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O professor José Luiz Oreiro analisa a economia dos EUA para 2026, avaliando risco de recessão, impacto do setor imobiliário, força do consumo, efeitos do shutdown e os limites da política econômica de Donald Trump. Uma conversa clara sobre crescimento, juros, tarifação e eleições.

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Transcrição
00:00O secretário do Tesouro americano, Scott Bassett, afirmou que não vê risco de recessão para os Estados Unidos em 2026,
00:08mesmo após o recente shutdown do governo, que aliás foi o maior da história.
00:13Apesar disso, Bassett reconheceu alguns setores, especialmente os sensíveis a juros, como o mercado imobiliário, que estão sofrendo retração.
00:23Sobre isso, eu converso com José Luiz Oreiro, que é professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília.
00:32Boa noite, professor Oreiro. É sempre um prazer tê-lo aqui.
00:36Vamos começar com esta... Eu vou dar ao senhor, que é o especialista.
00:42Eu vou fazer o papel de curioso e provocador.
00:45Scott Bassett, secretário do Tesouro, fala o seguinte.
00:49Ah, está certo que tem setores aqui nos Estados Unidos que estão um pouco desacelerados, enfraquecidos.
00:56Setor imobiliário, ponto.
00:59Mas não é aí o ponto.
01:00É que esta frase tem umas entrelinhas.
01:04Porque a gente sabe que o setor imobiliário nos Estados Unidos, que eles chamam lá de real estate,
01:09é um termômetro importante da economia.
01:12Aqui no Brasil, recorrentemente, nós na imprensa falamos, tantos mil carros emplacados, zero quilômetros,
01:20isso dá uma leitura da economia para o perfil econômico do consumidor brasileiro.
01:25Nos Estados Unidos, a realização do chamado American Dream é uma casa maior, fora de grandes centros.
01:32Quando a família está melhor estruturada, compra uma casa.
01:35O mercado imobiliário, em, assim, desaceleração, usando os mesmos eufemismos do Scott Bassett,
01:45e ele dizer, hum, não vejo recessão para 2026, tem a ver ou ele está tentando tapar o sol com a peneira, professor?
01:53Bom, boa noite, Marcelo.
01:55Boa noite a todas e todos que estão nos escutando neste momento e nos vendo.
02:00Primeiro, nós temos que ter clareza sobre o que significa o termo recessão.
02:05Recessão significa, tecnicamente, dois trimestres consecutivos de queda no nível de atividade econômica.
02:14Então, é possível que ocorra uma redução bastante significativa do crescimento da economia americana
02:23ao longo do ano de 2026, sem que ocorra uma recessão do ponto de vista técnico do termo.
02:33Então, esse é o primeiro ponto que a gente tem que tomar muito cuidado, é com exatamente o que nós estamos falando.
02:42Se a gente está falando de uma desaceleração do crescimento econômico em 2026, relativamente a 2025,
02:52eu acho que sobre isso não há nenhuma dúvida.
02:55As políticas econômicas adotadas pelo governo Donald Trump, ao longo do ano de 2025,
03:03principalmente a questão da guerra comercial que ele travou, urbi et orbi,
03:10isso já causou estrago na economia mundial e também na economia norte-americana.
03:17razão pela qual o presidente Donald Trump teve que recuar do tarifácio,
03:25em boa medida do tarifácio, que ele fez contra a economia brasileira.
03:30Porque muitos dos produtos que sofreram tarifácio do Trump contra a economia brasileira
03:38eram produtos cuja demanda é preço inelástica, como o café, e que, portanto, o tarifácio seria pago
03:47basicamente pelo consumidor norte-americano na forma de preços mais elevados.
03:53Então, assim, se nós estamos falando de uma desaceleração do crescimento econômico dos Estados Unidos
04:02em 2026 com relação a 2025, eu não tenho nenhuma dúvida de que isso vai acontecer.
04:09Agora, é possível que não ocorra essa definição técnica da recessão,
04:15que são dois trimestres consecutivos de queda do nível de atividade econômica.
04:20Veja, se dois trimestres de 2006 tiverem crescimento negativo, mas não forem consecutivos,
04:27tecnicamente falando, os Estados Unidos não entrou em recessão.
