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Os Estados Unidos anunciaram uma operação militar na América Latina com foco em combater o narcotráfico.

No Visão Crítica, Marco Túlio Delglobbo, professor doutor pela Escola do Exército, analisa a escalada da tensão, que pode incluir uma intervenção na Venezuela. O especialista alerta para a gravidade do cenário, indicando que "algo grande está vindo por aí", em linha com a pressão do governo Trump na região.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA

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Transcrição
00:00Começando com o Marco Túlio Freitas, você que passou, e passou, quando eu falo passou,
00:06eu estudou, se dedicou à escola de comando Estado-Maior de Exército.
00:10Eu vou uma pergunta militar pra você.
00:13Pra você, um deslocamento no porta-aviões das proporções do Geraldo Forte.
00:17Há voos de drones que supostamente, há semanas, percorrem os céus da Venezuela.
00:24Há exercícios, tanto em Porto Rico, que a última colônia, não, a penúltima colônia da América Latina,
00:32que é Goiânia-Francês, é uma colônia, registra-se, em Porto Rico, que é um Estado associado independente,
00:37não é nem Estado norte-americano pleno, nem a colônia, porque não pode ser, né?
00:41E os exercícios em treino da Tobago, ali quase na costa, muito vizinho à Venezuela.
00:46Tudo isso, além das declarações do Departamento de Estado, do Marco Rubio,
00:52além do presente da República norte-americana e de autoridades militares,
00:55você acredita nessa possibilidade de uma intervenção norte-americana na Venezuela?
01:00Primeiro, é um grande prazer estar aqui, falando nesse assunto tão caro,
01:06tão importante para a América do Sul, por estimados professores.
01:12Eu acredito que ninguém, em sã consciência, iria deslocar tantos meios militares
01:20para apenas atirar em barcos que carregam ou transportam drogas.
01:28Ninguém.
01:30Hoje, os Estados Unidos da América, ele tem à sua disposição, no Mar do Caribe,
01:36todos os elementos que podem proporcionar uma campanha aérea contra a Venezuela.
01:44Estou falando isso só meios.
01:47Ele tem avião que evita sinalização eletrônica,
01:52ele tem avião furtivo de bombardeamento,
01:55ele tem opções diversas para fazer bombardeamento de precisão junto à Venezuela,
02:02uma precisão de HBT, que é o que a gente usa em guerra urbana.
02:10Então, o que eu posso te dizer, professor,
02:14é que ninguém faz isso,
02:18ninguém desloca 190 Tomahawks para dizer
02:21eu vou bombardear barquinhos carregando droga.
02:26Lembre-se, 190 Tomahawks foi nem próximo daquilo que os Estados Unidos
02:34utilizou na campanha aérea da Líbia toda.
02:39Ou seja, algo grande está vindo por aí.
02:44Danilo Porfirio, esse algo grande tem até nome a essa operação,
02:48Lança do Sul.
02:49Acabou de ir, pouco tempo atrás, ainda hoje, agora,
02:52há horas atrás, o governo norte-americano deu até o nome da operação.
02:57Lança no Sul.
02:58Alguém que não precisa ser nenhum gênio da raça, lança.
03:01É um instrumento, antigamente, no passado,
03:04muito usado, lembrar das falanges de Alexandre Magno,
03:07olha que isso faz tempo, né?
03:10E Sul pressupõe-se que é o Sul do Rio Grande,
03:13ou seja, especialmente a América do Sul.
03:16Isso não traz, Danilo, uma enorme preocupação,
03:20e aí eu vou olhar o lado do Brasil, né?
03:23Como é que fica o Brasil nessa história.
03:25Com essa cerca de, mais precisamente, 2.199 quilômetros de fronteira com a Venezuela.
03:32A Venezuela vive uma ditadura, evidentemente, todo mundo sabe, né?
03:36Mas já houve um deslocamento de milhões de venezuelanos para outros países,
03:41para o Brasil cerca de 500 mil, aproximadamente,
03:43mas muito mais para Colômbia, Estados Unidos,
03:45mesmo Chile, Argentina, etc., né?
03:49Para vários países do Peru, vários países da América do Sul.
03:52Eu pergunto a você, nesse caso, para nós, para o Brasil,
03:56e no momento que tem o tarifácio na história também, né?
03:58As negociações estão em desenvolvimento,
04:00e parece que andando razoavelmente bem,
04:03pelo que é conhecido, pelo que nós sabemos,
04:06inclusive um encontro recente do chanceler brasileiro com o Marco Rubio.
04:10Eu pergunto a você, quão preocupante isso é para o Brasil,
04:16tanto em termos de geopolíticos, de liderança do Brasil na região,
04:20e na questão econômica e na questão militar?
04:23Primeiramente, se nós observarmos, professor Vila,
04:27a preocupação, na perspectiva, né, professor Marco, militar,
04:33há uma preocupação das próprias Forças Armadas Brasileiras
04:36em relação a uma ocupação da Venezuela.
04:40Nós sabemos muito bem que os norte-americanos,
04:45como também parte dos europeus,
04:48têm uma certa preocupação, né,
04:52e uma certa, vamos dizer, atenção
04:55em relação à relação da Amazônia, né?
04:59Então, aos olhos dos militares brasileiros,
05:03observamos essa preocupação
05:05de ter uma segunda intenção,
05:09não só a questão da queda do governo Maduro,
05:12mas de termos uma presença na região amazônica
05:17que, aos olhos dos militares,
05:20é uma região estratégica,
05:23na perspectiva da biodiversidade
05:26e na perspectiva também de recursos minerais,
05:31entre eles, das o quê?
05:32Das supostas terras raras,
05:36sem contar que dentro da tradição política
05:40norte-americana,
05:42jacksoniana,
05:43o controle estratégico de fontes energéticas
05:47é uma prioridade.
05:49E nós sabemos muito bem
05:51que a região da Bacia Amazônica
05:52hoje é um potencial produtor de petróleo.
05:57Então, isso é o quê?
05:59Uma grande preocupação.
06:00O que eu quero enfatizar também,
06:02professor Vila,
06:03é que o senhor trouxe a questão
06:05da alegação do combate às drogas
06:10pelos norte-americanos.
06:12O que me parece é que
06:15isso é o fator justificador norte-americano
06:20de um retorno a uma presença efetiva
06:27norte-americana na região do Mar das Caraíbas,
06:32do Mar do Caribe.
06:34Ou seja, retornamos à velha tradição
06:37que o Trump já nos mostrava
06:40no dia da sua posse,
06:43quando ele homenageia o presidente McKinley.
06:48Retomar a influência norte-americana
06:50na região da América Central
06:52e, quiçá,
06:54de parte da América do Sul.
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