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Leonardo Sica, presidente da OAB-SP, avalia que a Ordem dos Advogados do Brasil pode funcionar como mediadora entre sociedade civil e a política brasileira.
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Transcrição
00:00Nós falamos um pouco, né, Leonardo, de uma coisa tão importante, que esse clima de antagonismo e polarização política
00:07acaba empobrecendo a discussão da construção de consensos. Você colocou isso muito bem.
00:15Você espera que esse papel da OAB como uma entidade da sociedade civil, provocando a sociedade civil,
00:23faça essa mediação do consenso que nós hoje parece que não conseguimos encontrar na política?
00:30Sim, sim. Nós, aqui na OAB de São Paulo, a gente vem oferecendo a OAB como um centro de entendimento.
00:38Não precisa ser o único, a gente precisa de vários centros de entendimento no país,
00:41mas a gente acredita que a OAB pode ser um grande centro de entendimento no Brasil,
00:45por ser um espaço neutro, apartidário, um espaço técnico, uma entidade técnica, uma entidade tradicional,
00:52tem mais de 90 anos, então confiável também, para a gente poder trazer para o debate público,
00:58para fora do espaço de antagonismos, e infelizmente, por enquanto, o Congresso Nacional não consegue
01:03ser esse espaço livre de antagonismos.
01:05Esperamos que consiga voltar a ser, mas não consegue ser,
01:09para a gente poder discutir os nossos temas do nosso quintal.
01:12O nosso quintal aqui é o sistema de justiça,
01:13então se a gente precisa discutir o sistema de justiça, a OAB de São Paulo está fazendo isso,
01:17ela está se oferecendo como espaço para a criação de entendimentos
01:22de como a nossa justiça pode funcionar melhor.
01:25É só isso, e o fato de a gente estar aqui hoje discutindo isso é uma prova de que a discussão é pertinente.
01:32Uma das coisas importantes para se voltar a ser uma corte constitucional é a decisão do colegiado.
01:39Toda corte constitucional decide por meio de colegiado.
01:43O fim das decisões monocráticas é algo importante para resgatar esse espírito de colegiado do STF?
01:50Então, a colegialidade dos tribunais é algo que está na pauta, já está colocada,
01:54a comissão começou a trabalhar há pouco tempo, mas isso já saltou como um tema necessário.
02:00Para todos os tribunais, Superior Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal também,
02:03tribunal, o tribunal é um colegiado, se for olhar no dicionário que é tribunal,
02:08é um colegiado de pessoas que decidem algo, então é um grupo.
02:12A instabilidade de decisões que você mencionou lá no começo, ela tem como origem,
02:17uma das origens, deve ter várias também, o excesso de decisões monocráticas nos tribunais.
02:23Porque como os tribunais começam a decidir monocraticamente, ou seja, um juiz só decidir,
02:27o que acontece é que as decisões ficam naturalmente mais instáveis.
02:31Se você leva a decisão para um colegiado, você tem uma turma, um plenário,
02:35de muitos ministros, muitos embargadores para decidir,
02:37é mais difícil que a decisão seja imprevisível, porque é uma decisão discutida,
02:44é uma decisão submetida a vários pontos de vista, então é essencial que os nossos tribunais
02:49todos possam voltar a ser colegiados.
02:52Eu entendo que o excesso de decisões monocráticas é remédio para o excesso de processo,
03:01foi um remédio, mas é um remédio analgésico, ele só tira a dor e não resolve o problema,
03:06a gente continua tendo muito processo.
03:08Então a gente tem que reduzir o número de processos dos tribunais, racionalizar
03:12e trazer regras, como você disse, de limitar a decisão monocrática.
03:18O que é a decisão monocrática? É uma liminar.
03:20Quando um ministro, um desembargador recebe um processo e ele dá uma decisão rápida
03:24antes de julgar no colegiado.
03:27Para onde que a gente tem que reservar a decisão monocrática? Urgência.
03:31Para isso que serve a decisão liminar, urgência.
03:32Tem uma decisão urgente, não dá para esperar o colegiado se reunir,
03:37o juiz está legitimado a se antecipar e falar, olha, estou tomando uma decisão aqui de cautela,
03:41a gente chama, é cautelar, né?
03:42Estou tomando uma decisão cautelar para paralisar aqui a discussão,
03:46para cautelar essa situação enquanto o colegiado não julga.
03:49É isso só.
03:51A decisão monocrática tem que ser só em situação de emergência jurídica.
