O economista Roberto Dumas, professor do Insper, avaliou a cúpula do Brics no Rio, destacando os desafios de representação e coerência do bloco em um mundo em transformação. Ele comentou sobre as propostas multilaterais, a expansão do grupo e os impactos nas relações comerciais globais.
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00:00E até segunda-feira o Rio de Janeiro cedia a cúpula do BRICS e hoje foi realizado o Fórum Empresarial do Bloco,
00:07que reuniu lideranças empresariais, autoridades governamentais e especialistas dos países membros do bloco.
00:15Esse encontro discutiu temas como inovação, financiamento e cooperação para o desenvolvimento.
00:20E a gente vai ao vivo para o Rio de Janeiro, onde está a repórter Mônica Sanches.
00:24Oi Mônica, boa noite para você, prazer falar contigo.
00:27Quais foram os principais destaques do Fórum de hoje?
00:32Boa noite para você e para todo mundo que está acompanhando a gente.
00:37O principal destaque para a gente começar é um documento que será entregue amanhã aos chefes de Estado,
00:44elaborado por representantes de mais de mil empresários dos 11 países que formam o bloco.
00:52Esse documento terá uma série de recomendações de políticas públicas.
00:56São recomendações, sugestões, objetivas para várias áreas.
01:01Nas conversas aqui hoje, temas difíceis e desafiadores, transição energética, inclusão digital,
01:10mas em todos os painéis a palavra principal foi cooperação.
01:16A gente preparou uma reportagem. Vamos dar uma olhada.
01:18Foi o cenário do principal encontro de negócio dos BRICS.
01:25Na abertura do Fórum Empresarial, discursos ressaltaram a posição estratégica do Brasil,
01:32que ocupa a presidência do bloco.
01:34As trocas comerciais com os parceiros dos BRICS já correspondem a 36% das exportações brasileiras.
01:44No ano passado, este movimento chegou ao total de 121 bilhões de dólares.
01:51Entre tantas novas alternativas, o tema da utilização de moedas locais nas trocas entre os países do sul global
01:59também entrou na discussão.
02:01Isso pode ser algo a ser estudado com muito carinho, como complementar a uma intensificação das transações comerciais.
02:10Mas nós não vivemos apartado de uma realidade global.
02:14Isso não dá para nós vivermos apartado de uma realidade global.
02:17Nós temos hoje questões geopolíticas, nós temos hoje tensões geopolíticas,
02:20mas são hoje, elas sempre existiram.
02:23Estou mais agravado um pouquinho aqui, um pouquinho lá.
02:26E sabe o que eu vejo hoje na economia que vale a pena a gente refletir?
02:30Todos nós temos, o ser humano, a crise da maturidade.
02:34Nós temos a crise da adolescência e temos a crise da maturidade.
02:38Eu acho que a democracia mundial hoje passa pela crise da maturidade da democracia.
02:43Mas ainda não existe nenhum sistema mais justo e equilibrado do que o sistema democrático.
02:48Mais de mil representantes de governos e de organizações internacionais
02:53debateram temas como desenvolvimento sustentável, combate à fome
02:59e estímulos para aumentar a participação das mulheres nas empresas.
03:04Nós precisamos de crédito separado para a mulher.
03:07Então a gente conversou com a presidente do Banco Briggs
03:10para que tenha crédito separado para a mulher que tenha infraestrutura.
03:14Porque para a gente chegar lá é muito mais difícil, muito mais difícil.
03:17Porque o crédito tem limite.
03:19Então assim, a micro e pequena empresa hoje está bem assistida.
03:22A micro e pequena empresa, hoje os bancos daqui estão indo.
03:24Ainda tem muito para estar fazendo, porque precisa de uma capacitação
03:27para você estar pegando o crédito.
03:28Existem outros gargalos, mas que a gente está indo, está caminhando.
03:31Como foi dito já os números, a gente está vendo os números.
03:34Mas a mulher do meio, da pirâmide do meio, que está pronta para escalar,
03:38essa precisa de muito mais apoio.
