A medida do presidente Donald Trump de reduzir em 10% as tarifas sobre produtos brasileiros como café, carne e açaí foi classificada como um "drible" e frustrou o Governo Lula, pois a principal sobretaxa, de 40%, imposta anteriormente, segue em vigor. O próprio vice-presidente Geraldo Alckmin classificou a medida como insuficiente.
O Senador Nelsinho Trad (Presidente da Comissão de Relações Exteriores) considera a manutenção da tarifa de 40% como "não razoável" e indica que o Brasil ainda está longe de uma vitória comercial. Ricardo Kertzman e Rodolfo Borges analisam a reação fria do Planalto à notícia.
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00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na sexta-feira a medida para reduzir tarifas sobre a importação de carne bovina, tomate, café e banana.
00:08A medida visa controlar a inflação dos alimentos no país após o tarifaço.
00:13A medida beneficia o Brasil, maior produtor global de café e segundo maior produtor de carne bovina, atrás apenas dos Estados Unidos.
00:20O decreto publicado por Trump, no entanto, se aplica apenas à alíquota de 10% das chamadas tarifas recíprocas, impostas em abril a todos os países.
00:29A sobretaxa de 40% sobre o Brasil segue em vigor.
00:33O próprio governo brasileiro classificou a medida como insuficiente.
00:37Vamos ouvir o vice-presidente Geraldo Alckmin.
00:39Há uma distorção que precisa ser corrigida.
00:43Todo mundo teve 10% a menos.
00:47Só que, no caso do Brasil, que tinha 50, ficou com 40, que é muito alto.
00:54Aliás, no caso do Vietnã, reduziu 20, porque era 20% e foi para zero.
00:58Então, esse é o trabalho que vai ser feito.
01:01Quer dizer, você teve um setor muito atendido, que foi o suco de laranja.
01:06Era 10% e zerou.
01:08Zerou.
01:09Isso é 1,2 bilhão de dólares.
01:15Então, ele zerou.
01:16Ficou sem nenhum imposto.
01:17O café também reduziu 10%.
01:20Só que tem um concorrente que reduziu 20%.
01:22Então, esse é o empenho que tem que ser feito agora para melhorar a competitividade.
01:27E tem toda a lógica que os Estados Unidos, o Brasil, é o maior fornecedor dos Estados Unidos.
01:3533% é o Brasil.
01:37E é o café arábica.
01:39No caso do Vietnã, é o Conilon.
01:42É o Robusto.
01:43Então, é um café que é o mais consumido nos Estados Unidos.
01:46Tem espaço aí para ter um bom trabalho.
01:49Olha, nós tivemos o encontro do presidente Lula com o presidente Trump na ASEAN, na Malásia.
01:58Foi muito bom o encontro.
02:00E, como consequência disso, o encontro do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado, Marco Rubio.
02:07Que acabou de ter faz três dias, praticamente.
02:10Então, vamos agora guardar os próximos passos.
02:14Mas nós estamos otimistas aí que a gente vai ter novos avanços.
02:20Mas para falar sobre esse cenário, estamos ao vivo com o presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado, Nelsinho Trad.
02:27Senador, seja bem-vindo ao Meio Dia em Brasília.
02:29É possível falar em vitória do Brasil ou ainda é algo distante?
02:32Bom dia, Guilherme.
02:37É importante a gente ressaltar que precisamos avançar mais para se falar em uma situação confortável.
02:47Essa alteração da redução de 10% para quem tinha 50% e volta a ter 40%,
02:57ela realmente ainda está num patamar não razoado para quem tem um balanço comercial positivo para os Estados Unidos, como é o caso do Brasil.
03:11E esses produtos que estão sobretaxados vão, certamente, sofrer concorrência daqueles que não estão.
03:19E, naturalmente, isso é muito prejudicial no mercado e no player comercial.
03:27Ricardo Kertzmann, o que você destaca?
03:30Em primeiro lugar, boa tarde, Guilherme.
03:32Boa tarde, amigos antagonistas.
03:34Olha, desde o início desse tarifácio, desde o início desse embrólio, eu tenho dito o seguinte.
03:40Da mesma maneira que foram os Estados Unidos, o presidente Donald Trump,
03:44que impôs essas tarifas excedentes extraordinárias para o Brasil,
03:48qualquer acordo só vai vir se ele, Donald Trump, e os Estados Unidos assim entenderem.
03:53Eles operam pela lógica de que olham para o próprio umbigo em primeiro lugar,
03:58para o próprio umbigo em segundo lugar e para o próprio umbigo em terceiro lugar.
04:02Não tem essa de ouvir o outro lado, ouvir as reivindicações de outro país, principalmente no caso brasileiro.
04:10Quando houve aquela primeira aproximação, aquele encontro lá, onde rolou a tal da química,
04:15aquele breve encontro entre o Trump e o Lula lá na ONU,
04:18ficou aquela expectativa, olha, a partir de agora pode ser que alguma coisa avance.
04:23Aí depois teve aquela reunião por telefone, depois eles se encontraram na Ásia,
04:27teve um encontro recente agora do chanceler brasileiro também com o Rubio lá nos Estados Unidos.
04:33Então isso tudo, obviamente, são sinais de que pode haver algum acordo.
04:36Mas repito, Guilherme, esses acordos, os que já foram celebrados, inclusive,
04:40eles obedecem à lógica dos Estados Unidos, à lógica dos interesses americanos.
04:44Já foram celebrados acordos para peças de aviação, para celulose, como o senador acabou de falar,
04:53suco de laranja, agora uma pequena redução para o café, tem a questão também das proteínas das carnes.
04:58Tudo isso atende aos interesses americanos, à pressão inflacionária americana sobre esses produtos.
05:04E não por causa das pautas de exportação do Brasil.
05:09Até porque, Guilherme, a maioria dos setores aqui, e isso é um ponto positivo em favor do Brasil,
05:15a maioria dos setores não foi tão impactada assim.
05:19Há uma demanda mundial muito grande por diversos desses produtos,
05:22isso fez com que as exportações brasileiras não caíssem, não tivessem essa queda.
05:27Óbvio que um ou outro item foi duramente atingido,
05:30esse setor precisa de um olhar mais atento,
05:32mas de um modo geral, aquela catástrofe que todo mundo imaginava,
05:36que iria abalar significativamente as exportações brasileiras,
05:40isso acabou não acontecendo.
05:41Então, nesse sentido, é bom para o Brasil,
05:44alivia a pressão sobre o governo brasileiro,
05:47e coloca pressão, aí a pressão interna dos americanos,
05:51por causa da inflação, no presidente Donald Trump.
05:54Mas isso, eu repito, isso é uma decisão que cabe só a eles,
05:57esperar que o Brasil tenha poder de negociação,
06:00ou alguma barganha, ou até mesmo alguma forma de pressão
06:04que faça, um pouco mais à frente, ser bem-sucedido em algum acordo,
06:09eu particularmente não acredito nisso.
06:11Rodolfo Borges.
06:12Complementando a análise do Ricardo,
06:15eu só queria destacar que tudo isso que tem acontecido,
06:17ocorrido aí no último mês, nas últimas semanas,
06:20ocorreu de forma totalmente independente
06:22do que está ocorrendo internamente no Brasil.
06:24O Trump colocou a questão do Bolsonaro
06:27de forma maliciosa ali no início,
06:30e aí a família Bolsonaro aproveitou,
06:32se agarrou naquela carta,
06:34e falou, olha, tem tudo a ver com a gente,
06:36mas o julgamento do Bolsonaro está correndo,
06:39transitando em julgado,
06:41e o Donald Trump nunca mais falou no assunto,
06:44não está interessado na política brasileira,
06:47não está interessado na democracia brasileira,
06:51não está interessado no julgamento do Bolsonaro,
06:52e é o que a gente vem falando aqui desde o início,
06:55e o que o Ricardo disse agora.
06:56O que importa é Donald Trump e Estados Unidos.
07:00E aí ele jogou tudo o que ele tinha à mão,
07:02quando impôs o tarifácio, quando anunciou,
07:05para fazer essa pressão.
07:07E aí a família Bolsonaro embarcou,
07:09foram de gaiato na história,
07:11acabaram sofrendo também muito,
07:13politicamente com isso, um desgaste muito grande,
07:16deram um discurso para o Lula da soberania,
07:19que também é um discurso malicioso,
07:21assim como o Donald Trump fez de forma maliciosa,
07:23o governo Lula respondeu de forma maliciosa,
07:25conseguiu sobreviver por algumas semanas,
07:27sem que a popularidade dele se abalasse,
07:30até conseguiu subir um pouquinho, se recuperar,
07:32jogou-se politicamente com isso,
07:34mas no final das contas,
07:36é o que o Ricardo disse,
07:37o que importa é Estados Unidos,
07:39se a população americana estiver incomodada
07:42com o que o Donald Trump está fazendo,
07:43ele vai mudar o que ele está fazendo.
07:45E aí, o que fica sugerido,
07:47e por isso perguntei para o senador,
07:49é que é possível se entender em algum momento,
07:52obviamente vai depender da vontade do Donald Trump
07:54no final das contas,
07:55mas o que parecia ser uma barganha impossível de ser feita,
07:59que era ou vocês mudam a condução judicial
08:02de um processo específico,
08:04o que ele estava chamando de caça às bruxas do Jair Bolsonaro,
08:07ou então não tem conversa.
08:09Não é bem assim, porque está tendo conversa,
08:11está ocorrendo essa conversa,
08:12e a tal da caça às bruxas,
08:14se é que ele de fato considera assim o Donald Trump,
08:17parece que ele não se importa mais com isso,
08:19porque o Bolsonaro não só está preso preventivamente em casa,
08:22há semanas,
08:23já passaram 100 dias,
08:26como está indo para a cadeia em regime fechado,
08:28e o Donald Trump não parece nada emocionado com isso.
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