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A professora da FGV e ex-OMC, Lígia Maura Costa, explicou no Real Time que o Brasil deu o primeiro passo oficial na Organização Mundial do Comércio contra as tarifas propostas por Trump. A medida teve o apoio de 40 países e reforça a soberania do país nas regras do comércio internacional.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00O governo brasileiro criticou as tarifas sugeridas por Trump na Organização Mundial do Comércio, a OMC,
00:08e ganhou o apoio de 40 países durante essa discussão.
00:11O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros, o Itamaraty, não mencionou Trump nem os Estados Unidos.
00:17Para entender o que significa a ação concreta, futura, para o comércio bilateral,
00:22a gente conversa ao vivo agora com a Lígia Maura Costa, que é professora da FGV e especialista em direito do comércio internacional.
00:30Bom dia para você, Lígia. Seja muito bem-vindo ao Real Time.
00:34Bom dia. É um grande prazer estar aqui com você para conversar sobre um tema tão importante para o nosso país.
00:40Bom, eu queria que você explicasse primeiramente qual é o tipo de valor que tem esse discurso que o Brasil fez hoje na OMC.
00:47Pelo que eu entendi, ele não entrou com uma ação ainda, ele está apenas defendendo posições do comércio, não é isso?
00:56Exatamente. Ou seja, o primeiríssimo passo que a gente tem dentro do mecanismo de solução de controvérsias da OMC
01:02seria o procedimento de consulta. O Brasil estaria antes de abertura de consulta.
01:07Ele recorreu, na verdade, ao Conselho Geral da OMC.
01:11Não há ainda no site da OMC documentos oficiais deste recurso, mas há sim fontes oficiais e registros espalmáticos
01:22com que confirmam que o Brasil solicitou consultas com os Estados Unidos em julho de 2025.
01:28Este é o primeiro passo, que é o passo formal do mecanismo da OMC,
01:32para você dar início a um descumprimento de regras da Organização Mundial do Comércio.
01:37E teve, sim, o apoio de 40 países, e isso tudo, todos comentam, como Índia, União Europeia,
01:45vários países apoiaram o Brasil nesse procedimento formal que ele fez diante do Conselho Geral da OMC.
01:55E o Brasil ali, ele disse basicamente o quê?
01:57Que tarifas não podem ser usadas para fazer certos tipos de pressão internacional, não é isso?
02:02Exatamente, só que eu acho que a gente tem que voltar a dois passos.
02:08Eu acho que é importante que o público entenda que, um, importarifas é um ato soberano.
02:14Dois, importarifas, violando os acordos da OMC, continua sendo um ato soberano,
02:21só que gera responsabilidade internacional.
02:23E recurso ao OMC, que é o que o Brasil fez, ou fará, também é um exercício de soberania por parte do Estado afetado,
02:33já que eu tenho um Estado que aceitou as regras do OMC de diminuir tarifas,
02:39e que agora está descumprindo essas regras.
02:43Lembrando, tarifa é algo soberano de um Estado.
02:46Eu acho que isso tem sido, tem feito uma, tem havido uma certa confusão no Brasil.
02:50Então, eu acho que é isso importante informar e dizer.
02:54Então, soberania é justamente o direito de tarifar.
02:58E os países integrantes da OMC, eles diminuíram a sua soberania ao acederem a este tratado internacional,
03:08ao ratificarem este tratado internacional, e, né, qualquer violação a isso,
03:13aí eu tenho realmente uma responsabilidade internacional,
03:16já que eu me comprometi a diminuir essas tarifas no âmbito de um organismo internacional como o OMC.
03:23Então, eu acho que o que está discutindo não é bem o direito do Zéuas, né,
03:26de tarifar hoje em dia, não tarifar, né,
03:28isso é o direito soberano dele de tarifar,
03:31mas sim a forma como está sendo feito,
03:34já que ele está violando compromissos que ele assumiu no âmbito da Organização Mundial do Comércio,
03:40que seria o artigo 1, que é o princípio da não discriminação,
03:42e o que eles chamam de tariff bonds, ou tetos tarifários, na verdade,
03:47que é o artigo 2, ambos do GAT, da Organização Mundial do Comércio.
