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O Ibovespa B3 contrariou os mercados internacionais nesta sexta-feira (05), e o motivo está ligado ao cenário externo, disse Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, em entrevista ao Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC.

“Quando você tem uma perspectiva maior de queda de juros nos Estados Unidos, o Brasil surge com uma das maiores taxas de juros do mundo, tanto nominal quanto real, e isso acaba sendo um atrator de dinheiro global, principalmente quando Europa e China estão comprometidas. Esse recurso que antes ia para outros destinos agora vê no Brasil uma oportunidade mais clara de retorno”, afirmou.

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Transcrição
00:00E agora a gente vai conversar com o Beto Saad, que é diretor de investimentos da Nomos.
00:04Boa noite para você, Beto. Seja bem-vindo.
00:08Boa noite, Marcelo. Obrigado. É um prazer estar aqui novamente.
00:11A gente acabou de ouvir a perspectiva do Alexandre, e acho que você acompanhou também,
00:15mas eu também queria te ouvir. Por que você acha que o Ibovespa descolou hoje
00:19dos índices internacionais que estavam em baixa e subiu forte?
00:24O Ibovespa, especificamente, por conta de entrada de fluxo estrangeiro.
00:28A gente ainda vai ver isso nos registros, porque eles têm uma defasagem,
00:31mas o que acontece é que quando você tem uma perspectiva maior de queda de juros
00:36nos Estados Unidos, surge, obviamente, o Brasil com a I5, uma das maiores taxas
00:41de juros do mundo, tanto nominal quanto real, e isso acaba sendo um atrator
00:46de dinheiro global, principalmente dos Estados Unidos, quando anteriormente
00:51ia para a Europa, ia para a China, mas agora essas duas regiões ali
00:55elas estão comprometidas, então o Brasil surge como um destino comum
01:00a esse recurso global.
01:02Bom, a gente viu as bolsas americanas caindo hoje, justamente porque tem esse temor
01:06de que possa estar começando a se formular uma recessão nos Estados Unidos.
01:11Qual realista você acha que é essa possibilidade?
01:15Então, isso foi um caso curioso, porque, na verdade, o mercado não deveria ficar
01:19tão desanimado assim com perspectivas maiores de queda de juros,
01:22e principalmente com dados do mercado de trabalho mais fracos.
01:25Eu acredito que, ao longo da semana, o que aconteceu foi uma questão de fluxo.
01:31Ao longo da semana foram saindo diversos dados, aí sim ligados ao mercado de trabalho,
01:34que foi animando ao longo da semana os investidores.
01:37Por fim, saiu o ADP ontem, que também são novas vagas criadas,
01:41que também foi bem fraco, e aí o mercado acabou antecipando um payroll
01:46já sabidamente fraco, e acabou tendo uma realização ali, especialmente quando você tem
01:52na sexta-feira a antecipação do fim de semana, e acaba sendo mais normal isso acontecer nesse dia.
01:58Beto, vamos agora para uma pergunta do Vinícius Torres Freire.
02:02Beto, boa noite.
02:03Uma questão que vai aparecer agora, a gente fala de recessão, mas é um pouco exagerado,
02:09é o tamanho do desaquecimento.
02:10Primeiro que a gente está tendo muita revisão de dados, segundo que a economia americana está volátil
02:16porque a gente vê muita mudança de regra, a gente não sabe qual o fim da política econômica do Trump,
02:22especialmente em relação ao comércio, mas não só.
02:25Agora, uma economia que não está com aumento de desemprego, mas não está criando emprego.
02:32No segundo quadrimestre, a gente está com uma média de 27 mil empregos por mês,
02:37ao contrário de 123 mil no primeiro quadrimestre.
02:40É claro que o investimento, a gente viu no PIB, o aumento de investimento está até compensando
02:45o consumo mais moderado das famílias, especialmente por causa de tecnologia, data center e inteligência artificial.
02:53Agora, dá para continuar assim com um carro com duas rodas, com duas velocidades?
02:59Quer dizer, o investimento indo bem e a gente tendo aí um congelamento do número,
03:03quer dizer, o crescimento quase tendendo a zero do número de trabalhadores e, claro, aí da massa salarial?
03:11Boa pergunta, porque, na verdade, o que a gente veio ao longo do...
03:16A gente está vendo muita incerteza por conta das tarifas.
03:19A gente veio, desde o primeiro semestre, num ritmo muito contracionista da economia americana
03:25por conta de taxas de juros mais altas.
03:27Somou-se a isso a questão das tarifas.
03:30Então, você tem pressões contracionistas na atividade econômica de uma forma geral.
03:35Vamos lá, o que a gente vai ver no segundo semestre agora?
03:40A continuação dessa contração da economia, a gente está vendo isso já no mercado de trabalho,
03:45a gente viu um arrefecimento também do consumo, mas com uma inflação ligeiramente mais alta.
03:53Então, o impacto das tarifas na inflação, estima-se que ele só atingiu ainda um quarto desse efeito.
04:01Então, a gente ainda vai ver mais inflação para frente e a gente ainda vai ver mais contração da atividade econômica para frente.
04:10Também impacto das tarifas e também impacto de uma taxa de juros alta.
04:13Então, por isso que o FED, na verdade, começou a agir.
04:18O que a gente deve ver agora é que, pelo fato do FED ter sim sinalizado naquela reunião do Jackson Hole,
04:24através do presidente Paulo, um balanço de riscos que agora vai pender para o lado do emprego,
04:30da atividade do mercado de trabalho, é esperado que essa taxa de juros menor na economia,
04:35aí sim recalibre a economia americana para ela não entrar numa recessão mais aguda
04:41e, pelo menos, simplesmente uma desaceleração mais benigna e é isso que a gente espera.
04:46Bom, na quarta-feira agora a gente vai ter divulgação do IPCA pelo IBGE, o IPCA de agosto.
04:51Eu queria saber como é que você está vendo a trajetória da inflação aqui no Brasil
04:54e o que você espera para esse índice?
04:56Perfeito. O que a gente está vendo?
04:59Ainda uma desaceleração, em alguns casos até deflação dos alimentos, da indústria também,
05:06muito disso causado, sim, pelo impacto cambial.
05:10Tem fatores agrícolas também que explicam esse fator,
05:13mas a gente está vendo aquela inflação sempre mais teimosa que a inflação de serviço,
05:18uma inflação bem mais resiliente, bem mais difícil de ser impactada pela taxa de juros mais alta,
05:24porque ela é menos ligada a crédito e tudo mais.
05:28Então, o que a gente precisa ver na inflação de serviços?
05:32Ela desacelerando, simplesmente.
05:34Isso não está acontecendo. Por que não está acontecendo?
05:37Porque o mercado de trabalho ainda está muito forte.
05:39Então, assim, para responder a sua pergunta de forma mais direta,
05:42a desaceleração está acontecendo, mas ela ainda está muito lenta.
05:46E aí é isso que nos deixa na dúvida se essa redução de taxa SELIC por parte do Banco Central
05:52vai ocorrer, por exemplo, em dezembro de 2025,
05:55ou se vai ocorrer, por exemplo, em fevereiro do ano que vem.
05:58Para o investidor comum, ou até para o cidadão comum, é indiferente.
06:02No universo do mundo dos traders, dos investidores profissionais,
06:07isso faz diferença.
06:08Mas para a economia real, se vai reduzir taxa em dezembro ou em março do ano que vem, por exemplo,
06:13não muda muito.
06:13Mas a notícia é boa.
06:14A notícia é que a balança de serviços, de mercado de trabalho, está se desaquecendo.
06:19Depende também da questão do impulso fiscal.
06:23E aí já tem um papel, sim, do governo mais proeminente disso.
06:27Você acha que a meta de ter um pequeno superávit fiscal no ano que vem é factível?
06:34Não, acho difícil.
06:36Até porque, se a gente está falando de nominal,
06:39a gente está vendo ali uma taxa de juros muito alta, impactando a economia.
