Pular para o playerIr para o conteúdo principal
A Jovem Pan vai deixar você ligado na tomada - com o podcast mais eletrizante do mercado - para um debate com os maiores craques da indústria automotiva, executivos e pilotos.

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#LigadosNaTomada

Categoria

🚗
Motor
Transcrição
00:00Hoje nós vamos deixar você ligados na tomada com Francisco de Assis Lely.
00:14Ele só tem 64 anos de jornalismo, mais 62 de indústria automotiva e conhecido no meio como o grande Chico Lely.
00:24Chico, super obrigado por ter você aqui com a gente na Jovem Pan, nos estúdios do Ligados na Tomada, meu amigo.
00:30Eu que agradeço o convite, estou aqui para contar algumas histórias.
00:35Algumas boas histórias que eu e Tite Simões, que estávamos ali nos bastidores, já escutamos muitas.
00:41O Dereck também, que é nosso diretor.
00:43Eu vou começar, como diz o outro, pelo começo.
00:47Você ficou 18 anos à frente da assessoria de imprensa da GM, mais uns dois na Ford.
00:52Mas muitas dessas histórias eu sempre escutava, achando que eram folclóricas.
00:58Então eu vou pedir para você, primeiro, pensar aquele seu grande lançamento.
01:03Qual foi o lançamento que mais chamou a atenção e que mais teve relevância no teu trabalho, Chico?
01:08Eu acho que foi o Corsa, em 96, em Barcelona.
01:14Foi um lançamento realmente muito especial, assim, todo cheio de...
01:19A gente trazia um carro moderno para o segmento dele, que ninguém...
01:27A gente tinha carros, tinha Chevette, tinha outros carros da concorrência,
01:31Mas eram carros que não tinham o apelo de modernidade que o Corsa trouxe.
01:40Tanto que o vice-presidente da GM teve que ir para a televisão e pedir,
01:44olha, não paguem ágil pelo carro.
01:47Esperem porque a gente está aumentando a produção.
01:49Porque por um lapso de alguém dentro da Geneló Motos,
01:54eles não esperavam que a coisa crescesse do jeito que cresceu.
01:58E a venda explodiu, todo mundo queria o Corsa, todo mundo queria o Corsa.
02:03É isso.
02:03Que legal. E agora, dentro dessas histórias, Chico,
02:06sabe que eu discutei algumas do nosso querido amigo Marco Zamponi,
02:10que teve com a gente até alguns anos atrás, agora já está no andar de cima,
02:14o querido Zampa.
02:15E você me contou uma dele com outro jornalista em Mônaco.
02:21Conta essa história para a gente.
02:22Como foi essa história do Zampa e de um piloto
02:25que foi confundido com o ator de cinema?
02:29O Gordo era uma figura...
02:31Eu lamento...
02:32Todo mundo merecia ter um Zampa na vida.
02:34Todo mundo.
02:35Todas as pessoas tinham que ter.
02:38Infelizmente, para essas outras pessoas,
02:40nós tivemos a felicidade de conviver com o Zampa.
02:45Ele morava em Londres.
02:47Duro, duro.
02:48Não tinha dinheiro para nada.
02:49Mas conseguiu uma carona para ir a Mônaco e assistir o Grande Prêmio.
02:53Chegou em Mônaco, encontrou com um jornalista.
02:56Ele estava lá chorando as misérias dele,
02:59que não tinha dinheiro nem para comer, não sei o quê.
03:02E o sujeito, muito assim, falou para ele,
03:05ó, eu te pago 100 dólares se você levar e carregar essa mala para mim.
03:10O Zampa falou, Chico Lelis,
03:12eu não sabia se eu mandava ou para.
03:16Mas 100 dólares eu dava para comer uma semana ou até mais em Londres.
03:20Então, eu resolvi aceitar.
03:22Aí o Zampa me contando.
03:24Aí ele falou, olha lá, olha lá o Gran Rio, o Gran Rio ali.
03:31Aí, onde?
03:32Com aquelas moças ali, ali.
03:34Eu falei, ó, não, aquele...
03:37Ele falou, vamos lá, você não quer?
03:38Se não me dá a mala, não tem 100 dólares.