03:51A gente escuta muito por aqui, professora, que a OMC está um pouco enfraquecida.
03:55Queria que a senhora comentasse o que contribuiu para isso nos últimos anos.
04:01A OMC está um pouco enfraquecida, e aí nós voltamos ao primeiro mandato Trump.
04:06O enfraquecimento da OMC começou no primeiro mandato Trump.
04:11Por quê? A OMC tem vários mecanismos, né,
04:15como pensa no Brasil, você tem a primeira instância, a segunda instância, a terceira instância.
04:19Na OMC você tem o mecanismo de consultas, que é o primeiríssimo passo,
04:24você tem os painéis, e na sequência você tem o órgão de resolução de disputas,
04:29que seria o órgão de apelação da OMC e de última decisão.
04:34E o que acontece? Este órgão, ele é nomeado pelos Estados-membros.
04:39E desde o primeiro mandato do governo Trump, que o Trump veta,
04:43você sabe que a OMC trabalha sob consenso,
04:46então o veto de um único país significa que você precisa novamente escolher um novo nome.
04:51Desde o primeiro mandato do Trump, que o Trump veta a inclusão de mais uma pessoa
04:57dentro do órgão de apelação.
04:59E o órgão de apelação precisa de um número mínimo de pessoas.
05:02E essas pessoas têm um mandato fixo.
05:04Então as pessoas foram saindo, saindo, e hoje em dia não tem o número mínimo.
05:08Então o que acontece?
05:10Os países membros, se tem uma violação às regras do OMC, fazem o painel,
05:15fazem a consulta, na consulta fazem o painel,
05:18mas depois o órgão de apelação não tem como apelar.
05:21E o que eles têm que fazer?
05:22Eles têm feito um modelo alternativo, que seja arbitragem,
05:26para falar em termos mais leigos,
05:28para você tentar ter uma decisão definitiva,
05:31porque o painel não seria apenas uma decisão definitiva,
05:34mas a arbitragem depende da vontade dos dois países que fizeram este painel,
05:39que é diferente do órgão de apelação,
05:41porque qualquer um pode apelar e a decisão do órgão de apelação,
05:44ela é obrigatória, independentemente do país ter querido participar desse órgão de apelação ou não,
05:50se ele estivesse funcionando.
05:51Aí você vai dizer, ah, então a culpa é toda do Trump, mais ou menos.
05:54Foi o Trump que causou sim, mas nós tivemos quatro anos de mandato Biden.
05:59E o Biden também não nomeou, ou seja, não é culpa só do Trump.
06:05E há alguns anos já que os Estados Unidos dizem que eles são um país que tem tarifas baixas,
06:12comparativamente com outros países,
06:14e que os outros países cobram muito mais dos produtos norte-americanos.
06:19Espero ter explicado, eu fui longa minha explicação, mas espero que tenha sido claro.
06:24Quem começou foi o Trump, Biden teve a possibilidade de mudar isso
06:28e de dar força novamente ao órgão de apelação do OMC, que seria fundamental para o OMC.
06:33Infelizmente ele não fez, e agora nós voltamos com o Trump,
06:36que as chances dele querer nomear alguém e dar força ao OMC aparentemente não existem,
06:42tendo em vista que não apenas ele está tentando tarifar o Brasil,
06:46mas ele praticamente tarifou todos os seus aliados, começando com o Canadá,
06:51o México, e não aliados como a China, e mais aliados como a União Europeia, e sim por diante.
06:58Diante de tudo isso que a senhora falou, professora, o Brasil abriu uma reclamação
07:02contra os Estados Unidos na OMC, acaba sendo mais um gesto político do que um gesto efetivo
07:07para conseguir reverter algumas decisões aí, né?
07:12Sim e não.
07:15É um fato jurídico, e eu acho que a gente tem que separar um pouco a disputa partidária,
07:23e com uma crítica política externa, que é muito importante.
07:27O ato é o ato que é o ato correto a ser feito,
07:32diante de uma tarifa que aparentemente não haveria razão de ser,
07:37ou seja, não houve um descumprimento legal por parte do Brasil,
07:40um subsídio, uma salvaguarda que justificasse essa tarifa dos Estados Unidos,
07:45como está previsto no OMC,
07:47então o recurso ao OMC é o caminho correto,
07:50é o caminho jurídico correto a ser tomado.
