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Enquanto Trump impõe tarifas que afetam diversos setores, cresce a suspeita de lobby de gigantes da tecnologia por trás das medidas. O Brasil, mercado estratégico para as big techs, pode estar no centro dessa movimentação. Quem repercute esse assunto é o professor Gustavo Macedo, do curso de relações internacionais do Ibmec-SP.

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Transcrição
00:00E você vai querer participar da nossa próxima conversa, viu?
00:02Porque a gente volta a falar sobre o tarifácio de Donald Trump,
00:05agora considerando as big techs e as maiores bandeiras de cartão de crédito.
00:09Para isso eu recebo aqui o Gustavo Macedo, doutor em Ciência Política
00:12e professor de Relações Internacionais de IBMEC São Paulo.
00:16Gustavo, boa noite, viu? Prazer em te receber aqui na nossa bancada.
00:20Bom, a gente sabe que tem um argumento ali da balança comercial,
00:25mas que de fato já foi esvaziado e tem muitas outras coisas
00:29que estão dentro dos interesses que levaram,
00:33as razões que levaram o presidente norte-americano
00:35é levar tarifas sobre produtos brasileiros.
00:37Qual que é o papel das big techs nessa história?
00:39O papel das big techs é central, Natália,
00:41porque eu venho com a hipótese de que, na verdade,
00:44essa ideia de colocar tarifa em café, suco,
00:48isso daí, na verdade, é fumaça.
00:50O verdadeiro interesse é a corrida da inteligência artificial.
00:54Se você olha a carta que o Trump manda para o Lula,
00:58algumas semanas atrás, no último parágrafo,
01:02ela fala sobre regulação de plataformas digitais.
01:06Essa carta aparece dois dias depois da reunião dos BRICS,
01:10em que há uma declaração dos BRICS sobre inteligência artificial.
01:15Então, a gente percebe que, nas últimas semanas,
01:18a coisa foi se desenvolvendo de tal forma
01:20que outras declarações foram feitas justamente
01:23para preparar o terreno da negociação nessa área.
01:27Certo.
01:28E agora, o julgamento do Supremo Tribunal Federal
01:31ampliando as responsabilidades das redes sociais
01:33sobre o conteúdo publicado pelos usuários
01:35deve ter pesado também nisso, né?
01:37Com certeza.
01:38Porque, no final das contas, a gente está falando de mercado.
01:40A gente está falando de mercado,
01:42que é um grande mercado em termos de número de usuários.
01:45A gente, no Brasil, a gente tem aí mais de 130 milhões de usuários
01:49das plataformas digitais
01:51produzindo dados, consumindo dados.
01:55E a gente está falando também de um outro mercado,
01:58que é o mercado de internet, de telecomunicação,
02:01de data centers, de energia e de recursos naturais,
02:05como, por exemplo, metais e terras raras.
02:07Então, a gente está falando aí de um grande mercado
02:10e que é um mercado que vem sendo...
02:14vem recebendo muito aporte dos chineses.
02:16A gente tem agora, por exemplo,
02:17um novo data center do TikTok
02:19que está para ser instalado no Nordeste.
02:23É um problema para as big techs.
02:25Por que essas big techs?
02:26Bom, primeiro a gente não pode esquecer
02:27que todas essas presidências das big techs
02:30estavam lá no Inauguration Day,
02:32ao lado do Trump, né?
02:34Inclusive, um deles foi um grande secretário,
02:37o Elon Musk, foi um dos grandes secretários.
02:39O próprio Trump é um interessado
02:41porque ele tem uma plataforma digital também, né?
02:44Então, a gente está falando de uma disputa por mercado.
02:47Tanto em termos de mercado consumidor,
02:50que o brasileiro é um grande consumidor,
02:52o brasileiro também alimenta muito a internet
02:55com seus próprios dados
02:56e também a gente está falando com relação
02:58a acesso a recursos naturais.
03:00Essas regulações, essas decisões
03:02sobre regulação de plataforma digital,
03:04na verdade, elas acabam delimitando o mercado.
03:07Quando você começa a colocar mais restrições
03:10e responsabilidade sobre as plataformas digitais,
03:13você começa a regular o mercado
03:15e que é tudo o que eles não querem.
