COP30: Lula defende Acordo de Paris e multilateralismo, e critica "interesses egoístas"; veja resumo

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Começou a COP30 em Belém, com discursos de Lula, príncipe William e António Guterres. O presidente brasileiro destacou multilateralismo e financiamento climático, enquanto Guterres alertou sobre os riscos do aquecimento global. O TFFF e fundos climáticos foram pontos centrais do primeiro dia. O âncora Marcelo Favalli detalhou direto do Pará.

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00:00Começou hoje em Belém a cúpula de líderes da COP30.

00:04Durante todo o dia, chefes de Estado discursaram na plenária geral que foi aberta pelo presidente Lula.

00:11O âncora do Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC e titular deste jornal do Conexão, Marcelo Favalli,

00:17acompanhou e tem as informações ao vivo da capital paraense.

00:22Favalli, muito boa noite para você.

00:24Um prazer estar aqui cuidando da sua lojinha por conta e risco.

00:29Te dou os meus cumprimentos pela cobertura de hoje e quero seus destaques, por favor.

00:36Boa noite, Gair. Boa noite a todo mundo que assiste ao nosso Conexão.

00:42Você está desempenhando um trabalho aí brilhante.

00:45Uma honra dividir tela e o palco aí contigo.

00:48Eduardo Gair, trazido de Brasília especialmente para este e outros lugares aí no nosso estúdio em São Paulo.

00:56Vamos falar aqui de Belém, começando pelo presidente Lula, que enalteceu a COP30,

01:04como ele mesmo repetiu várias vezes ao longo do dia, a primeira vez que uma conferência do clima

01:08vem para a floresta, sendo que as matas tropicais têm aí um grande risco de desaparecer

01:16ou serem duramente afetadas por causa das mudanças climáticas.

01:23Outros protagonistas ao longo do dia.

01:25A exemplo do príncipe William, que, claro, roubou atenções, trouxe os holofotes para si por dois motivos.

01:35Primeiro que ele faz um discurso bastante esperançoso.

01:39Fala de coragem, cooperação, comprometimento global.

01:45É importante a gente lembrar que o príncipe William vem ao Brasil, vem para a COP30,

01:50representando a chefia de Estado do Reino Unido, tendo ali a herança, né?

01:57Ele que é o príncipe, e se tudo der certo, o futuro rei da Inglaterra, sucedendo o pai Charles III.

02:04E o atual monarca britânico é muito inclinado às questões de preservação.

02:09Então, um discurso que enaltece as iniciativas brasileiras,

02:16que é um discurso do monarca britânico, do futuro monarca britânico, da família real britânica,

02:23que está alinhado com os projetos do Brasil, é uma importantíssima sinalização.

02:28Agora, quem vira a página e faz um discurso duro é Antônio Guterres, o secretário-geral da ONU.

02:36Ele não poupou frases como

02:38falhamos em manter o aquecimento perto do 1,5 grau Celsius.

02:46Guterres, que chefia as Nações Unidas, já está no segundo mandato consecutivo,

02:51como secretário-geral das Nações Unidas, foi enfático ao dizer que na próxima década

02:57vamos ultrapassar essa zona do perigo, 1,5 grau Celsius,

03:03sendo que há 10 anos, na COP de Paris, havia, então, a perspectiva que nós só chegássemos

03:12nesta medida, por volta de 2.099, que até o final do século, nós não ultrapassássemos

03:20os 2 graus Celsius, que parte, então, dos cientistas, vê a possibilidade de mudanças sem retorno.

03:31Então, o Guterres foi muito claro ao dizer que falhamos, chegamos aí a essa linha do perigo

03:38e vamos ultrapassá-la ainda na próxima década.

03:43O presidente Lula faz também um discurso que vai além das questões climáticas,

03:49ele usa isso para falar de multilateralismo, uma pauta importante aí para os emergentes, né?

03:56Ele quer deixar muito claro que o século XXI, que ele não seja uma disputa hegemônica,

04:00como foi no século XX, entre polos opostos.

04:03Estamos numa briga entre Estados Unidos e China, de fato, mas o presidente Lula defendeu

04:08muito o multilateralismo baseado na pauta de proteção e combate ao aquecimento global

04:14e a gente separou um trechinho aí do discurso do presidente Lula desta quinta-feira.

04:20Vamos, dessa quinta-feira, vamos ouvi-lo.

04:22O multilateralismo, Acordo de Paris, o ano de 2025, é um marco para o multilateralismo.

04:33Celebramos os 80 anos da fundação da Organização das Nações Unidas e os 10 anos da adoção do Acordo de Paris.

04:41A força do Acordo de Paris reside no respeito ao protagonismo de cada país

04:50em definição de suas próprias metas, à luz de suas capacidades nacionais.

04:58Passada uma década, ele se tornou o espelho das maiores qualidades e limitações da ação multilateral.

05:05Graças ao Acordo, nos afastamos dos prognósticos que anteviam o aumento de até 5 graus

05:13na temperatura média global até o final do século.

05:18Provamos que a mobilização coletiva gera resultados.

05:23Mas o regime climático não está imune à lógica da soma zero que tem prevalecido na ordem internacional.

05:30Em um cenário de insegurança e desconfiança mútua, interesses egoístas imediatos

05:38preponderam sobre o bem comum de longo prazo.

05:42Agora, o presidente Lula também protagoniza uma coisa do

05:49faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

05:53Porque é o seguinte, quando ele fala aí de interesses egoístas

05:57e a necessidade de dependermos menos de hidrocarbonetos, dos combustíveis fósseis,

06:05claro, uma pauta importantíssima quando a gente fala de combate ao aquecimento global,

06:10o Brasil está no meio de uma discussão de exploração de petróleo na região amazônica,

06:16justamente, então, pode ser interpretado por alguns como uma questão de um discurso controverso.

06:24Outra sigla que apareceu muito aqui ao longo do dia, TFFF,

06:30que, para as iniciais em inglês, significa algo do tipo

06:35o fundo perpétuo das florestas tropicais.

06:42Um desses três Fs da sigla é de forever, um fundo para sempre.

06:47Uma pauta muito ambiciosa, encabeçada pelo Brasil,

06:51que daria, se vier dar certo, vamos dar a presunção de esperança que vai dar certo,

06:59capitaliza, dá um capital político para o Brasil nesse século XXI, importantíssimo.

07:05Agora, colocando na prática, são 125 bilhões que devem entrar aí ao longo de décadas.

07:14O ministro Fernando Haddad falou, olha, estamos perto de 50% de uma primeira pernada.

07:22Agora, os outros 50%, a gente precisa ver quem que vai assinar esse cheque.

07:27O Lula também falou de 1 trilhão e 300 bilhões de dólares para fundos climáticos.

07:34A gente tem mais um trecho da fala do presidente Lula ao longo dessa quinta-feira,

07:39muito importante aqui na COP30.

07:40Para o Brasil, a COP30 será o ponto culminante de um caminho pavimentado

07:49ao longo de nossas presidências no G20 e dos BRICS.

07:53No G20, colocamos na mesma mesa os ministérios do meio ambiente e de finanças,

08:01das 20 economias que respondem por cerca de 80% das demissões globais.

08:06Nos BRICS, reafirmamos a centralidade do financiamento climático, da capacitação e da transferência

08:14de tecnologia.

08:16Essa cúpula de líderes é uma inovação que trazemos ao universo das COP.

08:23As convergências já são conhecidas.

08:26Nosso objetivo será enfrentar as divergências.

08:30Nós, líderes, podemos e devemos discutir tudo para além dos muros da convenção.

08:37As palavras ditas aqui serão bússola da jornada a ser percorrida por nossas delegações nas próximas semanas.

08:47A humanidade está ciente do impacto da mudança do clima há mais de 35 anos,

08:55desde a publicação do primeiro relatório do IPCC.

09:00Mas foram necessárias 28 conferências para que se reconhecesse, pela primeira vez em Dubai,

09:07a necessidade de ter afastado os combustíveis fósseis e de parar de reverter o desmatamento.

09:16Foi preciso um ano adicional para que se admitisse em Baku

09:21a perspectiva de ampliar o financiamento climático para 1 trilhão e 300 bilhões de dólares.

09:30Belém honrará os legados da COP 28 e 29.

09:36Acelerar a transição energética e proteger a natureza

09:39são duas maneiras mais efetivas de conter o aquecimento global.

09:44Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições,

09:50precisamos de mapas do caminho para planejar, de forma planejada e justa,

09:57reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis

10:01e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos.

10:05Marcelo Favalli, você que é os nossos olhos, os nossos ouvidos aí em Belém,

10:12agora que vimos os principais destaques do discurso do presidente Lula,

10:16na sua avaliação, qual é o saldo deste dia?

10:19É o presidente passando esse pires para recolher dinheiro para o TFFF?

10:24O que você traz como grande saldo e o que esperar para amanhã?

10:27Vou ser breve, mas é o seguinte, Gair, tem um pedido de uma ação prática.

10:37Outra frase simbólica aqui que foi falada na plenária é

10:41esperamos que a COP de Belém seja um marco, um divisor de águas

10:46e que as ações agora sejam colocadas em prática.

10:49Toda a COP termina com essa mesma esperança.

10:52Vamos ver se agora é colocado em prática.

10:54As outras também tiveram marcos importantes, mas muita coisa acabou ficando ao largo da história.

11:00Essa é uma visão prática.

11:02A visão um pouco mais profunda da geopolítica é um esforço do Brasil

11:08em estar num patamar muito importante do século XXI.

11:13Nós temos agora um argumento muito importante para entrarmos na mesa de decisão

11:22por parte de um protagonismo da preservação, do combate ao aquecimento global,

11:28da transição energética.

11:31Tem um famosíssimo economista, ex-presidente de um banco central,

11:36eu sempre parafraseio o Roberto Campos, que diz o seguinte,

11:41o Brasil não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade.

11:46Eu espero que desta vez ele esteja errado.

11:49Gair.

11:49Eu espero que esteja errado.

11:53Eu espero que esteja errado também.

11:55O Brasil não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade de perder uma oportunidade.

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