Na COP30, o agro brasileiro enfrenta travas em financiamento climático e busca um mandato para agricultura tropical. Muni Lourenço, presidente da Comissão de Meio Ambiente da CNA, destacou que o setor já adota tecnologias sustentáveis e visa 72 milhões de hectares de produção de baixo carbono até 2030, reduzindo 1,1 bilhão de toneladas de carbono.
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
00:00Com as discussões da COP30, o agronegócio brasileiro tenta entender qual será o peso de novas regras para quem produz no país.
00:08A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil acompanha de perto os debates e avalia onde ainda existem travas e como o setor privado pode entrar nessa conta da COP.
00:19Para falar sobre esse assunto, eu converso agora com o Mune Lourenço, presidente da Comissão de Meio Ambiente da CNA.
00:26Mune, boa tarde, tudo bem contigo?
00:27Boa tarde a você e a todos que estão acompanhando o programa.
00:33Obrigado. Bom, eu não posso deixar de te perguntar antes de a gente entrar nesse assunto sobre o incêndio que atingiu hoje as instalações da COP30 em Belém.
00:43Como é que a CNA vê isso e o potencial impacto para as negociações que estão sendo travadas em Belém, Mune?
00:48Nós lamentamos profundamente o socorrido.
00:54O povo brasileiro, em particular a população da Amazônia, não merecia ser exposta ao mundo dessa maneira.
01:03Eu frequentei e estive várias vezes na Bluzone e verificamos realmente essas situações de uma estrutura carente, precária, dificuldades de estruturação, de organização e de profissionalismo.
01:22Diferentemente daqui da Agrizone, uma iniciativa inédita, fruto de uma parceria sólida da Embrapa com o sistema CNA-SENAI, a iniciativa privada,
01:36onde prevaleceu aqui a ordem, a responsabilidade e diálogos extremamente qualificados e que prevaleceram nesse aspecto.
01:50Mas nós registramos aqui a nossa solidariedade a toda a população e aos visitantes diante dessa lamentável situação.
01:59Mune, falando agora sobre as negociações climáticas e o ponto em que elas afetam o agronegócio,
02:09onde é que estão hoje os principais entraves nas negociações do clima para o produtor rural brasileiro?
02:16Veja bem, nós temos acompanhado e até o momento tem aí dois pontos que são muito importantes para o agro-brasileiro
02:25e que estão, segundo, estamos tendo as informações travadas.
02:30O primeiro é a questão do financiamento climático.
02:33O agro-brasileiro é o setor produtivo mais vulnerável às questões climáticas.
02:39É uma verdadeira indústria a céu aberto.
02:42Mas, por outro lado, é o setor que melhor se apresenta em termos de provedor de soluções climáticas,
02:50principalmente a partir da adoção de tecnologias, de boas práticas sustentáveis na produção de alimentos.
02:58Mas para que isso, para que nós possamos ter plenitude nessas soluções climáticas, da parte do agro,
03:06nós precisamos superar esse gargalo da questão do financiamento climático.
03:11Então, temos verificado aí esse travamento dessas discussões, principalmente a partir dos países envolvidos,
03:18que tem, segundo o próprio Acordo de Paris, maiores responsabilidades em relação à participação na questão do financiamento climático,
03:28que ano passado, na COP29, houve o apontamento aí dessa cifra de 1,9 trilhão de dólares para fazer face a esse...
03:371,3, né?
03:38Além disso, um outro ponto que nós temos verificado com preocupação é de que não temos ainda uma sinalização clara
03:46da proposta do Agro Brasileiro de sair de Belém um mandato específico para a agricultura tropical,
03:53que é para que nós tenhamos um aprofundamento a nível das COPES, inclusive no estabelecimento de critérios
04:00que levem em consideração as peculiaridades da agricultura tropical sustentável, que o Brasil é líder.
04:06E como é que o setor privado, na sua leitura, deve dividir responsabilidades e investimentos dentro das metas ambientais?
04:15O setor privado, o produtor rural brasileiro já vem contribuindo e demonstrando um esforço significativo nesse quesito,
04:30adotando principalmente, como eu falava há pouco, boas práticas agropecuárias sustentáveis.
04:35O país tem metas ambiciosas, talvez as maiores metas pactuadas a nível mundial e poderíamos citar duas que têm relação direta ao campo brasileiro.
04:47O primeiro deles, até 2030, alcançar mais 72 milhões de hectares com tecnologias de agropecuária sustentável.
04:56E aí, leia-se, plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, fixação de nitrogênio no solo e 72 milhões de hectares não é pouco.
05:06Isso é mais do dobro do território do Reino Unido.
05:09E também, uma outra meta que o Brasil pactou, que tem relação direta com o agro brasileiro,
05:15é a questão de, até 2030, evitar a emissão de 1,1 bilhão de toneladas de carbono equivalente.
05:23Então, são compromissos, metas que têm relação direta com o produtor rural brasileiro,
05:30que têm demonstrado, e aqui na COP30, isso ficou muito bem caracterizado e comprovado,
05:36principalmente a partir da iniciativa inédita da Agrisoni,
05:40com dados e análises isentas da ciência brasileira, principalmente da Embrato,
05:45mostrando que o agro brasileiro, o Brasil, é uma potência agroambiental energética
05:50e parte da solução para as questões climáticas.
05:53E também o agro brasileiro, com uma posição muito importante,
05:58uma responsabilidade da segurança alimentar, alimentando aí 1 bilhão de pessoas.
06:05E na leitura da CNA, o que é essencial para que o produtor brasileiro
06:10tenha previsibilidade e segurança jurídica no meio desse debate que é tão importante?
06:15São várias questões.
06:19Então, no plano internacional das negociações,
06:24essa questão do financiamento climático, como eu falava, ela é crucial,
06:28principalmente para que nós possamos, Brasil como um dos países em desenvolvimento,
06:34massificar ainda mais transferências de tecnologias,
06:38principalmente para grande parcela de pequenos produtores,
06:41com as tecnologias da chamada agricultura de baixo carbono.
06:46O Brasil tem uma política pública que é referência para o mundo,
06:49que é o plano ABC+, e também no plano interno.
06:53É muito importante avançar, acelerar, tudo que diga respeito à questão da regularização fundiária,
07:00regularização ambiental, o próprio seguro rural,
07:03e massificar cada vez mais a assistência técnica
07:07para aumentarmos cada vez mais a eficiência do produtor rural brasileiro.
07:14Por falar em eficiência, na sua leitura,
07:18já está bastante capilarizado entre os produtores no Brasil
07:21que dá para ser competitivo e, ao mesmo tempo,
07:25ser alinhado às novas exigências ambientais?
07:28Sem dúvida.
07:31Para nós, está muito claro de que não há contradição
07:36entre a produção de alimentos e a sustentabilidade ambiental.
07:41E são duas questões fundamentais para a humanidade,
07:45comida e meio ambiente equilibrado.
07:47E essa equação, ela obtém um equilíbrio a partir da questão da tecnologia.
07:53E a agricultura brasileira, ela é movida a inovação tecnológica,
07:59aumento de produtividade e responsabilidade ambiental.
08:03No Brasil, produção de alimentos e sustentabilidade ambiental caminham juntas.
08:10Muni Lourenço, presidente da Comissão de Meio Ambiente da CNA.
08:13Obrigado, Muni, pela gentileza da sua entrevista.
Seja a primeira pessoa a comentar