06:42O que a gente vai ver, provavelmente, é o arcabouço fiscal sendo cumprido.
06:46Existe uma probabilidade, sim, de cumprir o arcabouço,
06:49até porque saíram precatórios e ele ficou mais fácil.
06:52Você tem também os créditos do setor de petróleo,
06:54mas para o investidor global, isso importa menos o arcabouço fiscal.
06:59Não que ele não seja importante, ele importa.
07:00Mas o déficit nominal total, o déficit total da economia,
07:04dívida PIB é o que importa mais.
07:06E aí, a partir do momento que a gente entra num ciclo eleitoreiro,
07:09o mercado como um todo fica um pouco mais apreensivo.
07:12Então, esse mercado de trabalho muito aquecido,
07:15diversos mecanismos eleitorais, como, por exemplo, a reforma da renda,
07:22o crédito consignado privado, outros impulsos fiscais de vale gás, de energia.
07:29Isso acaba estimulando ainda mais o consumo de uma economia que já está muito aquecida.
07:33E aí volta tudo naquela balança, naquela inflação de serviços que ainda está muito teimosa
07:39e custa ceder e é o que vai custar o Banco Central a agir para reduzir juros.
07:45Vinícius.
07:46Beto, agora voltando para uma questãozinha de futurologia aqui no Brasil.
07:51Faz algum tempo que a gente fica pensando se o dólar vai, enfim, aqui no Brasil,
07:55cair abaixo de 5,40 para dar mais um chorinho de ajuda aí na inflação.
07:59Quer dizer, o dólar cairia agora porque a diferença de taxa de juros do Brasil para os Estados Unidos
08:05deve crescer até o começo do ano que vem, pelo menos.
08:09E a gente vê o dólar caindo no mundo inteiro.
08:12Você acha que tem um chorinho, se tem uma queda abaixo de 5,40 para dar mais um gás aí na contenção da inflação?
08:21Acho sim, Vinícius.
08:22Inclusive, acho que pode ter uma queda até mais proeminente.
08:24O que a gente está vendo nos Estados Unidos não é simplesmente uma questão conjuntural de economia.
08:29A gente está vendo uma mudança de comportamento do Banco Central a partir da mudança de pelo menos dois ou três diretores.
08:37Além disso, a gente vê uma possibilidade quase que concreta do Stephen Miran
08:43substituir pelo fim do mandato do presidente Powell e aí ele vira o presidente do Fed.
08:49O que o Trump está fazendo, na verdade, é implementar essa ideologia dele, esse policy mix de economia
08:57de um país com uma moeda mais desvalorizada, com uma inflação ligeiramente mais alta
09:03e com uma taxa de juros bem menor do que anteriormente.
09:09E talvez até artificialmente menor.
09:11Isso acaba gerando fluxos para fora dos Estados Unidos.
09:14Para onde anteriormente iriam esses fluxos?
09:17Ia para a Europa, inclusive o euro se valorizou bastante ao longo do ano em relação ao dólar.
09:21Ia para a China, ia para outros países que não são mais destinos.
09:24Então, todos esses países, de alguma forma, eles estão com algum problema.
09:27A Europa agora teve algum problema fiscal.
09:30Ali está com problema na França, no Reino Unido.
09:33A China também, problema de atividade.
09:35Os países latinos, em especial o Brasil, surge ali como uma possibilidade, um destino muito comum
09:40a partir do momento também que a gente tem uma taxa de juros muito alta.
09:43E então, naturalmente, esse recurso vai voltar.
09:46Isso não necessariamente é, por total, uma boa notícia,
09:50porque a gente também tem uma balança comercial que é necessária ali também para entrar dinheiro no país.
09:56Mas para a inflação, no curto prazo, isso é positivo.
10:00Beto Saad, é diretor de investimento da Nomos.
10:03Muito obrigado pela sua participação aqui no Jornal Times Brasil.
10:06E até a próxima. Boa noite.
10:09Eu que agradeço. Bom fim de semana.
10:10Para você também.
10:11Bom fim de semana.
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