Pular para o playerIr para o conteúdo principal
A presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi, afirmou que uma eventual tarifação dos Estados Unidos sobre a manteiga de cacau brasileira pode inviabilizar o principal mercado internacional do produto industrializado.

“Esse mercado americano é fundamental para que a nossa indústria não tenha uma paralisação de linhas de produção”, disse em entrevista ao Real Time, do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00O tarifácio dos Estados Unidos inviabiliza o mercado americano para derivados do cacau do Brasil.
00:06A gente vai conversar agora com a Ana Paula Lose, que é presidente executiva da IPIC,
00:11Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau.
00:14Bom dia para você, seja muito bem-vinda.
00:17Bom dia, obrigada por essa oportunidade.
00:21Ana Paula, a gente sempre ouve dizer que o cacau está caro, que está faltando cacau no mercado internacional.
00:27Ainda assim, o mercado americano é crucial para o cacau brasileiro?
00:32Então, pois é. A gente tem um déficit global de oferta de amêndoas, sim, e isso tem impactado nos preços das amêndoas.
00:40O que acontece aqui no Brasil é que o Brasil, apesar de ter todos os elos da cadeia,
00:45desde a produção de amêndoas até a industrialização e a venda no comércio brasileiro do produto final,
00:53a indústria depende da importação de amêndoas para industrializar e manter a capacidade ociosa das indústrias
01:01num patamar baixo.
01:02E o que ela faz com esse cacau importado?
01:04A gente industrializa, transforma em manteiga, líquor e pó e a gente exporta.
01:09E tem dois grandes mercados, os Estados Unidos e a Argentina.
01:13Sendo que os Estados Unidos é o nosso segundo maior mercado,
01:17que fica responsável por cerca de 20% das nossas exportações,
01:22mas ele é responsável por receber, por comprar, boa parte da manteiga de cacau.
01:27A manteiga de cacau é o produto derivado do cacau que tem o maior valor agregado.
01:34Então, ele representa na nossa carteira de exportação um produto muito importante
01:40e que tem um destino muito focado nos Estados Unidos.
01:44Então, só para a gente deixar bem claro, não é que o Brasil não consiga vender cacau.
01:50O Brasil até importa cacau, ele poderia redirecionar esse cacau para o mercado interno.
01:54A gente vai deixar de vender um produto com valor agregado, que é a manteiga de cacau.
01:58A minha pergunta é o seguinte, essa manteiga de cacau,
02:01se o Brasil deixar de vender para os Estados Unidos,
02:04vai ser fácil para eles encontrarem fornecedor com preço bom também?
02:09Boa pergunta, excelente, Marcelo.
02:11Então, hoje a gente tem alguns países que produzem a manteiga de cacau.
02:16Os Estados Unidos é um deles.
02:18A Europa é outro, a Ásia, tem países da Ásia que também produzem.
02:23Então, a nossa exportação para os Estados Unidos é complementar a produção deles.
02:30Tanto é que a nossa, em volume, a gente exportou cerca de 4 mil toneladas esse ano,
02:37no primeiro semestre, 3 mil e poucas toneladas esse ano.
02:40Então, não é difícil para os Estados Unidos conseguir trazer esse produto
02:45de outros mercados a preços competitivos.
02:48Em compensação, para o Brasil, para a indústria brasileira,
02:52é muito difícil realocar a nossa manteiga para outros mercados.
02:56Porque a nossa manteiga tem especificações que atendem o mercado americano,
03:01no primeiro lugar, e em segundo lugar,
03:04é um produto que tem acesso a mercados, a países mais ricos.
03:09Então, por exemplo, um outro destino seria a União Europeia.
03:13A União Europeia é um dos maiores produtores de derivados de cacau do mundo.
03:18Então, o nosso produto não seria competitivo na União Europeia.
03:22E o mesmo aconteceria na Ásia.
03:24O nosso produto não chegaria na Ásia competitivo.
03:26Então, para a gente, esse mercado americano é fundamental para que a nossa indústria
03:33não tenha uma paralisação de linhas de produção,
03:37que a gente não tenha que reduzir a nossa moagem.
03:40Você já tem feito um trabalho de prospecção de outros mercados,
03:44por exemplo, outros países da América Latina,
03:46quem sabe a África?
03:47Esse é um trabalho que já começou a ser feito?
03:49Excelente.
03:52Então, a gente tem dialogado com os nossos associados
03:55para entender quais são os mercados que poderiam ser acessados
04:00e quais barreiras existem para além do custo do nosso produto.
04:04Então, entender se existem mercados aqui na América do Sul.
04:09A gente já vende para quase todos os países aqui algum volume de produto.
04:14e outros mercados, especialmente olhando para a Ásia,
04:20para os Emirados Árabes, mas é como eu disse,
04:22são mercados que, além de produzirem a manteiga,
04:28o nosso custo de produção acaba sendo muito mais alto do que o custo deles
04:33e a nossa manteiga não chegaria competitiva lá.
