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  • há 7 horas
No Papo Antagonista desta quarta-feira, 10, Duda Teixeira e Dennys Xavier conversaram com Karen Scavacini, psicóloga e fundadora do Vita Alere, que falou sobre a dinâmica dos feminicídios no país.

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Transcrição
00:00Agora temos outra entrevista, a gente conversa com Karen Scavassini, psicóloga e fundadora do Vita Alleri.
00:08A gente vai falar sobre feminicídios. Karen, tudo bem? Boa noite, obrigado por aceitar o nosso convite.
00:13Boa noite, Duda. Boa noite, Dani. Anos e anos online a gente continua entrando no mundo, né? Peço desculpas.
00:21Acontece bastante. Karen, bom, sobre feminicídios, uma dúvida que sempre aparece é se há de fato um aumento do número dos feminicídios
00:33ou o que está acontecendo agora é mais uma conscientização maior das pessoas, há instrumentos legais, então há mais registros desse tipo de crime. O que está acontecendo?
00:45Olha, a gente realmente vê um aumento nesses números, né, dos anos anteriores para esse ano e isso vai, logicamente, que esses números, eles significam muito mais do que só números, né?
01:00E sim, um impacto no dia a dia de mulheres que são mortas ou vão sobreviver com ataques que são claramente motivados por questões de gênero.
01:08E o que responde isso é, sim, um aumento real em algumas localidades e isso pode ser impulsionado por questões econômicas, conflitos familiares, as desigualdades de gênero,
01:23dinâmicas que a gente tem ainda muito presentes hoje em dia de controle emocional que aumentam em períodos de instabilidade.
01:32Mas a gente também tem maior visibilidade para os casos e maior registro e isso é um resultado de algumas leis que são mais específicas e uma conscientização maior do que é feminicídio.
01:46Então o fato das pessoas hoje conseguirem colocar, inclusive, nas redes que houve um caso ou houve outro caso, isso começa a dar visão, não significa que isso esteja, que isso resolva a situação, né?
01:59Então não se trata só de uma notificação, mas também de uma comunicação maior do que está acontecendo.
02:08Denis Xavier?
02:09Cara, é um prazer falar com você, parabéns pelo seu trabalho.
02:13Eu comecei o nosso papo aqui hoje mais cedo falando da minha presença por uma certa época da minha vida nos bastidores da vida política em Brasília.
02:23E eu me lembro que sempre que havia datas de celebração da mulher e datas correlativas, as mulheres, inclusive, tomavam a mesa da presidência,
02:34as comissões se apresentavam e havia votações subsequentes de pautas relativas exatamente a, especialmente a segurança da mulher, né?
02:43Pautas contra a violência relativa à mulher.
02:47E essas pautas parecem ter avançado muito, porque parece, e aí eu estou falando de orelhada, que há pouca repercussão fática na relação entre a quantidade de leis passadas, aprovadas, e os índices de violência.
03:04Por que esses índices parecem continuar aumentando ou persistindo?
03:08Bom, infelizmente o que a gente vê é que a gente pode ter leis, agora essas leis serem realmente aplicadas é uma diferença muito grande.
03:18Então nem toda lei ela vai ter uma aplicação.
03:20E outra questão, especialmente com relação à violência de gênero, é a cultura.
03:26Então a gente tem uma questão cultural no país hoje, onde ainda você fazer algo contra a mulher, às vezes é quase uma questão de honra, né?
03:35Por mais absurdo que isso possa parecer.
03:37Então a gente pode ter leis, enquanto as pessoas se sentirem acima dessas leis.
03:42Enquanto a gente tem uma cultura, que também vem, infelizmente, de políticos, que trazem, às vezes, a mulher como um ser inferior.
03:51Ou se a gente até olhar a presença das mulheres na vida política, isso reflete um pouco do papel da mulher na sociedade, na decisão das leis no geral.
04:01Então eu acho que a reflexão é muito mais ampla.
04:07Existem as leis, mas a gente precisa ter uma psicoeducação, a gente precisa ter uma educação voltada para uma mudança de cultura.
04:16E os homens precisam perceber de que esses crimes têm uma consequência e que têm uma consequência séria.
04:23Enquanto tiver essa sensação de impunidade, pode ter a lei que for, que eles vão continuar fazendo a mesma coisa.
04:29Mas, Karen, existe alguma política específica que você acha que consegue ser muito eficiente na prevenção do feminicídio?
04:41É uma campanha na televisão? Seria isso?
04:45Ou é criar delegacias da mulher?
04:47Também acho que tinha uma questão aí no Brasil.
04:49Acho que foi em São Paulo isso que estava reclamando que as delegacias não funcionavam 24 horas.
04:53Mas se fosse para escolher uma ou duas políticas muito bem sucedidas na prevenção do feminicídio, o que você escolheria?
05:03Olha, eu pensaria na questão de programas baseados, mas em evidência, que vão abordar masculinidades, a regulação emocional, a resolução de conflitos de uma maneira não violenta.
05:17Mas, principalmente, a gente tem nessa mudança de cultura, esse atendimento da mulher, seja em delegacias, seja no hospital, seja em outros ambientes,
05:27que elas tenham um acolhimento e dão um julgamento.
