Varejo chinês surpreende com alta de 6,4% em maio; consumo interno reage com estímulos do governo

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As vendas no varejo da China cresceram 6,4% em maio, o ritmo mais forte desde o fim de 2023. O resultado superou as expectativas e reflete os estímulos do governo chinês para impulsionar o consumo interno. Mariana Almeida analisou os dados e o impacto geopolítico no Agora.

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00:00As vendas no varejo da China em maio cresceram em seu ritmo mais rápido desde o final de 2023,

00:06à medida que os subsídios do governo ajudaram a impulsionar o consumo em um momento particularmente desafiador

00:14para a segunda maior economia do mundo.

00:17As vendas no varejo chinês aumentaram 6,4% no mês passado em relação ao ano anterior,

00:23de acordo com dados do National Bureau of Statistics, superando drasticamente as estimativas dos analistas

00:30de um crescimento de 5% em uma pesquisa da Reuters e acelerando em relação ao crescimento de 5,1% no mês anterior.

00:39Lin Duifu, porta-voz da NBS, atribuiu a melhora do consumo em maio ao atual programa de troca de bens de consumo,

00:47ao aumento nas compras online antes do evento de comércio eletrônico 618 e ao aumento de turistas estrangeiros,

00:55à medida que o país expandiu sua lista de entradas sem visto para incluir mais países.

01:00Por outro lado, ele acrescentou que tem sido particularmente desafiador para a economia chinesa

01:06manter um crescimento estável desde o segundo trimestre, citando a maior incerteza nas políticas comerciais

01:13entre os fatores que estão prejudicando o crescimento.

01:16Um acordo tarifário firmado entre Pequim e Washington em meados de maio proporcionou alívio temporário

01:23às exportações do país, levando algumas empresas a antecipar as remessas e, ao mesmo tempo,

01:29a intensificar a busca por mercados alternativos.

01:33Ambos os lados firmaram uma trégua de 90 dias para reverter a maior parte das taxas de três dígitos

01:39aplicadas aos produtos um do outro no início de abril.

01:43O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnik, disse à CNBC que as tarifas

01:49sobre as importações chinesas permanecerão no nível atual de 55%.

01:54As exportações da China cresceram menos do que o esperado em maio, embora o aumento nos

02:00embarques para países do Sudeste Asiático, países da União Europeia e África tenha ajudado

02:05a compensar a forte queda nas mercadorias com destino aos Estados Unidos, cuja queda

02:11ultrapassa 34% em relação ao ano anterior, o que demonstra a maior queda desde fevereiro

02:18de 2020.

02:21Almeida, como a gente falava, então, um pouquinho mais cedo aqui na abertura do agora, um crescimento

02:27aí até inesperado, né, do varejo, das vendas do varejo da China, 6,4%, o esperado era 5%.

02:35Você tem muito da questão também da importação ou das exportações da China, ficando também

02:42muito produto internamente lá, você tem uma deflação, os preços caindo, isso de alguma

02:48forma acaba ajudando a aumentar a venda no varejo?

02:52Acho que contribui, mas tem também, não vamos esquecer que a China tem um plano, ela é

02:56mais, ela é lenta, mas consistente no longo prazo e que ela já vinha antevendo os problemas

03:02que vinham a acontecer com relação ao mercado externo e já estava tentando também fazer

03:05estímulos do ponto de vista governamental e aí, intencionalmente, puxando o varejo.

03:10A ideia de aumentar o consumo interno é o principal desafio da China, mas também o

03:15que eles mais têm investido do ponto de vista de organização das suas ferramentas de política

03:19econômica.

03:20Vamos lembrar, foram alguns movimentos, desde o final do ano passado, de redução de taxa

03:25de juros, de anúncio de pacotes, que funcionam na China de uma maneira um pouco diferente

03:29do que aqui no Brasil.

03:29A China, ela tem uma economia com a relação entre o governo central e os governos locais

03:35de ativação, de uma economia de prefeitos.

03:38O que ela faz?

03:39Ela dá esses sinais de ativação, cria ferramentas que cada uma das regiões da China podem ativar

03:45e aí depende dos gestores locais conseguir fazer acordos com o setor privado, aproveitando

03:52os benefícios do setor público federal central para estimular e criar ideias de estímulo

03:57localmente, numa certa concorrência entre as várias regiões.

04:01Por quê?

04:02Porque quem atingir primeiro ganha benefícios, tanto político quanto econômicos.

04:05Então, tem uma forma de fazer a política que é, eu crio a ideia do incentivo e jogo

04:12para que em cada região esse incentivo seja melhor desenhado e aplicado para demonstrar

04:17resultados.

04:18Então, o efeito, digamos assim, central, a dificuldade da gente prever aqui a distância

04:22é porque tem algumas camadas de elaboração mesmo, de política, que podem tirar resultado.

04:27Aparentemente, isso aconteceu nesse momento de maneira bastante positiva para o lado chinês.

04:32Ou seja, o governo chamou, falou, vamos lá, vamos criar, estimular mais consumo interno,

04:38vamos ativar essa fase internamente.

04:41Quem vai conseguir fazer isso?

04:42E aí, as várias províncias ali conseguiram reagir, a princípio surpreendendo o mercado

04:47em uma robustez considerável de 6,4% acontecendo agora em maio.

04:52Então, vamos lá.

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