O Palácio do Planalto avalia que o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, não deve contrariar o presidente Donald Trump na crise com o Brasil. Após a ligação de 30 minutos entre Lula (PT) e Trump, Rubio foi escolhido para mediar a negociação do tarifaço, mas a diplomacia brasileira o vê como "enquadrado" pelo presidente norte-americano. Reportagem: Eliseu Caetano.
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00:00E já quero aproveitar e trazer mais uma informação que a gente precisa analisar aqui nessa edição do 3 em 1.
00:06O diagnóstico do momento do governo brasileiro é de que a linha da Casa Branca na relação com o Brasil mudou completamente nas últimas semanas.
00:14Vamos entender esse motivo ou essa percepção com Eliseu Caetano e depois perguntar aqui para os nossos comentaristas se eles concordam que essa relação está completamente diferente.
00:25Conta aí pra gente, meu amigo, bem-vindo.
00:27Salve, salve, Evandro Cine. Muito boa tarde pra você, pros nossos colegas debatedores e pra todo mundo que acompanha o 3 em 1.
00:34Bom, essa informação está sendo noticiada aí no Brasil, mas aqui nos Estados Unidos não, viu?
00:41Na verdade, os analistas por aqui, que eu conversei hoje durante toda a tarde, tanto em Washington, na capital americana, quanto em Nova York,
00:49todos são unânime ao dizer que está muito cedo para se cravar que as relações entre Estados Unidos e Brasil vão entrar num mar de rosas a partir de agora
01:01por conta de uma ligação de 30 minutos que aconteceu entre os presidentes Donald Trump e Lula na semana passada.
01:10A informação de que também o Departamento de Estado norte-americano não estava presente nessa ligação, tampouco foi confirmada pela Casa Branca ou pelo próprio órgão.
01:20Vale lembrar que o Departamento de Estado nos Estados Unidos é o equivalente à chancelaria brasileira, é o equivalente à embaixada.
01:27Portanto, Marco Rubio é o responsável pelas relações dos Estados Unidos com os demais países do mundo.
01:34Então, esse diagnóstico do momento de que o governo brasileiro e o governo americano estão vivendo aí uma relação nova e completamente alterada,
01:45ela tem sido baseada muito naquilo que o governo do Brasil tem dito, naquilo que alguns veículos de comunicação daí do Brasil têm dito,
01:55mas aqui nos Estados Unidos, tantos analistas políticos que eu consultei durante toda essa tarde,
02:01quanto as nossas fontes lá na capital americana, Washington DC, pessoas do governo, todas foram...
02:06Calma aí, tá muito cedo pra se falar se vai ou não vai mudar.
02:11Principalmente, levando em consideração alguns pontos que ainda há pouco Bruno Musa, inclusive, trouxe aqui pra nossa audiência
02:17e que é importante a gente reforçar.
02:19Donald Trump é conhecido e reconhecido por ser imprevisível.
02:23A questão dele falar que gostou do presidente Lula e que ama o Brasil,
02:28bom, ele também fala isso pra todos os governantes e países do mundo
02:33e mesmo assim implementou o tarifácio e tem mudado as relações geopolíticas.
02:39E a nomeação de Marco Rubio, que tá sendo comemorada pelo governo do Brasil,
02:44como ele não vai poder empacar ou ir contra aquilo que ficou decidido entre os presidentes das nações,
02:51tão pouco tem sido vista pelos próprios aliados de Jair M. Bolsonaro aqui nos Estados Unidos
02:57como algo crível.
02:59Porque Marco Rubio, pra quem não sabe, além de ser o chefe do Departamento de Estado,
03:04é latino, como eu e você.
03:06Nascido em Cuba, ele tem pai cubano, o pai era barman, a mãe era professora,
03:11vieram pra cá na década de 70.
03:13Marco Rubio estudou aqui em Miami, no sul da Flórida,
03:16fez faculdade aqui e é muito ligado às causas latinas.
03:21Ele também trabalhou como advogado, inclusive, pra algumas associações ligadas à defesa de latinos.