05:31Então, a mulher conseguir ser vista como vítima e não como alguém que está colaborando para que essa violência aconteça.
05:38Então, o que eu diria de pensar nessas leis seria ter um atendimento psicossocial integrado, com serviços que combinassem um apoio psicológico, orientação jurídica e proteção para as mulheres vítimas de violência,
05:51uma medida mais ágil das medidas protetivas.
05:55Então, eu estou falando aí de sistemas de alerta, estou falando de sistemas que podem diminuir a incidência, podem diminuir ameaças,
06:02e uma capacitação continuada de profissionais.
06:07Porque, e aí, quando eu estou falando de profissionais, eu estou falando de profissionais da saúde, da segurança, da assistência,
06:12onde eles pudessem ter uma chance maior de identificar esse risco e interromper, ajudar a interromper esse ciclo.
06:20E acho que tem uma outra coisa que foi citado aqui, por exemplo, lá no mês da mulher, então as mulheres vão lá e falam,
06:27e acho que as políticas, elas têm que ser permanentes, né?
06:29O que acontece é que se fala muito durante períodos, então você tem campanhas que são muito sazionais,
06:35e a gente precisa de uma redução, para ter uma redução maior do feminicídio,
06:40os países investem aí em políticas que são mais estruturadas, mais estáveis,
06:45e não só uma resposta mais emergencial.
06:53Denis, quer fazer mais alguma pergunta?
06:55Eu só queria entender se existe alguma possibilidade de algo mais tangível
07:03num país que seja pobre como o nosso, né?
07:07Quer dizer, nós conseguimos tomar alguma medida mais imediata, por exemplo,
07:12uma rede de proteção ali na vizinhança, alguma coisa assim, que possa ajudar a mulher nesse sentido,
07:17ou nós vamos depender desses movimentos de mais médio e longo prazo, inevitavelmente?
07:23Não, nós podemos ter movimentos mais rápidos, inclusive, a gente tem no Brasil, por exemplo,
07:30o Mapa do Acolhimento, que é um site onde mulheres vítimas de violência
07:35podem buscar atendimento jurídico e psicológico gratuito,
07:40e esse é um sistema que ajuda muitas mulheres.
07:44Então, acho que quando a gente começa a olhar essas notícias,
07:48e também a se conscientizar de que todo mundo pode fazer um pouco,
07:52ou seja, você está vendo uma mulher que é vítima,
07:55você se implica em tomar uma atitude,
07:59em não ter aquela questão de embriga de casal,
08:02ninguém coloca a colher,
08:04você consegue sim ter um olhar mais rápido
08:07e uma ação mais rápida do que essas a médio e longo prazo.
08:10Então, acho que cabe também, aí é um papel da sociedade
08:13de poder agir e não ficar passiva diante dessas situações,
08:18ou de ver a mulher como causadora dessas violências que afligem.
08:25Karen, o que pode ser feito em relação aos homens?
08:28Fala-se muito da masculinidade tóxica,
08:32então acho que a gente começa a aprender isso já na escola,
08:35às vezes na família,
08:36e depois, quando o homem realmente começa a dominar totalmente a mulher,
08:40porque são estágios,
08:43ele vai cada vez mais usando ela como um objeto,
08:47alguém que pode ser agredido, alguma coisa desse tipo.
08:51O que pode ser feito com os homens nesse caso?
08:55Bom, a gente pode pensar desde a criança,
08:58então até ela poder ter o direito dela demonstrar os sentimentos dela,
09:02que não seja, por exemplo, pela agressividade.
09:04Hoje a gente tem uma questão que o menino demonstra muito do seu sentimento
09:08através da agressividade.
09:10Por quê?
09:11Porque o choro, porque a sensibilidade,
09:13não são toleradas em muitas das nossas culturas.
09:16Então isso pode começar com crianças,
09:19na própria educação socioemocional,
09:21ou quando você permite que esse menino
09:23expresse esses sentimentos,
09:25e que está tudo bem.
09:26Quando você tem brincadeiras que são de cuidar também,
09:31que o menino também tem essa brincadeira de cuidar,
09:33e não só a brincadeira de matar,
09:36de ter uma ação violenta para conseguir algo que ele quer.
09:41A partir daí também as famílias podem ter conversas
09:44com essas crianças, com esses adolescentes.
09:47Então eu estou falando que isso pode começar na família,
09:50na sala de aula, em conversas, em debates,
09:53em, por exemplo, no próprio disciplina de projetos de vida
09:58que muitas escolas têm, isso pode ser conversado.
10:02E aí indo para o homem, para o homem mais velho,
10:06e isso também dentro das empresas,
10:08quer dizer, você ter sensibilizações dentro da empresa,
10:11rodas de conversa e acolhimento desses homens.
10:14Joia.
10:15Karen, a gente conversou com Karen Scavassini,
10:17psicóloga e fundadora do Vita Alleri.
10:20Karen, obrigado pela atenção.
10:21Eu que agradeço, muito obrigada e boa noite.
10:25E aí
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