03:17E pode começar no Brasil, eventualmente,
03:20e se espalhando na Europa também
03:21já tem muita cobrança nesse sentido.
03:22Na Europa já existe nesse sentido.
03:24Já existe a meta mesmo.
03:26Agora, recentemente, o governo italiano
03:28já impôs mais uma regulação sobre a meta.
03:31Então, a Europa é o grande exemplo de normatividade,
03:37de regulação das plataformas digitais.
03:39Então, as plataformas digitais têm o medo
03:41de que outras regiões ao redor do mundo
03:43sigam o exemplo europeu de regulação
03:47e é uma regulação que tende à proteção do usuário.
03:49Felipe Machado, sua pergunta, professor Gustavo.
03:53Professor, boa noite.
03:55Professor, eu queria falar um pouquinho
03:57dessa questão da Europa.
03:58A gente vê que na Europa a regulação já existe,
04:00pelo menos a regulamentação já existe em alguns países
04:03e ela, de certa forma, é rígida.
04:06Até mais rígida do que a versão apresentada
04:09pelo Supremo Tribunal Federal.
04:11Por que no Brasil, se essas empresas de Big Tech
04:13aceitaram, de certa forma,
04:15foram obrigadas a aceitar a regulamentação na Europa,
04:18por que aqui no Brasil eles estão batendo tanto pé,
04:20estão sendo tão críticos em relação à posição brasileira?
04:24A gente tem uma situação aqui no Brasil
04:26que o Brasil não tem uma soberania digital forte.
04:31A nossa soberania digital é muito fragilizada.
04:33O que significa ter uma soberania digital fragilizada?
04:36A gente não tem leis que protejam o nosso mercado,
04:40o nosso consumidor e o nosso cidadão.
04:42Porque a gente levou mais tempo para amadurecer
04:46o debate da regulação da internet,
04:48o debate da regulação da inteligência artificial,
04:50o debate das plataformas digitais.
04:53Na Europa, eles já estão há mais tempo debatendo isso,
04:56o que também trouxe alguns empecilhos,
04:59como, por exemplo, criou algumas barreiras para a inovação.
05:03Mas a gente também tem que tomar um cuidado muito grande,
05:05porque no Brasil, o debate começou a caminhar
05:08no sentido de proteção e inovação não podem caminhar juntas.
05:13Isso é uma mentira.
05:14Existem vários modelos que garantem que proteção e inovação
05:17caminhem juntas e de maneira responsável.
05:20Então, no Brasil, nesse momento, a gente está no processo ainda de amadurecimento.
05:24Nós temos mais de umas centenas de projetos de lei
05:26que estão lá no Congresso, tanto na Câmara quanto no Senado.
05:30Mas tanto a Câmara quanto o Senado têm tido uma grande dificuldade
05:34para conseguir fazer o seu trabalho,
05:36que é de aprovar leis que regulem essas plataformas,
05:40a internet e a inteligência artificial.
05:42Um pouco por lobby dessas empresas,
05:45um pouco por um grande interesse por parte dos nossos parlamentares.
05:50E só para finalizar, a gente não pode esquecer,
05:53o ano que vem a gente tem eleições de novo.
05:55Então, existe uma preocupação muito grande,
05:58até por parte do próprio legislador,
06:00que é um grande usuário das plataformas digitais,
06:03onde ele faz ali o seu...
06:04ele arregimenta os seus eleitores,
06:06para que ele também não acabe regulando a forma
06:09como ele também vai precisar se comportar nas plataformas digitais.
06:13Perfeito.
06:14E, professor Gustavo, se tem uma área em que o Brasil está na vanguarda,
06:18é exemplo, é referência à questão do PIX, né?
06:20Na tecnologia bancária.
06:22E ainda antes do decreto das tarifas,
06:23que os Estados Unidos abriram uma investigação
06:25sobre práticas comerciais brasileiras,
06:29com o PIX provavelmente entre os alvos.
06:32Tem um lobby das bandeiras de cartão de crédito por trás disso?
06:35O que você enxerga nesse contexto?
06:37O PIX é uma vitória do sistema brasileiro,
06:40e o PIX é visto como um modelo a ser seguido por vários outros países.
06:45Ele democratiza o acesso ao pagamento,
06:49ele facilita o acesso ao pagamento,
06:50e agora até mesmo com a possibilidade do parcelamento do PIX,
06:54isso daí, obviamente, que vai bater de frente com quem?
06:57Com quem tem um monopólio desse mercado,
07:00que são as grandes bandeiras de crédito, né?
07:04Que estão entre as big techs.
07:06Por que elas estão entre as big techs?
07:08Porque elas têm muito dado.
07:10Então, quando a gente faz compra,
07:11quando a gente usa o cartão,
07:13quando a gente parcela alguma coisa,
07:14a gente está gerando muito dado.
07:15Essas informações, elas são muito preciosas.
07:18O que a gente começou a observar nos últimos tempos?
07:22O fato de que há um crescimento imenso do PIX,
07:26entre os brasileiros,
07:27tem diminuído o uso do cartão de crédito.
07:30Então, isso tem batido de frente com os interesses dessas grandes empresas.
07:33Então, é óbvio que elas vão reclamar,
07:36e que eles vão tentar encontrar formas de cercear essa nova tecnologia.
07:43Eles vão abrir investigação nos Estados Unidos
07:45como uma forma, na verdade, de barganha.
07:47Então, na verdade, o que a gente vai ver agora
07:50é um jogo da negociação de truco.
07:54Peço truco, peço seis, peço nove.
07:56E aí você vai utilizar todos os recursos
07:58que eles podem utilizar daquele lado
08:01para tentar favorecer e se fortalecer do lado
08:05da negociação na qual eles estão.
08:07Certo. Felipe Machado, mais uma sua.
08:09Professor, gostei que o senhor usou o exemplo do truco, né?
08:11A gente viu o presidente Lula usando esse exemplo também.
08:14Eu acho que é uma boa metáfora mesmo.
08:15Agora, eu queria te fazer uma pergunta em relação...
08:17Recentemente, a gente até exibiu aqui uma fala do presidente Donald Trump
08:20dizendo que nessa corrida pela inteligência artificial
08:23os direitos autorais teriam que ser esquecidos.
08:28Quer dizer, deveriam ser livres para as plataformas
08:30abastecerem suas ferramentas de inteligência artificial
08:34sem pagar direitos autorais, o que eu acho que é um absurdo
08:36e eu acho que é uma questão muito importante para ser discutida.
08:39Queria saber a sua opinião.
08:40A gente vai ter uma flexibilização...
08:42Corre o risco de ter uma flexibilização na questão dos direitos autorais
08:46para impulsionar essas plataformas?
08:48Eu concordo 100% com você.
08:50É um absurdo completo essa ideia de flexibilização dos direitos autorais.
08:55A gente tem um problema no Brasil que o Brasil, a gente costuma dizer
08:58que o subdesenvolvimento não é um acidente, ele é um projeto.
09:04A gente tem um problema no Brasil que a gente não leva a sério esse tipo de discussão.
09:08O brasileiro tem que entender que a partir do momento em que ele gera dado,
09:11em que ele usa a internet, em que ele abastece com foto, com mensagem, com áudio, com vídeo,
09:16ele é o proprietário dessa informação.
09:19Ele é o proprietário desse dado.
09:20Ele cede, ele empresta para essas plataformas.
09:24Que essas plataformas fazem uso deste dado,
09:27tanto para treinar algoritmos de inteligência artificial,
09:31quanto para vender outros serviços e produtos para esse próprio brasileiro.
09:36Quando a gente começa a falar que eles têm o direito de explorarem,
09:40sem nenhuma restrição, os dados de outros, ou seja, os nossos dados,
09:44as nossas fotos, os nossos vídeos,
09:46significa que eles estão explorando quase num sistema colonial,
09:51de que eles vêm, eles têm acesso ao que a gente tem de mais precioso,
09:55que são as nossas informações pessoais,
09:58eles exploram aquilo, eles vão minerar aquilo
10:00e vão nos devolver um produto acabado, manufaturado, por assim dizer.
10:06Então, a gente tem uma situação que o Congresso brasileiro, hoje,
10:10precisa ser muito corajoso para aprovar uma regulação.
10:13A gente já tem algumas regulações, como a LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados.
10:19A gente já tem uma legislação que permite a proteção.
10:22Mas o que a gente precisa?
10:24Como é um mercado que está em constante atualização,
10:27a gente precisa de leis que estejam acompanhando essas atualizações
10:31para a proteção da propriedade privada, da propriedade intelectual do brasileiro.
10:37Professor Gustavo, qual que é a possibilidade para uma coexistência pacífica,
10:43que você mencionou aqui, que não é uma coisa ou outra,
10:46ou inovação, ou regulação?
10:49Qual que é o caminho possível?
10:51E a gente sabe que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Geral do Alckmin
10:54se reuniu durante a semana com representantes das big techs,
10:58também de empresas de cartão de crédito.
11:01Como que você avalia até aqui?
11:03O que você espera de posicionamento do Brasil nesse quesito?
11:06O Brasil tem, nesse momento, a faca e o queijo na mão.
11:10A gente tem muita força para poder negociar.
11:13Ao contrário do que alguns analistas, principalmente os norte-americanos,
11:17que estão a favor do atual governo, querem...
11:20O Brasil tem uma situação confortável de poder negociar.
11:24Por quê?
11:24Primeiro, o histórico do que o Trump vem fazendo com os outros países
11:28é aquela ideia de que o Trump vai blefar e depois ele vai voltar para trás.
11:32Então, a gente já sabe, com o histórico do que aconteceu com os outros países,
11:36que a gente precisa ser firme na negociação,
11:38porque essa é a linguagem que o Trump conhece.
11:42E, ao mesmo tempo, nós temos muitas outras opções de mercado.
11:45Por exemplo, a gente tem uma parceria muito forte com os chineses
11:48e que essa parceria tende a crescer.
11:50Na medida em que o governo americano vem forçando não apenas o Brasil,
11:54mas outros países a cederem, o que ele está fazendo?
11:59Ele está empurrando o Brasil em direção à China.
12:02A China se torna cada vez mais um mercado mais sedutor,
12:06tanto em questões de manufatura, quanto na área de serviço de inteligência artificial,
12:13de informática e telecomunicação.
12:15O que a gente poderia fazer?
12:16A gente poderia fazer o seguinte, olha...
12:18Dois caminhos aqui, só para citar dois caminhos.
12:21Existem vários.
12:21Um caminho seria, por exemplo, você falar, olha, eu quero ter muito claro
12:26o quanto do dado que eu produzi foi utilizado para o treinamento de um determinado serviço.
12:33Essa tecnologia, ela existe.
12:35Nós estamos falando das empresas, que são as empresas mais valiosas do mundo,
12:39que têm uma tecnologia impressionante.
12:41Eles são, sim, capazes de fazer a rastreabilidade dos dados
12:45e de dizer para você, para mim, para todos nós,
12:48olha, eu usei X% do seu dado,
12:51para treinar tal, tanto,
12:54e aqui está a sua forma de recompensação.
12:57Isso é uma coisa.
12:58A outra coisa, quando a gente para para pensar em sustentabilidade,
13:01olha que interessante.
13:03O usuário brasileiro, 90% da energia que a gente consome,
13:08ela vem de fontes limpas e renováveis.
13:12Então, se você parar para pensar dessa forma,
13:14o dado produzido no Brasil é um dado mais limpo e renovável.
13:18Diferente dos Estados Unidos, que é de 40% a 60%,
13:21ou da China, que é de 25%.
13:23Então, o que a gente está fazendo?
13:25A gente não está sabendo aproveitar isso na hora da barganha.
13:27O nosso dado é muito mais limpo,
13:30só que a gente, entre aspas, paga o mesmo que o americano,
13:34que o francês, que o espanhol.
13:36A gente deveria aproveitar essa diferença
13:39para colocar também as cartas na mesa
13:41e fazer uma negociação que favoreça o cidadão brasileiro.
13:45Bom, de vista bem interessante.
13:47Eu quero agradecer ao Gustavo Macedo,
13:49doutor em Ciência Política
13:50e professor de Relações Internacionais do IBMEC,
13:53pela participação com a gente nessa noite.
13:55Muito obrigada, Volto Sempre.
13:56Eu que agradeço.
13:57Tchau, tchau.
13:57Tchau, tchau.
13:58Tchau.
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