Donald Trump surpreende ao anunciar que o governo dos EUA terá 10% da Intel. A medida reacende críticas sobre intervenção estatal, aumenta a tensão com a China e impõe novas regras para Nvidia e AMD. O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, analisa impactos da guerra dos chips no mercado e oportunidades em tecnologia e inteligência artificial.
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00:00Nesta semana repercutiu no mercado americano um novo movimento de Trump sobre o mercado de chips.
00:06Depois de ter anunciado que o governo federal dos Estados Unidos iria comprar participação de 10% da Intel,
00:12que é uma das maiores fabricantes americanas de semicondutores, muitas críticas surgiram, inclusive de apoiadores da direita.
00:19Para entender esse cenário e debater as demais ações do presidente norte-americano,
00:23a gente vai conversar agora com o Gustavo Cruz, que é estrategista-chefe da RB Investimentos.
00:30Gustavo, boa noite para você, seja muito bem-vindo ao nosso jornal.
00:34Uma boa noite para você e toda a equipe, boa noite para todos.
00:37Bom, esse foi um movimento que, vindo de um liberal na economia, pegou muita gente de surpresa, não é algo muito típico.
00:43Alguma indicação de que o governo americano vai continuar a investir em empresas privadas?
00:48Talvez alguma indicação, porque ele mencionou que talvez faça mais movimentos para defender a soberania americana no sentido de um segmento de chips.
00:58Mas, de qualquer forma, como você coloca, realmente é algo inesperado.
01:02Os Estados Unidos é o bastião do capitalismo, da não intervenção em companhias dos Estados Unidos, da economia mais aberta.
01:13Então, isso a gente espera realmente quando a gente vê a economia chinesa.
01:16Por lá, realmente, o governo, ele determina quais setores eles precisam estar mais próximos, eles precisam ter pessoas dentro do borde para determinar para qual direção as empresas vão investir.
01:27E, nos Estados Unidos, o livre mercado costuma imperar.
01:32Agora, muita gente fica com medo de ter uma interferência governamental excessiva nos rumos da Intel.
01:38Por exemplo, proibir a Intel de vender para a China, sendo que, se você pensar de um ponto de vista estritamente corporativo, empresarial, você tem que vender onde é vantajoso para você, né?
01:49Exatamente. Você vende onde o cliente está e, como os Estados Unidos é a maior economia, a China é a segunda, as principais empresas do mundo hoje querem acessar os dois mercados para terem o máximo de receita e de lucro possível.
02:03Porém, a gente sabe que existem formas do governo americano, via tarifas, impedir as companhias de enviarem recursos ou itens para lá.
02:13E isso tem feito com que não só a Intel, mas a NVIDIA, que é uma grande empresa do setor de chips, sejam afetadas.
02:19A gente teve o balanço da NVIDIA essa semana e ela afirmou que os chineses também não estão mais comprando, que eles estão preferindo chips de empresas locais para tentar não depender de companhias americanas.
02:31Então, a guerra comercial tem esse efeito de jogar a economia para um patamar menor, ela é recessiva e, em última instância, realmente tem as empresas com operações menores do que a guerra comercial que teria começado.
02:46Gustavo, agora a gente vai para uma pergunta do Felipe Machado.
02:49Gustavo, boa noite para você. Gustavo, realmente a gente ficou muito surpreso com essa decisão sobre a Intel, né?
02:55Um pouquinho antes dessa decisão, o presidente americano chegou, chamou o CEO da Intel na Casa Branca, depois não se sabe o que foi discutido, mas logo depois ele anunciou esses 10% que o governo americano teria.
03:07E não foi só isso, ele também está exigindo que a NVIDIA e a AMD, que fabricam chips, na venda para a China, elas têm que pagar 15% para o governo americano.
03:17Que tipo de capitalismo é esse novo que a gente está vendo do Donald Trump?
03:21Quer dizer, como é que as empresas concorrentes da Intel, por exemplo, vão poder competir com uma empresa que tem o governo americano como um dos sócios, vamos dizer assim?
03:29Isso desincentiva totalmente as empresas ou startups de investirem nesse setor, porque se o governo está como sócio, ele pode dar benefícios, ele pode dar contratos para favorecer a companhia.
03:41A gente tem o histórico do governo americano ter participação em empresas em momentos de crise financeira.
03:46Se a gente voltar à crise de 2008 ou 2009, o governo entrou na General Motors, ele entrou em bancos americanos, mas isso são momentos de vulnerabilidade.
03:54Quando elas precisam de injeção de capital naquele momento, depois o governo vai lá e vende, sai, vida é que sai.
04:00Nesse momento, a gente está vendo um pouco de racional de soberania, de que a guerra de chips hoje é a mais estratégica do mundo,
04:11de que não é um mercado livre para um país nem para outro, que o governo precisa estar muito próximo.
04:15Então, desincentiva sim o mercado local, incentiva o local, mas com uma visão de disputa de que a tecnologia está indo nessa direção
04:25e qual país dominar vai ter muito mais vantagem no futuro em diversas outras áreas.
04:31Por isso, a justificativa vai nessa linha do governo americano.
04:35Esse movimento do Trump, ele não pode ser analisado e até criticado como sendo uma espécie de reconhecimento do sucesso do modelo chinês,
04:42porque a gente sabe que lá o governo muitas vezes exige sociedade em grandes empresas para que as empresas operem no país.
04:51Acredito que ele mostra um temor de que a China domine ainda mais o setor de chips
04:57e a gente vê a qualidade, a quantidade das companhias chinesas aparecendo no mercado
05:05e também de Taiwan, que a gente sabe que atualmente tem uma questão geopolítica muito grande,
05:11com a possibilidade da China invadir a ilha e dominar a TSMC, que é a maior produtora de chips do mundo.
05:18Por isso, o governo americano tem o Chips Act, que são investimentos bilionários de dólares já aprovados no Congresso
05:24para tentar investir não só na Intel, mas na NVIDIA, em outras empresas do mundo,
05:29para que traga a operação mais perto do seu reduto, do seu território.
05:34Uma parte da fábrica da Intel vai ser investida na Alemanha e por aí vai.
05:39Eles estão tentando fazer com que eles não fiquem independentes futuramente de concorrentes chineses,
05:44mas dá para se afirmar que eles entendem sim que a China tem uma possibilidade de sucesso muito grande pela frente.
05:51Só para concluir, a gente teve um movimento um pouco similar no século passado,
05:56quando a gente teve a disputa por aeronaves.
05:59Então, o governo americano, até hoje, ele dá subsídios para a Boeing
06:02contra os subsídios que o bloco europeu dá para a Airbus,
06:06mas acho que em uma escala muito menor e realmente ainda é uma disputa de controle em um mercado
06:12em que todos utilizam de todos.
06:14Agora não, eles querem ter o chip fabricado e com toda a cadeia só no seu território
06:20para que o outro não tenha acesso e não se desenvolva mais.
06:23Felipe.
06:24Opa, Gustavo, essa história começou no governo do Biden.
06:28O governo do Biden proibiu a NVIDIA de vender chips para a China
06:32para não acelerar o desenvolvimento da indústria chinesa de tecnologia.
06:36Mas o Donald Trump levou isso a consequências ainda mais radicais, proibindo a China.
06:40Depois ele acabou sendo convencido pelo CEO da NVIDIA, o Jensen Huang, a vender os chips H20.
06:46Agora a China não quer os chips H20 porque acha que eles são muito ultrapassados
06:49e a China tem possibilidade de fazer os chips melhores.
06:52Como é que você está vendo essa guerra comercial, essa guerra entre tecnologias, China e Estados Unidos?
06:57Quem que está na frente?
06:58Se a China não comprar mais chips da NVIDIA, ela tem a possibilidade de acelerar a sua indústria,
07:03seu desenvolvimento interno?
07:05Ela tem a possibilidade, ela está investindo muito nesse sentido para tentar ficar mais autônoma.
07:12E tem uma questão que é a ilegalidade.
07:15A gente sabe daquilo que oficialmente saiu dos Estados Unidos e foi para a China,
07:20mas a gente não sabe exatamente o que foi declarado que entrou na Tailândia,
07:24numa subsidiária de uma empresa chinesa em algum país do sudeste asiático,
07:29e se tornou, na verdade, tecnologia chinesa, ou ajudou a desenvolver a tecnologia chinesa.
07:34Por isso que é muito difícil você falar que realmente não chegam os chips na China.
07:39Quando a gente teve o anúncio do Deep Seek, que é a inteligência artificial chinesa,
07:44ele espantou o mundo pela sua eficiência, pela sua rapidez, pela sua qualidade,
07:50com o número de chips vindo dos Estados Unidos muito pequeno,
07:54em comparação com as outras inteligências artificiais do mundo.
07:58Posteriormente, o que se entendeu é, eles não poderiam ter declarado um número maior de chips,
08:02porque eles estariam desmentindo o que o governo alega que entra oficialmente no país.
08:07Então, realmente, veja que não é algo por cima dos panos, né?
08:13Realmente vira uma disputa de que eu vou desenvolver sim, não importa como,
08:19porque isso é muito estratégico para o meu país,
08:22e são as duas maiores potências econômicas do mundo e geopolíticas também.
08:26Agora, Gustavo, falando aqui um pouco de investimentos,
08:29a gente tem, obviamente, grandes empresas como a NVIDIA, que estão bombando na Bolsa de Valores,
08:33mas se a gente esquecer um pouquinho essas que já estão consagradas,
08:37para que empresas de tecnologia você tenha olhado com um pouco de carinho aqui no Brasil e no exterior também?
08:43Bom, aqui no Brasil a gente tem boa parte das empresas não listadas aqui,
08:47as de tecnologia, elas são listadas, inclusive, nas bolsas americanas.
08:52Então, realmente, o que a gente consegue trazer aqui para o nosso país
08:56são as empresas que vão se beneficiar da tecnologia.
08:59O que eu consigo chamar de que vão ser beneficiadas?
09:03Aquelas em que a inteligência artificial vai dar um pulso,
09:07principalmente a setor de farmácia, setor de produção de remédios.
09:12Esse setor, ele tem uma taxa de sucesso nas pesquisas abaixo de 5,
09:18algumas chegam mais perto de 10, dependendo da companhia.
09:20Com a inteligência artificial, se espera que isso dobre.
09:25E dobrar a taxa de sucesso significa uma receita e lucros bilionários para os próximos anos.
09:30E, claro, muito benefício também para a sociedade,
09:33que vai ter uma cura maior de doenças nos próximos anos.
09:37Isso tudo porque a inteligência artificial, ela consegue fazer muito mais teste em pouco tempo,
09:42de quais princípios ativos vão funcionar para determinadas doenças,
09:45determinados problemas de saúde.
09:47Então, eu diria que na Bolsa Brasileira, uma forma de você aproveitar seria via as grandes farmacêuticas,
09:54que vão ter muito benefício dessa tecnologia,
09:56porque as empresas brasileiras são ou pouco existentes no setor de tech ou listadas nos Estados Unidos.
10:02E nos Estados Unidos, acho que vai na mesma linha.
10:04As grandes empresas de fármaco, a NVIDIA continua sendo uma das grandes referências
10:08e continua crescendo a um ritmo impressionante.
10:11É claro que vai desacelerar percentualmente, mas ela ainda é um lucro bilionário,
10:16na casa de dezenas de bilhões, trimestre por trimestre,
10:18indicando que vai continuar crescendo.
10:20Ou seja, a febre da inteligência artificial, ela não desacelera.
10:25A NVIDIA promete crescer mais de 50 bilhões de dólares só em receita no próximo TRI.
10:30Eu diria que essa discussão, ela tende a crescer ainda muito mais nos próximos anos,
10:35conforme as indústrias vão absorvendo.
10:37E só para concluir, um fato curioso aqui para trazer para vocês,
10:41a gente estava estudando aqui na RB,
10:43o quanto das empresas brasileiras que reportaram agora os resultados do segundo trimestre
10:47já estão utilizando, pelo menos declaram que já estão utilizando a inteligência artificial.
10:52E chegaram em 62% das empresas da amostra que a gente estudou.
10:57Então, realmente, as empresas brasileiras já estão incorporando para o seu dia a dia.
11:01Não dá para ficar para trás, né?
11:02Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos,
11:05muito obrigado pela sua participação e boa noite.
11:09Uma boa noite para vocês, um ótimo final de semana.
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