
14:02Você não sabe, assim, não sabe, como eu sei por ser músico, o mal que muita música pela letra traz, sabe?
14:15Então, eu não estou julgando quem gosta e quem não gosta.
14:18Mas eu sei que certas coisas que a gente fala, e quando vem pela música não tem crivo,
14:25ela entra e você fala, canta e dança.
14:28E normaliza.
14:28Exatamente. E isso é péssimo.
14:32Para a criança que não tem o discernimento, é um problema mesmo, sabe?
14:36Então, esses são diversos os benefícios que você começa a ter
14:40numa adequação do ensino da música.
14:45É só isso.
14:46Perfeito. Óleo, vou te agradecer.
14:48Obrigada, tá? Pela aula aqui de música.
14:50Imagina que é isso.
14:51De música sem música.
14:53Eu não tenho muitos dons para música, mas eu gosto.
14:55Mas não precisa ter, Zé, falou.
14:59Não precisa ter.
14:59Você precisa só consumir.
15:01Porque todas as pessoas no planeta consomem.
15:04São capazes de aprender?
15:06Claro que é.
15:07Você tá bom.
15:08Claro que é.
15:08Vai batucar um pouquinho.
15:10É isso.
15:11Tá bom.
15:11Obrigada, professor, pela aula aí.
15:13Obrigado a vocês.
15:14Tchau, tchau.
15:29Amém.
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