Após o fim da obstrução na Câmara, o presidente da Casa, Hugo Motta, deve rebater em nova reunião com líderes a proposta de emenda à Constituição que acaba com o foro privilegiado, uma das demandas da lista de prioridades dos bolsonaristas. O deputado federal e líder do PDT na Câmara, Mauro Heringer, comenta o assunto.
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00:00Após o fim da obstrução da Câmara, o presidente da Casa, Hugo Mota, deve debater em nova reunião com os líderes, na semana que vem, a proposta de emenda à Constituição que dá fim ao foro privilegiado, uma das demandas da lista de prioridades dos bolsonaristas.
00:18Sobre este assunto, recebemos o deputado federal Mário Eringer, líder do PDT na Câmara. Deputado, muito bom dia para o senhor, obrigada pela entrevista.
00:28Bom dia, Soraya, bom dia, Nonato, é um prazer estar com vocês aqui.
00:32Bem, deputado, durante a convocação ainda na noite de ontem, o presidente da Câmara, Hugo Mota, disse que essa obstrução e essa ocupação feita por parlamentares da oposição não fez bem a Casa Legislativa.
00:47O senhor concorda com essa avaliação do presidente Hugo Mota e qual a garantia de que algo possa prosperar, apesar de toda a pressão?
00:58Bem, na verdade, isso é uma coisa completamente anônoma.
01:02Nós não esperávamos nunca que tivéssemos que viver esse momento na Câmara Federal.
01:07Nós sofremos uma intervenção pelo próprio poder, pelos próprios membros do poder.
01:13Isso é uma coisa completamente descabida, desmedida e sem propósito.
01:17abrindo espaço para uma possibilidade de repetições ao longo do tempo pelas insatisfações que o debate democrático produz.
01:28Nós não podemos achar que uma casa daquela vai ter 100% de consenso toda hora.
01:35E se todo mundo que estiver insatisfeito começar a subir em cima da mesa e constranger a presidência, nós estamos mexendo muito gravemente com a instituição.
01:44E acho que esse processo é um processo que deve ser administrado agora, da agora para frente.
01:50E ele não acabou, eu acredito.
01:52Nós não podemos esquecer o que aconteceu até ontem.
01:54E pessoas responsáveis por isso terão que se entender, eu acho, com a controladoria, aliás, a corrigedoria da Câmara,
02:05porque excederam e não há possibilidade de a gente admitir que no Brasil a gente venha ter intervenção do poder pelo próprio poder.
02:14O deputado falou-se que havia um acordo, ou que foi formulado, costurado um acordo para colocar o projeto da anistia em votação, em apreciação, pelo menos.
02:24Existe esse acordo ou ele não existe?
02:27Nonato, a preliminar do acordo, da discussão que houve é vocês cedam e entreguem novamente a cadeira da presidência
02:36e após essa condição nós podemos discutir todos os assuntos conforme acontece sempre no plenário.
02:46Não tem acordo que vai colocar para votar, não tem o acordo da efetividade de qualquer ação.
02:52Ficou-se decidido que vai se conversar no Colégio de Líderes da maneira como sempre foi feita.
02:58Nada de trocar.
02:59Porque se não, Nonato, se isso acontecesse, o presidente perderia completamente a condição de respeito dos seus pares e de conduzir os caminhos da casa.
03:12Porque é impossível você imaginar que uma casa onde tem 513 pessoas, cada um com a sua vontade,
03:18se cada um na sua vontade resolvesse constranger a presidência e exigir em troca uma votação ou uma posição
03:26que a casa não tem majoritariamente a vontade de fazer.
03:29Agora, deputado, do ponto de vista até político, o senhor acredita que há um certo risco desse tipo de ato se tornar custoso para esses parlamentares?
03:42Eu acho que sim, porque ficou muito demonstrado ontem alguns movimentos muito truculentos.
03:48Apesar de eu entender que eles têm uma causa, que eles têm uma vontade, que eles têm uma urgência de resolver os problemas deles,
03:57porque não são problemas do Brasil, são problemas políticos deles.
04:01Que se fossem problemas do Brasil, nós não tínhamos divergência, não tínhamos diferença.
04:05São problemas pessoais do campo político deles.
04:08Eles querem resolver a questão da prisão do Bolsonaro, eles querem resolver a questão da anistia,
04:16eles querem resolver uma série de questões, mas do jeito deles.
04:19A anistia, nós na mesa diretora, nós na mesa do Colégio de Líderes,
04:24propusemos para eles fazer anistia, fazer uma dosimetria de pena,
04:28desde que nós conhecêssemos o texto previamente, para que pudéssemos discutir o texto.
04:32Mas eles nunca quiseram isso.
04:34Eles quiseram sempre não aprovar a anistia para continuar tendo uma bandeira para fazer política.
04:40Então, na verdade, tudo que passa para fora nem sempre é o que está lá dentro.
04:45E ontem não podia haver chance nenhuma de que essas prerrogativas da presidência, da instituição,
04:52fossem negociadas para simplesmente voltar a tomar uma cadeira.
04:57Isso é simplesmente inadmissível.
04:59Ô, deputado, só para a gente fechar aí rapidamente,
05:03a anistia interessa à sociedade ou é só uma parcela da sociedade que não configura a maioria na sua visão?
05:12Nós temos hoje, inclusive, pesquisas que mostram que a maioria da sociedade não se interessa.
05:17Não se interessa pela anistia.
05:19Eu compreendo que alguns queiram, outros não.
05:22Eu sou da teoria de que quem comete o delito ou o crime, paga por ele.
05:27Talvez até a dosimetria tenha sido um pouco exagerada.
05:31Não sei, não conheço.
05:33Eu não sou advogado, não conheço as leis profundamente, apesar de ajudar a fazê-las.
05:39Mas, com certeza, a gente poderia pensar na dosimetria.
05:43Não simplesmente dizer que uma pessoa que cometeu os atos que cometeu no passado
05:47possam, nesse momento, estarem refesteladas nas suas poltronas,
05:51continuando a fazer a sua guerrilha de internet.
05:54Então, isso é completamente inadmissível.
05:57Mas eu entendo que essa minoria tem o direito de reivindicar, de brigar, de fazer,
06:04mas nunca atropelar o poder, atropelar a lei, para que isso possa acontecer.
06:11Conversamos, portanto, com o deputado federal, Mário Eringer, líder do PDT na Câmara.
06:17Deputado, mais uma vez, obrigada pela gentileza da entrevista.
06:22Um bom dia para o senhor.
06:22Bom dia, Soraya. Bom dia, Donato. É um prazer.
06:26Bom dia. Só lembrando, né, Soraya, você que nos acompanha,
06:29que a gente teve pelo menos 30 horas de ocupação lá da mesa diretora,
06:33da cadeira do Hugo Mota, que só depois de muita negociação
06:37é que conseguiu retomar ali o seu assento e iniciar os trabalhos.
06:42A gente lembra que no Senado Federal também há uma oposição aos trabalhos,
06:48exatamente com a tentativa de trazer à tona também a discussão sobre a anistia.
06:52E lá ainda tem a discussão sobre o impeachment de Alexandre de Moraes.
06:57São temas que a gente vai seguir acompanhando nesta manhã aqui pela Jovem Pan.
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