O aumento do IOF de 0,38% para 3,5% pressiona o agronegócio, encarece o frete e o crédito, e afeta a competitividade brasileira. Marcus Labarthe, sócio fundador da GT Capital, avalia os riscos para as exportações, inflação e investimentos no campo.
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00:00Em meio às discussões do governo sobre alternativas à alta do IOF, setores do agronegócio alertam que o aumento no imposto pode dificultar o acesso ao crédito rural e encarecer os fretes, comprometendo a competitividade das nossas exportações.
00:16A alíquota do IOF sobre pagamentos internacionais subiu de 0,38% para 3,5%, o que eleva significativamente as despesas com importação de insumos e financiamentos externos.
00:31Sobre esses impactos, a gente conversa agora com o Marcos Labarte, sócio fundador da GT Capital.
00:37Marcos, boa tarde para você, obrigado pela gentileza aqui da sua entrevista.
00:40Queria começar te perguntando qual o tamanho do impacto no setor, o tamanho do impacto do IOF.
00:48É grande, Fábio. Você estava comentando de 0,38% para 13,5%, a gente está falando de 8 vezes o aumento do IOF para a parte de frete marítimo ou também para a parte de linhas de crédito.
01:03Lembrando que o plano safra, o agricultor não paga o IOF, mas a gente sabe que o agricultor não vive só do plano safra, ele se obriga a estar pegando linhas de crédito com os bancos privados
01:18e pegando com os bancos privados vai ter um aumento de 1,88% e ele vai para 3,95%.
01:24Então, quer dizer, a tendência é de cada vez mais o agricultor que já sofre com a competitividade internacional, ele vê a sua margem diminuindo
01:35e muitas vezes ele vai conseguir repassar esse aumento que vai ter do IOF para a parte da exportação.
01:44E lembrando também, Fábio, que a importação, como você mesmo disse, fertilizantes, principalmente que o agricultor acaba realizando no Brasil,
01:53ele também vai sofrer, porque tudo que envolve remessas de valores, você vai ter que pagar.
01:59E o investidor estrangeiro ou as empresas estrangeiras, elas não vão querer ficar com esses custos e vão acabar repassando para o agricultor.
02:07Então, infelizmente, mais uma vez, o empreendedor brasileiro e o agricultor, que é o motor do Brasil, acaba sofrendo com um aumento de mais um imposto.
02:18Quer dizer, resumindo, a gente pode ter um aumento de preços internamente aqui, chegando inclusive ao consumidor final,
02:24e externamente uma perda de competitividade com produtos mais caros do Brasil para outros países.
02:29Perfeito, até um aumento de inflação, porque se a gente está falando que o agricultor possa vir a repassar os custos,
02:39a gente está vendo que tem uma possibilidade de aumento de imposto.
02:42Mas a parte que realmente mais me dói, como economista e comentarista, é a parte realmente da competitividade.
02:50O Brasil, ele teve um crescimento muito grande da tecnologia no campo, e até mesmo da logística também, principalmente nessa última década.
03:01Mas ele acaba sofrendo com o quê? Com o custo do Brasil.
03:05O custo de realizar os negócios no Brasil acaba, muitas vezes, fazendo com que, confrontando com outros países, ele acabe não ganhando no preço.
03:18Lembrando que muitos agricultores do Brasil acabaram indo para o nosso vizinho, Paraguai, porque lá tem taxas que são melhores praticadas para quem está empreendendo no agronegócio no Paraguai.
03:30Então, infelizmente, o Brasil novamente acaba pagando a conta.
03:36Quem mais gera riqueza para o Brasil, que é agricultor ou mesmo no IOF, a classe média brasileira.
03:43E aí, a gente está falando de perda de competitividade num cenário de guerra comercial, né, Marcos?
03:50Exatamente.
03:51A gente está falando que o Brasil até estava saindo muito ileso de tudo que está acontecendo.
03:57Lembrando que todas as taxas, as tarifas que o Trump aplicou, o Brasil acabava sendo uma taxa menor entre as grandes nações.
04:06E isso acabou, inicialmente, sendo muito positivo para o Brasil.
04:11Mas, infelizmente, a gente acaba sofrendo internamente com uma competitividade que nada mais é do que um imposto aumentado de algo que é acumulativo.
04:22Lembrando que o IOF, conforme ele vai realizando novas operações, é um imposto acumulativo que ele vai estar pagando em todas as transações que ele realizar.
04:31Então, para o agricultor que realiza inúmeras operações no envio e na exportação de comode, ele acaba pagando essa conta porque quem está na outra ponta, ele não vai querer ficar com esse ônus.
04:46Então, a perda de competitividade é algo imensurável, Fábio.
04:52É difícil de dizer em números o quanto isso vai ser negativo para a economia e para a agricultura brasileira.
05:01Então, seria muito bom, talvez, os nossos políticos reverem essa taxa para parte do agronegócio,
05:09que até é o que impulsiona o PIB do Brasil, é o que impulsiona a balança comercial brasileira.
