Condenado, general Augusto Heleno diz ao Exército que tem Alzheimer há sete anos

Name: Condenado, general Augusto Heleno diz ao Exército que tem Alzheimer há sete anos
Uploaded: 2025-11-26T20:01:23+00:00
Duration: 14 min 26 s
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O general Augusto Heleno, condenado a 21 anos na trama golpista, informou ao Exército que sofre de Alzheimer há sete anos. A defesa deve usar o quadro de saúde para negociar a pena, buscando sua redução. Reportagem: Lucas Martins.

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00:00Eu quero falar também, Lucas, do general Heleno, na audiência de custódia de hoje,

00:04que mencionou que enfrenta um Alzheimer há alguns anos.

00:09Conta pra gente essa história.

00:13Exatamente, Evandro. Olha só, esse laudo veio depois do exame feito de corpo de delito no IML,

00:20que é necessário que eles façam antes da prisão, antes deles serem presos.

00:24E Augusto Heleno, que tem 78 anos, constou no laudo médico dele que ele é portador de demência de Alzheimer

00:32em evolução desde 2018, entre outras doenças também, como hipertensão, é o que apontou o laudo feito pelo IML.

00:43Vale lembrar que Augusto Heleno foi condenado a 21 anos de prisão,

00:47de acordo com o processo que tramitou no Supremo Tribunal Federal,

00:51ele é acusado de integrar o núcleo crucial de uma organização criminosa

00:56com o objetivo de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro na prisão.

01:02Então, é mais uma apresentação aí da questão do laudo de saúde

01:07do ex-ministro de Segurança Institucional durante o governo de Jair Bolsonaro.

01:14Muito obrigado pelas informações, Lucas. Um abraço pra você.

01:17O que a gente percebe agora é uma tentativa das defesas de mostrarem as situações de saúde

01:23de seus clientes para que eles consigam negociar algo em relação às penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal.

01:30Aí, Zé Maria Trindade, a argumentação e também as documentações apresentadas hoje em relação ao general Heleno

01:35é de que ele enfrenta um Alzheimer que começou aí há cerca de sete anos.

01:41Como é que você avalia esses documentos que são apresentados

01:47e a possibilidade do Supremo Tribunal Federal olhar para isso de uma maneira que altere algo no caminho desses condenados?

01:57Pois é, eu acompanhei o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro lá do Palácio do Planalto,

02:02conversava com todos, confessei várias vezes com o general Heleno e vi claramente que ele foi até um ponto

02:09e que começou a exatamente não acompanhar o ritmo do governo, o ritmo muito forte, o ritmo do governo Jair Bolsonaro

02:18era muito forte, muito ágil, principalmente no Palácio e nos arredores.

02:22Me dizia o general Heleno, o ministro, de que ele chegava no gabinete para dar uma informação lá

02:31e ele era chefe do gabinete de segurança institucional e o presidente já tinha.

02:36Então, assim, chegou um certo momento que ele ficou no governo mais por consideração,

02:41mas que realmente já estava.

02:43Eu entendia que era algum problema pessoal e não era exatamente o Alzheimer, né?

02:50O Alzheimer, ele tem uma gradação, ele, a longo prazo, vai queimando, vamos dizer, habilidades e memórias.

02:59Eu realmente não sabia disso, sabia da extensão desse problema.

03:04E agora, avaliar, e existem métodos que avaliam a realidade.

03:11Nós já temos um preso sem saber onde ele está, que é o Roberto Jefferson.

03:15Eu tenho informações dele aqui e ali, de amigos que visitam e tal, como o padre Kelmo, por exemplo,

03:23e me relatam, assim, que ele não sabe.

03:25Então, assim, isso é inumano prender uma pessoa, prender o corpo de uma pessoa ali

03:30que ele não está sabendo o que está acontecendo.

