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O Direto ao Ponto desta semana recebe Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco do Brics. Em entrevista a Evandro Cini, Troyjo faz uma análise aprofundada sobre a economia global, a hegemonia do dólar e os debates sobre uma moeda alternativa.

O economista afirma ser "muito pouco provável ter uma alternativa ao dólar no curto prazo", ressaltando a "posição muito dominante" da moeda e o peso da economia americana, que representa 25% do PIB mundial.

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Transcrição
00:00A minha pergunta vai da sua experiência à frente do Banco dos BRICS e da própria ideia que muitas vezes o presidente Lula traz
00:08em relação à desdolarização, uma moeda dos BRICS.
00:12E dentro disso eu queria saber, como alguém que vivenciou a experiência da coordenação de estar à frente desse setor,
00:19não só econômico, mas diplomático, o quão possível ou provável o senhor avalia que essa implementação,
00:26esse surgimento de uma moeda do Banco dos BRICS?
00:30Veja, Jess, foi em 1870, eu estou todo histórico, foi em 1870.
00:37Mas é bom que você constrói o fio, a gente vai ocupando esse espaço, ocupando e de repente entrega com um laço feito ali.
00:44Mas veja, foi na década de 70 do século XIX, 1870, que houve uma ultrapassagem importante do ponto de vista da economia internacional,
00:54que é quando os Estados Unidos ultrapassam a Inglaterra na condição de maior economia do mundo.
01:00Quando isso acontece, entre esse momento e o momento em que o dólar passa a se tornar o padrão monetário dominante,
01:08para transações globais, vão aí décadas, décadas e décadas.
01:12Então há um momento, que é um momento em que o país deixa de ser a maior economia do mundo,
01:16e um momento em que aquela moeda, ou aquele padrão, deixa de ser a principal referência.
01:21Eu acho que é muito pouco provável, ao contrário daquilo que às vezes se argumenta,
01:28que nós consigamos ver uma alternativa ao dólar no curto prazo.
01:34Porque para isso acontecer, primeiro você deveria ter uma espécie de rechaço, uma ojeriza,
01:42em relação ao dólar norte-americano.
01:44Quando você olha para reservas de bancos centrais de diferentes países do mundo,
01:48quando você olha na letra contratual, em que moeda se faz referência para a consolidação dessa ou daquela atividade,
01:56quando você utiliza referência também, por exemplo, para a valoração dos ativos,
02:01o dólar ainda tem uma posição muito dominante.
02:04Você pode dizer o seguinte,
02:05mas tem o enfraquecimento da economia americana.
02:10Você sabe, mais uma vez, falando em 1870,
02:13esses dias eu estava ouvindo uma conversa do Stephen Kotkin,
02:16que é um professor da Universidade de Stanford.
02:18E ele está dizendo que desde esse momento, de 1870 até hoje,
02:23faça chuva, faça sol, com tarifas, sem tarifas, guerras externas ou não,
02:27os Estados Unidos têm 25% da economia mundial.
02:31Hoje o mundo tem 125 trilhões de dólares de PIB nominal,
02:37PIB americano deve ser 31 trilhões, quer dizer, mais ou menos um quarto.
02:42Você tem 8 bilhões de pessoas no planeta,
02:44350 milhões de americanos,
02:45350 milhões de americanos têm um em cada 4 dólares.
02:50Então, em economia tem uma outra coisa interessante,
02:51que é o seguinte, você não substitui algo por nada.
02:55Você tem que substituir algo por alguma outra coisa, né?
02:58Então, que outra coisa seria essa?
03:01Seriam os criptoativos, as criptomoedas?
03:03Eu vejo aí um espaço crescente para as criptos,
03:08mas as criptos são algo que os bancos centrais não controlam, né?
03:11Então, eu acho um pouco mais difícil.
03:13Você vai ter algumas coisas aí que vão ocorrer em cripto,
03:15mas para o cripto substituir de forma tão dominante o hegemônico dólar,
03:20eu acho que é uma coisa que não vai acontecer.
03:21Qual que é a segunda maior economia do mundo?
03:23É a China, 19 trilhões de dólares de PIB nominal.
