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No Jovem Pan Saúde desta semana, o apresentador Marcelo Mattos recebe a psiquiatra e diretora médica do Instituto de Psiquiatria Paulista (IPP), Vanessa Greghi, e o geriatra e clínico geral, Paulo Camiz, para uma conversa sobre o uso de calmantes e seus vícios em idosos.

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00:00Jovem Pan Saúde. Olá, prazer
00:08tê-los conosco aqui na Jovem Pan
00:09no Jovem Pan Saúde. Hoje nós
00:12vamos tratar de um tema de
00:13enorme relevância pra saúde da
00:15população idosa. Uso cada vez
00:18mais frequente do clonazepam, um
00:21calmante que deveria ser de uso
00:22pontual e se transformou em um
00:25hábito diário. O consumo
00:27desenfreado do medicamento,
00:29especialmente entre idosos,
00:32acendeu um alerta entre
00:33psiquiatras e também especialistas.
00:37Estima-se que ao menos dois
00:38milhões de pessoas acima de
00:42sessenta anos façam o uso do
00:45ansiolítico eh por um período aí
00:47eh muito prolongado. Muito
00:50chego inclusive nos consultórios
00:52fazendo uso crônico do medicamento
00:55há anos. Nem sequer se lembram
00:58quando começaram a usar o remédio. E
01:01pra nos ajudar a entender todo
01:02esse cenário, estamos recebendo
01:04aqui no estúdio o doutor Paulo
01:06Camis, que é clínico geral,
01:08geriatra da USP e também do
01:10Hospital Sírio Libanês e a
01:12doutora Vanessa Gregui, que é
01:14psiquiatra e diretora médica do
01:16Instituto de Psiquiatria Paulista.
01:19Prazer tê-los conosco. É um
01:21privilégio recebê-los aqui,
01:22portanto, na Jovem Pan. Vamos
01:24começar então pra poder explicar
01:26eh esse uso pro público que é o
01:29clonazepam e ele trata
01:31originalmente também porque ele
01:33acaba sendo tão prescrito
01:35especialmente entre pessoas idosos.
01:39Começo então com a doutora. Seja
01:40bem-vinda. Obrigada pelo convite.
01:43Então, o clonazepam é o nome
01:45genérico do medicamento muito
01:48famoso, é Rivotril, né? Que é
01:51muito usado aqui no Brasil. Ele é
01:55um medicamento bem antigo, né?
01:57Então, por isso que a gente vê
01:59muitas pessoas idosas tomando,
02:01porque existiu um período em que
02:04não tinham muitas opções de
02:06tratamento pra insônia. Hoje a
02:07gente tem medicamentos mais
02:08modernos, mais seguros, né?
02:10Então, é comum a gente pegar
02:11pessoas tomando há 30, 40 anos
02:13pra insônia, pra ansiedade,
02:16porque eles eram mais prescritos
02:18no passado, inclusive pela falta
02:20de opção. E o que faz com que o
02:22medicamento que é pensado aí pra
02:24um uso pontual, acabe se tornando
02:26de fato parte da rotina dos
02:29pacientes, doutora? Então, é que
02:31o problema é que uma questão é
02:34a indicação do clonazepam, do
02:37Rivotril. Aí tem outra questão que
02:39é o transtorno de dependência.
02:41Então, assim como o álcool, não é
02:43todo mundo que vai ter acesso ao
02:46clonazepam que vai se tornar
02:47dependente, né? Então, assim como o
02:50álcool, a maioria das pessoas
02:51consegue fazer um uso pontual, o
02:53Rivotril, também a grande maioria
02:56dos pacientes consegue seguir a
02:58prescrição médica. Que qual é?
02:59Geralmente, a gente usa hoje pra um
03:02uso, se necessário, pontual, pra dar
03:05uma baixada na ansiedade de forma
03:07imediata, né? A questão é que até
03:11por multi fatores, né? Mas tem
03:15pessoas que tem uma tendência a ter
03:17uma dependência. Então, eles acabam
03:19não usando, de acordo com a
03:20prescrição médica, e acaba indo
03:23pra um uso abusivo, porque é uma
03:24medicação que dá tolerância. Então,
03:26o que que é tolerância? É precisar de
03:28uma dose cada vez maior pra ter o
03:31efeito. Doutor Paulo Camisa está
03:32conosco também. Doutor Paulo, queria
03:34que o senhor falasse, então, aí,
03:36essa tendência, infelizmente, aí, que
03:38é preocupante, de fato, imagino.
