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Diretor do Instituto Sivis, Jamil Assis,revela a dura realidade dos bastidores de Brasília em conversa com Felipe D’avila. O especialista relata conversas com parlamentares que admitem que a maioria do Congresso atua por interesses imediatos ou eleitorais, ignorando projetos de nação a longo prazo, em um ambiente dominado pela polarização.
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Transcrição
00:00Toda vez que tem um projeto muito genérico, é assim, nós não sabemos o que fazer,
00:04então vamos fazer uma coisa bem genérica, que é amplo o suficiente para encaixar o que cada um acha.
00:10Aliás, leis desse tipo, primeiro, não deviam existir.
00:14Se existir, elas têm que ser muito específicas para não dar espaço para a arbitrariedade.
00:20Como é que está esse debate com o teu corpo a corpo com os parlamentares?
00:25A gente escutou recentemente de parlamentares próximos, que fizeram perguntas bem capiciosas para eles,
00:31de quantos por cento dos seus colegas você acha que realmente estão preocupados com o futuro do Brasil,
00:35de construir uma nação?
00:37E essas pessoas são deputados bastante bem formados, de nova geração, inclusive.
00:42Olha, se chegar a 15% é muito.
00:44Então isso nos preocupa muito, estando lá há alguns anos acompanhando,
00:47que realmente parece um jogo muito voltado aos interesses, imediatos, como você bem falou.
00:51Então temos que aprovar um PL para responder a uma demanda do público.
00:54E para os meus eleitores saberem que a gente está atuando em temas que são de interesse e importante.
00:58Mas ao mesmo tempo a gente vê uma permeabilidade dos gabinetes, dos seus assessores e deputados,
01:04a boas informações.
01:05Eles estão abertos, como eu falei antes, a uma série de assuntos que eles têm que tratar no dia a dia.
01:11E que quando alguém bem intencionado, que gera um relacionamento,
01:13constrói esse relacionamento, esse pessoal com cada um deles,
01:17e entrega soluções justificadas, não arbitrárias,
01:20existe uma boa abertura, sim, de grande parte dos gabinetes.
01:23É claro que não escapa ao nosso ambiente político em Brasília a dinâmica da polarização afetiva,
01:29que a gente fala, que é o fato de eu simplesmente negar a outra pessoa porque eu discordo da opinião dela.
01:34Então eu nem engajo.
01:35Se eu sei que ele é de um lado ou do outro, eu nem vou abrir a porta para essa pessoa.
01:39Isso não escapa.
01:40Há, sim, casos de pessoas que simplesmente não escutam.
01:43Mas a gente acredita muito de que essa resposta a demandas da sociedade é uma abertura que a gente tem que usar.
01:51E instituições como o CIVIS, a gente encoraja todos que têm grupos de interesse
01:54ou instituições que defendam valores e princípios que são caros a vocês,
01:59que se engajem de maneira direta, pessoal, com as equipes dos deputados e senadores,
02:03que levem estudos, que sugiram mudanças.
02:06Não simplesmente critiquem o que está sendo feito,
02:08mas tragam o que vocês substituiriam no lugar.
02:11Por vezes é como você bem falou, Felipe, é melhor não ter nada.
02:14Mas por vezes você consegue pôr uma provisão que se assemelha a isso,
02:18ou que dificulta futuras regulações complicadas,
02:21ou que melhora a definição de termos que estão muito vagos.
02:24Então todo esse trabalho é bem-vindo.
02:27É um cenário bastante desafiador, acredito eu,
02:30mas eu não diria que não está tendo efeito o trabalho que a sociedade civil tem feito em Brasília.
02:36Então acho que tem uma boa abertura que a gente tem que usar.
02:40O sistema ainda é democrático.
02:41A gente acredita que existe sim uma exceção informal acontecendo,
02:45como você trouxe anteriormente,
02:47em casos judiciais relacionados à liberdade de expressão,
02:49de certos grupos políticos.
02:51Existe uma maior abertura a se flexibilizar as regras,
02:56quando aplicadas a certos grupos políticos que estão sendo avaliados como ofensivos à democracia,
03:02digamos assim,
03:03que a nosso ver é um problema grave.
03:05Você flexibilizar regras para atacar quem está atacando as regras
03:09é só um jogo de retórica.
03:11No fim das contas, qualquer um vai poder fazer isso quando assumir o poder.
03:15Então apesar disso, a gente acredita ainda assim
03:17que haja um espaço democrático em Brasília
03:20para boas ideias, para boas propostas,
03:22claro, quando bem articuladas,
03:24quando vem de relacionamentos duradouros.
03:27Então não se pode pensar que o Brasil é um dispenser de soluções políticas ou econômicas.
03:32A gente tem que construir relações com as pessoas que estão lá
03:35para fazer que elas tomem a melhor decisão possível.
03:37Não é fácil, mas tem que ser continuado.
03:40Agora, um outro pilar fundamental é o papel da imprensa.
03:43A imprensa livre é um elemento fundamental de uma democracia
03:48e evidentemente a liberdade de expressão não existiria
03:53se nós não tivéssemos uma imprensa livre.
03:56Eu falo uma coisa, traz a outra.
03:57A imprensa livre é o lugar onde a liberdade de expressão é mais manifestada.
04:00E principalmente uma visão crítica.
04:02Esse é o papel da imprensa.
04:05E isso vem sendo cada vez mais atacado,
04:08não só no Brasil, como no mundo.
04:10Recentemente eu vi o presidente Donald Trump
04:12querendo processar o Wall Street Journal.
04:14Quando algum repórter faz alguma pergunta na Casa Branca,
04:17ele esculasse o repórter dizendo que aquela pergunta é indevida.