05:16Se a gente está apresentando bons números no PIB, grande parte é por causa da agricultura e, infelizmente, ela vai ser novamente a que vai estar pagando a conta.
05:25Inclusive, a gente acabou de trazer, semana passada, sexta-feira passada, o IBGE divulgou os dados do PIB no primeiro trimestre
05:32e a agricultura foi o que puxou com um crescimento muito expressivo, graças a essa safra recorde de grãos,
05:39a agricultura agropecuária puxou o PIB brasileiro no primeiro trimestre.
05:43Para esse segundo trimestre, Marcos, essa vigência do IOF, enfim, já está valendo, não sabemos até quando vai,
05:50mas essa vigência do IOF aumentado já pode provocar um freio no agro que seja sentido nesse segundo trimestre?
05:59Pode, pode ocorrer sim, Fabio.
06:01Recentemente, o FMI e o CDE esteve aumentando a possibilidade do Brasil fechar o ano com mais de 2% de crescimento.
06:12A DAD diz 2.4, mas, infelizmente, isso pode mudar com o aumento de tarifas como a do IOF.
06:22Porque, como a gente falou várias vezes aqui na entrevista, a parte de competitividade é algo que, às vezes,
06:30na parte de grandes exportações de commodities, é na vírgula, é valores que podem fazer com que o negócio
06:39não seja realizado.
06:42Então, se o agricultor tiver que pagar com esses custos, muitas vezes ele não vai querer realizar a operação
06:49ou mesmo ele não vai conseguir fechar futuros negócios.
06:53Então, isso pode sim, num futuro próximo, acabar dificultando os números finais da economia brasileira
07:01e a gente sabe que o agronegócio tem um peso muito grande na balança comercial brasileira.
07:09Esse aumento na alíquota do IOF pode, inclusive, afetar investimentos estrangeiros no agro brasileiro?
07:17Ah, possivelmente.
07:19Lembrando que o agro brasileiro, ao longo dos últimos anos, ele teve grandes investimentos externos,
07:24principalmente investimentos chineses, porque os países como a China, eles priorizam muito
07:33países produtores como o Brasil, até porque eles querem ter uma sensibilidade de uma quantidade
07:41que eles vão estar comprando.
07:43Então, por isso que eles acabam virando parceiros de muitas empresas.
07:47E, se a competitividade diminuir, eles podem ir para outros países.
07:51Eles têm um mundo inteiro para procurar.
07:53A gente sabe que os investimentos chineses foram muito grandes na África,
07:56nesses últimos anos, na parte de plantação.
08:00O Brasil, claro, tem um histórico muito melhor e até mesmo na parte logística e na parte de produção melhor.
08:08Mas, se os números não fecharem, o investidor vai sempre olhar o lucro e sempre vai olhar os melhores retornos.
08:16Se o retorno não for melhor no Brasil, ele vai procurar outros países para investir.
08:22Marcos, e o impacto desse aumento sobre o acesso a crédito rural por parte de pequenos e médios produtores,
08:29que, a exemplo do que acontece na sociedade de forma geral, quer dizer, a desigualdade que a gente tem no Brasil
08:36está muito bem refletida no setor do agro e os pequenos e médios produtores, muitas vezes,
08:41são completamente indefesos para enfrentar um momento como esse.
08:45Sabe, Fábio, que quando eu comento sobre o IOF, sempre o que, para mim, realmente é o mais atenção
08:53e que é o maior prejudicado é o micro e pequeno produtor e investidor também.
09:00Porque quando a gente sabe que vai aumentar quase oito vezes o imposto, cada vez que ele pegar crédito,
09:09muitas vezes vai fazer com que isso seja inviável de ser realizado.
09:13As margens são pequenas do setor.
09:16O Brasil já sofre com uma incerteza econômica, com todos os problemas burocráticos de se empreender no Brasil.
09:27E agora a gente está sofrendo mais um, que é o aumento do IOF para parte do crédito.
09:34Lembrando que o crédito que você vai pegar através dos bancos vai aumentar ano de 1,88 para 3,95.
09:42Então, a gente está falando de uma margem que muitas vezes era a margem de lucro do produtor e do empreendedor.
09:51E lembrando que os pequenos e médios são os que mais empregam no Brasil.
09:56Quando a gente fala de geração de riqueza, quem gera riqueza, quem gera emprego e quem também paga os impostos,
10:04a gente está falando dos mesmos que agora vão ser novamente impactados com mais um imposto.
10:12Então, fica difícil de a gente olhar um horizonte positivo no Brasil quando a gente olha que o governo,
10:19muitas vezes, da sua má gestão, ele quer tapar essa margem, esse buraco, aumentando os impostos como um imposto acumulativo,
10:30como é o IOF. Então, é uma pena e para muitos empreendedores, muitas vezes, vai se tornar inviável
10:37ou até mesmo inviável a empresa em si, conforme as margens, que já são pequenas, foram diminuídas mais ainda
10:45com uma alíquota que subiu tanto como essa do IOF.
10:50Marcos Labarte, sócio fundador da GT Capital. Obrigado, Marcos, pela sua análise aqui para a gente
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