03:40Porque a gente está pronta, mas a gente está chegando em uma corrida que não é igual.
03:44Que não é igual.
03:45Então assim, o que a gente está recomendando?
03:47A primeira recomendação de todas as partes é o crédito.
03:49Em que a gente precisa realmente de crédito diferenciado para a gente escalar.
03:53Segundo é que o poder público e privado estejam juntos,
03:56para que a gente possa ter obras.
03:58Por que a gente não está na energia?
04:00Por que a gente não está na infraestrutura?
04:01Por que a gente está construindo pontos?
04:03Dizem que não existe mulher para isso.
04:05Empresas de liderança por mulher.
04:06Existe sim.
04:07Mas ela está pequena e ela está média.
04:09Ela só vai transformar e ter essa mobilidade social se tiver o poder público e privado juntos.
04:14O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia de abertura
04:23e falou sobre os avanços das trocas entre os países do bloco,
04:28que hoje representam juntos 48,5% da população mundial e 40% do PIB global.
04:37Para o presidente, o desenvolvimento dessas nações nesse cenário atual tão cotubrbado
04:43depende de laços mais estreitos e de mais colaboração.
04:48Vamos ouvir aí um trecho do discurso do presidente.
04:51Os empreendedores aqui reunidos compõem o eixo dinâmico da economia internacional.
04:57Os 11 membros plenos dos BRICS já superam 40% do PIB global em paridade de poder de compra.
05:09Em 2024, enquanto o mundo cresceu 3,3%, resistamos uma expansão média de 4% nos países dos BRICS.
05:21Este ano, seguiremos em ritmo superior.
05:27Com o crescimento de países parceiros e convidados, consolidamos o grupo como um polo aglutinador
05:35de economias prósperas e dinâmicas.
05:39Apresenta nesse fórum do primeiro ministro da Malásia, presidente de turno da ASEAN, é um reflexo disso.
05:48Temos muito a aprender com a sinergia permanente entre países em desenvolvimento.
05:55Isso nos permitiu enfrentar juntos os efeitos da crise financeira de 2008 e a pandemia da
06:03Covid-19.
06:05Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime
06:11multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional.
06:17Os BRICS seguem como fiador de um futuro promissor.
06:25Durante a presidenta brasileira, demos um passo importante ao apoiar coletivamente a Convenção
06:32da ONU para a cooperação tributária e a visão de reforma do FMI.
06:38O combate às desigualdades, fortalece mercados consumidores, impulsiona o comércio e alavanca
06:47o investimento.
06:49Possuímos inúmeras complementariedades econômicas.
06:54O intercâmbio comercial do Brasil com os BRICS foi de 210 bilhões de dólares no ano passado,
07:02mais que o dobro do fluxo com a União Europeia.
07:05Só em produtos do agronegócio, brasileiros exportamos 71 bilhões de dólares.
07:22Nossos países podem liderar um novo modelo de desenvolvimento pautado em agricultura sustentável,
07:30indústria verde, infraestrutura resiliente e bioeconomia.
07:37Reunimos 33% das terras agricultáveis e responde por 42% da produção agropecuária global.
07:47Crédito rural fomenta a agricultura de baixo carbono e restauração de terras degradadas
07:54potencializam nossa capacidade de produzir alimentos para o mundo.
07:59Os BRICS foi essencial para a criação da aliança global contra a fome e a pobreza.
08:07Fortalecer o complexo industrial da saúde amplia o acesso a medicamentos
08:15e é fundamental para superar doenças socialmente determinadas que afligem os mais vulneráveis.
08:24A revolução tecnológica permeia todos os setores das nossas economias.
08:31Infraestruturas públicas, digitais, viabilizam inovações e criam oportunidades para startups
08:38e pequenas e pequenas e médias empresas.
08:41A inteligência artificial traz possibilidades que há poucos anos sequer imaginávamos.
08:48Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas,
08:53modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor.
08:59Os ricos e os efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral.
09:12A descarbonização de nossas economias é um processo irreversível.
