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  • há 3 meses

Categoria

Pessoas
Transcrição
00:00Obra de arte com data de validade.
00:06Nas mãos do artista que você vai conhecer agora,
00:09batata, pinhão e mamão são matéria-prima.
00:12Tenho 26 anos, sou artista plástico, estudante da Belas Artes,
00:18primeiro ano de escultura.
00:21E sou um artista, eu gosto muito de fazer arte.
00:30Com dois anos eu já fazia alguns desenhos, assim, de impressionar.
00:40É? E você desenhava o quê?
00:44Eu copiava bastante figuras de chicletes, de balas, assim, eu copiava bastante, assim.
00:51É.
00:52E como que você foi na escola, naquela fase que as crianças estão começando a rabiscar o papel,
00:57você já estava um pouco mais avançado?
01:00Assim, muito, né?
01:02É que pra mim sempre foi natural fazer o que eu faço.
01:06Pra mim, eu achava que era normal, assim, de todo mundo.
01:11Foi na segunda série, assim, que foi quando me descobriram, assim.
01:16Eu voltei uma aula.
01:18E nessa aula, a turma inteira fez um trabalho e um grupo, né, assim, e faltou um painel pra fazer.
01:29E deixaram pra quem faltou, né?
01:32No caso, eu faltei.
01:34E acharam que ia ser algo ruim.
01:36No outro dia, no dia seguinte, me deram o cartaz, você tem que fazer.
01:39Eu achei maravilhoso uma cartulinha, uma coisa grande.
01:43Eu tinha sete pra oito anos, assim.
01:46Eu achei lindo, maravilhoso aquilo, então.
01:49E eu fiz um desenho e a professora ficou impressionada, assim, com os detalhes.
01:54Os alunos rodearam a minha carteira e ficaram olhando e me elogiando.
01:58E você sentiu o quê?
02:00Porque até então você achava que era normal, que tudo fazia.
02:02É, eu fiquei bem espantado, assim, porque o que tá acontecendo, assim, é tão normal, né, tão natural, assim.
02:09Foi ali que eu comecei a perceber que não, que eu era diferente, né, assim.
02:15E isso foi tão espantoso que a professora chamou outras professoras do turno, assim.
02:22Foi saindo de sala em sala, assim, as professoras.
02:26Não, mas te impressionou.
02:26Vendo, até chegou a diretora, viu também, assim, aí me deram materiais, desenhos, mapas de cor.
02:33Fiquei fascinada, né.
02:37E mais um estímulo.
02:38E você foi o tempo todo aprendendo como?
02:44Sempre empiricamente, assim, né, sempre sozinho, assim, treinando bastante.
02:52Como eu sempre gostei, foi a minha paixão, né, eu passava várias horas do meu dia, assim, fazendo, sabe.
03:00E às vezes eu até esquecia das necessidades básicas, como comer, assim, sabe, ir ao banheiro, tomar banho.
03:08Com sete anos você já impressionou na escola.
03:10Mas quando que você percebeu, você se impressionou com alguma grande obra que você tenha feito?
03:19Difícil falar, né, porque eu nunca me impressiono, assim, porque é tão natural, né, é muito natural, assim.
03:28Eu me impressiono mais com a ideia que eu tenho, com uma ideia criativa, sabe.
03:34Não tanto a obra feita, assim.
03:38E tem outro artista na família?
03:40Tem essa inspiração, vem da família também?
03:44É, o meu pai, ele sempre mexeu com tinta, né, com letreiros, né, estava fechada de comércio, né.
03:53E então eu sempre estive num meio onde tinha bastante materiais, assim, então acho que foi bem estimulante, né.
04:02Foi bem importante para o meu crescimento artístico, assim.
04:05E é para se desafiar também que você faz as esculturas em alimentos?
04:11Em alimentos, com materiais, né, não convencionais, sim.
04:15Como que começou?
04:16Começou, assim, né, na minha infância já, como eu não tinha tantos recursos, né.
04:23Enfim, eu buscava materiais alternativos, não podia comprar, né, tinha condições.
04:30Às vezes eu pegava tijolo moído, argila, terra, né, carvão de churrasco.
04:38E eu mesmo fazia meus próprios pigmentos, sabe.
04:41Então, assim, eu dava um jeito, né.
04:43Aham.
04:44Não parava de fazer, eu tinha que fazer, então eu dava um jeito.
04:47Eu acho que isso ajudou muito para a minha criatividade, sabe, necessidade.
04:52Teve que improvisar muito.
04:58Dessas obras eu gosto bastante de brincar, assim, com referência material, né.
05:06Às vezes com uns trocadilhos.
05:08No caso da, você comentou da batata, eu fiz um nariz.
05:11De batata.
05:12De batata.
05:12E com a cenoura?
05:14Com a cenoura eu fiz um coelho, né.
05:17Assim, coelho come a cenoura, né.
05:19E aí?
05:20E o feijão?
05:21Feijão eu fiz um pé.
05:23Pé de feijão.
05:24Pé de feijão.
05:24João, e o pé de feijão.
05:26No mamão eu fiz o mamão.
05:28Desculpem, o mamão, né.
05:30O mamão?
05:31O mamão.
05:32Como o mamão.
05:33É.
05:34Várias pessoas entendem essa minha arte, né.
05:36Elas olham e é uma coisa fácil, né.
05:38Você vê o mamão, né.
05:41Tá claro ali.
05:42Desculpido no mamão.
05:45E o que você faz quando tu obra está construída?
05:48Geralmente, como é feito com alimentos, eu como.
05:54Literalmente, eu consumo arte, né.
05:57Você tem planos para viver desse seu trabalho.
06:01Sim.
06:02Hoje você não consegue ainda.
06:03Hoje ainda não.
06:04Hoje você faz o que para...
06:06É, hoje eu tatuo.
06:09No começo, pela possibilidade de poder estar colocando uma obra de arte na pessoa, né.
06:17E eternizar isso de uma forma bem íntima, sabe.
06:24Com o tempo isso, né, venho a calhar muito, questão financeira, né.
06:32Eu fico gostando bastante disso, assim.
06:35Mas não tem tanta liberdade de criativa, né.
06:38Como eu tenho com as minhas obras, né.
06:40Assim eu faço o que eu quero, né.
06:42Como eu quero.
06:43É diferente.
06:43O cliente pede, né.
06:45Escolhe o desenho.
06:46Às vezes ele tem uma ideia e eu posso elaborar em cima da ideia, mas é limitado ainda.
06:50O meu desejo é ser bastante conhecido com essa arte de materiais não convencionais, sabe.
07:02Não saia daí que o painel volta rapidinho, logo depois do intervalo.
07:14Em Campo Largo, vamos visitar uma biblioteca num lugar nada comum.
07:20Música
07:21Música
07:22Música
07:23Música
07:23Música
07:24Obrigado.

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