04:22Então, é tudo uma forma de arbitrariedade,
04:25ou seja, impor a sua visão.
04:28Como você vê essa questão do respeito à liberdade de imprensa
04:35como um fórum fundamental para a opinião crítica
04:39e que essa opinião crítica deveria ser feita de maneira construtiva
04:43para melhorar e aprimorar o sistema e as instituições?
04:46Com certeza.
04:47O que muito nos motiva com o trabalho de liberdade de expressão
04:51é trabalhar o público de jornalismo mesmo.
04:53Então, desde editores até os jornalistas,
04:56toda a equipe voltada à produção de notícias.
04:59E, a certa medida, qualificar o debate público,
05:02e é parte do que a gente se propõe enquanto instituto,
05:04é contribuir com todos os veículos que a gente puder,
05:07com esse tipo de qualificação,
05:10é necessário para a gente ter uma democracia,
05:12como você falou, bem pujante.
05:13Então, a liberdade de imprensa vem junto com a liberdade de expressão,
05:17com a liberdade de associação, com a liberdade religiosa,
05:19como bases para a gente poder ter oposição dentro de um regime democrático,
05:24que, na essência, é isso,
05:25a gente poder trocar sem violência quem está no poder.
05:28Nos preocupa, por vezes, essa dessensibilização que a gente vê na sociedade em geral,
05:34pessoas descrentes da democracia,
05:37ou até relativizando quando uma liberdade é retirada,
05:40ou uma arbitrariedade é cometida,
05:43quando isso vem da classe jornalística, nos preocupa muito.
05:46Então, há certa relativização também dos direitos,
05:49ou da aplicação de regras,
05:50coberturas extremamente parciais são preocupantes também,
05:54então a gente entende a necessidade de posicionamentos editoriais.
05:57Isso, para a gente, é fantástico.
05:59Quanto mais transparentes, melhores.
06:01As linhas editoriais de cada jornal,
06:03combatendo no debate público de maneira pacífica,
06:06e defendendo seus artigos e suas opiniões,
06:08isso deve acontecer.
06:10Agora, a gente defender quem está no poder,
06:12normalmente, não é um bom sintoma.
06:14Claro que a gente não está dizendo que todos os veículos jornalísticos
06:17devem ser oposição ao atual governo.
06:19Não.
06:19Mas todos os veículos jornalísticos devem ser críticos ao que está acontecendo.
06:23Devem apontar onde estão as falhas.
06:25mais até, talvez, do que elogiar as boas práticas,
06:29porque isso já vai ser feito pelos governantes.
06:31Eles têm recursos para isso.
06:33Eles têm agência de comunicação para isso.
06:35Então, a imprensa tem muito mais esse papel
06:37de apontar os pontos de melhoria,
06:39gerar oportunidades de pessoas participarem e qualificarem políticas
06:43que estão, talvez, pouco maduras ou mal feitas,
06:46do que, talvez, ficar defendendo políticas públicas que foram bem feitas.
06:49Mas, pode, sim, se noticiar boas coisas necessariamente.
06:52Precisamos de bons ares, né?
06:54Quando a gente abre um jornal ou abre o nosso feed de notícias,
06:57precisamos de bons exemplos, de boas notícias.
07:00Só que o core do trabalho jornalístico é o investigativo, né?
07:03É aquele que vai atrás do caso, fato,
07:06que desafia o que a gente está imaginando,
07:08que é o que está acontecendo no dia a dia.
07:10E isso precisa, sim, ser motivado.
07:14E a gente sabe que as mídias sociais geraram uma série de desafios
07:17ao modelo de negócio do jornalismo.
07:19Isso é toda uma discussão complexa,
07:21mas que a gente acredita que a liberdade de expressão
07:22nunca pode ser deixada de fora disso.
07:25Então, pequenos veículos locais, independentes,
07:27aquele jornalista que é o blogueiro, digamos,
07:30ou que está sozinho ali cobrindo notícias da fronte,
07:33tudo isso tem valor, sim.
07:34Claro que não é o mesmo custo eu fazer isso
07:36do que eu manter uma redação inteira num lugar
07:37que eu posso mandar para o mundo inteiro,
07:39que eu posso investigar com profundidade,
07:41que eu posso ter gente locada em Brasília,
07:43em todos os lugares do Brasil.
07:44São custos distintos,
07:45mas são expressões tão importantes quanto
07:48o jornalismo independente,
07:50o jornalismo crítico,
07:51o jornalismo investigativo.
07:53Então, nós temos feito algumas ações
07:55justamente de dar ferramentas aos jornalistas
07:58que tiverem interesse
08:00e acessarem esse nosso conteúdo,
08:02nosso trabalho,
08:03a esses livros, por exemplo,
08:05a capacitações sobre ferramentas
08:06de como combater, por exemplo,
08:08discurso de ódio
08:09ou discurso de desinformação,
08:10tidos como,
08:12com o próprio discurso.
08:13É chamado counter speech.
08:15Então, ao invés de eu usar censura
08:16ou cancelamento,
08:17vamos usar o próprio discurso
08:19para combater aquilo que não é bom.
08:20Então, esse tipo de prática
08:22que a gente tem que fomentar
08:23no nosso jornalismo
08:24é crucial mesmo
08:25e bom que a gente traga
08:26esse holofote mesmo
08:27para uma indústria
08:29que precisa sim se renovar,
08:31precisa sim estar ligada
08:32aos novos momentos,
08:34mas precisa também ser apoiada
08:35pela sociedade nessa transição.
08:36que a gente tem que ver
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