09:18Há poucos meses da COP30, reforçamos nossa responsabilidade com a promoção de uma transição ecológica justa e inclusiva.
09:27O Brasil apresentou as suas NDCs, que prevê redução entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa.
09:39Nossos países já estão entre os maiores investidores de energia renovável do planeta.
09:46Há imenso potencial para ampliar a produção de biocombustíveis, baterias, placas solares e turbinas eólicas.
09:56Possuímos minerais estratégicos essenciais para a transição energética.
10:03Os BRICS concentram 84% das reservas de terras raras, 66% dos manganês e 63% do grafite do mundo.
10:15De acordo com o Agente Internacional de Energia, a demanda por minérios críticos deve triplicar até 2040.
10:24Queremos ir além da extração dessas riquezas.
10:27Em parceria com o setor privado, vamos qualificar nossa participação em todas as etapas das cadeias de suprimento.
10:35O Brasil está bem posicionado para este sal.
10:40Contamos com marcos regulatórios estáveis, mão de obra qualificada e energia limpa para o processamento mineral eficiente e sustentável.
10:51Consolidar tantas frentes requer a mobilização de recursos.
10:56Ontem, participei da desta reunião anual de governadores do novo Banco de Desenvolvimento.
11:04Desde a criação do banco, 40 bilhões de dólares foram aprovados em 120 projetos de transporte, saneamento básico e energia limpa.
11:14Ao impulsionar o uso de moedas locais, o NB também tem contribuído para reduzir custos de transação e facilitar operações financeiras.
11:25Com o objetivo de simplificar o comércio e os investimentos, os bancos centrais dos BRICS estão trabalhando para desenvolver meios de pagamento
11:35transfronteiriços instantâneos e seguros.
11:39Os bancos nacionais de desenvolvimento também estão aliados, são aliados importantes.
11:47No Brasil, o BNDES, o nosso Banco de Desenvolvimento, vem batendo recordes.
11:53A partir de 2023, foram destinados mais de 50 bilhões de dólares para projetos de transformação produtiva sustentável.
12:02Queridas amigas e queridos amigos,
12:05Agradeço mais uma vez ao Congresso Empresarial pelo papel central que tem exercido na promoção comercial e na melhoria do ambiente de negócios do BRICS.
12:18Parabeniza a Aliança Empresarial de Mulheres pela fundamental atuação em prol do empreendedorismo feminino e da igualdade de gênero.
12:27Ampliar e qualificar a participação de mulheres no mercado de trabalho traz ganho de produtividade e acelera o crescimento econômico.
12:38Tenho a convicção de que cabe aos governos abrir portas e aos empresários fazer negócios.
12:45O vínculo entre paz e desenvolvimento é evidente.
12:50Não haverá prosperidade em um mundo confragrado.
12:54O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo.
13:02É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades.
13:11Estou certo de que esse fórum e a cúpula dos BRICS que se inicia amanhã aportarão soluções.
13:23Ao invés de barreiras, promovemos integração.
13:27Contra a indiferença, construímos a solidariedade.
13:30A ex-presidente Dilma Rousseff, que comanda o banco do BRICS, anunciou hoje que o banco já aprovou 122 projetos,
13:47totalizando investimentos em torno de 40 bilhões de dólares.
13:52Para o Brasil, o Conselho de Diretores do Banco já aprovou 29 projetos, no total 7 bilhões de dólares.
14:01Os desembolsos no Brasil totalizaram 4 bilhões de dólares, representando 18% do total do banco.
14:10Dilma Rousseff também anunciou neste sábado que a Colômbia e o Uzbequistão entraram para o banco dos BRICS.
14:18Para o vice-presidente-geral do Alckmin, essa diversidade é uma das forças do bloco.
14:24Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no pronunciamento também hoje, aqui numa reunião do BRICS,
14:32defendeu o multilateralismo e um FMI mais representativo.
14:38Aplaudir as declarações negociadas pelas nossas equipes.
14:42O BRICS confirma sua vocação de defesa do multilateralismo
14:46ao manifestar apoio ao estabelecimento de uma convenção-quadro das Nações Unidas
14:51sobre cooperação internacional em matéria tributária.
