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O coronel da reserva do Exército Brasileiro, Marco Antonio de Freitas, analisa a Operação Lança do Sul, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para o coronel, a ação contra o narcotráfico é uma "tentativa de pressionar a Venezuela".

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Transcrição
00:00Vamos agora para o cenário internacional, porque os Estados Unidos anunciaram a operação Lança do Sul contra o narcotráfico.
00:07E pra gente falar um pouco mais sobre o assunto, a gente recebe agora Marco Antônio de Freitas Coutinho,
00:12coronel da Reserva do Exército Brasileiro.
00:14Coronel, bom dia, muito obrigado por atender a Jovem Pan.
00:19Muito bom dia, Nonato, muito bom dia, Beatriz Manfredini, os nossos demais integrantes da banca,
00:25e particularmente a nossa assistência aí do Jornal da Manhã, nesse feriado aí do dia da Proclamação da República,
00:32meus cumprimentos a todos.
00:34Estamos prontos aqui para a nossa conversa.
00:3715 de novembro. Agora, coronel Marco, por que a Venezuela é a bola da vez no que diz respeito aos Estados Unidos se preocuparem com o tráfico?
00:47E eu estou perguntando isso porque a gente tem outros países em que o tráfico também é presente,
00:52em que as drogas também são produzidas e às vezes até distribuídas, fica aí em poucos exemplos,
00:58México com fentanil, cocaína com Colômbia e Peru, por exemplo, só para ficar nesses dois produtos.
01:07E quando se fala, ah, mas o Maduro está lá num governo que não foi transparente, é uma ditadura,
01:13e efetivamente parece que é, mas os Estados Unidos também têm negócios com a ditadura da Arábia Saudita,
01:20então também não sei se isso justificaria. Por que é que a Venezuela é a bola da vez, coronel?
01:27Bom, muito boa a sua pergunta. A Venezuela entrou nesse mapa aí, que é uma promessa de campanha do Trump, né?
01:34Ele, só lembrando, ele já na sua campanha falava em classificar o tráfico de drogas como movimentos terroristas,
01:41e intensificar a campanha aí contra o tráfico de drogas na região do Caribe, né?
01:49Esse é o pano de fundo em termos de política externa, em termos de carne, eventos de campanha,
01:55vamos dizer, agendas de campanha do presidente Trump na sua política interna.
01:59Mas isso se revelou em termos geopolíticos, né?
02:03É justamente na tentativa de pressionar a Venezuela.
02:06A Venezuela é um país, assim, que já de há muito tempo, né?
02:10Não de agora, né?
02:11A gente, se a gente retornar aí a 2014, né?
02:15Se a gente lembrar, por exemplo, que ainda na gestão do Barack Obama, por exemplo,
02:19teve militares venezuelanos de alta patente,
02:21o general Hugo Carvajal, por exemplo, foram presos,
02:25acusados de envolvimento no tráfico de drogas, né?
02:27Então existe uma acusação dos Estados Unidos de que a Venezuela estaria envolvida nisso aí, né?
02:33Existiria, segundo os Estados Unidos, um suposto cartel de Los Soles,
02:37que seria chefiado por elementos aí de alto escalão do governo e dos militares venezuelanos.
02:45Esse é o pano de fundo principal para a Venezuela estar no centro dessa questão toda.
02:50Lógico, aí nós temos a questão das eleições venezuelanas, né?
02:53Que foram faldadas, isso já vem não só desse governo Trump,
02:56mas isso já vem mesmo de governos democratas, como citei, de Obama e de Biden.
03:01Então a Venezuela entrou nessa equação em função disso.
03:05Mas não é só a Venezuela, como você falou, né?
03:07E é justamente, ao anunciar essa operação Lança do Sul,
03:13ficou claro que o objetivo é um pouco mais amplo, né?
03:16Então nós temos ações na costa do Pacífico aí, na próxima, a Colômbia.
03:20Então a Colômbia também está nessa equação aí também, né?
03:24A gente tem visto troca de acusações entre Trump e o presidente colombiano, Gustavo Petro.
03:31Nós temos aqui também, assim, acusando o Gustavo Petro de não estar mais...
