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A economista Carla Beni analisa o acordo Mercosul–União Europeia, seus desafios após 20 anos de negociações e o impacto para a indústria, exportações e futuro econômico do Brasil. A especialista da FGV explica entraves políticos, oportunidades e riscos para o país no longo prazo.

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Transcrição
00:00O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia envolve um quarto do PIB do planeta
00:07e abrange um mercado de mais de 700 milhões de consumidores.
00:12O pacote será dividido em dois textos.
00:15O primeiro de natureza econômico-comercial, de vigência provisória.
00:20E o segundo será um acordo completo.
00:22E para analisar o assunto, eu converso agora com a economista Carla Beni, que é professora da FGV e conselheira do Conselho Regional de Economia de São Paulo,
00:34a quem eu começo o nosso papo, tradicionalmente aqui agradecendo a presença, desejando uma ótima segunda-feira e uma semana melhor ainda, professora Beni.
00:43Bom, promessas todos fazemos.
00:46Aliás, é muito simples.
00:48Tirar do papel, transformar a teoria para a prática, é que são elas.
00:52Mercosul e a União Europeia é um acordo que se arrasta há duas décadas.
00:57E não é nenhum pleonasmo meu.
01:01É isso.
01:01São 20 anos de negociação.
01:03Tivemos um movimento importante agora.
01:06Primeiro, uma minuta assinada entre o presidente Lula e a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.
01:13O presidente Lula comenta agora nessa fala que nós apresentamos de mais cedo.
01:18Mas tem ali alguns percalços.
01:22Dois deles, Hungria e França.
01:25Será que todo mundo agora vai fazer parte dessa grande família?
01:29Porque tem que ser ali perto da unanimidade.
01:33Feita essa primeira premissa, passo a palavra para a senhora para sabermos se essa declaração do presidente Lula é mais um desejo
01:42ou estamos numa contagem regressiva para uma grande nova realidade a partir de 2026?
01:49Boa noite mais uma vez.
01:50Boa noite, Marcelo.
01:52Boa noite a todos.
01:54Olha, realmente, esse é um acordo que se arrasta há mais de 20 anos.
01:59É toda uma complexidade.
02:02Você pode imaginar a quantidade de interesses e de problemas envolvidos.
02:07Então, são dois textos.
02:09A ideia de se aprovar esse primeiro texto agora, no dia 20, é um ganho.
02:15Se isso realmente for realizado, que me parece que está tudo caminhando para isso,
02:19esse vai ser um grande ganho para que você inicie o processo do texto final.
02:27Para quem estiver aqui nos vendo, nos ouvindo, é importante entender que a ideia de você reduzir tarifas,
02:34ela precisa ser escalonada.
02:37E isso ainda pode levar mais ou menos 10 a 15 anos, Marcelo.
02:41Justamente porque os interesses são divergentes e é um grupo gigantesco.
02:48Nós estamos falando de um lado, a gente tem o Brasil, tem o Argentino, Paraguai, Uruguai
02:54e do outro lado, toda a União Europeia.
02:56E tudo só vai ficar oficial depois que o Parlamento aprovar com 50% mais um, Parlamento Europeu.
03:05Professora Beni, para ajudar todo mundo a entender, criamos aqui, eu com a ajuda do nosso Departamento Gráfico,
03:14o que são os acordos mais recentes.
03:17Começa com um vestibular.
03:19Nós estamos em época de provas dos estudantes pré-universitários.
03:26Então, a gente já fez um vestibular aqui, que foi em 16 de setembro de 2025, o acordo com o EFTA, Suíça, Liechtenstein, Islândia, Finlândia,
03:38que tem 300 milhões de habitantes, contando, lógico, muito mais numerosamente o Mercosul.
03:46Isso dá um PIB unido que passa os 4 trilhões de dólares, mas, obviamente, que a cereja do bolo,
03:56eu deixei aqui um ponto de interrogação com uma torcida que dê certo,
04:00é Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil, Bolívia, a Venezuela, por enquanto, está suspensa,
04:07sete associados, com quase 30 do outro lado do Atlântico.
04:11E aí, esse número impressionante, de 720 milhões de consumidores e 22 trilhões de dólares,
04:21o que, claro, uma versão fictícia, se torna o maior PIB do mundo, né, olhando esse grande bloco.
04:30É tudo muito promissor.
04:32Olhando o copo meio cheio, já entendemos.
04:35Quais seriam os problemas, professora Beni, do que eu vou chamar do copo meio vazio?
04:39A senhora falou, conflitos de interesses, os agricultores franceses não estão morrendo de amores com isso,
04:48porém, a indústria automobilística europeia está dando uns pulos desse tamanho de felicidade,
04:53de trazer para este bloco consumidor produtos de alto valor agregado,
05:00cujas marcas são muito cobiçadas pelas classes mais favorecidas deste país,
05:06destes países, tendo o Brasil 200 milhões de habitantes.
05:11Mas vamos olhar para o que eu estou chamando de o copo meio vazio.
05:15Quais seriam os problemas ou menos vantagens se realmente a gente tirar do papel essa primeira fase do acordo?
05:24O copo meio cheio, a gente já sabe, está exatamente no gráfico, aliás, está excelente, adorei,
05:33porque a gente consegue ter noção do volume e isso daí realmente é algo importante
05:38quando a gente pensa no âmbito macro.
05:41Agora, o copo meio vazio, ele está muito relacionado, Marcelo,
05:46ao que o Brasil pretende para as próximas décadas.
05:50Em que medida? Um grande passo para a União Europeia é justamente depender menos dos minerais críticos e das terras raras.
06:01E o Brasil é a segunda maior reserva de terras raras no mundo.
06:06Então, esse é um ponto muito importante.
06:08O Brasil pretende o quê com um projeto de longo prazo?
06:14Ele vai continuar perfurando a terra e vendendo mineral bruto, que é o que ele faz hoje,
06:20ou ele vai processar, ele vai industrializar isso e vai realmente ser um país de ponta nessa área?
06:28Isso daí é fundamental para a gente decidir o que nós vamos vender também.
06:34Será que a gente vai continuar de novo só exportando commodities e sim importando carros,
06:42maquinários, tecnologia, produtos químicos?
06:45Esse daí aqui é o grande ponto que sim pode deixar esse copo meio vazio.
06:52Porque se a gente parar para pensar, a gente teria que ter isso como um espaço de mercado de comércio externo
07:00para que justamente a gente também pudesse se desenvolver e não mais continuar só exportando commodities.
07:07Perfeito.
07:09Professora Bene, claro que isso vai contar muito com a expertise ou então a maleabilidade de cada governo.
07:21O que eu quero chegar?
07:22Olhando aqui para essa perspectiva de Mercosul com União Europeia, como a senhora muito bem apontou,
07:29existe quase que uma herança maldita desses países em comum,
07:34que nós somos grandes exportadores de matéria-prima, pouco desenvolvedores de produtos de alto valor agregado,
07:44porque a nossa industrialização ficou muito concretada.
07:47E aí, além de olhar para o quintal, vamos olhar para nós mesmos,
07:53lembrando que o Brasil passou por um severo processo de desindustrialização.
08:00As indústrias foram diminuindo, as marcas estrangeiras foram embora, algumas delas,
08:05e a gente perdeu uma capacidade de produção.
08:07Então, há essa chance, a senhora enxerga essa possibilidade que eu estava chamando de maleabilidade,
08:15ou astúcia dos governos daqui para frente, como a senhora sinalizou.
08:20Ah, talvez a plena execução desse acordo ainda leve 10 a 15 anos,
08:25de ok União Europeia, ok grandes fabricantes de várias modalidades de produtos,
08:31venham para cá com seus produtos e também tragam as suas linhas de montagem,
08:36as suas expertise para a gente construir juntos aqui,
08:40mais ou menos num riscado que a gente tem visto com as montadoras chinesas,
08:45que chegaram com os produtos, os carros elétricos,
08:48e agora as montadoras chinesas estão abrindo as suas próprias fábricas
08:51com a promessa de um compartilhamento de tecnologia.
08:56A senhora enxerga uma possibilidade de nós termos essa chance,
09:04ou como dizia Roberto Campos, o Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade?
09:13Bom, a desindustrialização nossa, ela ficou muito clara,
09:17inclusive na composição do PIB, na representação da indústria.
09:21Ela na década de 80 representava, a indústria representava mais ou menos 40% do PIB,
09:28ela hoje representa 20%.
09:30Então, de novo eu volto para aquele mesmo ponto,
09:34qual é o planejamento estratégico de país de longo prazo que a gente espera
09:39ou que a gente pretende?
09:41Se não tivermos investimentos do Estado na indústria,
09:47isso daí dificilmente vai acontecer, porque todos os países da União Europeia
09:52e os outros desenvolvidos no mundo, eles tiveram nas suas lideranças de investimentos
09:58o setor público.
10:00Então, essa daí é a grande questão.
10:02Se a gente não tiver um planejamento de longo prazo,
10:07que passe a ser um movimento de um planejamento de Estado
10:11e não um planejamento de governo, porque teremos vários governos
10:15nesses próximos 10, 15 anos para poder realizar, implementar essa estratégia toda
10:23desse acordo, aí sim eu acho que a gente tem uma chance
10:27de continuar tropeçando no mais do mesmo, Marcelo.
10:31Professora Beni, a literatura internacional, quando se fala de economia
10:36e da questão do desenvolvimento dos países, usa uma expressão chamada
10:41Golden Years, acho que a tradução para os nossos manuais,
10:46nossos livros de economia no Brasil, os 30 gloriosos,
10:49geralmente é uma geração aí de desenvolvimento mais latente e tal.
10:55Eu já li alguma coisa, fico procurando nossos 30 gloriosos,
11:00ainda não achei, né?
11:02Ouvia do meu avô, ouvia do meu pai e falo para os meus filhos.
11:05Nós somos o Brasil do futuro, o país do futuro.
11:08A questão é que esse futuro não tem chegado, né?
11:11A gente fica virando as páginas e o futuro não chega.
11:14Espero que a nossa próxima conversa, professora Beni,
11:18que eu torço para que seja em breve,
11:19a gente já comece a marcar aqui os nossos Golden Years.
11:24E eu espero estar fadado a estar errado
11:26de que isso ainda leve um tempo para acontecer.
11:30Essa conclusão toda é para agradecer a conversa
11:34que eu tive com a senhora, muito gentil, esclarecedor o nosso papo.
11:40Agradeço aqui a professora Carla Beni,
11:42que leciona na Fundação Getúlia Vargas,
11:45e além disso é conselheira do Conselho Regional de Economia de São Paulo.
11:50Até uma próxima oportunidade, professora Beni,
11:52e que mantenha a esperança de termos aí perspectivas positivas, no mínimo.
11:58Obrigada, Marcelo.
12:00Boa noite a todos, uma ótima semana,
12:03e sempre mantendo a esperança em pé para o nosso país.
12:06Tá certo. Obrigado, professora.
12:08Até a próxima mesmo.
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