03:28E ele tem uma posição muito dura e muito conhecida contra, principalmente, alguns países,
03:37como, por exemplo, Cuba e Venezuela.
03:39E essas posições contra esses países, essas opiniões que ele tem acerca desses países,
03:47pode impactar a relação com o nosso país, uma vez que o Brasil não se dá bem com essas duas nações citadas.
03:54Por ora, Donald Trump não sinalizou que quer negociar em troca de relaxamento do tarifácio
04:01ou até mesmo das sanções impostas nas autoridades do Brasil.
04:05A expectativa por aqui, Sine, é de que nos próximos dias o presidente americano se reúna com o Marco Rubio,
04:11algo que ainda não aconteceu.
04:13Ele foi apontado pelo presidente dos Estados Unidos como responsável por essa negociação,
04:18mas esse encontro entre as duas autoridades não aconteceu.
04:22E aí, sim, ele vai receber as orientações sobre como preceder.
04:25Agora, me parece um pouco adiantado e não crível que, nesse momento,
04:33a gente possa afirmar com todas as palavras, com todas as letras,
04:37que essa relação entre os dois países mudou.
04:41Vale lembrar, Marco Rubio continua chefe de Estado,
04:45continua braço direito de Donald Trump
04:48e, aparentemente, até onde nós sabemos publicamente,
04:51mantém excelentes relações com o presidente atual dos Estados Unidos,
04:56sem a menor pretensão ou previsão de ser exonerado do seu cargo
05:00por conta de qualquer entrevero com o governo do Brasil.
05:05Então, Sine, aqui se fala em cautela a despeito dessa animação
05:11ou dessa euforia que a gente vê parte da imprensa brasileira tratando essa situação
05:15por parte de quem passou essa informação aí pelo governo do Brasil.
05:21Valeu, Eliseu, nosso latino querido aqui do 3 em 1.
05:25Um abraço para você, meu amigo.
05:27Olha, inclusive, eu quero te perguntar,
05:29está lá na nossa enquete também do YouTube, participe,
05:31a escolha de Marco Rubio para negociar com o Brasil
05:33é um bom sinal para o fim do tarifaço?
05:35Sim ou não?
05:36Dê lá a sua opinião para a gente poder trazer também aqui para o nosso debate.
05:39E aí eu quero perguntar para você, Alangani,
05:41porque há agora quase que uma visão que é comunicada pelo governo federal
05:48de que as relações mudaram, de que é um reinício,
05:52de que aquela rusga lá de trás ficou lá
05:55e principalmente de que ao não mencionar Jair Bolsonaro nas últimas manifestações,
06:00Donald Trump teria entendido que a versão apresentada pelo governo
06:05é a versão verdadeira e que, diante disso, o caminho se alteraria.
06:11Você entende que é esse movimento que acontece
06:14ou são, digamos, tentativas políticas que, mais uma vez,
06:21um joga contra o outro para manipular o eleitorado
06:26e a massa que apoia também ambos os lados?
06:29Exatamente, Evandro.
06:30Eu vejo que é muito mais uma estratégia política do presidente Lula
06:34para dizer, olha só, na verdade não tem nada disso,
06:38eu tenho carisma, sou um bom negociador,
06:41mas não tem absolutamente nada de concreto.
06:44Vamos lembrar que o presidente Trump já teve uma ligação
06:48extremamente amistosa com o Xi Jinping
06:50e as relações no campo geopolítico entre Estados Unidos e China
06:56são muito tensas, tanto é que as tarifas chegaram a quase 150%
07:02e depois retroagiram ali para casa de 30%.
07:06Então, não tem nada de concreto, o Trump tem esse jeito mesmo.
07:11E outra coisa que a gente tem que separar
07:13é o tratamento dele pessoal com o modo dele negociar.
07:19Muitos jornalistas nos Estados Unidos,
07:21inclusive jornalistas com viés mais de esquerda,
07:23dizem que o Trump trata super bem, os jornalistas recebem muito bem,
07:27que era muito diferente da época do Obama.