04:35Mas a gente tem trabalhado para, pelo menos,
04:39tentar minimizar esses impactos,
04:41caso o tarifácio não seja resolvido a curto e médio prazo.
04:46Bom, se o tarifácio for adiante,
04:48você acha que esse setor de vocês é um setor prioritário
04:52que o governo deveria ajudar, já que está se falando muito nisso?
04:56Então, a gente tem pedido apoio tanto para o governo federal
04:59quanto para o governo estadual, principalmente o governo da Bahia,
05:02porque as fábricas estão instaladas na Bahia.
05:04A gente prevê que, caso a gente perca esse mercado americano,
05:09a gente vai ter uma redução de pelo menos mais 10% na moagem.
05:14Isso significa ampliar a ociosidade da indústria para mais de 30%.
05:19E uma indústria ociosa, com uma ociosidade tão alta,
05:23ela torna-se insustentável.
05:25Então, a gente tem que pensar em mecanismos também de novos mercados,
05:30mas pensar em mecanismos de como a gente vai fazer com que essa indústria
05:35não precise parar.
05:36Então, incentivar não só novos mercados,
05:42mas talvez a gente trabalhar com algumas medidas mitigatórias
05:46dessas perdas por conta do tarifácio.
05:51Empréstimo com juros subsidiados é uma demanda do setor?
05:53Por enquanto, não.
05:56A gente tem uma demanda mais imediata,
05:58que tem relação com um mecanismo que a gente utiliza
06:02para importação do cacau.
06:04Então, o cacau é importado por um mecanismo de suspensão de tributação,
06:08que se chama drawback.
06:10Então, a gente importa uma matéria-prima
06:12sem a necessidade de pagar o imposto de importação,
06:16com o compromisso de exportar o produto com valor agregado.
06:21E aí, a gente tem um prazo de até dois anos para exportar esse produto,
06:25tem que exportar um volume que seja correspondente ao volume importado.
06:29Um dos primeiros impactos que a gente imagina
06:32é o não cumprimento do compromisso de drawback.
06:34E ao não cumprirmos o compromisso de drawback,
06:37além de pagar os impostos, a gente paga multa.
06:41Então, o que a gente tem solicitado ao governo federal
06:43é uma prorrogação do prazo para cumprir esses compromissos de drawback,
06:49para que a gente tenha tempo para procurar novos mercados,
06:53novos clientes.
06:54Isso significa um alívio no momento em que a indústria vai estar muito pressionada.
07:01Me parece uma reivindicação muito fácil de ser atendida.
07:04Parece que no seu setor isso daí seria razoavelmente fácil
07:07de ser equacionado pelo governo.
07:10A gente teve uma reunião nessa semana com o vice-presidente Alckmin
07:15e outras entidades, e ele que realmente colocou isso,
07:19é uma medida que não é tão complexa,
07:21mas ela tem que vir por medida provisória.
07:23Ela não é um ato do governo,
07:27pura e simplesmente.
07:28Precisa passar pelo Congresso Nacional.
07:30E que tipo de outra reivindicação vocês fizeram para o vice-presidente?
07:35A gente tem conversado também sobre a possibilidade dos créditos,
07:39da gente entender como é que esses créditos podem apoiar a indústria.
07:45Tributários?
07:45E a gente tem conversado com os créditos tributários.
07:48E também com o governo do Estado da Bahia,
07:51quais medidas ali no Estado da Bahia,
07:54como suspensão de ICMS ou outras medidas,
07:57podem vir a apoiar a indústria nesse momento,
08:00além desse trabalho de abertura de mercados,
08:03de novos mercados, a busca de novos mercados,
08:05que o apoio do Ministério da Agricultura
08:08e o Ministério do Desenvolvimento é fundamental.
08:11A gente está falando de quantos empregos
08:13nessa cadeia produtiva de manteiga de cacau?
08:16Então, a cadeia, o setor do cacau gera hoje
08:20mais de 200 mil empregos diretos e indiretos.
08:23Só a indústria fica em torno de 40 mil empregos diretos.
08:27Então, a gente tem aí um impacto muito imediato na indústria,
08:32mas a gente entende que esse impacto vai para todos os elos da cadeia
08:37e, infelizmente, inclusive para o produtor de cacau,
08:40que pode ver uma queda na demanda pela amêndoa
08:45se realmente a nossa moagem cair no patamar que a gente tem calculado.
08:50Vocês estão preparados para assumir um compromisso
08:52de preservação de empregos para conseguir esses benefícios fiscais?
08:57Hoje a gente não tem discutido esse tipo de tema,
09:01porque a gente entende que é muito cedo ainda para falar em perdas de emprego.
09:06A gente entende que há ainda um caminho pela frente
09:09que é para a gente precisar negociar com os governos.
09:12Está certo, Ana Paula Lozzi,
09:14presidente executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau.
09:19Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
09:21Bom dia para você.
09:23Bom dia. A gente está sempre à disposição. Um abraço.
09:25Um abraço.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado