O pronunciamento do presidente Lula em resposta às críticas e ameaças feitas ao Brasil por autoridades e políticos dos Estados Unidos reforça a defesa da soberania nacional, da legalidade democrática e da estabilidade econômica. A especialista Juliana Inhasz Kessler detalha como a diplomacia econômica brasileira pode reagir à nova escalada de tensões com os EUA, qual o papel das plataformas digitais no conflito político e por que o discurso do governo tenta unir empresários, trabalhadores e sociedade civil em torno da proteção ao mercado interno e ao PIX
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00:30E com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
00:34Contamos com um poder judiciário independente.
00:37No Brasil, respeitamos o devido processo legal, o princípio da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa.
00:46Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional.
00:50Só uma pátria soberana é capaz de gerar empregos, cumprir as desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar as oportunidades que as pessoas precisam para crescer na vida.
01:05Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros.
01:13São verdadeiros traidores da pátria.
01:16Aposto no quanto é o melhor.
01:17Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo.
01:23Minhas amigas e meus amigos, a defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil.
01:31Para operar o nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras.
01:39No Brasil, ninguém está acima da lei.
01:42É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes.
01:51Cometer crime de racismo, incentivar a violência contra as mulheres e atacar a democracia.
01:56Além de alimentar o ódio, violência e bullying entre crianças e adolescentes e alguns casos levando à morte.
02:03E desacreditar as vacinas, trazendo de volta doenças há muito tempo erradicadas.
02:10Minhas amigas e meus amigos, estamos nos reunindo com representantes dos setores produtivos, sociedade civil e sindicatos.
02:18Esta é uma grande ação conjunta que envolve a indústria, o comércio, o centro de serviço, o setor agrícola e os trabalhadores.
02:25Estamos juntos na defesa do Brasil.
02:29Faremos isso de cabeça erguida, seguindo o exemplo de cada brasileira e cada brasileira que acorda cedo e vai à luta para trabalhar, cuidar da família e ajudar o Brasil a crescer.
02:40Seguiremos apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais, não apenas com os Estados Unidos, mas com todos os países do mundo.
02:48Minhas amigas e meus amigos, a primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade.
02:55São falsas as alegações sobre práticas comerciais de mais brasileiras.
03:00Nos Estados Unidos, acumula há mais de 15 anos um robusto superávit comercial de 410 milhões de dólares.
03:08O Brasil hoje é referência mundial na defesa do meio ambiente.
03:13Em dois anos já reduzimos pela metade do desmatamento da Amazônia.
03:16Estamos trabalhando para zerar o desmatamento até 2030.
03:21Além disso, o PIX é do Brasil.
03:23Não aceitaremos ataque ao PIX, que é um patrimônio do nosso povo.
03:28Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo.
03:31E vamos proteger.
03:33Minhas amigas e meus amigos,
03:35quando tomamos posse na presidência da República, em 2023, encontramos o Brasil isolado do mundo.
03:41Nosso governo, em apenas dois anos e meio, abriu 339 novos mercados para os produtos brasileiros no exterior.
03:50Estamos construindo parcerias comerciais com a União Europeia, a Ásia, a África e nossos vizinhos da América Latina e do Caribe.
03:58Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia.
04:04Desde recursos, a organização mundial do comércio, até a lei da reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional.
04:12Minhas amigas e meus amigos,
04:14Nós acompanhamos aí, portanto, o pronunciamento do presidente Luiz Enácio Lula da Silva.
04:38E eu vou conversar agora com Juliana Inhas Kessler, ela é professora do INSPER e rede de economia da Associação Nacional de Executivos, a ANEFAC.
04:48Juliana, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
04:52Claro, se acompanhou o pronunciamento aqui, junto com todos nós.
04:55Qual a sua leitura sobre o que Lula trouxe agora?
04:59Alguma grande surpresa ou não?
05:02Oi, Cris. Boa noite a você, a todos que estão conosco.
05:05Acho que já era bem esperado, né?
05:07Ele vem com um discurso aí, exaltando, claro, o Brasil.
05:11É um discurso um tanto feliz, tem alguns aspectos, né?
05:15Mas é um discurso, claro, que tenta mostrar tudo aquilo que ele já falou nos últimos dias.
05:20Até anotei um pouco das coisas que ele falou, né?
05:23E acho que ele deixa muito claro que ele entende que o Brasil passa hoje por uma chantagem.