03:34Lembrando que a Colômbia já foi um país aliado na luta contra o narcotráfico
03:40por parte dos Estados Unidos, isso aí desde os anos 2000, né?
03:43Ainda na gestão de Bill Clinton, né?
03:46Ou seja, era o tal do plano Colômbia, né?
03:49Só lembrando aqui.
03:49Então essa coisa não começou hoje, né?
03:51Essa luta, vamos dizer assim, como narcotráfico nessa região não começou hoje.
03:55E tem as questões envolvendo o México, que você também citou.
03:58Então, assim, essa operação militar, pelo que foi divulgado ontem,
04:02pelo Pete Hegset e pela própria Marinha Americana,
04:05basicamente ela visa pressionar a Venezuela, que ela é considerada como um foco.
04:09O foco desse, que eles chamam de narcoterrorismo, né?
04:13E dá um recado de que a Venezuela pode ser alvo de ações militares futuras
04:18com essa força toda que está presente aí no Caribe
04:22e também no caso da Colômbia, no litoral do Pacífico aí.
04:26Coronel, bom dia. Obrigada por nos atender.
04:30Coronel, ontem Nicolás Maduro já fez um discurso, né?
04:34Televisionado, chamando de guerra, pedindo para os Estados Unidos pararem a guerra.
04:38Apesar disso, nenhum ataque foi feito, pelo menos até o momento.
04:41Qual que é o tamanho que o senhor enxerga que pode chegar a essa operação?
04:45Qual o potencial, né?
04:46Podemos ter um conflito desse tamanho para chamar de guerra?
04:50O que o senhor acredita?
04:52Eu creio que, por enquanto, não.
04:54Só para lembrar do passado, eu sempre gosto, nas minhas análises geopolíticas,
04:57lembrar um pouco da história para a gente entender o contexto, né?
05:00A última vez que os Estados Unidos fizeram uma operação desse tipo,
05:03e foi justamente para combater um país que estaria apoiando o narcotráfico,
05:09que é a mesma acusação que tem sido feita agora para a Venezuela,
05:11foi lembrando no Panamá da década de 90.
05:14Só que naquela época, os Estados Unidos mobilizaram mais de 20 mil soldados
05:18para um país pequenininho, que é o Panamá.
05:20Então, veja, a Venezuela é um país que tem um potencial militar muito maior,
05:24ela tem um potencial, em termos de provocar algum dano,
05:27essas forças que estão, navais, que estão desdobradas aí no litoral do Caribe,
05:33também é considerável, não pode ser descartada.
05:37Então, assim, em termos de tropa ali no terreno,
05:41ou seja, o chamado as botas no terreno, o boots on the ground,
05:45essa força não tem esse meio atualmente.
05:47Pode ser que os Estados Unidos mobilizem-nos no futuro.
05:49Como eu disse, o principal objetivo dos Estados Unidos
05:53é fazer uma contenção, fazer um bloqueio, vamos dizer assim, naval,
05:58nas costas, seja da Venezuela e também agora da Colômbia.
06:01Nós tivemos várias ações realizadas no Pacífico também,
06:07embarcações que estão transitando, levando drogas para a América Central.
06:12Vocês falaram aí a questão do fentanil, também transitam por essa área também,
06:17seja no Pacífico, seja no litoral do Caribe.
06:19Então, agora, a capacidade que essa força tem,
06:23que inclusive a Marinha Americana chamou de força híbrida,
06:26por que ela chamou de força híbrida?
06:28Porque eles estão testando aí diversos sistemas de armas não tripulados
06:32ou remotamente pilotados.
06:34Então, esse é um outro objetivo importante dessa operação,
06:37é testar esses meios.
06:39Então, eles têm meios, vamos dizer assim, para fazer o bloqueio.
06:42Eles têm meios importantes, por exemplo,
06:44como destroyers, como mísseis Tomahawk, por exemplo,
06:47que poderiam provocar grande dano à Venezuela
06:50sem precisar colocar as botas no terreno.
06:53Basicamente, é isso.
06:54Nós estamos conversando aqui no Jornal da Manhã
06:56com o Coronel Marco Antônio de Freitas,
06:58Coronel da Reserva do Exército,
07:00sobre a situação envolvendo essa pressão americana na América do Sul.
07:04Mônica Rosenberg também tem perguntas.
07:06Mônica.
07:07Coronel, bom dia.
07:08O senhor citou aí o caso do Panamá
07:11e nós vemos o Trump com uma demanda, uma vontade, um anseio
07:17de receber o Prêmio Nobel da Paz.
07:20Então, ele tem um discurso de que ele quer promover a paz no mundo,
07:24mas ele tem uma atitude muito beligerante desde o começo.
07:28Mesmo quando ele aumenta as tarifas,
07:30é como antigamente mandava as fragatas,
07:32o Trump aumenta tarifas para fazer pressão.
07:34E aí ele tem o Pete Hegseth, que é extremamente beligerante,
07:38que tem orgulho de colocar no Twitter dele
07:39ministro da guerra e o nome.
07:42Então, existe aí essa dicotomia
07:45entre um discurso de quem quer a paz
07:47e essas ações beligerantes
07:49que claramente estão escalando na Venezuela.
07:52Então, ele tem mandado tropas
07:53e mostrado que tem força.
07:56Mas a impressão que eu tenho
07:57é de que ele está fazendo mais isso
07:59para o público interno dele,
08:01para poder dizer para o americano,
08:02vejam bem, estou fazendo, estou tentando,
08:05não vou deixar o narcotráfico crescer,
08:08porque ele internamente está com problemas,
08:10o ICE sendo muito criticado,
08:12que ele estaria fazendo isso
08:13mais para apaziguar a vontade do americano
08:17de que haja o combate ao narcotráfico,
08:19porque foi promessa dele,
08:21e que, na verdade, ele não vai fazer guerra nenhuma,
08:23não é interesse dele,
08:24certamente não vai desembarcar na Venezuela,
08:27e que se fosse fazer alguma coisa,
08:29seria cirúrgico, como fizeram com Ortega,
08:31de ir lá e ver o Maduro cair de Maduro,
08:34porque aquele regime incomoda um pouco eles, né?
08:37É, bom dia, Mônica.
08:38Eu concordo com você.
08:40Esse é um aspecto central, né?
08:42Essa questão, vamos dizer assim,
08:44da agenda política interna do Trump,
08:47ela é central nessa questão dessa operação.
08:49Mas também eu gostaria de lembrar
08:51que existem alguns objetivos geopolíticos
08:53aí bastante importantes.
08:55Não sei se vocês se lembram
08:56de um dos pontos da agenda do Trump,
08:59da campanha,
08:59uma das primeiras medidas dele
09:01foi justamente pressionar o Panamá,
09:03porque, segundo ele,
09:05haveria investimentos chineses
09:06no canal do Panamá.
09:07Não sei se vocês estão lembrados disso.
09:09Então, assim,
09:09existem alguns objetivos geopolíticos
09:11importantes também
09:12da política externa norte-americana
09:15que estão sendo,
09:16só para destacar,
09:17estão sendo observados também aqui.
09:19Primeiro,
09:20a reafirmação da hegemonia
09:21dos Estados Unidos
09:22nessa área do globo,
09:24ou seja,
09:25seja nas Américas como um todo,
09:26mas, particularmente,
09:28nessa área do Caribe
09:29e do litoral do Pacífico
09:31lá do outro lado do continente.
09:35Então, esse é um aspecto importante.
09:36E por que isso?
09:38A gente sabe, por exemplo,
09:38que a Venezuela tem muitos investimentos
09:40militares da Rússia,
09:42a China tem investimentos econômicos
09:44em diversos países da região.
09:46Então, essa demonstração de poder
09:48nessa área
09:50é também um objetivo importante
09:52dentro desse contexto,
09:54pensando aí na geopolítica
09:55de um comum todo, né?
09:57Mas, assim,
09:58a gente vê o impacto disso
09:59agora, né?
10:00Nós tivemos a reunião da CELAC,
10:02que é a comunidade dos estados
10:03latino-americanos e do Caribe,
10:06que foi totalmente esvaziada, né?
