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  • há 5 semanas

Categoria

Pessoas
Transcrição
00:00Você vai conhecer a história do Edivaldo, morador de Jussara, professor, escritor, compositor.
00:16Até aqui seria tudo muito natural, não fosse um detalhe.
00:20Eu não ando e nem falo, mas sou feliz desse jeito.
00:24Aceito tudo o que Deus me dá e agradeço a inteligência que Ele me deu.
00:27Em Foz do Iguaçu, vamos contar a história de um apaixonado por bichos.
00:33Na sala da casa dele, no lugar de sofá, cadeiras, mesa, você vai ver o que nós encontramos.
00:40Já que a temporada é de praia, no litoral vamos ouvir muitas histórias de um pescador de matinhos.
00:47Que bom ter você com a gente agora aqui no Painel.
00:51O nosso programa deste sábado está começando agora.
00:57O Painel veio até o litoral em busca de boas histórias de vida.
01:12E nós conhecemos o seu Pedro, que é nascido aqui em Matinhos.
01:17Nascido aqui em Matinhos.
01:17Quantos anos, seu Pedro?
01:1870 anos.
01:19Quantos filhos, seu Pedro?
01:2119 filhos.
01:22Quantas mulheres, seu Pedro?
01:238 mulheres.
01:24Ai, meu amor de Deus, isso não é história de pescador, não?
01:27Não, isso é verdade.
01:30Faz dois anos que eu casei outra vez.
01:32Todas as ex-mulheres estão vivas?
01:34Todas as ex-mulheres estão vivas e todas elas me querem muito bem.
01:39Ah, não!
01:40Sabe?
01:41Eu sou um pai presente para todos os filhos.
01:42O senhor é um legítimo pescador, então?
01:44Eu sou um legítimo pescador.
01:46E a gente veio aqui justamente atrás dessas boas histórias de pescador que o senhor tem
01:50para contar para a gente.
01:51Foi uma coisa muito boa que aconteceu na minha vida com a primeira esposa, depois a segunda,
01:58a terceira, a quarta, a quinta, a sexta, a sétima.
02:02Estou na oitava e isso aconteceu espontaneamente.
02:06Assim, como nós estamos conversando agora na praia, eu encontrei a última minha esposa aqui
02:12na beira do mar.
02:14Sabe quantos dias a gente namorou?
02:16Quantos? Antes de casar?
02:17Antes do dia.
02:18Ah, mas é tudo muito rápido.
02:20Eu quero saber se o senhor pesca rápido também, assim, que nem o senhor arranja a mulher aqui nessa cidade.
02:26Não é à toa, então, que o senhor tem até um apelido aqui de João de Barro, é isso?
02:29João de Barro.
02:30Por quê?
02:31Porque eu faço casa e logo já me separo.
02:35Constrói uma casa.
02:36Só que eu tenho uma bondade.
02:38Eu nunca exigi nada delas.
02:41Ah, fica com a casa, fica com tudo que eu te dei.
02:43Já construiu quantas casas, assim?
02:45Já construí 16 casas.
02:47Ah, mas tem casa, além de pra mulher, tem mais gente aí criando casa.
02:50Meu filho.
02:51Ah, casa pros filhos também.
02:52Casa pros filhos.
02:54E construiu tudo isso?
02:56Tudo isso com a pesca.
02:57Com a ajuda dessa canoa.
02:58Com a ajuda dessa canoa.
03:00O senhor vem de uma família que aqui no litoral tem tradição de trabalhar com a pesca, né?
03:05Tem tradição de trabalhar com a pesca.
03:07Meu pai era um canoeiro, sabe?
03:10Fazia canoa de madeira.
03:11Qual foi a primeira vez que o senhor entrou nesse mar aqui, mas já pescando?
03:17Já pescando?
03:17É.
03:18Eu tinha 8 anos de idade.
03:198 anos de idade?
03:20É.
03:208 anos de idade.
03:22Meu pai me levou pra pescar.
03:23Eu já sabia pescar, né?
03:25Aham.
03:25Mas aí ele me levou profissionalmente.
03:28Mas profissionalmente com 8 anos.
03:31Com 8 anos.
03:31E antes disso o senhor entrava nesse mar também?
03:33Olha...
03:34Como foi essa infância?
03:35A minha infância foi uma das melhores que pode existir na face da terra foi a minha infância.
03:42Eu estudei pouco.
03:44Só que o meu padrão de vida, o meu conhecimento, eu sei fazer tudo.
03:53Aprender o tudo.
03:54Aprender o tudo.
03:55Eu sei mexer com tudo.
03:57E...
03:58Então eu comecei com 8 anos.
04:01Com 11 anos eu já saí daqui pra ir pra Santos de Canoa.
04:06Sozinho?
04:07Sozinho.
04:08E não teve medo não com 11 anos de encarar esse mar aí sozinho?
04:12Mas olha, eu nunca tive medo de nada.
04:15Nunca teve...
04:15O mar nunca amedrontou o senhor?
04:17Não, não.
04:18Nunca me amedrontou.
04:19Eu sempre fui um homem valente pro mar.
04:23O mar tá bravo.
04:24Eu ia, não tinha medo.
04:26Nunca tive medo do mar.
04:28Hoje eu tô com 70 anos e tô enfrentando o mar.
04:32Pesco todo dia.
04:33Acordo todo dia, 2 horas da madrugada.
04:36É mesmo?
04:37E conheço o Brasil quase inteiro, andando de pedacinho em pedacinho.
04:45Quando eu cheguei ali e tava procurando o senhor aqui na praia, eu vi que o mercado do peixe aqui de Matinhos, ele leva o sobrenome da sua família.
04:53É, ele leva o sobrenome da minha família porque a minha família foi um dos fundadores da colônia aqui de pesca.
05:00Todo mundo trabalhou com pesca.
05:02Não teve...
05:02Só não trabalhou as mulheres, né?
05:04Mas o resto, todos eles trabalharam com pesca.
05:07E o senhor vem de uma família de quantos irmãos?
05:09Tenho 25 irmãos.
05:1125?
05:13Então o senhor segue a tradição com os filhos?
05:1525 irmãos, 19 filhos?
05:17Mas só que tem uma coisa.
05:19A minha mãe teve 25 filhos com o mesmo marido.
05:25O senhor quis fazer um pouquinho diferente.
05:27Não ficar tão tradicional.
05:30Como foi que começou?
05:31Olha, a pesca que começou, a gente tirava todo o linho das árvores pra fazer as redes.
05:41Então era um trabalho artesanal.
05:43A gente tinha que fazer isso.
05:45A gente fazia os pesos das redes com pedra.
05:48Uau!
05:50Não existia isopor, não existia cortiça, não existia nada.
05:54Tudo era tecido artesanalmente.
05:57Até a própria linha.
05:58A gente extraía do tucum o linho pra fazer a linha pra rede.
06:05E quando que isso mudou?
06:07Quantos anos de pesca assim?
06:08Olha, ficou nesse jeito uns 20 anos.
06:13Aí depois de 20 anos, aí já começou o nailo a aparecer.
06:19Aí a gente já fazia a rede de nailo.
06:21Fazia mão ainda, né?
06:23Aí depois, mais uns 15 anos, apareceu a rede pronta.
06:30Até aí ainda era a canoa de madeira.
06:33Aí depois veio a canoa de fibra.
06:35A canoa de fibra, então, foi uma evolução enorme.
06:38Ninguém acreditava na canoa de fibra.
06:41Eu fui um dos primeiros que acreditei, sabe?
06:44Aí comecei a mexer com fibra e tudo.
06:49Aí o pessoal foi fazendo.
06:51Hoje só tem uma canoa de madeira aqui.
06:54É bastante gente que vive da pesca aqui?
07:00Bastante gente, bastante.
07:02A pesca aqui é o carro-chefe da cidade.
07:05Se a pesca for mal, o comércio vai mal.
07:09E é o ano todo?
07:09É o ano inteiro.
07:11Aqui, se quiser pescar, tem pescaria o ano inteiro.
07:14Às vezes as turmas dizem, ah, mas vai chegar a temporada e tal.
07:17Aí vocês vão encher o bolso de dinheiro.
07:20É só ilusão.
07:22Fora da temporada, dá mais dinheiro.
07:27Verdade.
07:29Ó, agora, agora o camarão está pequenininho, pistola não tem.
07:34Tem a pescada, mas é escasso.
07:37No inverno tem a tainha com abundância.
07:42Tem a cavala com abundância de pegar 8 mil quilos, 6 mil quilos, 5 mil quilos.
07:47Então, por isso que eu digo, a temporada é só ilusão.
07:53É só para a gente ver as meninas na praia, passeando, de biquíni.
07:57Agora, conta uma coisa para mim, seu Pedro.
08:04Dizem que quando a gente acostuma com uma paisagem, a gente chega a dar menos importância para ela.
08:12Ela faz parte, já não é tão bonita como no primeiro impacto.
08:17O senhor é assim, esse mar, essa cidade?
08:20Não.
08:20É tudo que eu amo na vida, é o mar.
08:23Algum dia na sua vida, o senhor saiu de casa e não veio até o mar.
08:30Lembra de não ter vindo aqui para essa praia algum dia na vida?
08:34Às vezes eu venho duas, três vezes.
08:39Às vezes eu venho duas, três vezes, porque é aqui que eu me contemplo.
08:43É aqui que tem a minha inspiração, é aqui que eu acho força para viver.
08:50Boas pescas, boa temporada de verão para o senhor.
08:54Tudo de bom para você.
08:56É um prazer.
08:58Ai, que ótimo.
09:02Depois do intervalo, o professor Edivaldo vai estar com a gente.
09:06O painel volta já.

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