07:53Então, o que o Brasil fez está o correto.
07:56Agora, por outro lado, eu acho que o que o Brasil não pode
07:59é ele tentar ter atitudes que deixam de sair do campo diplomático
08:06e fazer falas desnecessárias, gestos de provocação necessários,
08:11porque isso não ajuda na diplomacia, é muito pelo contrário.
08:16Então, eu acho que é isso que é muito importante.
08:18Tem muita gente que classifica essa tarifa de 50%,
08:21não como tarifa, mas como uma espécie de sanção,
08:24já que ela acaba impedindo qualquer tipo de negociação
08:27de alguns setores com os Estados Unidos.
08:30No caso de sanção, tem alguma regra diferente das regras das tarifas,
08:35quando a gente fala do sistema de direito internacional?
08:41Tem, no caso de sanção, a situação seria diferente,
08:44mas nós estaríamos sendo sancionados pelo quê, exatamente?
08:48Isso também não ficou muito claro.
08:49Então, por exemplo, se você for pensar em uma sanção...
08:52O Trump reclamou, desculpa interromper,
08:55o Trump reclamou textualmente ali do processo contra o ex-presidente Bolsonaro
09:01e também da atuação judiciária brasileira contra as big techs.
09:05Esse seria um motivo, uma pré-condição que o Trump colocou para negociar.
09:10Isso não configura um certo tipo de sanção disfarçada de tarifa?
09:13Depende.
09:17O fato de ele ter mencionado o Bolsonaro,
09:20se você for pensar, quando ele baixou as tarifas no Canadá,
09:23ele também fez menção aos medicamentos.
09:25Todo mundo sabe que ele faz menção a algumas coisas
09:27que muitas vezes não tem nada a ver.
09:29É só para fazer um chamariz e fazer um oba-obo.
09:31Eu acho que tem que ser profissional, é.
09:33Tem que ser diplomático, tem que negociar e negociar no que nos interessa.
09:36E tentar entender e explicar o que é importante para nós
09:39e o que não é, de fato, importante.
09:43Se fosse sanção, sanção seria equivalente, por exemplo,
09:46a um embargo comercial que a gente tem até hoje.
09:48Os Estados Unidos contra Cuba, que tem o apoio da OEA.
09:52Os Estados Unidos baixou esse embargo comercial
09:54com o apoio da OEA que existe até hoje.
09:57Então, isso seria um pouco diferente.
09:59E qual foi a razão?
09:59Seria a violação de direitos humanos.
10:01Quer dizer, no nosso caso, nós não estamos com um problema
10:04de violação de direitos humanos.
10:05Então, teria que ser mais claro o que estaria acontecendo.
10:08A liberdade de pressão das big techs talvez venha a ser um argumento
10:14que venha a ser trazido pelo Trump.
10:16Mas, atualmente, ele não falou em sanção comercial.
10:18Ele falou apenas que ele ia aumentar tarifas.
10:22E aí nós vamos ver qual é a real razão desse aumento de tarifas.
10:28E isso é através de negociações diplomáticas que precisam ser feitas.
10:32Seja com Trump ou sem Trump.
10:34Ou seja, se existe isso na mesa, a gente tem que negociar com o que a gente tem na mesa.
10:39E, principalmente, porque o Brasil precisa se proteger institucionalmente,
10:44porque o cenário global está cada vez mais agressivo e cada vez mais imprevisível.
10:48Então, é fundamental uma boa articulação internacional
10:51e que a gente aumente a nossa credibilidade externa,
10:54que também já foi melhor.
10:56Lígia Maura Costa, professora da FGV,
11:00foi um prazer falar com você aqui no Real Time.
11:02Obrigado e boa tarde.
11:04O prazer foi meu.
11:05Boa tarde e um bom trabalho aí para você.
11:08Obrigado.
11:08Obrigado.
11:09Obrigado.
11:10Obrigado.
11:11Obrigado.
11:12Obrigado.
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