04:32Então, tem que ter cuidado com esse jogo de palavras.
04:36Perfeito. Professor Oreiro, a gente está jogando para 2026 a partir de uma manifestação
04:42do secretário do Tesouro, que aqui nós chamaríamos de ministro da Fazenda.
04:47Trazendo um pouco mais para a nossa realidade, num espaço de tempo menor,
04:52faço aqui um cálculo de quem entende muito superficialmente em comparação com seus conhecimentos
04:58de economia, mas entramos num período nos Estados Unidos que tem a maior população consumidora
05:06do mundo de alto perfil de consumo, num período de alto perfil de consumo, né?
05:11Começa com Halloween, essa semana ação de graças, depois Black Friday, aí tem umas promoções
05:18que se estendem na semana, as compras de Natal, as festas de fim de ano, de virada de ano,
05:24ou seja, até a primeira semana de janeiro a gente tem um fluxo varejista muito alto tradicionalmente,
05:31dispensa apresentações por causa dessas festas de troca de presentes e recepção de família.
05:37O que me chamou a atenção foram os dados aqui do NRF, o National Retail Federation,
05:46algo como a Confederação Nacional dos Varejistas dos Estados Unidos.
05:51Consumidor está cauteloso, mas fundamentalmente forte.
05:56Traduzindo em números, fiquei surpreso, confesso, com o NRF estar esperando que este período
06:05de compras, Black Friday e tudo mais, possa vir a ser o segundo maior da história, com
06:12cada americano de perfil de consumo gastando quase 900 dólares agora nesse período de promoções.
06:21Black Friday, Cyber Monday começa na segunda-feira.
06:24Está ajustado isso? A explicação é boa, né?
06:28O medo do tarifácio fez com que os americanos guardassem dinheiro, agora vão gastar na promoção
06:35porque fizeram um exercício de planejamento orçamentário.
06:40Estou precisando trocar de celular, estou precisando trocar de computador, quero redecorar a casa,
06:45vou esperar a semana de promoções.
06:48Levando em consideração que 70% do PIB americano está no setor de consumo, isso aqui é um movimento isolado
06:58ou dá uma catapulta aí na economia americana, pelo menos nesse último trimestre?
07:04Bom, quer dizer, tudo vai depender se essas expectativas vão ou não se realizar.
07:09Quer dizer, isso é algo que a gente tem que ver ao longo dessa semana, né?
07:16Da Black Friday e das promoções e das compras de Natal, etc.
07:20Agora, se de fato essas expectativas se realizarem, quer dizer, você vai ter um primeiro trimestre
07:29de crescimento na economia norte-americana que vai ser muito bom, tá?
07:34Porque isso se espalha pelos primeiros três meses de 2026, janeiro, fevereiro e março.
07:41Mas isso não vai ser suficiente para reverter a tendência do ano de 2026, que, a meu ver,
07:48a não ser que haja uma mudança muito significativa na política monetária do Federal Reserve,
07:54no sentido de haver uma redução muito forte da taxa de juros, o que até o momento não
08:00é o caso, eu não creio que isso vá se reverter em termos de índices mais fortes de crescimento
08:08ao longo do ano de 2026.
08:11Todos nós sabemos que, por sazonalidade, essa época final de ano, isso no Brasil também
08:19é verdade, por conta do pagamento do décimo terceiro salário, é uma época de maior crescimento
08:27no comércio varejista.
08:29Isso criou muitos empregos em dezembro, empregos na sua maior parte temporários, justamente
08:35para fazer frente a essa maior demanda de consumo.
08:39Mas, repito, primeiro, nós temos que ver se, de fato, essas expectativas vão ser concretizadas,
08:47do que a gente não sabe ainda, e mesmo que sejam, eu não acredito que isso tenha força
08:53suficiente para reverter a tendência para todo o ano de 2026.
08:59Professor José Oreiro, só para a gente terminar, e eu deixei o mais difícil para o final,
09:06você estava tentando amaciar o seu coração aqui, criar uma confiança, um exercício de futurologia,
09:15porque a gente já está no final de novembro, dezembro, são festas, está todo mundo já
09:19olhando para 2026.
09:21É o seguinte, o que é fácil olhar para os Estados Unidos em 2026, a gente só tem
09:27uma certeza, que não dá para ter certeza nenhuma.