03:40Aí o Zampa falou, foi atrás.
03:43Aí chegou lá, ele se apresentou como jornalista brasileiro.
03:46Isso em Mônaco, né?
03:47Isso em Mônaco, em Mônaco.
03:49E aí, eu sou jornalista brasileiro, vim aqui,
03:51você, sua carreira, começou a falar, a perguntar.
03:55As moças riam.
03:57O Gran Rio, o Gran Rio.
03:59Suposto Gran Rio.
04:00O Gran Rio também.
04:02Aí, tal, não sei o quê.
04:04E ele respondia tudo, tudo.
04:06Sabia tudo da vida, da carreira e tal, do suposto Gran Rio.
04:11Aí, quando acabou, o Zampa falou pra ele assim,
04:14ô, meu, isso aí não é o Gran Rio, não.
04:17Quem que é esse?
04:18É o David Niven.
04:20Olha que incrível.
04:20Era um ator que, se vocês procurarem no sistema, na internet e tal,
04:26vocês vão ver que eles são muito...
04:27Até o bigodinho aparecia.
04:28Era calvo?
04:30Bigodinho?
04:30Não, não era calvo, não.
04:32Ele tinha cabelo, o cabelo até é preto e tal.
04:34Bigodinho, mas muito parecido.
04:36Eu até escrevi uma coluna sobre isso, mostrando.
04:40E aí, foi isso.
04:42Porque aí ele descobriu-se, depois o Zampa me contando,
04:46que o Gran Rio e eles eram amicíssimos.
04:49Tinham nascido na mesma cidade, na Inglaterra.
04:51Eram amigos.
04:52E o Gran Rio, o David Niven, ia assistir todas as corridas.
04:56Que ele podia assistir.
04:57Era apaixonado por Fórmula 1.
04:58Ele era apaixonado por Fórmula 1 e era amigo de um dos pilotos.
05:00Então, tudo que ele respondeu, estava exatamente certo.
05:04Só que não era ele.
05:05Ele estava interpretando o papel do Gran Rio.
05:08Chico, dentre as histórias que a gente sempre escuta,
05:11eu comecei a cobrir automóvel em 2003,
05:14justamente no lançamento da Ford,
05:16que foi o EcoSport e da GM.
05:18O primeiro evento meu foi a despedida do Pinheiro Neto.
05:21Eu acho que foi no Clube Ciro Libanês.
05:23E uma das histórias que eu escutei até de Hélio Perini,
05:26falando da história do Seco,
05:27o Seco, como um grande assessor de imprensa da marca,
05:31era de um jornalista,
05:33na época que foi lançado o Landau.
05:34O Landau era como se fosse o nosso Mercedes.
05:37Era o carro mais caro, o LTD, né?
05:39Era o carro, acho que, mais caro que tinha no nosso mercado.
05:43E ele pegava o carro, não devolvia, não devolvia, não devolvia.
05:46E um dia, um executivo da Ford estava num casamento
05:51e viu esse carro sendo utilizado para casamento.
05:54Ou seja, não devolvia o carro,
05:55porque ele utilizava o carro para alugar aos sábados para casamento.
06:01Mas você também, na GM, teve problema com o carro
06:04que você teve que mandar resgatá-lo.
06:06Como que foi isso?
06:08É, foi a minha primeira missão dentro da General Motors.
06:10Você tinha acabado de entrar na GM, né?
06:12E aí o diretor, o Gilberto Barros, falou para mim,
06:14Chico, você tem que ir até tal lugar para resolver esse problema.
06:20Esse cara está com o carro há quase um ano e não devolve.
06:23A gente fala, ele diz que é amanhã, não sei,
06:24tudo é amanhã, mas não devolve.
06:28Falei, tá bom, e aí?
06:29Ele falou assim, faça o que for preciso fazer.
06:32Então eu avisei o escritório regional lá da cidade onde ele trabalhava.
06:37Falei para eles, ó, escolhe um cara aí,
06:40vê aí que eu vou mandar roubar esse carro.
06:44Vou mandar a chave.
06:46O resgate.
06:47E nós realmente roubamos o carro.
