O tarifário de Donald Trump sobre produtos brasileiros pode atingir US$ 12 bilhões em exportações do agro. Geraldo Alckmin pediu união do setor e diálogo urgente com os EUA. Plinio Nastari, presidente da Datagro, analisou os impactos econômicos e os riscos para carnes, suco, café e etanol.
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00:00Agora, o PIB brasileiro pode sofrer o impacto das tarifas mais altas anunciadas por Donald Trump para produtos do nosso país.
00:08O vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu hoje a força do agronegócio brasileiro,
00:12criticou as tarifas e pediu união do setor para pressionar os americanos.
00:18Como você acompanhou mais cedo aqui no Radar, a Alckmin deu as declarações após um encontro com representantes de setores diretamente impactados pelo tarifaço.
00:27Para a gente entender os efeitos econômicos desse movimento e os impactos para o agro,
00:33eu converso agora com o Plínio Nastari, presidente da Tagro.
00:37Plínio, boa tarde para você, muito obrigado pela sua disponibilidade em conversar com a gente.
00:41Queria começar, antes de mais nada, sabendo a sua opinião sobre esse movimento do governo em conversar e conhecer mais de perto os problemas do agro brasileiro.
00:50A gente teve hoje essa reunião e, em seguida, manifestações do setor de carne bovina, de café, de frutas, de suco de laranja,
01:00todos eles expressando ali as suas preocupações e angústias.
01:04Qual leitura você faz dessa jogada, vamos dizer, desse bate-bola entre o governo e os setores afetados?
01:11Boa tarde a você e a todos que nos ouvem.
01:17Acredito que é fundamental que o governo ouça o setor privado de todas as áreas que estão sendo afetadas,
01:24não só do agronegócio, e é a postura correta, porque é o momento de negociação.
01:31E aí, nesta negociação, é importante que não só os governos dialoguem,
01:35mas também os setores privados dos dois países, visto que essa tarifa mantida irá afetar de forma dramática os dois países.
01:47E, certamente, de forma mais intensa o Brasil, porque a gente está diante de uma situação,
01:53aqui o Brasil como se fosse uma formiga perto de um elefante.
01:58Então, é muito importante essa postura do governo, de ouvir o setor privado
02:03e desenhar uma estratégia de negociação que seja adequada para os interesses do país.
02:10O Prini, a gente viu ali manifestações no sentido de como o tempo é algo fundamental quando se fala do agro.
02:18Você tem o tempo do produto perecível, você tem o tempo da safra,
02:22e tudo isso fica em xeque quando se tem um tarifácio para entrar em vigor daqui a pouco.
02:28E esses setores ali, sem saber exatamente o que fazer com a sua produção, com a sua colheita,
02:34com o produto congelado, com o produto prestes a embarcar no porto, por exemplo.
02:39Quer dizer, esse é um setor que precisa de uma...
02:42Em que pese a urgência do próprio prazo em si, que expira daqui a menos de duas semanas,
02:48mas é um setor para o qual cada dia faz muita diferença.
02:51É verdade, e no agro, como existe uma cadeia de produção e de preparação dos embarques
03:02bastante detalhada, é fundamental que haja antecipação.
03:09E aí, essa medida tomou de surpresa praticamente todos os setores afetados,
03:15que estavam com embarques já em andamento e muitos deles começam a ser cancelados pelos compradores
03:25por temor de que a hora que o produto chegue aos Estados Unidos, já esteja em vigor essa nova tarifa.
03:34Então, é muito pertinente essa solicitação do setor privado,
03:40de que se tente adiar, como primeira medida, a vigência da tarifa,
03:48para que haja tempo para que a negociação ocorra e haja um esclarecimento das partes envolvidas,
03:55dos dois lados, Brasil e Estados Unidos, sobre as consequências dessa medida.
04:00Seria importante o governo brasileiro buscar pelo menos que os contratos de afirmados
04:09tivessem respeitadas as condições do momento da assinatura desses contratos?
04:14Ou seja, não tinha tarifa quando o contrato foi assinado que assim se procedesse?
04:18Olha, essa seria talvez a condição mínima a ser buscada,
04:25mas existe todo um planejamento que antecede até os contratos firmados,
04:33porque muitos dos embarques, muito da negociação é feita na condição spot.
04:40Então, é preciso que a negociação envolva toda a corrente de comércio,
04:48estimada não só para 2025, mas também em 2026, no mínimo,
04:54para que não haja surpresa e não haja prejuízos de monta enorme para os dois lados.
05:04E para o agronegócio, em particular, a gente observa que a corrente de comércio
05:12é bastante intensa, do Brasil aos Estados Unidos.
05:16Então, o Brasil exportou, no ano passado, 12 bilhões de dólares,
05:23concentrados basicamente em produtos florestais, café, carne, suco de laranja, açúcar e álcool,
05:31demais produtos de origem animal, que são basicamente miúdos.
05:36E todos esses setores, de forma muito intensa, têm participado do mercado norte-americano
05:44com volumes consideráveis e estão sendo afetados, poderão ser afetados,
05:51mantida essa tarifa determinada pelo presidente Trump.
05:55E num cenário como esse, como é que o produtor brasileiro pode tentar se defender?