03:41Perfeito, né? E quando você tem algum
03:44efeito colateral ruim, pode ter
03:49certeza que ele vai aflorar na
03:51geriatria, tá? Então, a gente tá aqui
03:53falando de um uso de dois milhões de
03:56idosos no Brasil, sendo que a
03:58população idosa no Brasil é de uns
04:0030, 33 milhões, que eu lembro da
04:02última estatística, em 2023. Isso aí
04:04dá quase 10% da população, e eu tô
04:07falando só de um remédio dessa
04:09classe, que é o clonazepam. Aí, nessa
04:12estatística, não entraram outros da
04:14mesma classe, tá? Por que que ele
04:16traz problemas? A minha colega aqui,
04:20brilhantemente, tocou no fator do
04:22álcool. Esse remédio, ele age no
04:25cérebro, no mesmo receptor onde age o
04:29álcool. Pra vocês terem uma ideia, a
04:32gente trata a abstinência alcoólica
04:34usando essa classe de remédios. A
04:37pessoa começa a sentir falta do álcool
04:39que ele tá dependente, você dá um
04:42clonazepam, por exemplo, e a pessoa se
04:45acalma. Por quê? Porque você vai estar
04:46preenchendo o espaço do álcool no
04:48cérebro. E aí, você pode fazer o mesmo
04:51raciocínio de como é que ele age. O
04:54álcool te acalma? Acalma. Só que ele
04:56também te deprime, a depender da dose,
05:00tá? Às vezes, isso é bem-vindo e, às
05:03vezes, é péssimo. Você imagina você
05:06deixar um idoso que tem um risco de
05:08cair e, por conta desse risco de cair,
05:11ele tem um risco aumentado de morrer e
05:14você vai deixar ele bêbado. Por quê?
05:18Por diversos motivos. O principal motivo
05:23que, em geral, desencadeia o uso é
05:25insônia. Só que o que as pessoas
05:28esquecem é que, como tudo em
05:30medicina, você não tem que tratar o
05:34sintoma. Sempre que você puder ir mais
05:36na causa do problema, e no caso o
05:40problema insônia tem causas mais
05:43frequentes, né? Melhor. O clonazepam ou os
05:48remédios dessa classe, eles induzem o
05:51sono? Induzem. Diretamente e também por
05:55deixarem a pessoa mais calma. Então, eu
05:58tô falando de um tratamento pra
06:00ansiedade. Se você trata ansiedade, a
06:03pessoa não vai ter mais insônia. Quem
06:06nunca sentiu isso? Vai ter uma reunião
06:08importante no dia seguinte, um trabalho,
06:10uma prova, vira na cama de um lado pro
06:13outro, fica uma tempestade nas ideias e
06:14não pega no sono. E aí é uma delícia,
06:16né? Porque inventaram esse remédio. Toma
06:20lá, apagou o incêndio. Se for pra usar
06:23pontualmente, não tem problema. O problema
06:27é que a pessoa adora. E aí vai tirar. E aí
06:31vira uma dependência. E aí ela deixa de
06:34usar pra apagar incêndio e acaba usando
06:37erroneamente pra prevenir incêndio. E aí
06:41você tem medicamentos com menos efeitos
06:44nocivos do que esse. Então, como tudo em
06:49medicina, você tem que saber usar. Você tem
06:51que saber fazer bom uso. Não vou desmerecer
06:54o remédio. Ele ajuda. Tem indicações
06:57precisas e melhora bem. Eu usei
07:02recentemente um sedativo pra fazer um
07:04exame de endoscopia. Uma delícia, né? Nem
07:07lembra o que aconteceu lá. Mas você vê,
07:09naquele momento foi perfeito. Mas e pro
07:11idoso? Você vai trazer um problema de
07:13memória em alguém que já tem algum
07:16outro eventualmente? Que é um outro
07:17efeito colateral? Então, são coisas que
07:20a gente tem que refletir, tá? É aquela
07:22questão da dose, do veneno e o remédio, né?
07:25Ele dá uma sensação de bem-estar
07:27imediata, né? Acho que tudo da
07:28dependência dá uma sensação boa,
07:31imediata, né? A questão é qual é o custo
07:33disso ao longo prazo. E o problema é que
07:36hoje, na psiquiatria, assim como o
07:39doutor Paulo falou, a gente tem
07:41medicamentos muito melhores, que são
07:43tarja vermelha, justamente porque não
07:45tem esse risco de dar tolerância, de dar
07:47dependência. Mas o que acontece? Eles não
07:50dão esse efeito imediato, igual dá o
07:53clonazepam. Então, a pessoa tem que
07:55aguardar, ah, olha, vai demorar uns 15
07:56dias pra fazer efeito. E a pessoa que já
07:59tá dependente do clonazepam não tem
08:01paciência. Fala, não, esse aqui não tá
08:03fazendo efeito igual. É o clonazepam que
08:05resolve, é o clonazepam que me faz
08:07bem, né? Então, tem todo esse
08:09essa necessidade de convencimento, de
08:13conscientização do paciente e sempre um
08:16desmame lento. É muito, isso também
08:19queria, né? Acho que é importante falar,
08:21né, doutor Paulo? Perfeito. Que é muito
08:23arriscado também a gente suspender de
08:27uma vez, né? Então, eu percebo assim, que
08:28às vezes eu recebo pacientes que vem de
08:30colegas, de alguns colegas, não sei se
08:32são inexperientes, que acontece, que é
08:34por demonizar a substância, orientar
08:37não, suspende imediato. Isso é
08:39extremamente perigoso, né? Porque pode
08:41gerar uma síndrome de abstinência,
08:44pode gerar até crises convulsivas, né?
08:47Então, tem que ser sempre um desmame
08:49com orientação. E mesmo o paciente, às
08:51vezes a gente orienta, fala, ó, você vai
08:52desmamar, eu vou começar a reduzir o
08:55clonazepam e introduzir esse outro.
08:57Aí o paciente fala, ah, não, eu quero
08:59ser o paciente exímio. Ah, eu já
09:03suspendi de uma vez, né? Aí passa mal.
09:06Aí passa mal, fala, não, ó, o outro
09:07medicamento que você me deu, ele fez
09:11mal. Mas não é que ele fez mal, foi a
09:13suspensão do clonazepam brusca que fez
09:15ele passar mal, não o medicamento novo,
09:18né? Então, é sempre com orientação
09:20médica, tudo dentro de um planejamento
09:22terapêutico que sempre tem que ser
09:24individualizado pra cada caso.
09:26E o risco, doutor Paulo, em relação a
09:29esse uso contínuo, prolongado, as
09:31pessoas hoje também, os idosos,
09:32felizmente, estão vivendo mais, quer
09:34dizer, isso pode acarretar também um
09:36problema sério, reduzir a expectativa
09:39de vida, inclusive?
09:40Perfeito, né? Então, mais uma vez, a
09:43gente foca, a pergunta é direcionada
09:45pros efeitos colaterais do remédio, né?
09:47Os efeitos benéficos, né? A insônia,
09:50te acalmar, todo mundo quer. Mas e o preço
09:53que se paga por isso, tá? Então, não
09:57tem um efeito só no cérebro, pras
10:00pessoas terem uma ideia. Tem um efeito
10:02também na musculatura, tem um efeito
10:04que é relaxante muscular. Fala, mas isso
10:07não é bom? Se você tá com uma dor
10:09muscular, às vezes até te relaxa e alivia.
10:11Só que, você imagina o seguinte, um
10:15idoso, que às vezes tem uma falta de
10:18músculo, quantidade, tô falando, e você
10:22interfere na qualidade do músculo. Uma
10:26das causas de tontura em idoso é
10:29falta de músculo, tanto qualidade como
10:31quantidade. E esse comprimidinho, ou
10:34essas gotinhas que você der pra ele, pode
10:36ser a diferença entre ele parar em pé ou
10:39não. Ele fica lá como se fosse pisando
10:42em ovos, muitas vezes. Por quê? Ah, porque
10:44você deu umas gotinhas pra ele dormir.
10:45Esse é um dos efeitos colaterais
10:49possíveis. Depois, ele afeta a memória
10:52diretamente, por prejudicar a qualidade
10:58do sono e também por deixar a pessoa
11:00mais dopada. Pensa no álcool. É o mesmo
11:03efeito, né? Minha colega falou, ah, vai
11:05ter abstinência. A pessoa que para de beber
11:07abruptamente também entra em abstinência.
11:09Então, pensa no álcool, tá? E ele afeta, te
11:13deixando molenga, aquele efeito relaxante
11:15muscular, ele, às vezes a pessoa tem aquela
11:18doença que é muito prevalente, chama apneia
11:20obstrutiva do sono. Então, pensa também, a
11:23pessoa que dorme sem beber álcool e
11:27bebendo álcool. Bebendo álcool, ela ronca e
11:30quando ela não bebe álcool, ela não ronca.
11:32É a mesma coisa pra esse remédio. E aí, você
11:35vai induzir ela uma doença por conta
11:37disso, né? E isso afeta a atenção no dia
11:41seguinte, a memória, a consolidação das
11:45informações que você teve naquele dia.
11:47Então, se a pessoa tá com um Alzheimer
11:50iminente, aquele Alzheimer pode aflorar,
11:53por exemplo.
11:54E eu fico imaginando, doutor, que hoje as
11:56pessoas dirigem até mais tempo, né?
11:58Quer dizer, pode afetar, inclusive, o
12:00deslocamento, não ela andando na
12:02calçada, se utilizando do transporte
12:04público, mas também dirigindo pra lá e pra cá?
12:06Lógico. Você faz o teste do bafômetro, mas
12:10você não faz o teste do clonazetômetro.
12:12Olha lá, podia ter também, né? O raciocínio é
12:15parecido, tá? E a gente fala, eu sou
12:19geriatra, mas eu também sou clínico
12:20geral. O uso entre jovens também é muito
12:25intenso, tá? A pessoa pensa que nos idosos
12:31acaba vendo mais os efeitos colaterais, mas
12:34nos jovens é uma epidemia também. Acabou
12:37de sair daquela reunião lá, aí eu vou
12:39tomar o meu aqui, vou tomar o outro aqui
12:40pra dormir, senão eu vou ficar com aquela
12:42tempestade mental. E aí eles rebatem com
12:44um psicoestimulante, né? Exatamente. Então
12:46tá todo mundo lá na corda bamba, né? E a
12:50gente tem que repensar uma série de
12:51coisas e principalmente o que que
12:54ocasionou isso. Não tô falando pra
12:56ninguém ficar vivendo, meditando no
12:59Himalaia lá, porque às vezes o pessoal vai
13:01ficar estressado só de ficar lá, né? Que é um
13:03pouquinho de desafio. E conseguir chegar, né?
13:05Exatamente. Mas o nosso estilo de vida
13:08tem que ser repensado, porque é isso que
13:11ocasiona esses distúrbios do emocional. É
13:13muito fácil alguém descompensar hoje em
13:16dia. Muito fácil. É, o senhor tá chamando
13:18atenção aí, né doutora, também pra essa
13:20questão dos jovens. Inclusive, se a gente
13:22pegar o celular aqui, vai ter uma figurinha
13:24com rivotril, tem aquela que ele tá subindo
13:26na escadinha e vai mergulhar no rivotril, ou
13:29então ele tá com a boca aberta e vai
13:30caindo rivotril. Então, é a prova que o doutor
13:33falou que isso também tá sendo utilizado de
13:35uma maneira, acredito que possa, a gente
13:37pode classificar de indevida por jovens
13:39também. Aquilo que o doutor falou, olha,
13:41qualquer, a vida a gente sabe que não é
13:43fácil, né? Né? Então, se a gente vai
13:45também, a cada momento, ó, vou precisar
13:47daqui, vou precisar disso, vou precisar
13:48daquilo, passa a ser parte integrante da
13:50rotina desde jovem ainda. Sim, e o que
13:52acontece é que tem recebido jovens que
13:54estão nesse uso abusivo de clonazepam ou de
13:58algum outro benzo diazepínico da mesma
14:00classe e eles vêm, não com essa, não
14:03achando que isso é um problema, eles vêm
14:05com a seguinte queixa, ah, eu acho que eu
14:06tenho déficit de atenção. É, porque o clonazepam
14:09prejudica a memória, prejudica a
14:11concentração, prejudica a cognição, né?
14:14Aí, eles vêm buscando um outro tratamento
14:17pra déficit de atenção que, de repente, o
14:19benzo diazepínico que tá causando, né?
14:22Exatamente. Doutora, continuando com a
14:24senhora, então, aqui a gente tem uma
14:25pergunta agora, a população idosa e
14:27também seus cuidadores, também que
14:29tem orientações, evidentemente, o que
14:31que a senhora daria, justamente, a
14:33essa recomendação pra quem tem aí
14:36também um cuidador, a gente sabe que
14:37também é uma atividade que tem
14:39crescido, tem crescido bastante e que
14:41bom, né? Pra que as pessoas possam
14:43hoje, nessa vida, em geral, as pessoas
14:45precisam trabalhar, os idosos precisam
14:48ficar com os cuidadores e esse trabalho
14:49é extremamente importante e vai crescendo.
14:51Então, também, faz parte do cuidador
14:54auxiliar nessa dosagem, nessa
14:56em tirar, realmente, seguir aquilo que o
14:58médico prescreve. É, acho que os que
15:00tem o privilégio de ter um cuidador
15:02fica mais tranquilo, eu até
15:04costumo fazer contato direto, ficar em
15:07contato direto com os cuidadores, né?
15:09E o cuidador tem que seguir a risca
15:12prescrição, né? Mas é importante que os
15:14cuidadores estejam presentes na consulta,
15:17né? Porque daí eles vão ouvir essas
15:18nossas explicações, tudo, né? Aí vai
15:20evitar alguma interpretação errada de
15:24ah, não, vou dar mais um, hoje ele tá
15:25mais agitado, vou dar mais um, olha, já
15:27tomou três e num, né? Então, é, quando
15:32eles comparecem na consulta, acho que
15:33eles também escutam a explicação e
15:36eles ficam mais conscientes, né? E se
15:38puder, contato direto com o médico, no
15:41caso de precisar de ajuste, pra gente
15:43ajustar, de repente, uma outra classe de
15:45medicação, entender as interações, né?
15:48Geriatra, acho que lida muito com isso
15:51também, das interações, né? Porque tem
15:52isso também, né? O clonazepam junto com
15:54outros medicamentos sedativos, né? Vai
15:57potencializar e aumenta ainda mais o
16:00risco de queda, o risco de confusão
16:02mental. É aquilo que a senhora falou, né?
16:04Quer dizer, a gente sabe que a gente vive
16:06num país muito desigual, é um privilégio
16:09você poder contar com o cuidador. Então,
16:12essa é uma realidade, infelizmente, né?
16:15Que não tá presente no dia a dia dos
16:18brasileiros, né? E como é que o senhor
16:20avalia também, doutor, se existem
16:22algumas alternativas, inclusive, aí pra
16:25ansiedade, insônia? A doutora já falou
16:28que o senhor também falou um pouco sobre
16:29isso. Há medicação mais moderna, que
16:32tem menos efeitos colaterais, essa
16:35dependência também? Sem dúvida, né?
16:37Então, primeira coisa, ele tá usando
16:41por quê esse remédio? Ele tá usando por
16:43insônia? Legal. E o que que tá
16:46ocasionando essa insônia? É a
16:49ansiedade? Frequentemente sim, tá?
16:53Porque a pessoa que é ansiosa, ela tem
16:55dificuldade pra iniciar o sono. Ela fica
16:58virando na cama e não pega no sono. A
17:00pessoa que é depressiva, ela tem dificuldade
17:02pra manter o sono. Ela pega no sono, mas
17:05ela tem um despertar precoce. Então, você
17:08tem medicamentos pra ansiedade que não
17:14tem esses efeitos colaterais dessa
17:16classe de remédios. Só que eles levam
17:20umas duas, três semanas pra fazer um
17:21efeito. O ansioso ali é imediatista, ele
17:24quer tudo pra ontem. Então, às vezes, você
17:28pode usar uma estratégia e falar, enquanto
17:30outro remédio que é pra prevenir as
17:33crises, que é pra prevenir a sua insônia
17:35não fazer efeito, não fizer efeito, né?
17:38Você pode tomar esse remédio, mas ele tem
17:42dia e hora pra acabar. Tem que deixar
17:46isso claro. Uma coisa importante, ninguém
17:48compra esse remédio na farmácia sem
17:50receita. Receita física, tá? Não é receita
17:54online. Receita física, talãozinho azul.