06:51E foi toda documentação,
06:53uma carta do delegado de São Caetano,
06:56dizendo que aquele carro estava sendo transportado com autorização,
06:59não sei o que lá, não citando que ele...
07:03Porque senão a gente tinha que retirar judicialmente.
07:06Mas aí veio, no dia seguinte ele me liga,
07:09ô, Chico Lélez, por favor, como é que...
07:13O carro foi roubado.
07:14Eu falei, nossa, foi roubado, é?
07:16Tá bom.
07:17E aí, quer que eu faça o BO?
07:19Falei, não, pode deixar.
07:20Eu peço para o escritório regional aí resolver esse problema e tal.
07:23O carro já estava na garagem em São Caetano.
07:26Viajou quatro horas, cinco horas de viagem.
07:29É isso.
07:30Cara, pouca gente acredita no que eu vou falar.
07:32E eu confirmo isso com os jornalistas dessa época.
07:37E todos eles atestam para mim como verdade.
07:39Tinha jornalista que era tão mal acostumado pela marca, pela montadora,
07:44que a montadora nem contestava e fingia que não ligava,
07:49porque às vezes era importante a mídia desse cara.
07:51Que pegava um carro na montadora, um carro zero quilômetro.
07:55Normalmente a gente pega esse carro zero quilômetro.
07:56e ele tinha um similar, ele trocava todos os pneus do carro.
08:01O dele estava com o pneu careca e ele trocava os pneus com...
08:05Ou seja, trocava os pneus que vinham da fábrica, né?
08:07Um pneu zero e devolvia esse carro.
08:10Mas não era só pneu que acontecia isso, né, Chico?
08:13Teve até rádio, bateria, banco.
08:18Você consegue imaginar isso, cara?
08:20O cara fazer um remote no carro.
08:22Ele pegar esse carro e devolver.
08:24Mas Chico Leles não era tão bonzinho também quando era jovem em Santos,
08:29a mesma cidade que a minha.
08:31A gente sempre ouviu falar a história do Piquet.
08:34Eu não lembro se foi Kombi ou Fusca que ele roubou em Brasília
08:36para passear com os amigos.
08:38De que sacanagem, né?
08:40E Chico Leles também roubou um veículo em Santos aos seus 16, 17 anos.
08:45Que veículo foi esse, Chico?
08:47A gente saiu de um baile no Clube Regata Santista,
08:50aqueles bailes de formatura.
08:52Paramos assim e tinha um bonde.
08:56Era o 42 que fazia essa curva ali na ponta da praia.
08:59Na ponta da praia.
09:00E aí eu entrei e olhei e a chave do bonde era uma coisa mais ou menos assim, ó.
09:10Tinha um cabinho aqui e você fazia, ligava e desligava.
09:13Eu olhei e falei assim, não, só olha a chave do bonde.
09:17Tá lá.
09:18Tá lá.
09:19Porque o motorneiro, o motorneiro que é o motorista...
09:23Era o piloto.
09:24O piloto do bonde, ele...
09:26Essa chave tinha sido uma chave geral, né?
09:28Era uma chave...
09:29Pra ligar a eletricidade do bicho.
09:31É, pra...
09:32Ligava.
09:32E aí, eles estavam lá sentados, os motorneiros e os cobradores sentados lá no bonde.
09:40Aí, nossa senhora, aquilo veio...
09:43Alguém fechou a porta, nós pegamos o carro, ligamos e saímos andando com o bonde.
09:48Imagina isso.
09:49Roubamos um bonde.
09:50E aí, e aí, estavam andando, cada um pegava um pouco, né?
09:55Porque era o bonde, o bonde era uma manivela, que vocês talvez não conheçam, manivela de
10:01oito pontos.
10:02Velocidade de um, dois, três, quatro...
10:03Hoje os carros têm seis marchas e o bonde tinha oito.
10:08E aí era o...
10:09Chamava de ponto.
10:11Oito pontos e a velocidade maior.
10:13E cada um queria dirigir um pouco.
10:16O freio era...
10:17Sensacional.
10:18O bonde era um bonde camarão.
10:20E aí, de repente, nós olhamos, vinha um fusquinha, aqueles fusquinhas antigamente
10:27da polícia.