07:30Muitos têm uma reclamação com o Obama
07:31e que o Trump trata super bem a imprensa e brinca muito
07:36e, ao mesmo tempo, ele é crítico, ele é duro.
07:39Então, a gente tem que separar as duas coisas.
07:41Então, não tem absolutamente nada de concreto.
07:45É claro que abriu uma possibilidade de negociação,
07:48mas daí se essa negociação vai ser positiva ou não
07:51para o governo brasileiro é outra história.
07:53O Zé Maria Trindade, e nessa história toda,
07:56começou uma discussão sobre ganhadores e derrotados
07:59e que nessa parte, nessa camada específica da história,
08:05a direita teria sido derrotada.
08:07E lê-se direita o deputado Eduardo Bolsonaro
08:10e aqueles que fazem um movimento hoje favorável
08:14aos Estados Unidos em relação ao Brasil.
08:16Você acha que há ganhadores e perdedores?
08:19Já dá para falar em derrotados e ganhadores
08:22com a história ainda em andamento?
08:25E, de fato, veio uma sensação de frustração
08:29entre esse grupo mais ligado a Jair Bolsonaro,
08:33ao deputado Eduardo Bolsonaro,
08:34de que o movimento de Trump vai na direção oposta
08:37ao que era esperado a partir da movimentação
08:41que é feita pelo deputado nos Estados Unidos?
08:43Eu diria que essa conversa do presidente norte-americano
08:48com o presidente Lula foi uma batalha
08:52que a oposição, que o governo ganhou.
08:55O presidente Lula ganhou uma batalha,
08:57mas não a guerra.
08:58E o que todos estão dizendo por aqui é o seguinte,
09:01esse apoio de empresários, né,
09:04e da direita, centro-direita do Brasil,
09:07a fala do governo é evidente, né?
09:10São empresários, precisam de agilizar as exportações.
09:16O Brasil precisa, sim, exportar para os Estados Unidos.
09:20No primeiro momento, houve um susto
09:22e depois uma reação de setores aqui
09:24com abertura de novos mercados para exportação.
09:28A carne não ficou barata, encontrou novos mercados,
09:31inclusive Vietnã, o mercado asiático,
09:34é um mercado novo a ser explorado,
09:37aumento para a China,
09:38mas houve também um aumento de importação
09:40de alguns produtos da China
09:42que estariam indo para os Estados Unidos.
09:45O setor automotivo me diz aqui
09:48que está ainda muito preocupado,
09:51que estão desembarcando muitos carros aqui
09:53e concorrendo com as fábricas instaladas aqui no Brasil,
09:56para se ter uma ideia.
09:57O que está acontecendo é que os empresários
10:00norte-americanos que dependem
10:02dos produtos brasileiros,
10:04a gente fala muito de café,
10:05mas não é só café.
10:07No caso do café, é porque mistura,
10:08faz uma mistura, faz um blend para a exportação.
10:11Então, os Estados Unidos importam o café in natura,
10:15que é o café grão,
10:17elabora, faz uma mistura com o café,
10:19inclusive do Vietnã,
10:21e aí exporta esse produto elaborado
10:23para o Brasil inteiro e muito mais caro.
10:25Além disso, tem o setor madeireiro e tal,
10:28e talvez aconteça um ajuste nisso aí.
10:30E é verdade, o Donald Trump é pragmático,
10:33vai fazer um ajuste nos moldes,
10:36exatamente nos moldes do que é Trump.
10:42Mas eu vou falar aqui de uma preocupação
10:44que não estava explícita,
10:47mas que era sim uma preocupação.
10:49A possibilidade que foi aventada por alguns
10:53dos Estados Unidos fazer uma intervenção por aqui.
10:56na Venezuela, ainda existe essa possibilidade,
10:59e talvez aqui no Brasil.
11:01E com esse diálogo com o presidente Lula,
11:03parece que pelo menos isso está 100% descartado.
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