09:30A única previsão que a gente consegue fazer com o Donald Trump é que ele é imprevisível.
09:35Mas, mesmo assim, o senhor que tem um faro fino e olho vivo bem afinados, em 2026 não é
09:42um ano qualquer, nem no Brasil, nem nos Estados Unidos, anos de eleições, aqui eleições
09:47gerais, mas lá eleições legislativas.
09:51O Donald Trump não pode correr o risco de perder tanto apoio dentro da Câmara Baixa e
09:57Câmara Alta do Congresso, o eleitor vota com o bolso, dá para a gente, a partir destas
10:05premissas, chegar à conclusão que ele vai ser mais ortodoxo na economia, mais calmaria,
10:14menos com esses roupantes de tarifácio, vou pressionar para arrancar as indústrias e
10:20fazer com que elas venham para cá.
10:22tem gerado desemprego, por exemplo, a gente não deu tempo de falar de desemprego, mas
10:27tem uma sinalização de um desemprego aí, os Estados Unidos deixaram de ter o chamado
10:32pleno emprego, isso pesa no capital político de alguém que quer manter a sua base eleitoral
10:39forte.
10:41Diante de tudo isso, o que o senhor consegue entender para 2026 olhando para os Estados
10:45Unidos?
10:45Bom, eu acho que o Trump aprendeu que a política que ele estava adotando, a política comercial
10:54que ele estava adotando, na verdade estava se revertendo em termos de maior inflação
11:01ao consumidor nos Estados Unidos, principalmente inflação de alimentos.
11:06o caso do Brasil é paradigmático, quer dizer, o Trump não reverteu a sua política com respeito
11:15ao Brasil porque teve um clima com Lula, porque ele viu Lula e se apaixonou, foi nada
11:20disso.
11:21O que ele percebeu e o que qualquer economista profissional já teria lhe dito se o Trump tivesse
11:29pedido conselho, o que não é o caso, porque ele se cerca de lacaios que dizem apenas o
11:34que ele quer ouvir, é o que ele teria percebido e essa política comercial dele de sair distribuindo
11:44aumento de tarifas de importação urbi et orbi, na verdade isso só aumenta os preços
11:50internos dos Estados Unidos, reduzem o poder de compra do consumidor americano e obviamente
11:56que isso se reduz, isso se traduz, melhor dizendo, em termos de queda de popularidade,
12:02o que nós também estamos vendo pelas pesquisas que estão sendo mostradas a respeito da popularidade
12:08do presidente Donald Trump.
12:09Então ele percebeu que se ele insistir com esse tipo de política, muito provavelmente
12:17ele vai perder as eleições de Mittan em 2026.
12:22Então assim, eu acredito que os arroubos do Trump em termos de política tarifária vão
12:31ser moderados ao longo de 2026.
12:35Agora é lógico que ele vai continuar com a sua briga com a China, eu acho que isso
12:39aí faz parte da disputa de hegemonia econômica do globo, não é uma coisa do Donald Trump,
12:50o próprio Joe Biden já tinha feito isso durante a sua gestão e eu acho que isso vai continuar
12:55em 2026.
12:56Mas esses arroubos de tarifa, aumenta a tarifa, reduz a tarifa, não sei o quê, isso realmente
13:04deve ser reduzido ao longo de 2026 porque assim, o Trump ele pode ter todos os defeitos do
13:13mundo, mas burro ele não é.
13:15Então ele sabe muito bem o que lhe serve aos seus interesses.
13:19Sempre um prazer conversar com o senhor, professor Oreiro, até porque o senhor não poupa
13:25palavras, dá os adjetivos e substantivos quando eles são necessários para os esclarecimentos.
13:33Obrigado mais uma vez, prazer conversar sempre com o...
13:35Nada, meu caro.
13:36É um prazer, um abraço, boa noite.
13:39Bom, deixa eu encerrar aqui, segura aí Oreiro.
13:42Conversei com o professor José Luiz Oreiro, deixa eu dar suas credenciais, né?
13:46Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, já me despedi
13:51dele, repito.
13:53Oreiro, até muito breve.
13:54Obrigado por mais uma participação aqui.
13:57Tchau, tchau.
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