03:33Então, até por razões humanitárias, eu entendo que ele deveria ou cumprir em casa

03:39ou fazer como o Paulo Maluf, que todo mundo esqueceu do Paulo Maluf, né?

03:45E é a realidade.

03:47A pena é feita, não é para matar, não é uma vingança, mas sim para uma, vamos dizer,

03:54para uma reprimenda para que a pessoa não faça mais isso, né?

03:58Uma reconsideração.

03:59E, no caso do general Heleno, por questões humanitárias,

04:02haverá um momento, eu não sei qual,

04:03que isso será colocado na mesa da vara de execuções penais,

04:08que é o ministro Alexandre de Moraes.

04:11Por questões humanitárias, Loyola, você entende que deveria haver um cuidado

04:14do Supremo Tribunal Federal em relação a esses condenados, principalmente o general Heleno?

04:18Bem, eu acho que, antes de tudo, tem que se apurar, né?

04:21Vou pegar aqui o caso do ex-presidente Bolsonaro,

04:24que todo mundo dizia que estava muito mal, que estava cheio de soluço,

04:27e agora que está sob observação, não deu um soluço,

04:30a não ser que o susto da prisão tenha curado o soluço.

04:33Minha avó falava que o susto curava a soluço.

04:36Agora, tem uma questão que isso precisa ser olhado de maneira efetivamente séria

04:42por um corpo médico para avaliar se, de fato, essa questão existe

04:46ou se é uma desculpa para não cumprir a prisão.

04:49Fala, Gani.

04:49Olha só, essa questão do Alzheimer é facilmente comprovável, Evandro.

04:54Primeiro, você tem aqueles testes de cognição,

04:58então teria o histórico disso no prontuário dos médicos

05:02e daria para verificar clinicamente se já ocorreu o início da doença há sete anos,

05:09além do que os exames de imagem também.

05:12E eu falo isso porque minha esposa é psiquiatra, tá?

05:14Então, eu sei um pouco dessas coisas.

05:16Então, você tem o exame de imagem, né?

05:20Você tem PET scan, você tem a própria ressonância magnética,

05:23que você percebe alterações no cérebro da pessoa, diagnosticando demência.

05:29E, claro, o próprio relato dos familiares.

05:33Então, eu vejo que o que a defesa falou seria muita ingenuidade da defesa

05:38mentir em relação a isso, porque isso é facilmente comprovável.

05:42E se, de fato, ele tem Alzheimer, eu acredito que por uma doença seríssima,

05:47que por uma razão humanitária, aí sim ele deva ter todos os cuidados

05:52e cabe, sim, uma prisão domiciliar.

05:55Qual a sua análise, hein, Bruno Musa?

05:58Sigo, obviamente, com o que o Alan mencionou.

06:00Me parece muito coerente e muito razoável.

06:02Hoje em dia é fácil a gente reparar, razoavelmente fácil,

06:04apesar de toda e qualquer doença psiquiátrica ser complicado de ser diagnosticada,

06:10mas Alzheimer é uma que é relativamente mais simples

06:13dentro da complicação psiquiátrica como um todo.

06:16Por exemplo, depressão é algo mais complexo,

06:18TDAH é outra complexidade, muitas vezes se coloca tudo numa cesta

06:23quando efetivamente não é.

06:25Mas o Alzheimer é algo mais, digamos, simples dentro dessa complexidade.

06:29Então, me pareceria muita ingenuidade

06:32atestar alguma coisa que se comprova razoavelmente simples, como o Alan falou.

06:37Então, de novo, precisamos do laudo,

06:40diferente de posições,

06:44eu não vou opinar a respeito de alguém, se tem ou se não tem.

06:47Afinal de contas, devemos ter um lado técnico para isso.

06:51Olha, eu quero também tratar com vocês sobre essa situação específica de Jair Bolsonaro,

06:56porque uma grande crítica que tem sido feita pelos filhos,

06:59pela família de Jair Bolsonaro,

07:01é justamente a manutenção da prisão dele ali na superintendência da Polícia Federal

07:05com os problemas de saúde.

07:06Durante as conversas que nós tivemos aqui no 3 em 1,

07:09e principalmente nesta terça-feira,

07:12com vários juristas e pessoas que acompanham o caso,

07:15eles disseram que, obviamente,

07:17que estar preso não é uma medida positiva,

07:20mas dentre os locais para os quais Jair Bolsonaro poderia ser encaminhado,

07:24ou mais adequado,

07:26é a superintendência da Polícia Federal.

07:28Exatamente porque lá ele tem a possibilidade de auxílio médico,

07:32que também foi garantido pelo Supremo Tribunal Federal.

07:34Vocês entendem que isso já seria suficiente para a manutenção do presidente?

07:39O Loyola, a gente já ouviu a opinião dele sobre essa questão do Jair Bolsonaro

07:44e os soluços, ou os problemas de saúde que ele tem,

07:47mas e você, Alangani, como avalia?

07:48Olha, eu avalio que, enfim, né, dado que ele foi preso, ok, né,

07:53ele estar nessa superintendência,

07:55mas eu defendo que futuramente, assim como ocorreu com o atual presidente,

08:00este processo seja revisto e haja, talvez, a anulação deste processo.

08:06Por quê?

08:07Porque deveria estar na justiça comum.

08:10As pessoas perderam o foro privilegiado.

08:14A mudança de entendimento da lei,

08:17da jurisprudência do Supremo,

08:19veio após a trama golpista.

08:21E a lei, ela não pode retroagir para prejudicar o réu.

08:25Esse é o primeiro ponto.

08:25E o segundo ponto é em relação à questão do próprio ministro relator

08:32também ser a vítima e agir, em certo sentido, como promotor.

08:38Então, por conta disso, acredito que este processo deve ser revisto lá na frente.

08:44Agora, dado que foi julgado dessa maneira,

08:47é razoável que ele fique na Polícia Federal.

08:50Oi, Ola, você acha que dá para fazer essa comparação,

08:51colocar as duas situações numa balança,

08:53utilizar o que aconteceu em relação ao processo do presidente Lula

08:56para tentar entender quais caminhos seguiria o processo envolvendo Jair Bolsonaro?

09:02Olha, eu acho que as questões, elas precisam ser analisadas de maneira diferente,

09:07ainda que algumas coisas caibam em comparação.

09:09Por exemplo, na própria manutenção do ex-presidente Jair Bolsonaro

09:14na Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes citou justamente a prisão

09:21do atual presidente Lula, que também teria ficado lá,

09:26e também por questões de saúde, está com uma equipe médica sendo monitorada o tempo inteiro.

09:32Em relação ao processo, são questões completamente diferentes,

09:36são pontos distintos, são juízes distintos, são processos distintos,

09:41e tem que ser analisados de maneira distinta.

09:44Fala, Zé Maria Trindade.

09:46O presidente da República, ele é protegido pela Constituição.

09:51Não é à toa que ao ex-presidente da República,

09:54todos eles, inclusive os que sofreram impeachment, né,

09:57existe um aparato, né, assessores, motorista, carro, gasolina,

10:04eternamente para o ex-presidente da República.

10:06Então, a Constituição, que jamais poderia imaginar uma situação dessa,

10:10de um ex-presidente na cadeia, mas, intencionalmente, dá essa garantia.

10:15Já me falaram, ah, mas o ex-presidente da Câmara foi preso na Papuda,

10:20dois ex-presidentes, né, Eduardo Cunha e João Paulo,

10:24os poderosos já foram na Papuda, na Papudinha lá,

10:28o Luiz Estevam, que era senador, outro que, né,

10:31mas não se compara com um ex-presidente da República.

10:34Houve ali, entre comandos militares e conversas do Supremo,

10:43no sentido de que ele não poderia ir para um comando militar,

10:46porque isso é muito complexo com relação à hierarquia,

10:50um ex-presidente da República num quartel,

10:52tradicionalmente um guarda não pode ser,

10:55um soldado não pode ser o carcereiro de um sargento, né,

11:00assim por diante.