05:28Já tinha citado isso em outros momentos.
05:30E ele fala muito sobre a questão, né?
05:33Traz, né? Reforça muito essa ideia de que o Brasil é do povo brasileiro,
05:38que as nossas conquistas são nossas, né?
05:40Exaltam tanto aí o PIX, a questão das relações comerciais com os Estados Unidos serem favoráveis, né?
05:47Frente ao Brasil favoráveis a eles.
05:50Então, eu acho que ele vem muito numa linha de tentar, claro,
05:53defender pontos de vista que ele já tinha trazido aí desde a semana passada.
05:57E abre e deixa aí uma porta relativamente entreaberta.
06:03Tanto para pensar em relações diplomáticas e, eventualmente, podemos ver negociações daqui para frente.
06:10Mas ele também deixa muito aberto uma possibilidade aí de reciprocidade.
06:15Então, ele não diz para a gente nesse discurso qual vai ser realmente a postura do governo
06:21frente a esse cenário de imposição de tarifas que a gente sabe que vai ser aí relativamente
06:27ou talvez extremamente complicado, a depender de como ele realmente se estabelecer para a economia brasileira.
06:33Mas, Juliana, até esse momento, o tom que o governo está adotando, na sua opinião, é o correto?
06:39A gente viu em vários momentos o presidente Lula confrontando, criticando o presidente dos Estados Unidos.
06:46Isso ajuda ou atrapalha?
06:49Olha, acho que atrapalha em alguns momentos muito mais do que ajuda, Cris.
06:53Porque é óbvio, né?
06:53Se a gente for pensar do ponto de vista político, o Lula está tentando, claro, pegar aí uma certa, surfar um pouco nessa onda.
07:04A gente está falando aí de eleições que acontecem no ano que vem.
07:07O discurso todo do Trump vem sempre muito ligado à família Bolsonaro.
07:11Então, isso é utilizado, sem dúvida, de forma política, para que o Lula consiga se colocar dentro dessa história,
07:20até nessa eventual já disputa pela reeleição no ano que vem.
07:25Mas, economicamente, isso traz bastante incerteza.
07:28A gente fica na dúvida se ele vai negociar, se ele vai retalhar,
07:32se o caminho, se de alguma forma esse caminho de uma relação diplomática maior,
07:37ele de fato vai acontecer e isso, claro, traz aí para o mercado uma grande incerteza
07:43de como é que vai ser a economia, não só no final, aí nessa reta final de 2025,
07:47mas como que as coisas caminham para 2026.
07:51Então, economicamente, isso traz, sim, uma incerteza
07:54e acho que isso provavelmente vai começar a se refletir muito em breve dentro da economia brasileira.
08:00Vou passar para a pergunta do Alberto Azental.
08:02Alberto, por favor, fica à vontade para perguntar para a Juliana.
08:05Juliana, tem uma frase, uma expressão que a gente vê sendo repetida o tempo todo,
08:15que é sobre a soberania nacional, como se a América do Norte tivesse mudado
08:23as tarifas de importação do Brasil.
08:25A América do Norte pegou e mexeu nas suas tarifas de importação.
08:31Então, obviamente, o teor da carta, quando começa a falar de Bolsonaro e STF,
08:38é medonho, é horrível e nunca deveria ter sido feito.
08:44Mas a questão do aumento das tarifas não tem nada a ver com soberania nacional brasileira.
08:51E também ficam repetindo o tempo todo que o Brasil é dos brasileiros.
08:55Ninguém está tirando o Brasil dos brasileiros.
08:59Queria que você comentasse um pouco sobre essas frases que são repetidas o tempo todo.
09:05Oi, Alberto, é um prazer falar contigo.
09:10Eu concordo com você, acho que primeiro.
09:11Estados Unidos está sendo, está exercendo a sua soberania de colocar tarifas
09:16para os produtos que entram dentro do território nacional deles.
09:19O Brasil também tem direito de colocar tarifas sobre aquilo que ele importa.
09:23Então, como você muito bem disse, ninguém está mudando as regras aqui dentro.
09:27A gente ouviu muito nesses últimos dias falar realmente sobre a questão de soberania,
09:33deixando claro que ninguém interfere no processo democrático aqui.
09:39Acho que a gente tem que talvez separar um pouco os aspectos econômicos até dos aspectos políticos.
09:45Tirando a história do ex-presidente Jair Bolsonaro, que aparece lá na carta do Trump
09:51e que fica até aqui um tanto deslocado em alguns momentos,
09:56em nenhum momento eles estão tentando mudar regras aqui dentro.
10:00Trump dá um palpite, talvez, e a história é que isso não foi lá muito bem visto.
10:06Mas, de fato, a gente não tem um cenário onde a soberania nacional está sendo, de alguma forma, atacada.
10:15Eu concordo contigo que isso não parece fazer muito sentido.
10:19Passar para a pergunta do Eduardo Gayer lá em Brasília.
10:21Gayer, por favor, fique à vontade.
10:26Oi, professora. Boa noite.
10:28De todas as falas do presidente Lula nesse discurso, o que mais chamou minha atenção,
10:32que foi um aspecto diferente do discurso que ele tem adotado em outros momentos,
10:36foi a utilização da expressão traidores da pátria.
10:39Parece até que ele evocou Ulisses Guimarães, que tinha aquela frase famosa
10:43de que traidor da Constituição era traidor da pátria.
10:46Minha pergunta para a senhora é a seguinte, vai colar utilizar essa expressão na tentativa de isolar o bolsonarismo
10:54e forjar uma união nacional de trabalhadores e empresários em defesa do Brasil,
10:59uma espécie de frente ampla que elegeu o presidente Lula em 2022?
11:03É possível reciclar essa estratégia para 2026 agora com o manto da guerra comercial de Donald Trump?
11:11Oi, Eduardo. Um prazer falar contigo também.
11:15Olha, sem dúvida, essa é a estratégia.
11:17A estratégia é conseguir, acho que como eu mencionei há pouco,
11:20tentar surfar um pouco nessa onda
11:22e tentar também reverter um pouco a popularidade que estava em baixa.
11:27A gente viu aí, saiu entre ontem e hoje, uma nova pesquisa de opinião
11:33dizendo que tem aparentemente melhoras na avaliação.
11:37Acho particularmente que é muito cedo para dizer isso.
11:40A gente está falando aí de um período muito curto,
11:43com essa história de tarifas e esse aumento da tarifa após a carta do Trump.
11:49Mas, sem dúvida, a estratégia do governo é tentar surfar nessa onda.
11:54A questão é que a realidade também se sobrepõe um tanto a esse discurso.
11:59A gente continua com inflação relativamente alta, juros elevados.
12:04Existe uma percepção no mercado de não cumprimento de meta de inflação,
12:09de não cumprimento de arcabouço fiscal.
12:11O IOF, que agora volta, contudo, certamente encarece e piora um tanto
12:18desse ambiente macroeconômico, encarece a vida do brasileiro.
12:22Então, acho que a gente também tem outros elementos que vão entrar nessa balança
12:25e que talvez pesem negativamente.
12:28Então, talvez, esse outro lado, que é a realidade,
12:32talvez se contraponha a essa vontade e a esse momento
12:36que certamente está sendo utilizado politicamente
12:39para gerar essa ampla frente contra esses tais traidores da pátria.
12:44É um discurso muito político, sem dúvida.
12:49É um discurso muito alinhado e é uma estratégia para 2026.
12:53Se a via diplomática falhar, Juliana,
12:56há medidas, na sua opinião, de retaliação comercial possíveis para o Brasil?
13:00Cris, eu acho que o Brasil não deveria pensar muito
13:05nessa possibilidade, honestamente, de retaliação.
13:08A gente mais perde dentro dessa história do que ganha.
13:12Especialmente porque a gente tem uma dependência grande com a economia americana
13:16e dificilmente a gente conseguiria achar mercados
13:19para colocar rapidamente o nosso produto
13:22e também a gente provavelmente teria dificuldades
13:25de achar parceiros comerciais nas mesmas condições
13:28e com os mesmos volumes que a gente importa.
13:31Então, eu acho que a questão da retaliação
13:33tem que ser pensada de uma forma muito pragmática.
13:38Acho que o Brasil tem que entender quem ele é dentro desse tabuleiro.
13:42No jogo, hoje, o Brasil não é um país
13:44que está com a maior parte desse poder de barganha.
13:48A gente pode ter poder de barganha em um ou outro setor,
13:52em uma ou outra negociação,
13:53mas, de fato, nós ainda somos um país em desenvolvimento
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