03:27Alguém, sinceramente, acha que o renminbi, a moeda chinesa, vai substituir o dólar?
03:34Eu acho que não.
03:35Acho até que não é do interesse nem dos próprios chineses, né?
03:38Uma parte importante da ascensão da China no século XXI
03:41se dá por meio da acumulação dramática de transações internacionais
03:46em que os chineses são superavitários em dólar.
03:48Embora eles tenham vendido muito dólar,
03:50o dólar hoje representa uma fatia menor das suas reservas internacionais,
03:54eu acho que eles próprios ainda não tenham essa ambição.
03:59Conta capital fechada também, né?
04:00Conta capital fechada, torna tudo isso mais difícil.
04:04Hoje a China é a principal potência comerciante do mundo, né?
04:06Quer dizer, se você somar exportações e importações da China,
04:09ela é a principal nação comerciante.
04:12Agora, vamos supor, se é uma empresa brasileira,
04:14você vai vender para os chineses,
04:15você quer receber em dólar ou você quer receber em renminbi?
04:18Se você tem insumos a comprar que vêm da China,
04:22às vezes até você topa essa situação,
04:24pedindo um desconto, né?
04:26Ou alargando, ou diminuindo ou alargando prazos.
04:29Mas o fato é que quando você recebe em moeda chinesa,
04:33quase que vira uma compra casada, né?
04:35Quer dizer, você comprou a cerveja do cara,
04:37só que você tem que comprar o guaraná dele também.
04:38Então, é uma situação parecida com essa.
04:42Eu acho que a preferência é pelo dólar.
04:44E para você ter uma moeda dos países emergentes, né?
04:48Eu acho que você precisaria ter um projeto avançado
04:51que envolvesse pelo menos as duas maiores economias emergentes do mundo.
04:55A China e a Índia.
04:58Vocês sabem para que horas está marcada a reunião entre o presidente do Banco Central Chinês,
05:01do Banco Central Indiano, para tratar desse assunto?
05:04Sabe quantas vezes já houve conversas sobre esse assunto?
05:07É algo que me parece que é algo que faz muito mais,
05:12encontra muito mais espaço no campo da retórica.
05:16Muito mais barulho.
05:17Ou na mesa de bar, do que alguma coisa de realidade.
05:20Vamos lá, Luciano.
05:22E na sua visão, Truil, seria até de interesse do Brasil, por exemplo,
05:26ter esse comércio em moedas locais?
05:28Porque, como você falou, o dólar é a moeda de preferência.
05:31E quando não é o dólar, talvez o ouro está crescendo aí
05:33nas reservas do Banco Central.
05:35Agora, o Lula esteve na Indonésia ali e falou sobre comércio em moeda local.
05:41Mas quem que vai querer receber em moeda da Indonésia, como você mesmo comentou?
05:45Será que a gente não está indo numa agenda que talvez não interessa tanto ao Brasil,
05:49mas interessa mais geopoliticamente à própria China, por exemplo?
05:54Mas veja, Luciano, nós já podemos fazer comércio em qualquer moeda que a gente quiser.
05:59Se uma empresa brasileira quiser fazer negócios com os indianos e recebem rupias, tudo bem.
06:04Com os sul-africanos receber em handi, tudo bem.
06:09Você pode até receber em moedas de colecionador, que nem existe mais, né?
06:12Por exemplo, o Dakima grego, por exemplo.
06:14Você pode receber na moeda que você quiser.
06:16Você pode fazer escambo, né?
06:18Agora, imaginar que essa situação será o resultado de um grande pacto internacional
06:23que destrona o dólar em nome de alguma coisa que não existe, não vai acontecer.
06:27Então, mais uma vez, por isso que eu acho que talvez faça sentido,
06:30do ponto de vista político-eleitoral, ou você querer atender um ou outro interesse
06:34do seu espectro ideológico, falar nessa coisa do enfraquecimento do dólar.
06:38Mas não me parece um projeto prático.
06:40E nem o ouro, na sua visão, pode pegar esse papel?
06:43Não, eu acho, eu acho.
06:45Tem muita gente comprando ouro.
06:47Tem muita gente comprando ouro.
06:48Não vejo uma espécie de volta para o passado do ouro como padrão dominante.
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