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Na estreia do tarifaço de 50% dos EUA contra o Brasil, em entrevista à Reuters, Lula criticou a falta de diálogo, defendeu a soberania nacional e destacou que 74% dos produtos americanos entram no Brasil com alíquota zero. O presidente também reforçou que buscará soluções diplomáticas e proteção às empresas brasileiras.

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Transcrição
00:00São quatro horas em ponto, vamos agora acompanhar a entrevista que o presidente Lula deu hoje
00:05para a agência de notícias Reuters falando do tarifaço.
00:30Os oito principais pagam zero e a média geral é de 2,7%.
00:36Portanto, não há nada anormal na nossa relação comercial com os Estados Unidos.
00:43Ora, a terceira coisa que ele coloca, então veja, a questão do desequilíbrio econômico também não é verdade.
00:51E a terceira é tentar impor ao Brasil a ideia de que nós não podemos regular as big techs.
01:02Que ele não admite que a empresa americana seja reguladora.
01:05Peraí, esse país é soberano, esse país tem uma Constituição, esse país tem uma legislação.
01:14Ora, é da nossa obrigação regular o que a gente quiser regular
01:18de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro.
01:24Se não quiser a regulação, que saia do Brasil.
01:28Não existe outro mecanismo.
01:30Não existe outro mecanismo.
01:32Da mesma forma que lá nos Estados Unidos, uma empresa brasileira é obrigada a seguir a legislação americana.
01:39Da mesma forma que na França temos que seguir a legislação francesa e assim por diante.
01:43Então, não é cabível a primeira carta que ele mandou para mim.
01:50Não é cabível.
01:51São três assuntos, sabe, que não há como o governo deixar de discutir.
01:57Na outra carta, que ele anuncia, sabe, uns 50%,
02:02ele diz textualmente, é porque o governo, quem está governando o Brasil está cometendo erros.
02:13Olha, é ele que cuida dos Estados Unidos, do Brasil cuidamos nós.
02:18Só tem um dono nesse país.
02:21E só um dono manda no presidente da República, é o povo.
02:24É o povo que elegeu, é o povo que pode tirar.
02:26Então, essas atitudes antipolíticas, anticivilizatórias,
02:35é que colocam problema numa relação que não existia.
02:40Nós já tínhamos perdoado a intromissão dos Estados Unidos no golpe de 1964.
02:47Isso já estava precificado na massa política do povo brasileiro.
02:53Mas agora, não é uma intromissão pequena,
02:58é o presidente da República dos Estados Unidos
03:00achando que pode ditar regras, sabe, a um país soberano como o Brasil.
03:06E não é admissível que nem os Estados Unidos e nenhum país,
03:11grande ou pequeno, resolva dar um pitaco na nossa soberania.
03:18Então, essa é uma coisa que cria muita dificuldade.
03:21O que é que nós tivamos de decisão?
03:24Veja, é importante ter a verdade nua e crua.
03:30Desde quando ele anunciou a taxação de 10%,
03:33o meu ministro de Relações Internacionais,
03:36Relações Anteriores, Mauro Vieira,
03:39o meu vice-presidente da República,
03:41ministro da Indústria e Comércio,
03:43com o primeiro-geral do Alckmin,
03:45mais um ministro da Agricultura,
03:46e mais um ministro da Fazenda,
03:49estávamos tentando entrar em contato com várias pessoas dos Estados Unidos,
03:54houve 10 reuniões.
03:5810 reuniões.
04:00No dia 16 de maio,
04:02nós mandamos uma carta
04:04cobrando dos negociadores americanos
04:07uma decisão sobre a taxação.
04:09E aí eu fui surpreendido
04:12com a outra carta
04:13anunciando 50%.
04:15Então, o que é que está acontecendo?
04:20A forma civilizada
04:21de dois chefes de Estado se negociar
04:24é, se ele tinha vontade
04:26de tomar essa decisão contra o Brasil,
04:28ele poderia ter comunicado ao Brasil,
04:31poderia ter ligado,
04:32poderia ter proposto a negociação,
04:34mas nós recebemos
04:36o comunicado da taxação
04:39de forma,
04:41sabe,
04:43totalmente autoritária.
04:45E não é assim que nós estamos acostumados a negociar.
04:49Não é assim.
04:50Mesmo nesse momento,
04:52nós estamos ainda,
04:53tem muita gente do Brasil
04:54tentando conversar
04:55com gente americana.
04:57Nós acreditamos que um país
04:59que tem 201 anos de relação diplomática
05:01muito civilizada,
05:03não vai jogar isso fora
05:04por causa, muitas vezes,
05:06de uma atitude
05:07destemperada
05:09de um presidente da República.
05:12Então, o que nós estamos
05:13é na expectativa
05:15de que nós vamos resolver.
05:17Se não resolver negociação,
05:19nós temos outros mecanismos
05:20para a gente poder
05:21fazer a contraparte.
05:23Nós temos a OMC
05:24em que a gente pode entrar
05:25com recurso
05:26na OMC.
05:29É demorado, é,
05:29mas é um instrumento
05:31que nós temos que valorizar.
05:33Porque nós já ganhamos
05:34coisas nos Estados Unidos
05:35e na OMC.
05:37Sabe?
05:37Nós podemos entrar sozinhos,
05:39podemos entrar
05:40com um conjunto de países.
05:42E depois tem, sabe?
05:44O Brasil pode estabelecer também,
05:47sabe,
05:48atitudes contra produtos americanos.
05:52O que nós queremos
05:53é, primeiro,
05:54utilizar
05:54e gastar
05:57tudo o que for possível
05:58gastar em negociação
06:00antes da gente tomar
06:01qualquer outra medida,
06:03sabe,
06:04que signifique
06:04que as negociações
06:05acabaram.
06:06Agora, o presidente Trump
06:08disse que o senhor
06:09não pode ligar para ele
06:11quando quiser.
06:12Então,
06:13por que não ligou?
06:14Não liguei
06:15porque ele não quer
06:16telefonema.
06:18Veja,
06:19eu não vou entrar
06:20numa análise
06:21do que,
06:21por que o Trump
06:22falou aquilo.
06:23Ele tinha falado
06:24no dia anterior,
06:25numa entrevista
06:25à imprensa brasileira,
06:27perguntaram
06:28o senhor vai conversar
06:29com o Lula.
06:29Agora, não.
06:31Ou seja,
06:32nós,
06:33nós
06:33estamos com os melhores
06:35negociadores
06:36tentando negar
06:36com os negociadores
06:37deles.
06:39Então, veja,
06:41eu não tenho
06:42por que
06:42ligar com o presidente
06:44Trump
06:44porque nas cartas
06:46que ele mandou
06:46e nas decisões
06:47ele
06:48não fala
06:50em nenhum momento
06:51em negociação.
06:53O que ele faz
06:53é novas ameaças.
06:55O que ele faz
06:56é novas ameaças.
06:57Se nós
06:58taxarmos
06:59os produtos dele
07:00que ele vai
07:00aumentar a taxação.
07:02É isso que ele faz.
07:02Teria risco
07:03de um telefonema
07:05tatar das circunstâncias,
07:06a prisão domiciliar,
07:09do hospital...
07:09Deixa eu lhe falar
07:09uma coisa.
07:10Um presidente da República
07:11não pode ficar
07:12se humilhando
07:12para o outro.
07:16Eu respeito
07:17todo mundo.
07:19Eu exijo
07:20o respeito
07:20comigo.
07:24Eu adoro
07:24respeitar as pessoas
07:25e adoro
07:26ser respeitado.
07:33E a circunstância
07:34com a prisão domiciliar
07:36do Bolsonaro
07:37teria chance
07:39de até piorar
07:40a relação
07:40antes de melhorar?
07:41Agora veja,
07:42a Suprema Corte
07:43nossa
07:44não está dando
07:45a mínima
07:45para o que fala
07:46o Trump
07:46e nem pode dar.
07:48Como a Suprema Corte
07:49americana
07:50não vai dar a mínima
07:51se eu estiver fazendo
07:51uma crítica
07:52a eles?
07:55A Suprema Corte
07:57está julgando
07:58o Bolsonaro
07:59com base
08:00nos autos
08:01sabe?
08:03E nas
08:03delações
08:04feitas pelo pessoal
08:05que trabalhou
08:05com o Bolsonaro.
08:07Não tem nada
08:08inventado.
08:10Não é a oposição
08:11que está acusando
08:12o Bolsonaro.
08:12não é a oposição.
08:15Não é
08:16alguém do exército
08:17de outro país.
08:18Não.
08:19São os militares
08:20que trabalharam com ele
08:21são as pessoas
08:23que trabalharam com ele
08:24que estão fazendo
08:24a delação.
08:26E é importante citar
08:27é importante citar
08:29que no governo
08:30do Bolsonaro
08:30ele tinha arquitetado
08:32se perdesse as eleições
08:34matar a mim
08:36matar ao Alckmin
08:38e matar
08:39o juiz
08:40que está julgando
08:41o processo dele.
08:41Ora, se esse cidadão
08:44tivesse o mínimo
08:45de civilidade
08:46dentro dele
08:47ele poderia se espelhar
08:48no meu comportamento.
08:51Eu perdi as eleições
08:51em 89
08:52eu perdi as eleições
08:54em 98
08:55eu perdi as eleições
08:57em 94
08:58e cada eleição
08:59que eu perdi
08:59eu voltava para casa
09:00para me preparar
09:01para disputar
09:02outra eleição.
09:03Esse cidadão
09:04não estava preparado
09:05para disputar
09:06eleições e perder.
09:10Ele tinha um comportamento
09:11de um ditador
09:12ele queria se perpetuar
09:14no poder
09:14só que tem um problema
09:15tem que perguntar
09:16para o povo.
09:18O povo é que decide
09:19quer ou não quer
09:20e o povo não quis.
09:23E ele achou
09:23que era de direito dele
09:24até por força
09:25fica aqui
09:26e organizou
09:27o golpe
09:28de 8 de janeiro
09:29que só não aconteceu
09:31no dia 1º de janeiro
09:32porque tinha muita gente
09:33em Brasília.
09:35Então ele está sendo julgado
09:36por isso.
09:38Ele está sendo julgado
09:39pelos atos dele
09:40e agora
09:42eu acho
09:42que ele deveria ser julgado
09:44por mais processo
09:45porque o que ele está fazendo
09:46agora
09:47insuflando
09:48os Estados Unidos
09:50contra o Brasil
09:50causando prejuízo
09:52à economia brasileira
09:54causando prejuízo
09:55aos trabalhadores brasileiros
09:56ele e o filho dele
09:58deveriam ter outro processo
10:00e ser condenado
10:01como traidores
10:02da pátria.
10:03traidores da pátria
10:06isso é o que ele é
10:07porque não tem precedente
10:09na história
10:11um presidente
10:12da república
10:13e um filho
10:15que é deputado
10:16ir para os Estados Unidos
10:17para insuflar
10:19o presidente
10:20dos Estados Unidos
10:21contra o Brasil.
10:23Isso nunca existiu
10:24na história
10:24eu acho que
10:25de nenhum país do mundo.
10:26Obrigado.
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