10:28Chamava de baratinha, né?
10:29As baratinhas da polícia.
10:30As baratinhas da polícia com um...
10:32Não era nem um...
10:34Não era aquela coisa que girava, era uma luz vermelha só.
10:41Aí falei, olha, vamos descer, para, vamos descer, todo mundo devagar, ninguém corre.
10:46Sai dois para lá, dois para lá, devagar, ninguém corre.
10:48Porque se correr, eles vão achar que tem alguma coisa errada.
10:51E não tem nada de errado aqui.
10:53Nós só...
10:53Isso foi ali perto, você me falou, da Igreja do Imbaré.
10:55Igreja do Imbaré.
10:56Então, andaram mais ou menos uns três quilômetros, do canal 7 até o canal 5, mais ou menos,
11:00canal 4.
11:01Canal 4.
11:02Foi...
11:03E foi assim.
11:03Aí a gente saiu e pum.
11:05E aí...
11:05Mas antes de eu contar essa história, eu perguntei para um amigo meu, advogado, se eu poderia
11:10ser punido por essas coisas.
11:12Ele falou, não, Chico, já venceu, ninguém mais vai lembrar disso.
11:15Já caducou esse seu crime.
11:17Então, a gente pode contar essa história à vontade aqui, que ninguém vai atrás.
11:21A empresa de bondes elétricos de Santos, que eu não lembro se era CMTC...
11:27É SMTC.
11:29SMTC já não vai acionar aqui Chico Lelis.
11:31Tem até uma...
11:33São Paulo era CMTC.
11:34É CMTC São Paulo, é.
11:36Em Santos era SMTC.
11:37Tem uma história que eu não sei se eu posso contar aqui.
11:40Posso contar sem falar o palavrão?
11:41Pode.
11:42Quando o Santos ganhou...
11:45Quando o Santos perdeu a taça dos invictos lá, não sei se era taça dos invictos, sei
11:51que era uma coisa assim.
11:52Então, dizem, diz a lenda que o Corinthians mandou um delegrama para o Santos dizendo
11:57assim, Santos, mande a taça assinada o Corinthians.
12:01E o Santos respondeu, Corinthians, meta a taça.
12:06Boa.
12:07O Nilson César deve conhecer essa história aí.
12:09Estamos falando de futebol, estamos falando de Nilson César.
12:12Chico, cara, estamos falando aí em 60 anos, pelo menos 60 anos que você cobriu a indústria
12:17automotiva.
12:18Qual a maior mudança que você viu ao longo desses 60 anos?
12:21Porque a gente estava conversando, uma época que tinha a Fiat, aliás, Fiat até veio depois,
12:26mas Volkswagen, GM, Ford e depois a Fiat.
12:32E hoje muitos players no mercado, muitas marcas, mas também uma nova revolução industrial.
12:38Na tua leitura, qual foi a grande revolução ao longo desses 60 anos?
12:45Quer dizer, é uma coisa assim, muito difícil de dizer, porque o relacionamento da empresa
12:53com a imprensa, de um modo geral, ela perdeu aquele, vamos dizer, o encantamento.
13:01A poesia.
13:02A poesia.
13:03As pessoas eram, as pessoas se davam o luxo de, por exemplo, falar uma coisa que era,
13:11daqui a um mês vai acontecer isso, isso e isso.
13:14E ninguém, ninguém saía que nem um louco publicando.
13:18Eu, por exemplo, entrei no, quando eu trabalhava no Globo, nosso cursal do Globo de São Paulo,
13:23o presidente da Ford, agora eu vou lembrar o nome dele, mas se eu lembrar eu conto até o fim,
13:30eu talvez lembre.
13:31O Garrett.
13:33O Garrett falou, posso confiar em você?
13:36Eu fui lá fazer uma entrevista com ele, não sei para quê.
13:38Ele falou, no quê?
13:39Ele falou, não, eu vou te mostrar uma coisa, posso confiar em você?
13:43Ele falou, pode.
13:44Você não vai falar nada?
13:45Não.
13:45Então, ele me mostrou o Corsal, o Escorte, me levou num lugar, um coisa fechada lá que tinha,
13:58e que estava lá o Escorte.