17:58Toda vez que alguém adquiriu esse remédio,
18:01teve algum médico por trás, por
18:02prescrevendo. E aí, eu gostaria de
18:06convidar os meus colegas médicos a
18:08pensar no porquê que eles estão
18:10prescrevendo isso. Ou porquê que, às
18:13vezes, eles estão só refazendo receita.
18:18Porque, às vezes, ah, fez pra um amigo,
18:19fez, ah, tudo bem, já faço. Pode dar
18:22problema. Ainda mais se, por exemplo, né, ele
18:26age no mesmo receptor do álcool, como eu
18:27falei. A pessoa bebe álcool e ainda toma
18:30o remédio em cima. É como se tivesse uma
18:31super dosagem.
18:34Exatamente. Então, assim, procurar o máximo
18:37possível tratar a causa do problema.
18:41E com remédios que não vão ter tantos
18:44efeitos colaterais que nem esse. E,
18:46principalmente, no longo prazo. Você tem
18:49estratégias pra tirar o remédio? Tem.
18:51Por exemplo, é converter ele pra gotas.
18:56Dá o remédio em gotas. Aí, você trata
18:59a causa com outro remédio e vai tirando
19:03uma gota por semana. Uma gota por mês.
19:08Vai com toda a calma do universo pra
19:10pessoa não ter aquela abstinência.
19:12Tem estratégias. Ah, mas eu não consegui
19:15abaixar de cinco gotas. Tá bom, mas você
19:18tava com vinte. Se ficar em cinco, já foi um
19:20ganho bem grande. Já foi o suficiente,
19:24por exemplo, pra, às vezes, você não
19:26desenvolver Alzheimer. Pra, às vezes, você
19:29não ter uma apnéia do sono. Pra você
19:30não roncar. Você reduziu de vinte pra
19:33cinco gotas. E aí, você pode ir mais
19:35devagar ainda. Tira uma gota por ano.
19:38Quem sabe? Você tem estratégias pra isso.
19:42Só que você tem que tá o tempo inteiro
19:43atento. E você tem que tá próximo do
19:46paciente. E não é todo mundo, em termos
19:50nem todos os meus colegas médicos
19:51conseguem ter essa proximidade. E nem
19:53todos os pacientes querem ter essa
19:55proximidade também. Às vezes, fogem do
19:57médico. Só querem que ele refaça a
19:59receita. Né? As pessoas me falam, mas
20:02terapia ajuda? Né? Fazer uma, ir no
20:06psicólogo, psicóloga? Claro que ajuda.
20:08Só que é algo no médio e longo prazo.
20:12Não é que você vai, no psicólogo vai
20:14bater um papo e em uma sessão você cura a
20:16sua ansiedade. Não é assim. Você tem que
20:18entender o que ocasionou isso aí e vai
20:21te trazer coisas da infância. Né? E às
20:24vezes, você tem que mexer num vespeiro
20:26chamado estilo de vida. Como é que você vai
20:29fazer isso? E é um confronto, né,
20:32doutor? Com a própria vida. Ah, mas o meu
20:34trabalho é estressante. Ah, então vai lá e
20:36pede demissão. Como é que o médico vai
20:38recomendar isso pra pessoa? É. Você sai de
20:41casa todo dia hoje sendo xingado, uma
20:45buzina aqui, um negócio ali, né? Tudo
20:47pra ontem, uma quantidade de
20:48informações que ninguém consegue
20:50assimilar. Então é muito fácil alguém
20:52descompensar. Porque o ser humano não
20:55foi preparado pra viver o que a gente
20:57tá vivendo hoje. Sem dúvida. Então você
21:00tem que se preparar pro nosso estilo de
21:02vida também. Falar com a doutora agora,
21:05então, os profissionais de saúde, o doutor
21:07tá falando um pouco sobre isso, né? Práticas
21:09que a senhora recomenda, então, pra
21:11garantir essa prescrição consciente
21:14também, um acompanhamento mais próximo.
21:16A gente sabe também que, é claro, é
21:18aquilo que o doutor falou, né? O paciente
21:19vai lá. Se ele também não... Ah, ele não
21:21me agradou. Aqui eu não vou mudar de
21:22médico. Eu queria tomar e ele não vai
21:25lá. Então também tem isso, doutora?