14:55Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo.
15:03Uma condição para que os super-ricos do mundo
15:05finalmente paguem sua justa contribuição em impostos.
15:10Negociamos ainda um documento inédito, a visão do Rio de Janeiro para o FMI.
15:15Trata-se de uma declaração que propõe um FMI mais representativo,
15:20representando a evolução da economia global.
15:23Atuando juntos, nós podemos ampliar a voz dos países emergentes e em desenvolvimento no FMI.
15:29Podemos ainda promover uma governança mais justa e transparente dessa instituição,
15:33que continua sendo fundamental como o centro da rede de proteção financeira global.
15:40Além dessas duas declarações históricas,
15:43o nosso comunicado apresenta uma mensagem clara em defesa de uma ordem econômica global
15:47mais justa, sustentável e representativa.
15:51O Brasil reafirma seu compromisso com a estabilidade e a previsibilidade
15:54em tempos de incerteza global.
15:58Nossas instituições demonstraram resiliência
16:00diante de desafios internos, enquanto nossa economia continua a expandir,
16:06mesmo diante das turbulências internacionais.
16:09Nossa indústria segue em desenvolvimento,
16:11sempre alinhada a princípios de responsabilidade social e ambiental.
16:16Em parceria com o BRICS, almejamos consolidar-nos
16:19como um porto seguro em um mundo cada vez mais instável.
16:22Serenidade e ambição são, portanto, as marcas da nossa presidência.
16:27O BRICS, ele cresce acima da média mundial.
16:30Os países que compõem os BRICS, mais de 40% do PIB do mundo,
16:35crescem bem acima da média do mundo.
16:38Então, é o motor da economia mundial.
16:41E o Brasil vivendo um bom momento, dólar em queda,
16:45bolsa batendo recorde, ganho de renda da população,
16:51a massa salarial cresceu,
16:54o desemprego é o menor da série histórica.
16:57Então, um bom momento.
17:00E hoje aqui, o presidente se comprometeu a ir à Malásia,
17:04abre uma outra possibilidade grande com a Malásia,
17:09com o país da Ásia.
17:11A Nigéria estará vindo, o presidente da Nigéria,
17:15novamente ao Brasil.
17:16A Nigéria é hoje o país mais populoso da África.
17:21Inclusive, estamos trabalhando para ter uma ligação direta,
17:24Brasil-Nigéria, que hoje não existe,
17:27tanto de passageiro quanto de carga.
17:31Acabamos de receber ministro da Malásia, da Indonésia,
17:37empresários da China,
17:40empresários da Arábia Saudita,
17:45enfim, muitas oportunidades de investimento em várias áreas no Brasil,
17:49e de exportação e importação.
17:52Isso é um ganha-ganha, né, comércio exterior.
17:56E ainda sobre o BRICS,
17:58eu converso agora com o Roberto Dumas,
17:59economista, professor de Economia Internacional do INSPER.
18:03Tudo bem, professor Roberto?
18:05Boa noite, seja muito bem-vindo ao Jornal Times Brasil.
18:07Obrigado, Natália, prazer estar com você.
18:11Bom, qual que é a importância que o senhor traria para a nossa audiência
18:14dessa atual cúpula do BRICS para o cenário geopolítico e econômico global,
18:18nesse contexto que a gente está vivendo, o turbulento, né?
18:21Veja, Natália, eu gostaria de dizer que é um momento crucial,
18:25mas o problema é que a reunião está completamente esvaziada.
18:31Cadê a Rússia? Cadê o Irã? Cadê a China?
18:34Ou seja, as discussões que fazem muitas vezes nessas reuniões dos BRICS
18:39é justamente falar, olha, precisamos de mais representatividade
18:43junto às antigas instituições do Bretton Woods,
18:46FMI, Banco Mundial, IFC, etc.
18:50Ora, mas acontece que, inclusive, o governo falou que
18:55uma das maneiras de levantar mais ainda o fórum dos BRICS
19:00seria que ele mostrou que a ONU não estava representando alguns interesses,
19:05ou que não estava se posicionando corretamente.