14:00Um mock-up ou o carro mesmo?
14:01Não, era o carro mesmo.
14:02O carro mesmo.
14:03Eu entrei no carro, sentei lá atrás e falei, mas aqui é muito apertado.
14:07Eu falei, é, eu sei que é muito apertado, mas é o carro que é para atender esse mercado e tal,
14:13não sei o que, não sei o que lá.
14:14Então, isso existia.
14:16Isso hoje parece não existir mais.
14:19É uma coisa assim que foram se afastando e entraram novos meios de informação.
14:29E esses novos meios de informação exigem imediatismo.
14:33Isso eu acho que é uma coisa muito desagradável para ambos os lados.
14:40porque tem uma coisa assim que é muito curioso, é que quando você vai, quando uma pessoa vai comprar um carro,
14:49ele ouviu alguém na internet falar, esse carro não sei o que, não sei o que lá.
14:53Mas ele não vai comprar o carro se ele não for no Jornal do Carro, se ele não ouviu o Boris Feldman, se ele não ouviu...
15:01Ele ainda tem essas referências.
15:02Ele ainda precisa dessa referência.
15:04Uma quatro rodas, uma auto esporte.
15:06Isso, uma auto esporte, para poder acreditar naquilo que ele ouviu de alguém.
15:12Porque ele não sabe.
15:13Então, essas coisas ainda existem.
15:17Existem em todo, inclusive no Brasil inteiro.
15:20Tem jornalistas localizados, eu citei um, o Boris Feldman,
15:23mas tem jornalistas do Brasil inteiro que são conhecidos, que sabem que essa pessoa é séria,
15:30que sabe, conhece automóvel.
15:32Porque muita gente que fala de automóvel um dia não entende nada de automóvel.
15:35Sim, e tem uns que realmente viram referência.
15:38Você citou uma coisa da mídia, né?
15:42Eu lembro que uma referência para mim era procurar naquela semana na banca
15:47a capa da auto esporte ou a capa da quatro rodas.
15:52E aquele carro certamente ia virar tendência, ia vender muito, ou seja,
15:57ele era o carro do mês ou o carro do grande lançamento do ano
16:01e muito disputado pelas assessorias de imprensa.
16:04Como vocês trabalhavam isso dentro da montadora, Chico?
16:08Porque eu lembro que existia uma cobrança muito grande também,
16:11ou do presidente, ou do head de comunicação, ou da pessoa de marketing,
16:15para garantir, ou seja, para conquistar uma capa, ou na auto esporte ou na quatro rodas.
16:23Era uma coisa muito... era simples, porque eram quatro fábricas.
16:26Fiat, Ford, GM e Volkswagen.
16:29Eram só quatro.
16:30Então, existia, assim, uma...
16:33Não era um acordo, mas existia uma...
16:36Uma ética.
16:37Uma ética de que ninguém fazia um lançamento, eu faço na segunda, você faz na terça.
16:41Ninguém ia furar o olho de ninguém, né?
16:43Não, ninguém queria furar o olho de ninguém.
16:44Por quê?
16:45Se você fizesse isso, você ia dividir a capa.
16:48E ninguém queria dividir a capa.
16:49Queria que o seu carro X ou carro Y, Z,
16:53queria que ficasse sozinho, soberano na capa, com umas chamadinhas ali embaixo.
16:57Mas não dividir meio a meio, porque as revistas fariam isso,
17:00como fizeram algumas vezes, como hoje fazem.
17:04Hoje, às vezes, você tem...
17:05Um mosaico na capa.
17:06Um mosaico na capa e não mais uma exclusividade, né?
17:09Exatamente.
17:10E uma coisa que eu sempre escutava também, e era muito valorizada,
17:14e a GM utilizava isso, inclusive, nos carros.
17:17Não sei se hoje utiliza ainda,
17:19mas tinha um selo atrás do carro, que era um lançamento carro do ano.
17:23Sempre foi uma coisa muito forte,
17:25que até hoje eu reputo como um dos maiores prêmios que tem na indústria automotiva,
17:29uma das grandes referências,
17:31que é o carro do ano, que isso é uma marca da Autosport.
17:35Autosport, que começou com a revista e veio...
17:37Exatamente, veio como prêmio, o prêmio Carro do Ano.
17:40Ou seja, ninguém pode usar esse nome, Carro do Ano,
17:42que o carro do ano é da Autosport.
17:45Você, na sua gestão de GM,
17:48quantos carros do ano você ganhou?
17:50Mas era um prêmio, literalmente um prêmio até,
17:54de reconhecimento pelo seu trabalho dentro da empresa, não é isso?
17:57Claro, claro.
17:58Era um...
17:59Não sei, eu acho que uns oito, dez, não sei.
18:02Não me lembro de...
18:03E era muito valorizado, até pelo marketing,
18:06para vendas.
18:07Ou seja, as campanhas eram feitas em cima disso,
18:09o carro do ano, né?
18:10O carro do ano, é.
18:10Não, mas é verdade.
18:12Essa coisa era muito...
18:13Era muito valorizado, realmente muito valorizado.
18:17O carro do ano da Autosport,
18:20e depois agora a televisão,
18:22era muito, muito valorizado.
18:24Chico, faz algum tempo,
18:26não lembro se três, quatro anos atrás,
18:28ou menos disso,
18:29teve um incentivo do governo,
18:31que começou com um bilhão,
18:32e depois foi para...
18:33Teve 500 milhões adicionais para 1.5,
18:37para uma coisa que até hoje eu reputo como...
18:40Isso, sim, para mim são fake news,
18:42chamando do carro popular, né?
18:44Vamos dar um benefício ao carro popular,
18:46e naquela época que foi lançado esse programa,
18:49o carro popular, o mais barato,
18:51era 72, 75 mil reais.
18:54Ou seja, para mim,
18:55é uma diferença muito grande
18:56entre carro popular e o carro de entrada.
18:59Não existe mais o carro popular.
19:01E algumas coisas,
19:02quando eu falo com executivos e montadoras,
19:04eles atribuem muito isso
19:06a toda a tecnologia embarcada
19:08que trabalha para a segurança,
19:09que elevou o preço do carro,
19:11diferentemente do que acontecia
19:12há 30, 40 anos atrás.
19:14Mas não é só isso, né?
19:15O carro no Brasil, ele podia ter um preço
19:17muito mais acessível.
19:19É, como todo executivo de setor fala,
19:23é impostos, é muito imposto.
19:25É imposto demais.
19:26O carro custa mais...
19:28Se tirar de todos os impostos,
19:29ele custa menos da metade do que ele custa.
19:32Então, todos os impostos, todos.
19:33Estou falando...
19:34Não é só o da fábrica.
19:36É desde a fábrica
19:38até chegar no consumidor final.
19:40Todo mundo paga imposto.
19:42É um imposto absurdo.
19:43Então, é isso.
19:44Agora, carro popular mesmo foi nos anos 60, né?
19:47Como que era um carro popular nos anos 60?
19:50Por exemplo, eu me lembro bem do...
19:52Do Teimoso, que era o carro da...
19:55O Gordini Teimoso.
19:56Não tinha teto.
19:57Teto tinha.
19:58Não tinha forro no teto.
20:00O que que era?
20:00Na lata?
20:01Na lata.
20:02Você tinha lata.
20:03Você não tinha acabamento em cima?
20:04Não tinha.
20:05Não tinha seta.
20:06Se não me engano, não tinha seta.
20:08Você tinha que pôr o bração pra fora,
20:10fazer assim quando fosse pra direita,
20:12e assim quando fosse pra esquerda.
20:14Não tinha.
20:14Não existia isso.
20:16O banco do Gordini
20:18eram umas coisas de ferro.
20:21Tem até umas cadeiras hoje.
20:23Como se fosse uma cadeira de praia.
20:24Só que ao invés de...
20:26Não tinha estofamento?
20:27Não, não era estofamento.
20:29Não era estofamento.
20:30Sensacional.
20:31Era uma lona.
20:32Era como se fosse uma lona.
20:33E nas portas?
20:34Tinha arrevestimento?
20:35Tinha de Eucatex ou Duratex.