06:00Qual a margem, por exemplo, para tentar, a essa altura do campeonato,
06:04buscar escoar essa produção para outro cliente?
06:08Olha, em alguns casos, é mais fácil encontrar destinos,
06:16mas para alguns casos, outros casos, nem tanto.
06:19Então, por exemplo, na área de café, os Estados Unidos importam cerca de 24 milhões de sacas por ano.
06:3035% dessa importação tem origem no Brasil.
06:37Obviamente, para o importador nos Estados Unidos, a origem no Brasil fica praticamente fora de mercado.
06:44Onde é que ele pode buscar supridores alternativos?
06:49No curto prazo, difícil, mas no médio e longo prazo, mantida essa tarifa,
06:55isso certamente vai beneficiar competidores do Brasil, como o Vietnã, como a Colômbia.
07:01A mesma coisa com o suco de laranja.
07:04Dois terços da exportação de suco de laranja do Brasil,
07:07que é o maior produtor disparado do mundo, vão para os Estados Unidos.
07:10Na área de carnes, no primeiro semestre desse ano,
07:1827% das importações de carnes dos Estados Unidos,
07:23que superaram 1,1 milhão de toneladas equivalentes de carcaça,
07:27vieram do Brasil, 27%.
07:30E as exportações do Brasil para os Estados Unidos
07:34representaram 12% da exportação total do Brasil.
07:38Quanto que essa exportação do Brasil representou da produção brasileira?
07:464,4%.
07:47Quanto representou da produção dos Estados Unidos?
07:505,4%.
07:51Parece que não é muito, 4% ou 5%,
07:54mas quando a gente avalia o tipo de produto que está sendo exportado,
07:59a gente vê que ele é muito importante.
08:01Então, 27% das importações que os Estados Unidos realizaram vindas do Brasil
08:10foram de, principalmente, o que a gente chama de beef trimmings,
08:15que são pedaços de carne que sobram da limpeza ou da definição de cortes mais nobres.
08:23E para que serve esse beef trimming?
08:25Ele serve para virar carne moída junto com gordura animal e virar produção de hambúrguer.
08:35E os Estados Unidos consomem muito hambúrguer no mercado doméstico.
08:40E dificilmente os Estados Unidos também vão encontrar, no curto e médio prazo,
08:45supridores desse tipo de produto no mercado mundial.
08:48Então, afeta o Brasil, afeta os Estados Unidos e os Estados Unidos,
08:55que é o segundo maior importador de carne do Brasil depois da China.
08:59Então, é uma situação preocupante para café, para suco, para carnes,
09:07para produtos florestais, para açúcar e álcool, uma série de produtos.
09:11O Plínio, pode acontecer de produtores brasileiros perderem de forma definitiva
09:17esses clientes nos Estados Unidos?
09:20Vamos supor que essa tarifa, de fato, entre em vigor,
09:23que a negociação não surta um efeito tão rapidamente,
09:26e aí os clientes americanos que compram produto brasileiro
09:29busquem outros parceiros em outros países,
09:33e lá na frente a gente consiga restabelecer a situação tarifária anterior,
09:36voltar o jogo ao que era antes.
09:38Pode ser tarde demais? A gente pode ter perdido esses clientes lá?
09:42Olha, para alguns produtos é mais difícil que o Brasil perca o mercado,
09:47porque é difícil o Brasil ser substituído,
09:50como é o caso do suco de laranja.
09:53Para outros produtos, no médio prazo, poderá haver essa substituição, sim.
09:58É o caso do café, é o caso do açúcar e do etanol.
10:01Então, eu vou citar o caso do açúcar,
10:04que é um caso emblemático.
10:06Já há mais de dois anos, as autoridades norte-americanas
10:12têm insistido com o governo brasileiro
10:15para que o governo brasileiro abra o mercado do Brasil
10:21para a importação de álcool dos Estados Unidos.
10:24O que acontece nesse fluxo de comércio?
10:26O milho dos Estados Unidos é uma das commodities mais subsidiadas.
10:32Recebe subsídios anuais da ordem de 30 bilhões de dólares.
10:38Isso gera excedentes.
10:39O que fazem os Estados Unidos?
10:40Pegam esses excedentes de milho, transformam em etanol e DDG.
10:44O DDG vai para a cadeia de pecuária
10:46e eles têm, então, esse excedente de etanol
10:50que exportam para o mercado mundial
10:52com subsídios indiretos.
10:55E eles almejam colocar esse excedente de etanol também no Brasil.
11:02Recentemente, o governo brasileiro elevou,
11:05decidiu elevar a taxa de mistura de etanol a nidro na gasolina
11:09de 27% para 30% e entra em vigor em 1º de agosto também.
11:14Isso vai gerar uma demanda adicional em 2025
11:20de 640 milhões de litros
11:23e anualizada com um aumento de 1,4 bilhão de litros.
11:31Quando não tinha tarifa,
11:33os Estados Unidos mandavam 1,5 bilhão de litros
11:35de álcool subsidiado aqui para o Brasil,
11:37principalmente para o Nordeste.
11:41E aí, para onde poderia estar indo esse etanol?
11:47Os Estados Unidos misturam 10% de etanol na gasolina.
11:50O Brasil mistura 46% na forma de mistura de álcool na gasolina
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