21:26Tem. Tem pacientes dependentes que
21:29inclusive passam com vários médicos,
21:31pegam uma receita com cada um, né?
21:33Pra fazer o uso abusivo. Então você
21:34prescreveu... Ah, eu vou prescrever um por
21:37dia e vou te dar 60 comprimidos. Aí, só
21:41que ele quer tomar o triplo. Então ele
21:43passa com outros médicos e recolhe as
21:46receitas. Além de, né? Teoricamente é
21:49bem controlado, né? Tem que ser bem
21:50controlado, mas a gente sabe que os
21:52pacientes conseguem comprar no mercado
21:54negro, né? Infelizmente, né? Agora,
21:57doutor, uma questão hoje também, a
21:59gente, o senhor tava falando assim, as
22:01pessoas em geral, elas acabam sendo
22:03encaixadas sempre numa caixa. Olha,
22:05aquele lá tem TDAH, esse tem
22:07ansiedade, esse tem... Parece que as
22:11pessoas hoje, né? Bastou ter um
22:13comportamento um pouco diferente, já
22:15tem que ser encaixado, tem alguma
22:17coisa, tem algum problema. O senhor
22:19acha que também essa sociedade que a
22:20gente vive hoje, a pessoa vai na
22:22escola, a gente também tá voltando a
22:24falar aqui das desigualdades sociais,
22:26escola particular em geral, olha, chama
22:29o aluno lá, chama a criança, o pai,
22:31olha, ele precisa passar pra uma aula de
22:33canto, pra psiquiatra, pra psicólogo,
22:36essa tentativa também de sempre
22:38colocar, classificar as pessoas,
22:40principalmente os jovens, isso também
22:41é prejudicial?
22:43Essa pergunta sua, Marcelo, acho que é
22:45uma das bases da medicina, né?
22:50Em que momento que você vai chamar um
22:52problema de doença?
22:56Em que momento?
22:58Né? Porque às vezes você vê a pessoa
22:59triste porque teve um falecimento na
23:01família, você vai falar que ela tá
23:03deprimida?
23:05Não, ela é normal.
23:07Né? Você vê alguém que tá preocupado
23:09por uma situação que era totalmente
23:11aceitável, não, ele é ansioso.
23:14Ah, peraí.
23:16Né? Em que momento você vai falar que
23:19aquilo é uma doença ou não?
23:23Vou tentar simplificar para os nossos
23:26espectadores, né?
23:28Passa a ser uma doença quando a pessoa
23:31tem um impacto importante no dia
23:35dela.
23:36Eu vou dar um exemplo, tentar deixar
23:39claro.
23:40Eu tenho um paciente que ele tem um
23:42toque, olha só, né?
23:45Uma mania, uma necessidade de fazer um
23:48comportamento.
23:50Qual que é o comportamento dele?
23:51Ele mora numa casa e toda vez que ele
23:54entra em casa, ele tem que checar a caixa
23:56de correio.
23:58Ele não consegue entrar na casa dele sem
24:00checar a caixa de correio.
24:02Se ele entrar na casa dele 20 vezes, ele vai
24:04checar a caixa de correio 20 vezes.
24:07Aí eu perguntei para ele, né?
24:09A caixa de correio é acessível?
24:11É, é logo do lado da entrada.
24:14Você se molha quando tá chovendo para
24:16checar a caixa?
24:17Não, tranquilo, põe a mão lá.
24:19Então, continua checando a caixa de
24:23correio.
24:25Agora, o mesmo paciente, se ele mudasse
24:27de casa e a caixa de correio fosse
24:30longe, ele se molhasse e fosse obrigado
24:35quando tá chovendo, eu tenho que checar
24:37a caixa de...
24:38O mesmo problema, no mesmo paciente, pode
24:43se tornar uma doença ou não por conta
24:45de uma mudança no ambiente.
24:46Então, tudo depende do quanto que aquilo
24:51impacta na vida da pessoa.
24:55E mais uma coisa, se ela consegue lidar
24:58bem com aquilo ou não.
25:01E se, às vezes, a pessoa consegue lidar
25:03com aquilo sozinha.
