Pular para o playerIr para o conteúdo principal
  • há 6 meses
--
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL​

Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com​

Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista​
https://www.twitter.com/o_antagonista​
https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00É, ministro, o senhor, antes de ser indicado, né?
00:06O senhor tinha uma história, inclusive o senhor tinha sido filiado ao PT, né?
00:11Sim, perfeito.
00:12Exato.
00:14E teve um processo de indicação muito discreto, inclusive, né?
00:20Eu me lembro que na época, conversando com o ministro Celso de Mello,
00:24eu falei, quem vão ser os próximos ministros?
00:29Ele mencionou o seu nome, eu falei, nossa, nunca tinha ouvido falar do seu nome.
00:34Ele falou, por isso é que ele já está com a vaga garantida,
00:39o que fez tudo com muita descrição, né?
00:42Não é exatamente o que está acontecendo agora.
00:44Mas, enfim, o senhor era petista, tinha sido petista e tudo mais.
00:49Entrou com esse, vamos chamar assim, o ônus.
00:54O ônus de ter uma ligação com o partido.
00:56Como foi para o senhor fazer essa desvinculação, né?
01:05Teve pressão para o senhor votar com o governo?
01:09Conta alguma história para a gente que exemplifique esse processo de desvinculação do indicado e do indicador.
01:17História, história.
01:20Como sempre, Carlos Guerra, como sempre você vai no ponto.
01:24Olha, eu sabia que o fato de haver sido, de haver passado pelas instâncias partidárias,
01:33aquela instância especificamente partidária do PT, como filiado de praticamente duas dezenas,
01:38inclusive candidato a deputado federal, eu sabia que provocaria na sociedade uma certa desconfiança.
01:45Mas eu já tinha uma trajetória de vida como cientista do direito, no plano acadêmico propriamente,
01:51no plano profissional e no plano representativo.
01:54Eu, à época, já havia passado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, dois mandatos.
02:02E fui por dois mandatos membro da Comissão de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil.
02:09Ao lado de luminários do direito, como José Afonso da Silva, Paulo Donavides,
02:17Carmen Lúcia, embora mais nova do que eu, já tinha livros publicados, livros de direito,
02:23como Teoria da Constituição, por exemplo, pela editora Forense.
02:28Então, eu me sentia com aquelas credenciais suficientes.
02:32O que primeiro indicou meu nome, as pessoas que se lembraram do meu nome inicialmente,
02:38e falaram pessoalmente com o então presidente, no primeiro mandato, Luiz Inácio Lula da Silva,
02:43foram pessoas, assim, na envergadura moral, cívica, intelectual,
02:50de Celso Antônio Bandeira de Médio, de Fábio Comparato,
02:53pessoas verdadeiras expoentes do direito.
02:57Então, eu cheguei bem credenciado.
03:00Não tive nenhum complexo de inferioridade, viu, Carlos?
03:03E internalizei essa ideia correta de que, uma vez nomeado,
03:08o cordão umbilical se fazia necessário com quem?
03:11Com as duas instâncias políticas anteriores, a do presidente da República e do Senado,
03:16porque a minha fida de dignidade era exclusivamente ao direito, a partir da Constituição.
03:21Eu passava a ser um guardião da Constituição, um aplicador do direito.
03:25E não podia pagar com a toga nenhum favor a quem quer que seja, individual ou coletivamente.
03:32Internalizei muito bem essa ideia, como devia.
03:35E acho que vocês são testemunhas dessa minha independência.
03:39Dessa minha autonomia técnica e dessa minha independência política, já no plano colegial.
03:46No momento do mensalão, por exemplo, o senhor, como estava lembrando, participou do...
03:51E foi um mensamento que atingiu em cheio o PT.
03:56Houve alguma cobrança dessa suposta dívida?
04:00Veladamente, sim.
04:04Ostensivamente, não.
04:05Até porque eu já contava quase 10 anos de judicatura e já deram a prova da minha independência.
04:14Na verdade, da minha autonomia técnica, que é a independência da autonomia de cada ministro.
04:20A independência da instituição, do Supremo Tribunal Federal.
04:24Independência política é colegiada.
04:26Autonomia técnica é monocrática, é individual.
04:29Não recebi maior pressão, não.
04:31Sabe, Carlos Greve?
04:32Eu já era muito conhecido.
04:34Eu sempre fui educado, modéstia a parte.
04:37Delicado, modéstia a parte.
04:40Mas sempre fui firme.
04:42Sempre fui...
04:43Não que eu me considerasse infalível, absolutamente.
04:46Mas quando me convencia do acerto, sobretudo técnico, dos meus entendimentos, muito dificilmente eu arredava a pé.
04:58Não por deguzia, não.
05:00Mas por entender que estava no caminho certo.
05:03Ministro, eu dou um alerta aqui para...
05:05Gente, o senhor falou veladamente, sim.
05:07Será que pode...
05:09Como...
05:09Como...
05:10Veladamente, na verdade, talvez eu lhe venci...
05:12Difusamente, sim.
05:14Eu sentia no ar a coisa.
05:17Mas ninguém chegou para mim para fazer pressão, absolutamente.
05:20Falo com toda honestidade.
05:22Eu sempre me conduzi, sempre procurei me conduzir com o fim da dignidade aos deveres do meu carro.
05:32E nunca fui ativista, não, viu, judiciário.
05:34Às vezes eu sou acusado de ativismo interpretativo e eu rechaço veementemente.
05:40Eu era muito jovem, Wilson, Kenzo, Carlos Graiep, enfim, todos e todas.
05:46Eu era muito jovem, mas já formado em Direito, quando aprendi uma lição de que nunca abri mão.
05:53Uma lição com um poeta, Fernando Pessoa.
05:56Fernando Pessoa, num trocadilho muito bem colocado, humildemente, falou assim.
06:02O universo não é uma ideia minha.
06:06O universo não é uma ideia minha.
06:08A ideia que eu tenho do universo é que é uma ideia minha.
06:13Quando eu li aquilo, eu disse, epa, óbvio.
06:20A Constituição não é uma ideia minha.
06:22O texto normativo não é uma ideia minha.
06:26A ideia que eu tenho do texto normativo, a ideia que eu tenho da Constituição é que é uma ideia minha.
06:31Então, rete a curta comigo.
06:33Eu tenho que me salvar de mim mesmo.
06:36Cuidado com o meu umbigo.
06:38O meu umbigo é o meu maior inimigo.
06:40Eu tenho que colocar mentalmente uma placa no meu umbigo.
06:42Perigo.
06:44Para eu não me tornar uma autoridade, um ativista.
06:47Porque o ativista vai além do conteúdo normativo, dos textos interpretados e aplicados por ele.
06:55Usurrando função dos outros dois poderes.
06:57O que me cabia era ser proativo interpretativamente.
07:01Para não ficar aquém das angulações normativas do texto que eu viesse a interpretar.
07:06Depois eu vi em...
07:08Eu quero alongar a resposta.
07:09Não, vou terminar.
07:10Depois eu li em Nietzsche.
07:12Embora Nietzsche mais novo do que Fernando Pessoa.
07:15Nietzsche nasceu em 1844 e faleceu em 1890 com 56 anos.
07:21Nietzsche disse algo que me impressionou também muito e me influenciou.
07:24Ele disse, o contrário da verdade não é a mentira.
07:29O contrário da verdade não é a mentira.
07:31São as nossas convicções.
07:34Reforçando aquele entendimento.
07:35Olha, cuidado com as minhas convicções.
07:38Então eu sempre me autopoliciei.
07:40Sempre cobrei muito de mim mesmo.
07:43Para não fazer da minha vontade subjetiva,
07:45a vontade objetiva da Constituição e do direito positivo para o mundo.
07:50Transcrição e Legendas Pedro Negri
07:55Complete
07:55Obrigado.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado