Trump pressiona e Brics reage: Carlo Pereira explica nova força no financiamento climático e global

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No quadro Capital Sustentável, o notável Carlo Pereira analisou os efeitos da nova tarifa dos EUA e destacou como a cúpula dos Brics fortaleceu o bloco em clima, saúde e IA. O Brasil saiu com protagonismo diplomático e a promessa de acelerar o financiamento climático.

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00:00Quarta-feira, dia de capital sustentável com o notável especialista em sustentabilidade,

00:11Carlo Pereira. Hoje a gente vai conversar sobre o encontro do BRICS, que terminou no começo da

00:15semana no Rio, com a aprovação de uma declaração ambiciosa tratando de clima, saúde, inteligência

00:22artificial e governança global. Carlo, boa noite, muito bom ter você aqui toda quarta-feira. Eu

00:28preciso começar falando exatamente dessa questão da taxação de Donald Trump no Brasil

00:33de 50%. A partir disso, o BRICS ganha um outro peso, até porque ele ameaçou também taxar

00:40os países do BRICS. Como é que a gente fica nisso? Como impacta a gente?

00:45Cris, boa noite. É a cobra comendo o rabo, né? Porque a gente não sabe ali o que vai acontecer,

00:51mas o que naturalmente vai acontecer é que nesse primeiro momento, alguns países do

00:58BRICS teoricamente vão recuar, porque estão com uma arma apontada na cabeça, mas certamente

01:06isso leva a uma quebra de confiança que no médio prazo e no longo prazo, como foi dito agora

01:12há pouco, inclusive por alguns outros analistas, obviamente os países vão fazer o quê? Diminuir

01:18cada vez mais a dependência dos Estados Unidos. Tentar olhar outros mercados, outros países.

01:25Exatamente. Certamente vão por esse caminho, não só Brasil, todos os países. E uma vez

01:30que você já tem uma coalizão muito interessante, 11 países, fora os outros países associados

01:35aos BRICS, né? E que são tão relevantes, então a gente está falando aqui em maior parte

01:42da população, maior parte do PIB global. Naturalmente, eu acho que então todos esses

01:48produtos vão acabar sendo escoados mais para os BRICS.

01:51É falando especificamente dessa cúpula que acabou, o que saiu de concreto desse encontro?

01:58Cris, me surpreendeu muito, para ser honesto, né? Porque a gente vinha comentando muito a questão

02:02de algumas ausências, né? O Putin que já era esperado e não está, o presidente Jinping

02:07que esse sim foi uma ausência ali percebida. No entanto, eu acho que a gente conseguiu

02:14algumas coisas relevantes, né? Você vinha falando no início, a declaração referente

02:18a três temas. Uma relacionada ao financiamento climático, né? Muito importante, a gente volta

02:24a falar nisso daqui a pouco. A outra relacionada à inteligência artificial e a terceira então

02:30relacionada à questão de doenças socialmente determinadas, né? Então isso como, por exemplo,

02:36malária, significa o que? Significa que são doenças de predominância no sul global

02:41e que não tem muito interesse de países envolvidos em pesquisa, por exemplo, né?

02:48Então esses três foram muito importantes para o Brasil e o que para o Brasil, para os BRICS

02:54como um todo, mas sem dúvida nenhuma para o Brasil, dado que o Brasil pautou muito fortemente isso.

03:00Uma outra coisa que eu traria de muito concreto aqui, inclusive vai ajudar muito nessa parte

03:05de financiamento climático, é com relação aos BRICS como sendo uma instituição garantidora

03:11de crédito. Isso é muito importante, né? Porque muitas vezes países, empresas, não tem como

03:17garantir aquele empréstimo, né? Então uma vez que você tem os BRICS funcionando como garantidor,

03:24isso vai acelerar muito o financiamento climático também. Acho que esse é outro ponto bem relevante.

03:29Do ponto de vista diplomático, como é que o Brasil se saiu? A gente conseguiu fortalecer

03:34a posição dentro do grupo e até no cenário internacional?

03:39Antes ou depois desse terremoto?

03:42Eu acho que, né?

03:43Boa pergunta.

03:44Não é boa pergunta.

03:46Eu acho que o Brasil, ele conduziu os BRICS de maneira bastante irrelevante, né?

03:52Vamos lembrar aqui, primeiro, o cenário geopolítico não é dos melhores, a gente conseguiu saiu

03:58com algumas declarações interessantes. Depois disso, duas visitas de Estado, Índia e

04:05a posterior, então, Indonésia, com acordos também muito significativos, muito nessas áreas

04:11que a gente comentou, né? Falando em financiamento climático, então Brasil e Indonésia falando

04:17na parceria para florestas, que é uma questão bastante importante para o Brasil, que está

04:22sendo levado para a COP com muita força. Então, eu acho que, assim, dá para perceber

04:30que o Brasil sai, sim, com uma relevância muito grande nessa interlocução, né?

04:36De países ocidentais com os BRICS, né?

04:40Mas, sem dúvida nenhuma, os BRICS, desde, na verdade, as reuniões, já estava sendo pressionado,

04:48então, pelo governo Trump, né? E, sem dúvida nenhuma, agora, com essa posição do governo

04:54de hoje, dá uma reviravolta na questão como um todo, né?

04:59Qual é a conexão entre essa cúpula e a COP30?

05:03Muita coisa, né? Lembra daquele nosso comentário com relação ao G7, né?

05:08Então, o G7 foi comparado ao G7 de 2015, pensando, então, na COP de Paris, foi um desastre, né?

05:17Porque, para não dizer que não teve nada ali relacionado à mudança do clima,

05:21teve aquela partezinha que você se lembra relacionada a incêndios florestais, né?

05:25E ainda foi colocado de um jeito para falar assim, olha, como que a gente vai colocar aqui

05:29para não incomodar o presidente Trump, mas que tenha alguma coisa referente a isso, né?

05:35Então, foi uma falta muito sentida, né?

05:39Isso fortaleceria muito e facilitaria muito as negociações e discussão para a COP30, né?

05:45E não teve, agora, nos BRICS, a gente teve de maneira bastante contundente, né?

05:50Então, na declaração, a gente falou dessas três declarações,

05:55mas na declaração total, a gente vê referência à questão da crise climática

06:00de maneira bastante consistente, né?

06:03Então, tem pelo menos 20 vezes o termo mudança do clima sendo citado na declaração, né?

06:10Então, isso facilita muito a discussão e a negociação na COP, né?

06:16Por quê?

06:17Porque, como a gente sabe, são 193 países que têm que concordar com aquilo, né?

06:24Então, não é uma votação, né?

06:27Então, por isso que quando você tem um bloco alinhado à questão,

06:33fica muito mais fácil de você aprovar algum texto, aprovar alguma declaração,

06:37aprovar alguma negociação.

06:40Carmo, muito obrigada.

06:41É sempre um prazer ter você aqui às quartas-feiras.

06:43Obrigado.

06:43Boa noite.

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