20:38Sei que era só isso.
20:40Mas nada.
20:41Não tinha...
20:42Não tinha...
20:44Marcador de óleo.
20:46Não tinha nada.
20:46Era um carro...
20:47Era o que chamava de pé de boi.
20:49É, o pé de boi era o nome da Volkswagen.
20:52Então era pé de boi na Volkswagen.
20:54Teimoso na Renault.
20:57É...
20:59A DKV era...
21:01Não.
21:03A SINCA era profissional.
21:05E a DKV...
21:07Agora eu não me lembro qual é o nome.
21:09Mas tinha...
21:10A DKV também tinha.
21:11Tinha um carro DKV que era todo...
21:13Mas tudo era assim.
21:14Tudo.
21:16Não tinha nada.
21:16Nada, nada, nada, nada, nada.
21:18Era bem popular mesmo.
21:20E era financiado pela Caixa Econômica Federal.
21:22A Caixa Econômica Federal é o que vendia esse carro.
21:25Os carros mais populares?
21:26Esse chamado popular.
21:28Cada um tinha o seu nome, né?
21:30Esse era popular mesmo, que era barato.
21:33Era um carro muito barato.
21:35Era...
21:36Tinha muito problema e tal.
21:38E aí acabou não dando certo, muito certo.
21:40É, mas tinha carro popular que a gente não tem mais hoje.
21:43Outra coisa, Chico.
21:45A gente teve Salão do Automóvel há muito tempo.
21:48Ele volta esse ano, o Salão do Automóvel.
21:50E eu lembro que antigamente, não só o jornalista, mas o apaixonado pelo automóvel ficava esperando o Salão do Automóvel como um grande evento.
22:01Ou seja, tinha pompas, visita do presidente da República, todo mundo ia de terno e gravata.
22:08Todos os jornalistas cobriam o Salão do Automóvel com terno e gravata.
22:11A mesma coisa dos executivos.
22:13Isso esvaziou.
22:14O Salão ficou fora durante um hiato aí.
22:17Ele foi até meio substituído pelo Festival Interlagos.
22:19Interlagos e volta esse ano.
22:22Qual a importância real do Salão do Automóvel atualmente para as montadoras e para o público, Chico?
22:30Eu acho que é um encantamento que existia antigamente e que vai se renovar nesse ano agora.
22:36Volta para o E&B, inclusive.
22:39Não vai ser mais no...
22:40Não vai ser na Imigrantes.
22:41Não, não vai ser.
22:42Vai ser no E&B, está tudo já feito.
22:44Ouviu-se algumas coisas que não, não vai ter esse ano, mas já está tudo assinado.
22:50Tem montadora que não vai participar, mas é um encantamento.
22:54Porque o Salão é uma coisa assim...
22:57O Salão é um negócio...
23:00Realmente, eu convivi, participei não só dos 18 anos meus de GM,
23:05mas de outros salões onde eu estava na Ford.
23:08Mesmo quando eu trabalhava na GM, eu vinha a São Paulo.
23:12Na GM, não na Tribuna de Santos.
23:14O Jornal é a Tribuna.
23:17O De Santos é localização do jornal só.
23:21E é uma coisa assim, é encantamento.
23:24Porque tem sujeito que vai lá no salão só para ver as mulheres do salão.
23:29Tinha isso mesmo.
23:30Tinha, sabe?
23:31Porque não chegava nem perto do carro.
23:32Ficava vendo as mulheres e o carro girando, né?
23:34E assim, e aí tinha aquele que ia lá para ver o carro, para conhecer o carro.
23:40Então vai...
23:41Eu acho que o Salão do Automóvel, ele encanta.
23:45Então esse encantamento vai se renovar.
23:46Tem aquela poesia que a gente falou, né, Chico?
23:48Tem, tem.
23:49E ele vai...
23:50Esse encantamento, essa poesia se renova nesse novo Salão do Automóvel.
23:54Sabe que até eu comparo o Salão do Automóvel como um grande anuário do que é feito naquela temporada.
24:02A gente fala muito de anuários, mas você tem uma referência ali de tudo que foi lançado, da indústria automotiva.
