O senador democrata Tim Kaine criticou duramente a tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil e prometeu contestar a medida no Congresso. A ação é vista como politicamente motivada. Mariana Almeida analisa os impactos para o comércio.
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00:00E no Congresso americano, o senador democrata Tim Kaine, que esteve com a comitiva brasileira em Washington,
00:06disse que ele e seus colegas do Senado vão tomar medidas para contestar a tarifa para o Brasil.
00:12O democrata ainda chegou a chamar o decreto assinado por Trump de corrupto.
00:18E, por fim, o último ponto que quero destacar é a corrupção.
00:22O presidente anunciou ontem algo que, em meio a todas essas questões sem precedentes, é realmente sem precedentes.
00:29Ele disse, é uma emergência o Brasil ter decidido processar um amigo meu, e por isso, como presidente, estou declarando tarifa de 50% sobre todos os produtos do Brasil.
00:39Uma nação onde os Estados Unidos têm um superávit comercial, e não um déficit comercial, só porque um amigo dele está sendo processado.
00:47Isso não é uma emergência nos termos da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.
00:50Isso é um uso sem precedentes desse poder, e precisamos tomar medidas.
00:55E meus colegas aqui e eu tomaremos medidas para contestar o uso dos poderes de emergência pelo presidente dessa forma tão incomum.
01:03Fico feliz por estar junto com uma equipe que está lutando contra essas tarifas caóticas, consequentes e corruptas que estão prejudicando os americanos.
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01:37Mária, a gente viu então aí uma sonora, uma entrevista, um trechinho do Tim Kaine.
01:43Quais são os efeitos práticos que essa medida que ele propôs adotar fariam aí na...
01:51Tentariam ajudar de que maneira o Brasil?
01:54Então, Paula, acho que tem uma camada do debate todo que é por onde passam as decisões e quais são os mecanismos institucionais
02:02que de fato estão valendo para reverter decisões ou abrir espaço de negociação.
02:08Então, teoricamente, os Estados Unidos sempre foi o país que teve a grande democracia e liberal do mundo
02:16que justamente era reconhecida por ter muitos espaços de ações que amenizavam a concentração de poder.
02:22Isso é o contrário do que o Donald Trump tem feito.
02:25Ou seja, tudo passa pela decisão de Donald Trump e o mecanismo legal, jurídico que ele tem utilizado para isso
02:32é o que ele fez ontem, que é um ato administrativo, né?
02:36Quando ele põe uma ação executiva assinada por ele mesmo que passa a valer.
02:40Dentro dessas ações executivas, algumas delas são questionáveis dentro do processo legislativo.
02:47E aí, a própria questão com o Brasil é uma delas.
02:49Ou seja, será que tem espaço, está dentro do poder do presidente americano fazer da forma que ele tem feito essas ações?
02:58E aí, a proposta é basicamente ainda questionar, trazendo um pouco mais da ilegalidade envolvida,
03:04que possivelmente está envolvida nisso.
03:06A gente falou várias vezes, por exemplo, que a medida que ele usou, e o decreto executivo ontem reforça isso,
03:13que o embasamento dele é a lei de emergência econômica.
03:16Então, todo tarifaço se estabelece a partir da lógica de que tem um risco econômico para os Estados Unidos
03:23a partir da desigualdade do trato internacional tarifário.
03:27Diz o Donald Trump, a gente já ouviu várias vezes, que os países se aproveitam dos Estados Unidos colocando tarifas mais altas.
03:33E aí, ele usa isso para justificar e tentar dar uma roupagem de legalidade ao seu ato.
03:40No caso brasileiro, como se mistura com outras questões políticas,
03:43mesmo a lei de excepcionalidade econômica, de risco econômico, fica difícil de ser aplicada.
03:49E aí, é mais ou menos nesse ambiente que vão abrindo aí um pouco algumas arestas
03:54para que possam ser feitas intervenções ou ações como a que está sendo proposta.
03:58Se isso vai ou não vai ter efeito, considerando o perfil com que o Donald Trump tem governado,
04:02é muito difícil prever, Paula.
04:04Mas, pelo menos, demonstra que ainda existe, e é importante do ponto de vista de princípios,
04:08inclusive, demonstrar que as outras instituições estão vivas, elas estão aí, existem e é possível agir
04:16e recorrer a esses outros mecanismos, ainda que a gente não tenha certeza dos efeitos que eles vão poder realmente gerar.
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