10:07Essa reunião da CELAC
10:09serviria para dar um recado
10:11para os Estados Unidos
10:12se simplesmente esse recado
10:13não foi dado, né?
10:15Poucos chefes de Estado
10:16estiveram presentes, né?
10:18Eu citaria, talvez,
10:19além do Gustavo Preto,
10:21que é o próprio presidente da Colômbia,
10:22onde foi realizada a reunião,
10:23o presidente Lula
10:24esteve lá também,
10:25mas nem sequer
10:26o presidente venezuelano Maduro
10:28esteve lá presente,
10:29em que pese ter sido convidado.
10:30Ele mandou até uma carta
10:31lá para a CELAC,
10:33mas, assim,
10:34isso mostrou uma divisão, né?
10:35E mostrou que essa estratégia
10:37de redefinir alianças globais,
10:40de mostrar poder,
10:41está funcionando também.
10:42Eu citaria esses dois objetivos aí,
10:44tá, Mônica?
10:46Coronel Coutinho,
10:47Acácio Miranda,
10:48nosso comentarista,
10:49também vai fazer uma pergunta
10:50para o senhor.
10:50Acácio, por favor.
10:51Coronel, bom dia.
10:54Vou até pegar um gancho
10:55no finalzinho
10:56dessa sua resposta.
10:58E a perspectiva do Trump
11:00em relação à América do Sul.
11:02Já falamos sobre Venezuela,
11:05já falamos sobre Colômbia,
11:07ele também,
11:08nos últimos dias,
11:08fez uma manobra econômico,
11:11orçamentária,
11:13para que ele conseguisse fazer
11:14um aporte financeiro
11:16na Argentina.
11:17e nas últimas gestões
11:19nós não acompanhamos
11:20nada tão contundente
11:23em relação à América do Sul
11:25por parte dos norte-americanos.
11:27A geopolítica mudou
11:29com Donald Trump
11:30em relação à região?
11:32É uma região prioritária
11:35ou é a postura dele mesmo?
11:38E a gente vai ter que conviver
11:39com isso nos próximos anos.
11:40É, muito boa a sua pergunta,
11:43Acácio.
11:44Bom dia.
11:45Com certeza, sim.
11:47Se a gente analisar
11:48a política externa
11:49do governo Biden,
11:50ela foi totalmente...
11:51deixou a América do Sul,
11:53vamos contextualizar mais
11:55o nosso subcontinente,
11:57deixou a América do Sul
11:58totalmente fora do seu radar,
12:01vamos dizer assim.
12:01A gente sabe que o secretário
12:04de Estado, Marco Rubio,
12:06ele tem uma atenção especial
12:08até pela origem dele,
12:10para as questões
12:11não só da América do Sul,
12:15mas da América Latina
12:15como um todo.
12:16Ele tem uma influência grande
12:19nessa pauta
12:20do governo norte-americano.
12:22E aí, como você disse,
12:25fazendo um link
12:25com a minha resposta anterior,
12:27a gente sabe que
12:27em função desse vácuo
12:29deixado na época
12:30do governo Biden,
12:31países como a Rússia,
12:33que eu já citei aqui,
12:34e particularmente a China
12:35no campo econômico,
12:37ela entrou com muita força
12:39em vários países aqui.
12:40Então, assim,
12:40essa ideia de redefinir
12:42alianças regionais,
12:44mas sob a égide
12:46da hegemonia dos Estados Unidos
12:50passou a ser realmente
12:51um aspecto que foi retomado,
12:53que havia sido perdido.
12:54Eu diria que talvez
12:57fosse uma doutrina
12:58monro e 2.0.
13:00Está certo, Acácio?
13:01Coronel Marco Antônio
13:03de Freitas Coutinho,
13:05Coronel da Reserva
13:06do Exército Brasileiro,
13:07muito obrigado
13:08pela entrevista,
13:09pela sua análise aqui,
13:10para a gente entender melhor
13:11esse atual momento.
13:13Um bom fim de semana ao senhor.
13:14Um bom final de semana,
13:15Nonato,
13:16e um abraço
13:17a toda a nossa assistência
13:18e até a próxima.
13:19Obrigado.
13:19E aí,
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