03:54Fora isso, tribunal é um colegiado.
03:58A gente não tem...
04:00Ter um tribunal onde os juízes decidem monocraticamente tem que mudar o nome, não é mais tribunal.
04:05É verdade.
04:06É um grupo de juízes.
04:08Outro ponto que parece importante é um papel central do Conselho Nacional de Justiça, CNJ.
04:15Por quê?
04:16Porque essa uniformização das decisões que nós estamos falando há pouco aqui,
04:20porque você acaba acionando a justiça porque acha que dessa vez posso ganhar.
04:24Eu não ganhei na última, mas quem sabe nessa eu vou ganhar.
04:26Então, se começar a ter uma certa padronização, ajudar esses juízes, ter que justificar muito
04:33por que você está fugindo do padrão, não.
04:34Porque senão se tornar impune essa mudança de padrão toda hora, isso acaba gerando essa
04:40insegurança jurídica.
04:41O CNJ pode cumprir algum papel, por exemplo, tentar fazer com que os juízes andem mais na
04:48linha, com decisões anteriores tomadas, como se fosse uma cláusula vinculante, uma
04:53súmula vinculante.
04:54Assim, olha, essa decisão já foi tomada, não vamos ter que repetir a mesma coisa daquilo
04:59que já foi decidido anteriormente.
05:00Nós confiamos muito no Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional de Justiça é
05:04um órgão criado na última reforma do Judiciário, que é um órgão plural, então tem dois
05:10assentos, por exemplo, tem dois conselheiros que foram indicados pela OAB, tem conselheiro
05:13indicado pela Câmara, pelo Senado, pelo Superior Tribunal de Justiça, pelo Superior Tribunal
05:18Federal também.
05:20Possa ser um indutor de boas políticas, acima de ser um órgão punitivo, de ficar julgando
05:24e punindo juízes, porque também isso a gente tem que julgar e punir juízes, advogados,
05:29promotores médicos, todos aqueles que hajam fora da lei, mas o importante é que o Conselho
05:33Nacional de Justiça possa retomar o seu papel de ser o órgão indutor de políticas para
05:40o Poder Judiciário e a gente confia em levar essa nossa experiência, essas nossas propostas
05:47para o Conselho Nacional de Justiça definir regras de funcionamento.
05:51Não estamos dizendo que o Conselho Nacional de Justiça vai interferir e nem pode interferir
05:54como o juiz julga a causa, mas as regras de funcionamento, de precedentes, de respeitar
06:00precedentes, eu acho que a gente precisaria exigir dos tribunais para desrespeitar um
06:05precedente um pouco mais.
06:07Sim.
06:08Hoje em dia basta o juiz discordar do precedente que ele decide contra o próprio precedente.
06:13Nós temos que exigir algo mais qualificado.
06:15E para derrubar um precedente, que é um entendimento consolidado há muito tempo, idealmente,
06:22e a doutrina diz isso, o que a gente tem que exigir é um conjunto de decisões.
06:26Então, o judiciário acha algo sobre um assunto, ter uma decisão padronizada.
06:34Pode mudar?
06:35Claro que pode, a vida muda, a sociedade muda, mas para mudar um entendimento consolidado
06:39do judiciário, você não pode ter uma decisão.
06:41Tem que ter um conjunto de decisões.
06:43Quando você tem um conjunto de decisões, você fala, opa, pera lá, a gente achava
06:47isso, mas a gente está vendo aqui, olha, agora a gente, uma vez, segunda vez, terceira
06:52vez, quarta vez, nós estamos vendo que a realidade mudou e nós vamos mudar.
06:55O que acontece hoje é que uma decisão pode derrubar um precedente.
06:59Um precedente.
07:00Pode derrubar um entendimento.
07:03Então a gente tem súmula, o que é uma súmula?
07:05O Supremo Tribunal de Justiça, o Supremo editam súmulas, uma súmula é um enunciado
07:09de uma, duas linhas sobre um assunto que está pacificado.
07:13A súmula é, o tribunal olhando vários anos para a jurisprudência dele, ele fala,
07:17olha, aqui nós achamos isso.
07:19Os juízes hoje podem julgar contra a súmula...
07:23O juiz trabalhista está cheio disso.
07:26Isso, sem criar um histórico anterior para derrubar uma súmula.
07:32Claro que a súmula não é, nem a lei é pétrea.
07:36A gente tem cláusulas pétreas ali na Constituição e o resto, a sociedade, a vida, a vida exige
07:40a mudança.
07:42Mas para o judiciário, a gente precisa mesmo para mudar, a gente precisa de regras mais
07:45estáveis.
07:46Mudar entendimento, eu estou dizendo.
07:48Um outro tema também vem sendo discutido já há um tempo, é a questão de prisão em
07:53segunda instância, esse tema também está sendo aventado nessa discussão ou não?
07:58Não, não, nós não vamos discutir regras de direito material, de direito processual,
08:02não estamos pensando nisso, regras de funcionamento do judiciário mesmo.
08:06Certo.
08:06Embora exista muita coisa para ser feita, fica para outro lugar isso.
08:09É, com certeza.
08:12O Supremo, nessa nova configuração, fim de medidas monocráticas, voltando a acesso
08:20à Corte Constitucional do colegiado.
08:22Um outro fator que o Supremo Brasileiro é um pouco criticado é por causa da TV Justiça.
08:27Foi o sensacionalismo das votações, acabou com aquela história do voto manifestar apenas
08:35nos autos.
08:36Como é que você vê essa questão?
08:38Então, veja, só para a gente, a gente não pode ter apego nem às próprias boas
08:43ideias ou às boas ideias.
08:45A TV Justiça surgiu lá atrás como uma boa ideia.
08:47Era uma boa ideia, dar mais publicidade ao trabalho do Supremo, mostrar para o cidadão
08:53como julga a Corte Suprema, mas eu acho que quando a gente teve TV Justiça somada à
08:58rede social, somada a uma série de coisas, a gente percebe que hoje é um excesso de transmissão
09:05de julgamentos e está mais ou menos assente entre os profissionais de direito que a TV Justiça
09:10faz mal.
09:11Por quê?
09:13E vou dar uma proposta também, não vou dizer que a gente tem que acabar com a transmissão,
09:16os julgamentos têm que ser públicos, para que o cidadão entenda.
09:20Mas o que é julgamento público?
09:21O julgamento público é um julgamento no Tribunal de Porta Aberta.
09:24Que o Dávila possa entrar e assistir, que eu possa entrar e assistir, que um jornalista
09:27possa entrar e assistir, anotar o que está acontecendo e publicar na imprensa dele.
09:33Isso é público.
09:34Público não precisa ser transmitido.
09:36A publicidade se garante com o julgamento de portas abertas.
09:39A transmissão do Supremo Tribunal Federal acabou contaminando a atuação dos ministros.
09:46Tem estudo mostrando que o tempo de voto dos ministros quadruplicou depois da TV Justiça.
09:52E aí também, a gente tem que reconhecer um dado humano.
09:56Qual o ser humano que conseguiria ter 100% do seu trabalho transmitido pela TV ao vivo,
10:04sem condicionar de qualquer forma a sua reação?
10:06Muda a reação de qualquer ser humano.
10:08O tempo todo, tudo que você está julgando é transmitido.
10:11Então, o que nós entendemos?
10:12Que a gente não pode também abrir mão de um avanço de publicidade.
10:17Então, que a TV Justiça, ela deve transmitir alguns julgamentos
10:20de algumas questões de grande interesse público e de constitucionalidade.
10:25Não pode transmitir julgamento de pessoa.
10:28Isso fere também a dignidade daquela pessoa ali que está sendo julgada.
10:30Se está sendo julgado, o Brasil inteiro está vendo?
10:33Então, alguns temas que são importantes, a gente assistir o julgamento.
10:36Então, que a gente pudesse ter assistido o julgamento,
10:39que não teve, que foi virtual, das redes sociais.
10:41É uma tese.
10:43Quando houve, vou voltar atrás, julgamento do uso de células-troncos para pesquisa,
10:47de união homoafetiva,
10:49situações constitucionais que acho que são interessantes.
10:53De transmitir ali, não há prejuízo às partes.
10:56Não tem uma parte em juízo que possa se sentir prejudicada.
11:00É claro que também prejudica o direito da parte.
11:02Se o meu julgamento está sendo transmitido, eu tenho prejuízo.
11:05Então, que a gente reserve a TV Justiça para transmitir
11:08julgamentos de interesse público em que não haja partes a serem prejudicadas.
11:13Eu dei alguns exemplos aqui.
11:14Nessa semana, eu for julgar precatórios.
11:17O interesse da sociedade entender.
11:18E é uma tese.
11:20Não tem nenhum problema assistir o julgamento.
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