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No Check Up desta semana, o Dr. Cláudio Lottenberg recebe o neurologista Alexandre Kaup para uma conversa sobre saúde mental. O programa aborda como fatores externos podem impactar negativamente o bem-estar mental e destaca a importância do apoio da família e dos amigos para superar esses momentos.
Apresentador: Cláudio Lottenberg
Entrevistado: Alexandre Kaup

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Transcrição
00:00E dentro do contexto da família?
00:03Nós sabemos, quer dizer, o paciente está com você numa consulta,
00:07ou está com um psiquiatra, ou está medicado,
00:09mas o convívio se dá junto à família.
00:12E você mesmo falou que as relações interpessoais têm um papel muito importante.
00:17Eu diria até mais, quer dizer, a própria amizade genuína tem um papel importante.
00:21Como lidar no preparo da família para que ela ajude no suporte aos quadros da doença mental?
00:28Isto é um fato já verificado e confirmado.
00:33A solidão ou a pessoa sozinha vai ter um desfecho pior de saúde.
00:39Então, existe um estudo bastante interessante de sobrevida após acidente vascular cerebral na Finlândia.
00:45A Finlândia tem um modelo de acesso à saúde que é universal,
00:48e as pessoas vão todas para o mesmo hospital e recebem o mesmo protocolo de atendimento.
00:54Mas aqueles que moravam só, e não porque tinham uma incapacidade grave,
00:58os que moravam só e não tinham família, tem um desfecho muito diferente daqueles que têm um suporte familiar.
01:04A gente sabe que a presença da família no tratamento da questão mental aumenta o engajamento,
01:10aumenta o sucesso no tratamento, diminui o risco, por exemplo, em depressões graves de suicídio.
01:17Mas, isto tudo precisa vir de uma base de educação.
01:22Porque, às vezes, o preconceito está dentro deste núcleo familiar que deveria ajudar o que está sofrendo depressão,
01:29e a depressão é tida como um evento menor ou uma fraqueza.
01:33Então, precisa haver uma educação de um modo geral para que as pessoas entendam que esta é uma condição tratável.
01:40Então, assim, pode haver a predisposição, pode haver o evento, mas isso é tratável e é possível se reverter.
01:48Falemos um pouquinho da genética.
01:50Genética depressão, genética ansiedade.
01:54De fato, é tão premonerante ou, nesse caso, o meio ambiente e as relações são mais fortes para o desenvolvimento?
02:01É uma combinação, né?
02:03Então, se sabe que, dos estudos populacionais, o risco de depressão de uma criança ou um adolescente que tem pais deprimidos,
02:13ele vai de 30% a 40% maior do que quem não tem depressão na família.
02:17A ansiedade está em torno de 30%.
02:19Agora, veja que interessante, o mesmo se aplica para o abuso de substâncias.
02:23Tanto que, há alguns anos atrás, uma voz corrente dentro da psiquiatria dizia que o alcoolismo é um equivalente depressivo no homem,
02:32porque, socialmente, não era aceito o homem deprimir e era mais fácil, e ele tinha acesso ao álcool.
02:38E a mulher, ela podia deprimir porque essa era uma doença de mulher.
02:42A gente sabe que não é assim.
02:43É mais prevalente na mulher?
02:46É.
02:47Mas não é exclusivo e nem excludente.
02:50Então, a genética, ela cumpre um papel, mas existem gatilhos que podem ligar e desligar essa genética.
02:58O ambiente familiar é um deles.
03:00As experiências que nós temos de vida com a construção de uma autoestima adequada,
03:05o ambiente social em que a gente vive, tudo isso funciona como um facilitador,
03:11ou para a proteção ou para o risco, né?
03:12Você falava e viu a minha cabeça algo relacionado às redes sociais,
03:17que é uma quantidade de informação praticamente permanente e dentro de uma diversidade enorme.
03:26De fato, é um fator que pode ser um gatilho?
03:29É um fator que pode ser um gatilho por vários motivos.
03:33Um deles é porque ela acaba substituindo as relações pessoais.
03:38Então, existe uma avaliação recente de um estudioso americano, do comportamento,
03:48em que ele estava mostrando por que hoje as pessoas não seguiam mais pelas marcas,
03:53mas eles seguiam pelos influenciadores.
03:57E tem aqui uma coisa bastante interessante.
03:59As pessoas que passam muito tempo na rede social e deixam de ter relacionamentos pessoais,
04:04elas passam a se sentir íntimas do influenciador.
04:07Quando você cresceu com seus amigos e as pessoas com quem você convive mais,
04:12você sabe o que ele gosta, você sabe o que ele não gosta,
04:16você sabe como irritá-lo ou tirá-lo do sério, às vezes numa brincadeira,
04:20você tem as experiências que você viveu.
04:23Isso constitui e caracteriza conhecer e ter um amigo.
04:26As pessoas que não têm mais relacionamento hoje,
04:29seguem pessoas que acabam se super expondo nas redes sociais
04:34e se tornam o amigo que ele não tem.
04:36Então, tudo que aquela pessoa sugere, ele vai atrás e ele segue.
04:43Acontece que isso não é um relacionamento verdadeiro, né?
04:46Isso é um relacionamento hipotético, imaginário.
04:49É um amigo imaginário, mas que está ali do outro lado da tela.
04:53Esse é um ponto.
04:54O segundo ponto é que existe um componente de diminuição e empobrecimento da linguagem.
05:00Isso já está sendo visto.
05:01Então, a linguagem está se empobrecendo desde o aumento e a expansão do uso das redes sociais, por exemplo.
05:08E ela é um componente bastante interessante.
05:11Existe um estudo publicado agora recentemente pela Northwestern University,
05:16por um pesquisador de memória que se chama Marcel Mezzolan.
05:19Ele é um indivíduo que estuda a doença de Alzheimer há muito tempo.
05:23E ele acompanhou indivíduos que estavam muito bem de memória até os 80 anos
05:28e que começaram a ter dificuldades de memória aos 80 anos.
05:32O que eles notaram no cérebro desses indivíduos quando eles morreram?
05:36E esse cérebro foi para estudo.
05:37Que esses indivíduos tinham uma característica de neurônios e de redes
05:42que facilitavam eles a serem pessoas de boa comunicação.
05:48Não era a área da memória que era especialmente privilegiada,
05:52mas eles eram indivíduos que tinham a estrutura da comunicação privilegiada.
05:57Ou seja, relacionamento interpessoal leva a gente mais para frente por mais tempo.
06:03É uma grande prevenção para a doença mental.
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