25:04Não precisa de um suporte medicamentoso.
25:08Então, não é uma resposta simples para
25:12sua pergunta.
25:12Eu não sei se o meu exemplo deixou um
25:17pouquinho mais claro para quem tá nos
25:18assistindo, mas eu acho que é isso que a gente
25:21tem que responder.
25:22O quanto de impacto que aquilo tá tendo
25:25pro paciente e o quanto que ele consegue
25:30ou não lidar com isso sozinho ou não.
25:33São as duas perguntas que a gente tem que
25:34responder antes de falar que aquilo é uma
25:36doença ou não.
25:38Eu acho que pra ser uma doença tem que gerar
25:40um sofrimento, né?
25:41Tem que ter um prejuízo.
25:43Mas, hoje, as pessoas buscam o diagnóstico
25:46sem ter esse prejuízo.
25:47As pessoas buscam se enquadrar.
25:49É, se encaixar, né?
25:50Se encaixar.
25:51Agora, doutora Vanessa, vamos deixar, então,
25:52aqui uma mensagem, né?
25:54Para os idosos, familiares, e também, se a
25:56senhora quiser falar também dos jovens, que
25:57também há uma epidemia.
25:59Uma mensagem, vamos tentar fazer uma
26:00mensagem positiva, então, pra lidar com
26:03uma situação que, é claro, a gente sabe que é
26:04muito delicada, evidentemente.
26:06É, eu diria, ó, para os idosos, cuidadores,
26:10familiares de idosos que usam clonazepam ou
26:15alguma medicação desse grupo há muitos
26:17anos, calma, não suspenda de uma vez,
26:22busque, marque uma consulta com geriatra,
26:24com psiquiatra, com neurologista, busque um
26:28projeto terapêutico, converse com o seu
26:31médico sobre um projeto que seja, é,
26:35seguro a curto e ao longo prazo, né?
26:38Suspender de uma vez também não é a
26:41solução e por conta, né?
26:43Sempre com supervisão, conversar, fazer
26:46uma programação para cada caso, né?
26:49Igual o doutor Paulo falou, é, redução bem
26:51lenta e buscando, assim, uma melhor
26:55qualidade de vida, mais longevidade, mais
26:59funcionalidade.
27:00Doutor, nosso tempo está se encerrando, mas
27:01também quero que o senhor deixe a mensagem
27:03do senhor, por favor.
27:04Eu, como geriatra, e acho que meus
27:06colegas geriatras como um todo, o que a
27:08gente mais gosta mesmo é de tirar
27:10remédio, nem sempre a gente consegue, né?
27:13E frequentemente os idosos usam a
27:14bela de uma farmácia, então tudo que eu
27:16puder limpar daquela prescrição, ótimo,
27:20mas não faça sem acompanhamento médico,
27:23mas eu acho que essa tem que ser a busca
27:24dos médicos e pacientes, né? O necessário.
27:30Eu sou a favor da boa indicação de cada
27:32tratamento.
27:34Nós agradecemos, então, a presença aqui,
27:37claro que um tema extremamente importante,
27:39o doutor Paulo Camis, que é clínico geral,
27:41geriatra, professor de clínica geral do
27:43Hospital das Clínicas aqui de São Paulo,
27:45também a doutora Vanessa Greg, psiquiatra e
27:48diretora médica do Instituto de
27:50Psiquiatria Paulista.
27:51Muito obrigado pela presença de vocês
27:54aqui, fica o convite para novas
27:56oportunidades e que a gente possa, claro,
27:58discutir esse tema, já que no dia a dia,
28:00como vocês colocaram, mexe com muitos,
28:03milhões e milhões de pessoas. Muito
28:05obrigado. Obrigada, Marcelo. Obrigado,
28:06Marcelo. Obrigada, Marcelo. Valeu. E eu faço
28:09convite agora também para que você
28:10permaneça conosco na programação da
28:13Jovem Pan e, é claro, as novas edições
28:15do Jovem Pan Saúde. Muito obrigado, até
28:17mais.
28:21Jovem Pan Saúde. A opinião dos nossos
28:26comentaristas não reflete necessariamente
28:29a opinião do Grupo Jovem Pan de
28:31Comunicação.
28:36Realização Jovem Pan.
28:38Jovem Pan Saúde. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. Ainda. A
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