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Em discurso na ONU, Trump surpreendeu ao elogiar Lula e confirmar uma reunião entre os dois, apesar de críticas ao Brasil. O gesto pode redefinir a relação bilateral em meio a tensões sobre tarifaço, clima e Conselho de Segurança da organização.

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Transcrição
00:00Sobre este assunto que marcou o dia de hoje, eu tenho o prazer de conversar com o Vitélio Brustolin,
00:06que é professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard,
00:12a quem eu agradeço a presença aqui no Conexão. Prazer recebê-lo aqui, Vitélio.
00:18É o seguinte, eu estava fazendo uma conta enquanto eu ouvia o Trump falando aí,
00:22eu cubro o Noticiário Internacional já há muito tempo.
00:25Tanto tempo, presumidamente, quando você estuda Relações Internacionais, Vitélio,
00:32mas eu acho que, eu não consigo fazer nenhuma comparação com o Donald Trump, nem com o Donald Trump, um.
00:36Tudo bem que eles são parecidos com alguma coisa, mas é tão sugêneres essas mudanças de humor, de opinião,
00:44dessa coisa de esqueçam o que eu escrevi, que agora eu vou mudar, eu vou inverter a lógica,
00:49que eu não sei nem por onde eu começo essa conversa com você.
00:53É crível. A gente pode acreditar que essa reunião vai sair.
00:59O que você acha, né? É quase que uma pergunta com uma cartomante, né?
01:03A gente consegue prever o que pode vir a acontecer com o Trump?
01:07Será que ele vai manter essa aposta?
01:10Ele estava jogando para a torcida, ele quis ser simpático ali no momento em que ele sabia que o palco do mundo estava o assistindo?
01:17Ou você acha que pesou o dinheiro agora com relação ao tarifácio?
01:24Isso já temos os primeiros efeitos no agronegócio americano, que nem é tão importante economicamente falando,
01:33mas politicamente falando, assim, a exemplo de como acontece no Brasil, na França, é um setor muito importante.
01:40Você consegue fazer um pensamento racional de que ele esteja sentindo uma pressão interna e agora recuando,
01:49o famoso taco, né, que o Trump always chicken out, ele sempre amarela em alguma situação.
01:55Talvez a gente tenha visto mais um capítulo.
01:57De onde surgiu esta mudança completamente inesperada de postura?
02:03Eu estou fazendo uma enquete com todo mundo que eu converso, eu faço essa pergunta para tentar achar uma centelha,
02:10uma luz de serenidade no que aconteceu hoje.
02:14Então agora eu passo para você tentar nos ajudar a desvendar esse mistério, Vitélio.
02:21Muito bem, Favali. Boa noite. Boa noite a todos.
02:24A sua pergunta é complexa.
02:26Eu estou estudando relações internacionais já faz quase 30 anos, Favali.
02:29Eu acho que não é tão grande assim a nossa diferença de idade, mas a questão é a seguinte.
02:36O que aconteceu hoje?
02:38O Trump tinha um discurso preparado para o teleprompter.
02:42Ele já chegou na ONU com a escada rolante não funcionando e o teleprompter também não funcionou.
02:48Ele foi o segundo a falar na fala do presidente Lula, estava funcionando.
02:52Ele já começou a achar que estava sendo boicotado, criticou a reforma do prédio da ONU,
02:58comparando isso com a estrutura da ONU, que não funciona e que é cara.
03:02Ele fez uma analogia evidente ali.
03:05E ele, em dados momentos, voltava para o discurso dele no teleprompter.
03:10Por que eu estou falando isso?
03:11Porque havia sido preparado um discurso mencionando o Brasil.
03:17Em dados momentos, ele leu partes desse discurso no teleprompter,
03:20porque ele começou a ler o discurso no papel e revezava.
03:23O teleprompter voltou a funcionar durante o discurso dele.
03:26Então, ele estava lendo o discurso que o Departamento de Estado preparou,
03:31que o Marco Rubio, que estava lá presente com uma cara de poucos amigos,
03:35tinha preparado para ele.
03:37Mas, no meio desse discurso, ele lembrou que no caminho da tribuna,
03:43ele encontrou o presidente Lula e que eles falaram por 20 segundos,
03:47depois ele falou 39 segundos, veja que mesmo as declarações do Trump mudam de uma fala para outra,
03:53e que eles concordaram em conversar na próxima semana.
03:58Então, ele manteve toda a crítica que estava anotada no discurso ao Brasil,
04:03criticou o sistema judiciário, o protecionismo do Brasil, o alinhamento externo do Brasil,
04:13mas abriu um parêntese de que ali, naquele momento,
04:17havia acontecido casualmente um encontro entre ele e o presidente brasileiro,
04:22e que, portanto, haveria uma abertura para diálogo, Favari.
04:25Vitélio, eu preparei aqui o que eu estou chamando de uma nuvem de palavras,
04:30de o que cada líder disse, claro, os termos mais repetidos,
04:36e o peso que eles deram.
04:37Lula defendeu a democracia, isso já era esperado,
04:40a palavra soberania, que passou a ser um dos principais verbetes do atual governo brasileiro
04:45depois do tarifato do Trump, a pressão do Trump,
04:48os elogios ao ex-presidente Bolsonaro e a crítica ao judiciário brasileiro e tudo mais,
04:53mas, olhando um pouco, puxando aí para esse nosso ponto comum,
04:58meu e o seu, da leitura internacional,
05:00o Lula faz um discurso previsto que apareceu em outros discursos dele
05:06e até de outros presidentes brasileiros.
05:08A ONU precisando repensar o seu papel,
05:12o Conselho de Segurança sendo ampliado
05:14e, obviamente, vendendo as grandes bandeiras atuais do Brasil.
05:19Paz, clima e o direito à soberania, o respeito entre os países.
05:26Fazendo uma análise da postura da política externa do Brasil.
05:32O Lula faz um discurso marcante,
05:34faz um discurso ali em sintonia com as pautas da ONU, na sua leitura, Vitélio?
05:40Olha só, Favalli, vou começar pela reforma da ONU,
05:42porque a sua pergunta, de novo, ela tem várias frentes.
05:46A reforma da ONU, do Conselho de Segurança da ONU,
05:48é uma pauta da diplomacia brasileira
05:50que vem lá do final da década de 90 e início dos anos 2000.
05:54Na primeira década, década dos anos 2000,
05:58o Brasil chegou a compor um grupo chamado G4,
06:01junto com a Alemanha, o Japão e a Índia,
06:04procurando uma reforma, uma ampliação dos assentos permanentes
06:07no Conselho de Segurança da ONU.
06:09A leitura que nós temos feito na área de relações internacionais
06:12é que não adianta ampliar o Conselho de Segurança da ONU,
06:15porque os países que são permanentes não cumprem a carta da ONU.
06:19Então, a Rússia, por exemplo, nesse momento,
06:21veta resoluções contra ela mesma,
06:23o que é proibido pela Carta da ONU,
06:25está previsto no artigo 27, parágrafo 3º da Carta da ONU.
06:29Outros países, membros permanentes, também não cumprem.
06:32Os Estados Unidos e o Reino Unido, por exemplo,
06:35foram para a guerra contra o Iraque
06:36sem autorização do Conselho de Segurança.
06:39A Carta da ONU vem sendo descumprida sistematicamente
06:42desde a década de 1950 e a Carta é de 1945.
06:47Então, quando o presidente dos Estados Unidos
06:49vai na tribuna da ONU e fala que a ONU não funciona,
06:52isso também é culpa dos Estados Unidos e de outros países
06:55que são membros permanentes do Conselho de Segurança.
06:58Primeiro ponto.
06:59Segundo ponto.
07:00A diplomacia brasileira tem sido atuante,
07:05tem mantido equilíbrio?
07:06Bom, todos concordamos que a principal meta da diplomacia brasileira
07:11seria não ter que expor o Brasil
07:14à decisão da escolha dos nossos dois maiores parceiros comerciais.
07:18Os dois maiores parceiros são a China e os Estados Unidos.
07:22Essa decisão de ter que escolher entre um deles
07:24jamais deveria ter sido posta ao Brasil.
07:27O Brasil jamais deveria ter chegado a essa situação.
07:32E, infelizmente, nesse momento,
07:34o Brasil tem sido lido, e não é só pelos Estados Unidos,
07:37como um país mais alinhado à Rússia, à China,
07:41a outros países do mundo que fazem frente aos Estados Unidos.
07:44Eu vou só finalizar dizendo que, na ampliação do Conselho de Segurança,
07:49no governo Biden, o Brasil tinha o apoio dos Estados Unidos.
07:52O Brasil tinha apoio dos Estados Unidos, da Rússia, da França, do Reino Unido.
07:57De quem o Brasil não tinha apoio na ampliação do Conselho de Segurança?
08:00Da China.
08:01Então, veja que a parceria com a China não é tão próxima assim
08:05como os diplomatas brasileiros parecem pensar, Favali.
08:08E, Télio, para ser justo, eu também fiz essa mesma nuvem de palavras
08:14com o presidente americano.
08:16Uma pena que a gente tem mais um minutinho só de conversa.
08:19E, nesse caso, o Trump também continua sendo o Donald Trump,
08:24critica a ONU, fala, como você muito bem lembrou,
08:27até que o prédio não funcione e tudo mais.
08:30Mas eu queria trazer para cá.
08:32Ele defende muito as tarifas,
08:34obviamente que a grande marca do primeiro ano de segundo mandato do Donald Trump,
08:38da defesa das fronteiras para evitar os imigrantes ilegais.
08:44Ah, é aqui que eu queria chegar.
08:46Porque isso aqui vai reaparecer muito sobre energia.
08:50Claro que o recorte é muito maior, mas eu vou puxar por esse ponto aqui.
08:54O Trump, indo publicamente num ano de COP30 aqui no Brasil,
08:59ele cita o Lula, fala da paz que ele consegue ali,
09:03que ele está louco para receber o Prêmio Nobel da Paz.
09:06Mas quando a gente fala de energia,
09:08e aí que eu queria estender minha conversa com você, Vitélio,
09:11que ele defende, literalmente, né?
09:13Primeiro ele fala que o aquecimento global é feito por pessoas estúpidas.
09:18As previsões de aquecimento global são feitas por pessoas estúpidas.
09:22Nesse termo, que essa coisa de energia limpa, uma bobagem,
09:26e ele defende petróleo, gás e carvão.
09:31E a gente também sabe, Vitélio, que poder não deixa espaço vazio.
09:37A partir do momento em que os Estados Unidos se retiram de uma pauta urgente,
09:41outros países vão entrar.
09:43Você citou a China, eu repito a China.
09:45Nesse caso, não pode ser um tiro no pé,
09:48uma aposta muito arriscada do Trump ficar se descolando
09:52de algo que é tão urgente e quase que oníssono no resto do mundo?
09:57Favali, é interessante, né?
10:00Porque um dos temas que o Brasil pode discutir com os Estados Unidos
10:04são as altíssimas tarifas do Brasil sobre o etanol.
10:08Agora, veja só, os Estados Unidos, durante o século XX,
10:11foram o país que mais poluíram e hoje são, em segundo lugar,
10:16dos mais poluentes, atrás da China.
10:17Ele citou a China hoje, dizendo que não adianta o esforço da Europa
10:21quando a China polui muito mais.
10:23Mas os Estados Unidos são o segundo maior poluidor do mundo
10:26e tem que prestar contas à comunidade internacional,
10:29porque mesmo dentro do governo do Trump,
10:31mesmo quanto aos cientistas dos Estados Unidos,
10:33eu tenho muitos amigos, porque eu também trabalho nos Estados Unidos,
10:37não há nenhuma dúvida sobre o aquecimento global.
10:40Então, essa bandeira do Trump de negacionismo
10:43é uma bandeira que qualquer aluno do ensino médio
10:45que for à internet ou conversar com alguma pessoa que tenha nível superior
10:49vai dizer que o Trump está errado.
10:52É avexatório o presidente dos Estados Unidos ir na ONU
10:55e fazer esse tipo de negacionismo.
10:58Isso, inclusive, foi contestado hoje no mundo inteiro, Favali.
11:01Queria agradecer a conversa, muito breve,
11:06diante de tanta coisa que a gente podia destrinchar,
11:10mas o nosso tempo é muito escasso, uma pena.
11:12Mas eu queria agradecer publicamente aqui
11:14e fazer toda a referência e reverência ao Vitélio Brustolin,
11:20professor de Relações Internacionais da UFF,
11:23como ele mesmo destacou,
11:25trabalha nos Estados Unidos, pesquisador de Harvard.
11:28Eu acho importante dar esse crédito merecido.
11:32Vitélio, obrigado mais uma vez.
11:33Até uma próxima.
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