19:08Como é que a ONU não está se posicionando corretamente
19:10se ela foi absolutamente contra a invasão da Ucrânia pela Rússia?
19:17Como é que a ONU não está se posicionando corretamente
19:20se ela foi completamente contra a eleição novamente de Nicolás Maduro?
19:24Então, parece que jogam uma narrativa de querer mais democracia,
19:30transparência com Rússia, Irã e China, que são teocracias?
19:36Isso não me parece que você está indo no caminho correto.
19:41Obviamente que tem alguns pontos aí.
19:44Buscam cada vez mais o multilateralismo,
19:47que é sempre, em todas as reuniões, falaram isso.
19:50Só que a maior parte dos países, principalmente o Brasil,
19:53é um dos países mais fechados do mundo.
19:55Então, você busca o multilateralismo como se você fosse
19:58um discípulo de Milton Friedman,
20:01que abraçasse o livre comércio.
20:04O Brasil é um dos países mais fechados do mundo.
20:06E ainda discute-se com uma possibilidade de negociar
20:11entre os membros dos BRICS com suas próprias moedas.
20:14Eu adoraria comprar coisas da Etiópia, da Nigéria, do Irã, pagando em reais.
20:24Agora, eu não quero que eles me paguem em reales ou reals iranianos,
20:29nem birres etíopes.
20:31Então, você fala, mas, veja, quem vai ficar com essas moedas
20:35são os bancos centrais, sim, mas os exportadores não são importadores.
20:40Então, eles vão querer as moedas numa moeda, ou melhor,
20:44o seu recebimento da sua exportação numa moeda forte.
20:48E posso estar redondamente enganado.
20:51Cal, aí, um ponto de ironia.
20:55Eu não acho que a moeda do Irã, ou a moeda da Rússia,
20:58ou a moeda da Etiópia, ou a moeda da Arábia Saudita,
21:01sejam umas moedas absolutamente passíveis de substituir o dólar no curto prazo.
21:06Isso é muito mais um discurso contra o Ocidente,
21:10apesar de eles sempre levantarem a bandeira, não é contra o Ocidente.
21:14Como é que não é contra o Ocidente se o Irã, na Revolução de 1979,
21:18falou, vamos destruir o grande Satã em Estados Unidos e Israel?
21:23Como é que isso não pode ser contra o grande Ocidente?
21:27Então, fica estranho essa conversa.
21:29Eu acho que é um encontro protocolar,
21:34mas a China está com os problemas regionais dela,
21:37que ela precisa crescer para não ter tensão social,
21:40depois do hecatombe que aconteceu nos ativos imobiliários.
21:44A Rússia está com problema com a Ucrânia.
21:46O Irã está com problema com os Estados Unidos.
21:49Então, é uma reunião esvaziada,
21:51onde falou-se muito mais sobre aspectos diplomáticos,
21:57de que defendemos o livre comércio,
21:59defendemos a liberdade, defendemos a democracia,
22:02mas não as praticamos, vamos dizer assim.
22:07Contradições, né?
22:07E como é que o senhor avalia a atuação do Brasil,
22:10especialmente sob a liderança do presidente Lula até aqui?
22:14Absolutamente diplomática.
22:15Eu acho que o Lula, quando ele falou,
22:18se não me engano foi ontem, ou anteontem, algum dia aí,
22:21que ele falou que a ONU não mais representava os interesses.
22:25É como eu falei, veja, como é que a ONU não representa os interesses?
22:28Quer dizer, então, que os BRICS representam os interesses?
22:32Lula colocou que condena veementemente o ataque dos Estados Unidos ao Irã,
22:38mas não condenou veementemente a ocupação da Ucrânia pelos russos.
22:45Luhansk, Donetsk, Zaporizhia, Kershom, Crimea, Donbass, Odessa,
22:50isso ele não condenou veementemente, mas o ataque cirúrgico das centrífugas,
22:57onde está o urânio, foi condenado veementemente.
23:02Não condenou em nenhum momento a eleição de Nicolás Maduro.
23:06Quer dizer, são dois pesos e duas medidas, dependendo de para aquilo que ele fala.
23:10Então, ele acaba perdendo credibilidade.
23:13Precisa ser, veja, se você quer defender que é condena veementemente,
23:18ora, então condena em tudo veementemente.
23:21Não aquilo que mais lhe convém ou que faz parte do teu clube dos BRICS.
23:26Isso acaba perdendo importância diplomática e até os próprios membros dos BRICS
23:33acabam não vindo para a reunião.
23:35Vira uma reunião, um encontro protocolar, onde se discute a mesma coisa de sempre.
23:41Vamos fazer uma moeda, vamos defender a democracia, vamos defender o livre comércio,
23:49apesar de não fazermos isso em vários países, Natália.
23:52E as declarações até aqui, essa defesa do multilateralismo, que o senhor enfatizou,
23:58que tem aparecido em todas as falas, em todas as conversas por lá.
24:02É claro que tudo isso acaba sendo visto como uma crítica à política de países desenvolvidos,
24:07políticas atuais. E que impacto que isso pode ter na prática, nas relações comerciais do bloco?
24:13Veja, eu acho que praticamente nada.
24:15Uma coisa que Trump falou, que aliás é minha opinião,
24:21ele falou, olha, se por acaso os BRICS quiserem fazer transações nas suas próprias moedas
24:26ou numa moeda dos BRICS, eu vou taxar em 100%.
24:29Em inglês a gente fala o seguinte, pick up your fight, escolha as suas brigas, Trump.
24:35Isso não vai acontecer.
24:38Dificilmente nós vamos transacionar em reales iranianos, em birres etíopes ou libras do Egito.
24:46Então, isso daí não precisa ter receio, porque no final das contas ainda não é um protagonismo.
24:54O vice-presidente colocou, olha, são 40% da população.
24:58Claro, você está colocando cada gente, porque o BRIC foi estabelecido no começo dos anos 2000
25:04por um economista da Goldman Sachs.
25:07Brasil, Rússia e Índia e China.
25:08Eles gozavam, eventualmente, de uma semelhança de possibilidade de crescimento econômico.
25:17Agora é completamente um grupo dispare de crescimento econômico, democracia com teocracia,
25:26onde você busca tentar defender com uma cara lavada uma guerra ou uma invasão de um país para o outro,
25:34mas ataca o outro porque faz parte do seu clube, e isso acaba prejudicando a legitimidade
25:41de uma coisa que poderia ser uma extensão ou uma reforma da governança de Bretton Woods.
25:50Então, precisa tomar muito cuidado com quem entra no bloco, porque quem entra no bloco,
25:55nós ficamos praticamente cerceados de dizer as verdades.
26:00Então, isso acaba perdendo credibilidade e vira um problema, entre aspas, não diplomático,
26:09porque o mundo não está reparando isso, mas, de certa maneira, perde uma oportunidade
26:15de fazer um grupo que poderia ajudar mais na governança.
26:21Mas estamos colocando membros que não querem entrar, querem simplesmente fazer contra o Ocidente.
26:28E, legitimamente, os membros dos BRICS dizem que não é um membro, ou melhor, que não é um grupo,
26:37que não é um fórum anti-Ocidente.
26:39Ora, se isso não é um fórum anti-Ocidente, eu não sei o que é, principalmente,
26:44dadas as declarações de um na Revolução Iraniana, quando caiu Shah Reza Parlebi
26:49e subiu a Etolá Comínia em 1979.
26:53Se isso não for contra o Ocidente, então eu não sei o que é.
26:56E esse membro faz parte dos BRICS agora.
27:01Quero agradecer demais a participação e a entrevista do Roberto Dumas,
27:05economista e professor de Economia Internacional do INSPER.
27:07Muito obrigada, professor. Ótima noite.
27:10Obrigado, Natália. Um grande abraço a todos. Boa noite.
27:12Obrigado.
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