24:09Uma coisa que eu sempre curti e alguns desses realmente foram para ruas, o carro conceito.
24:14Eu adorava ver carro conceito.
24:15Eu trouxe aqui o Pavone para uma entrevista aqui no Ligados na Tomada.
24:20E a gente falou muito disso também.
24:22E que nem sempre o carro conceito é só para aquela imagem, para atrair o público, para uma coisa tão aspiracional que não vai acontecer do futuro.
24:29Alguns carros conceito, você já deve ter visto isso na sua jornada, foram desenhados e a gente realmente viu na rua achando que não, é só um carro conceito e acaba indo para a rua.
24:39Então eu acho que o papel, para mim, na minha leitura, o maior papel que tem o Salão do Automóvel é a história.
24:46É você conseguir registrar cada ano os principais lançamentos da indústria e o que você pode enxergar dali para frente.
24:55É, isso é um fator que atrai.
24:58Isso atrai, o público fica atraído, porque o que será que vai ter e tal.
25:02Hoje, com essa globalização, a coisa se torna um pouco mais difícil.
25:08Mas houve Salão do Automóvel que novos modelos foram apresentados, que não tinham sido apresentados antes.
25:15Então era aquela coisa de...
25:16Era grande novidade, ou seja, só era apresentado no Salão.
25:19Só era apresentado no Salão.
25:21Isso é uma coisa.
25:22Hoje, isso não...
25:23Claro que não vai ter isso, mas...
25:25Eu acho que o encantamento e a poesia do Salão volta com força total.
25:30Eu acho.
25:30Eu acho que sim.
25:31Chico, para finalizar, infelizmente a gente só tem 30 minutos, mas vou fazer um bate-bola que eu faço normalmente com os nossos convidados aqui.
25:39É um bate-bola bem rápido.
25:40Câmbio manual ou câmbio automático?
25:43Automático.
25:44Automático.
25:45V8 ou eficiência energética?
25:50Ah, V8.
25:51Olha, estamos falando com o cara raiz aqui.
25:55O design ou performance?
26:01Essa é uma difícil de...
26:03Mas eu ainda fico com a performance.
26:05Agora, aquele carro, e eu sempre falo isso, não é aquele carro que você gostaria de ter na garagem da sua casa.
26:12O carro que você gostaria de ter na sala da sua casa.
26:15Tem um carro, aquele tão áspera...
26:17E não importa o preço, não importa o custo, se ele existe ainda no mercado ou não.
26:22Qual o carro que você gostaria de ter enfeitando a sala da sua casa?
26:25O 580.
26:26Olha que espetáculo, cara.
26:28O meu, sabe qual foi aqui?
26:29Muito parecido com a história do 580, o Dechevô da Citroën.
26:33Não é por...
26:34Claro, eu gostava, sempre gosto de citar um outro, mas esse tá tão aspiracional que eu já não coloco mais nessa lista,
26:40que é o Aston Martin, o DB5.
26:43Mas esse a gente deixa um pouquinho de lado.
26:44Melhor não pensar nisso.
26:46Chico, muito obrigado por estar trazendo essas histórias aqui pra gente.
26:50Quero você mais vezes aqui.
26:51Quero você também no Máquinas na Pan.
26:53Agora a gente tem ali um quadro credencial de imprensa e também...
26:57Sala de imprensa e credencial VIP.
26:59Quero convidar você pra estar lá com a gente, pra gente continuar contando boas histórias.
27:03Então, obrigado.
27:04Obrigado.
27:05Eu que fiquei emocionado até quando você me convidou há uma semana atrás,
27:12quando a gente se encontrou aí, lá embaixo, no térreo da Jovem Pan.
27:17Gostei muito da ideia.
27:18Falei, ah, vamos ver.
27:19Vamos ver o que eu posso falar.
27:20Contar histórias.
27:21É, contar histórias.
27:22É isso aí.
27:22Obrigado, amigo.
27:23Obrigado mesmo.
27:23Muito obrigado.
27:24Obrigado.
27:32A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação.
27:43Realização Jovem Pan
27:45Realização Jovem Pan
27:47Jovem Pan
27:47Jovem Pan
27:57Jovem Pan
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado