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O professor Gustavo Macedo, do Ibmec-SP, avaliou a primeira semana da COP30, destacou avanços e impasses entre governos e comunidades, comentou protestos, segurança, participação de Marina e Sônia Guajajara e analisou o impacto político do Fundo de Florestas e da cúpula antecipada dos líderes.

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Transcrição
00:00E seguimos na pauta da COP30. Eu converso agora ao vivo com o Gustavo Macedo,
00:04que é professor de Relações Internacionais do IBMEC São Paulo,
00:08doutor e mestre em Ciência Política. Boa noite, professor. Bem-vindo.
00:12Boa noite, Antália. Tudo bom?
00:14Tudo certo. Professor, qual é a sua percepção e avaliação da Conferência do Clima até aqui?
00:21Antália, a gente teve uma primeira semana bastante agitada na COP30.
00:26Ela está dentro das expectativas, aquilo que a gente acreditou que iria acontecer.
00:31Ou seja, muitas promessas e ainda não chegamos nem perto daquilo que a gente de fato precisa
00:38para conseguir dar conta do tamanho do desafio que é as mudanças climáticas.
00:45A gente tem uma primeira semana, que foi uma primeira semana em que os países colocaram na mesa
00:50quais são as suas posições.
00:52Então, na Zona Azul, a gente teve essa participação direta dos países, seus representantes,
00:58e na Zona Verde, é a zona mais dinâmica, é a zona em que você tem essas outras conferências paralelas,
01:04que são extremamente importantes, porque elas é que alimentam o debate da Zona Azul com novas ideias.
01:11Então, na Zona Azul, os governos só apresentaram suas posições, agora eles caminham para tentar amarrar alguns acordos,
01:20e na Zona Verde é onde a coisa foi um pouco mais dinâmica.
01:23Houve alguns altos e baixos, alguns altos que a gente pode mencionar.
01:28Foi a partir da cúpula dos líderes, teve então o anúncio do fundo de florestas,
01:34e aí já é o início de alguns aportes, que ainda está muito abaixo daquilo que se precisa,
01:40mas já é um começo.
01:41E alguns pontos baixos, desrespeito a uma dificuldade do diálogo das iniciativas de representantes locais
01:51com os seus governos.
01:53Os governos parecem que ainda estão um pouco fechados,
01:57e aqui a gente está falando não apenas do Brasil, mas de governos ao redor do mundo inteiro,
02:01e parece que eles ainda estão um pouco fechados a essa pressão popular.
02:06Professor, nesse agito que o senhor mencionou dessa primeira semana,
02:10a gente também teve a questão, questionamentos em relação à segurança,
02:14inclusive o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago,
02:18disse na última quinta-feira que essas questões apontadas pela ONU
02:21na carta enviada ao governo brasileiro, com críticas à estrutura e à segurança,
02:27foram resolvidas.
02:28O que eu queria saber de você, que impacto, você acredita que essa manifestação formal da ONU
02:34pode ter na imagem, mesmo nos resultados da COP de Belém,
02:37é uma questão superada, é alguma questão que preocupa ainda?
02:41Natália, é uma questão superada, e na verdade esses protestos, eles ocorrem em todas as COPs.
02:47Sempre tem os grupos que acabam fazendo um pouco mais de barulho,
02:52eles acabam utilizando outras ferramentas políticas de protesto,
02:58e esses protestos são legítimos, à medida em que eles não são violentos,
03:02mas que eles chamam a atenção, eles são totalmente legítimos,
03:05absolutamente legítimos, e certamente o governo brasileiro
03:09esperava que eles iriam acontecer quando escolhe fazer a COP
03:13do coração da Amazônia.
03:15Então, certamente, isso também é um encontro, é um convite para que essa situação ocorra.
03:21E essas comunidades, elas fazem um protesto legítimo,
03:25porque não é que elas apenas foram excluídas, ou se sentiram excluídas da COP30,
03:31é uma questão de uma exclusão histórica, uma participação histórica.
03:35E são as mesmas comunidades, isso é importante a gente ressaltar,
03:39são as mesmas comunidades que depois são buscadas pelas empresas
03:44para poder fazer acordo como parte da cadeia de valor.
03:49É o chamado stakeholders.
03:51Essas comunidades fazem parte desse ecossistema de valor das empresas
03:54que depois emitem relatórios de SG.
03:57Olha, a comunidade, ela não quer participar somente na hora do relatório financeiro
04:01da situação contábil.
04:03As comunidades, elas querem participar desde o início.
04:05E isso é uma mudança, Natália, muito importante na cultura de gestão
04:09das empresas que passam a se preocupar, de fato, com sustentabilidade.
04:14E, professor, nesse contexto, inclusive hoje, a gente está vendo imagens ao vivo
04:18da marcha grande que aconteceu por lá, e com a participação das ministras,
04:23Marina Silva e da Sônia Guajajara também.
04:26Qual que é a sua avaliação sobre a participação delas?
04:30Então, Brasil como anfitrião, governo brasileiro, né, como anfitrião desse evento,
04:35e a participação das ministras no protesto?
04:38Olha, a participação delas tem dois sentidos na minha visão.
04:42Em primeiro lugar, é natural que elas participem dessa demonstração.
04:47Uma marcha que, pelo que eu fiquei sabendo, regimentou quase 70 mil pessoas.
04:53Uma grande marcha que já estava programada para acontecer.
04:56Então, ela é um convite para que você tenha duas representantes,
05:01que tenham um histórico de participação popular, as duas ministras,
05:04elas têm um histórico pessoal de participação e envolvimento com esses movimentos.
05:11E é natural que elas participem.
05:12É bom que elas participem, porque isso também demonstra que há um interesse
05:17ou uma atenção do governo brasileiro para as demandas dessas comunidades.
05:21Porque vamos lembrar que nenhuma solução, nenhuma solução é possível
05:27para a crise da sustentabilidade, para a crise política,
05:31sem o envolvimento e a participação dessas comunidades.
05:34Agora, tem um outro lado.
05:35Nós estamos falando também de duas ministras,
05:38tanto o Ministério do Meio Ambiente quanto o Ministério Indígena,
05:42dos povos indígenas,
05:43que são dois ministérios que não estão muito em alta no atual governo federal.
05:48Ou seja, a gente teve, por exemplo, aquilo que foi considerado por esses dois ministérios
05:52como uma derrota, que foi a aprovação, por parte do Ibama,
05:57da liberação da exploração do petróleo na foz do Rio Amazonas.
06:02Então, apesar dessas ministras e de outras lideranças do governo
06:06terem se posicionado criticamente contra esse projeto,
06:10ele foi aprovado.
06:12Então, a gente tem hoje um governo federal, o governo do Brasil,
06:15que carrega consigo um paradoxo.
06:17É um governo que recebe a COP,
06:20é um governo que promove fundo da floresta,
06:25que fala sobre a criação de grupo de trabalho
06:28para eliminar os combustíveis fósseis,
06:30mas também é um governo que acaba de aprovar a exploração
06:34da foz do Rio Amazonas.
06:36Então, a gente tem uma situação bastante emblemática
06:38com a participação das duas na marcha de hoje.
06:41É, contradições que têm sido bastante questionadas mesmo.
06:44Eu vou incluir na nossa conversa, professor Gustavo,
06:47o Felipe Machado, nosso analista.
06:49Felipe.
06:50Tudo bem, professor? Boa noite.
06:52Professor, o Brasil inovou um pouquinho nessa COP30,
06:56fazendo aquela reunião, a cúpula dos líderes,
06:59normalmente ela é feita no final da COP,
07:01dessa vez foi feita antes.
07:03Eu queria a sua avaliação sobre esse movimento.
07:05Foi positivo que os líderes conversassem antes das reuniões
07:08entre os técnicos, vamos dizer assim?
07:11Ou era melhor o modelo que os governantes conversavam depois,
07:15como era tradicional nas COPIs?
07:17Felipe, uma boa noite.
07:20O que eu ouvi falar de quem esteve presente nessa reunião,
07:23nos preparativos, na execução e na pós-reunião,
07:26na cúpula dos líderes, é que foi positivo,
07:28porque sinalizou para o mundo,
07:31e para todos aqueles que vão participar da COP,
07:33quais são os rumos do envolvimento, do engajamento.
07:37Também teve um outro lado positivo,
07:40que foi o anúncio desse fundo de proteção de florestas,
07:45e que já teve alguns aportes iniciais.
07:46Alguns países disseram que vão participar.
07:49Então, aquilo foi vendido pelo governo brasileiro,
07:52na figura do presidente Lula, como uma vitória.
07:55E me parece que foi importante também para o governo brasileiro,
07:58como um esquenta para a festa que estava começando,
08:02no início dessa semana que acabou de passar.
08:07Quando a cúpula acontece no final, também é interessante,
08:10porque muitas vezes ela faz um grande resumo,
08:13um grande apanhado, e ela pega no contrapé
08:15muito dessas lideranças,
08:17através daquilo que os seus governos fizeram ou não fizeram.
08:21Só que qual que é o interesse de você fazer isso no final,
08:24quando já não dá mais para você negociar mais nada?
08:26Porque aí a promessa, ela fica para o próximo ano.
08:29Quando você faz uma cúpula no início,
08:33e eu acho que isso foi bastante interessante,
08:35quando você faz uma cúpula no início,
08:37você já pega o governo pela palavra, pela promessa,
08:41na fala dos seus representantes.
08:42E aí você tem duas semanas para poder ir atrás
08:45e cobrar aquilo que eles prometeram na abertura.
08:48Então, é, os dois modelos têm prós e contras.
08:52E, bom, professor, o senhor mencionou o fundo
08:54Florestas Tropicais para Sempre,
08:56que foi lançado pelo Brasil como uma forma de investimento,
08:59financiamento da preservação ambiental.
09:01Como é que o senhor tem visto a questão dos países
09:03que aderiram e, principalmente, os que não aderiram,
09:06países grandes como China, Reino Unido?
09:09Por que não? Ainda dá tempo?
09:10Olha, eu vejo a ideia do fundo,
09:14eu vejo como algo excepcional,
09:17muito bem recebida
09:20por várias pessoas que trabalham com essa temática.
09:24Agora, a implementação dela é que está deixando muito a desejar.
09:29A ideia é que o fundo, ele venha a ter 125 bilhões de dólares.
09:34O governo brasileiro espera que ele chegue a ter 25 bilhões de dólares
09:39até o ano que vem.
09:42Até o momento, há apenas 5,5 bilhões de dólares comprometidos.
09:48Como você bem colocou,
09:49países como a China não se comprometeram.
09:52Isso é um banho de água fria para o governo brasileiro.
09:56Há outros países, sem falar, obviamente, dos norte-americanos,
10:00que nem estão participando,
10:01e, como você bem colocou, os ingleses também ainda não se comprometeram.
10:05Os alemães também disseram que vão colocar o dinheiro,
10:10mas também há interesse de colocar em outros fundos.
10:13Então, não há, nesse momento ainda,
10:15uma articulação entre aliados do Brasil
10:19e de outros países que dependem desse dinheiro
10:22para manter as suas florestas de pé.
10:24Então, a ideia do fundo é extremamente positiva,
10:27foi muito bem recebida,
10:28mas a implementação ainda está muito abaixo do mínimo esperado.
10:35Acho que falta ainda um comprometimento por parte desses países
10:40de entrarem e de decidirem,
10:43em vez de colocar o dinheiro em outros fundos
10:45que já são convencionais,
10:46que já existem,
10:47que são administrados por financiadoras europeias,
10:51eventualmente colocarem o fundo
10:53que seja administrado por países em desenvolvimento.
10:56onde se põe o dinheiro
10:58e como se coloca o dinheiro para quem administrar,
11:02também é extremamente importante
11:04para que esses países tenham autonomia decisória
11:07no uso desse dinheiro.
11:09É, bem importante mesmo.
11:11Quero agradecer, Gustavo Macedo,
11:12professor de Relações Internacionais do IBMEC São Paulo
11:15e doutor e mestre em Ciência Política,
11:18pela participação com a gente nesse sábado.
11:20Até a próxima, bom fim de semana.
11:22Obrigado, até a próxima.
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