11:01Então, há dificuldades, inclusive, de hierarquia na contenção

11:04e na possibilidade de guardar o preso e tal,

11:08e acharam por bem ir para a superintendência da Polícia Federal aqui em Brasília.

11:14Só que é o seguinte, em épocas anteriores,

11:16eu ainda não vi nenhuma reclamação agora, né,

11:20houve uma reforma nessa sala, eu não vi nenhuma reclamação,

11:23mas, em épocas anteriores, já houve posicionamento da Polícia Federal de dizer,

11:28olha, a gente não tem condições de ter aqui um presídio de pessoas presas,

11:35vamos dizer, definitivamente, uma semana, um mês, a gente faz um esforço.

11:41Porque isso complica, por exemplo, plantão, os plantões lá,

11:45reforço de segurança, não é qualquer preso, é um ex-presidente da República,

11:50e existem pessoas contra e a favor do ex-presidente da República.

11:56A superintendência é vulnerável, sim, para um grande ataque,

12:01qualquer, ou para resgate, ou mesmo para assassinar o ex-presidente.

12:07Para se ter uma ideia, a família estava com medo da comida que ia para o ex-presidente,

12:12tentou trazer a comida de casa e tudo mais, para se ter uma ideia da complexidade.

12:17Então, a gente não pode dizer que está diante de uma pessoa coordenada a qualquer,

12:21é um ex-presidente da República.

12:22Mas eu temo que a superintendência não seja um local próprio

12:26e a Polícia Federal terá um desgaste, inclusive, de pessoal,

12:30do dia a dia ali, para cuidar disso por 10 anos, não sei quanto tempo lá,

12:37o ex-presidente vai ficar nessa condição.

12:39Fala, Bruno Moussa.

12:42Apenas complementando, acho que o Zé Maria foi muito preciso, como sempre, aqui.

12:46Meu grande ponto é que a gente está vivendo uma época de falência,

12:52de crença nessas instituições.

12:53E a gente precisa, como eu comentei ontem,

12:56entender que as instituições não são entes abstratos,

12:59elas são pessoas com nome CPF,

13:01que têm incentivos perversos e têm vontades próprias e projetos de poder

13:06para controlar pessoas, comportamentos, através de um orçamento trilionário.

13:10Dito isso, fica muito claro que toda e qualquer decisão de instituição

13:15não é instituição, mas sim são pessoas dotadas dos seus próprios interesses.

13:20E tem uma frase que eu gosto muito, que fala que as pessoas temem mais a solidão

13:24do que o erro moral.

13:26E é justamente por isso que elas seguem a massa,

13:28mesmo sabendo que estão errados.

13:30E as instituições, elas normalmente são formadas por cargos políticos.

13:33E os cargos políticos acabam exercendo mais influência política do que técnica.

13:40Ontem eu mencionei rapidamente que eu, particularmente,

13:43não sou a favor de privilégios para ninguém.

13:46Interferências, tarifas, juros subsidiados, nada disso.

13:50Até mesmo, inclusive, privilégios para ex-presidentes,

13:54por ser ex-presidente apenas.

13:56Não acho isso, não tem a ver com Bolsonaro, com Lula, com ninguém.

13:59É uma questão minha, porque o privilégio é pago por todos nós da sociedade.

14:03E eu, por definição, sou contra a presença do Estado,

14:07que eu acho que tem incentivos perversos em nossas vidas.

14:10Dito isso, me parece que se a Constituição manda ter esse privilégio,

14:14eu teria que seguir o rito legal, como eu falei,

14:16para tentar alterar e acabar com todos os privilégios.

14:18Mas fica muito claro que as instituições hoje são tomadas pela política,

14:22e aí funciona para um e não funciona para outro.

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