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No Papo Antagonista desta segunda-feira, 17, Madeleine Lacsko, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman conversaram com Marilia Marton, secretária de Cultura do estado de São Paulo, sobre como a ideologia política tem contaminado a arte.

Assista:

Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Madeleine Lacsko, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

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Transcrição
00:00Bom, a gente tem uma entrevista agora com a Marília Marton, que é a Secretária de Cultura do Estado de São Paulo.
00:08Marília está com a gente. Marília, tudo bem? Boa noite.
00:12Boa noite. Boa noite, Ricardo. Boa noite, Duda. Prazer enorme estar aqui.
00:16Daqui a pouco, boa noite, Amadá, também, que chega, né?
00:19Marília, muito obrigado aí pelo seu tempo.
00:22Parabéns pelo trabalho que vocês estão fazendo aqui no Estado de São Paulo.
00:26Maravilhosas apresentações, principalmente na OZESP, lá, Teatro São Pedro.
00:32A cultura está bombando aqui em São Paulo.
00:37E, Marília, aproveitando então a sua participação, o presidente Lula falou nessa segunda-feira
00:42sobre o projeto de lei do novo Plano Nacional de Cultura, que foi enviado ao Congresso.
00:49A gente vai exibir um trecho do discurso e depois eu te passo a palavra para comentar aqui. Vamos lá.
00:56As pessoas perguntam o que eu sou ideologicamente, o que eu sou politicamente, eu digo que eu sou a metamorfose ambulante.
01:02Eu não sei das coisas. Eu quero saber.
01:06Pelo fato de eu não saber de tudo, é muito fácil eu aceitar as coisas que os outros sabem e que eu não sei.
01:13E aí é que está a arte de bem governar um país.
01:15É você aceitar que a sociedade diga o que é bom fazer que o governo não sabe fazer o que o governo não pode fazer.
01:21E o que nós estamos fazendo hoje, mandando essa lei para o Congresso Nacional,
01:26é dizendo para o meu líder no Senado, o companheiro Jacques Wagner, para a nossa deputada,
01:29de que a partir de amanhã vocês terão trabalho em transformar definitivamente a nossa política cultural deste país
01:35para que nenhum presidente da República, de qualquer partido que seja, de qualquer matíria ideológica que seja,
01:43possa um dia, outra vez, achar que pode proibir a cultura deste país.
01:53Kertz, mas não sei se você chegou a olhar esse Plano Nacional de Cultura do Lula.
01:58Duda, quer comentar e depois a gente segue ou com o mesmo assunto ou outro assunto?
02:06Ô Duda, de novo, é mais um plano, é mais uma sopa de letrinhas, alguma sigla,
02:12para poder fazer propaganda política, para poder fazer militância ideológica.
02:17E no final das contas, isso não vai trazer grandes benefícios nenhum para a cultura do Brasil,
02:22principalmente para as pessoas que são mais necessitadas de cultura.
02:26A grande questão, Duda, como tudo, normalmente, que envolve o governo do PT,
02:31os governos lulopetistas, é que é tudo sempre muito ideologizado,
02:35é tudo muito sempre com um viés, como se o mundo necessariamente tivesse que sempre estar dividido
02:41entre nós e eles.
02:42Obviamente que nós, para o presidente Lula, para o lulopetismo,
02:46é todo mundo que concorda e que comunga das mesmas ideias.
02:49E eles é todo mundo que ou não concorda, ou é contra,
02:53porque tem isso também, né, Duda, às vezes a gente pode não concordar em 100%,
02:57mas a gente tem algumas ideias incomuns que poderiam ser aproveitadas,
03:02mas com essa turma nunca assim.
03:04Aliás, isso é muito típico dos extremos, né?
03:06Os bolsonaristas, a mesma coisa.
03:08Não basta você concordar ou você caminhar na mesma direção, em parte,
03:15você tem que sempre ter que ir no todo, né?
03:17Você tem que estar de coração, corpo e alma, porque senão você não vai ser aceito.
03:21A cultura do Brasil, nesse caso que eu estou te falando,
03:24na ótica, sob a ótica da esquerda do lulopetismo,
03:28ela só serve, Duda, repito, se atender aos propósitos deles.
03:32E aí a coisa fica totalmente ideologizada, fica totalmente enviesada.
03:37Eu, Ricardo, sou daqueles que acham que a cultura é fundamental, Duda,
03:41para poder construir uma sociedade mais equilibrada,
03:44uma sociedade desenvolvida.
03:46Você dar acesso à cultura para as pessoas menos favorecidas
03:50é uma forma de ascensão social.
03:52Isso seria muito benéfico para toda a sociedade.
03:55Só que ou o dinheiro é muito mal gasto,
03:58ou o dinheiro é muito desviado.
04:00Historicamente, a gente tem esses desvios.
04:02Quando a gente vem com os programas de incentivos fiscais,
04:05tipo o Lei Rouanet e todas essas outras formas de você incentivar a cultura,
04:09isso vem totalmente enviesado,
04:11seja à direita ou à esquerda,
04:13uns combatendo, outros apoiando.
04:15E, como eu disse, o beneficiado final,
04:18que é a população, principalmente a população de baixa renda,
04:21ela fica sem o acesso.
04:22Eu não acredito em nada, em nenhum programa
04:24que o presidente Lula venha a divulgar agora,
04:27principalmente em ano pré-eleitoral,
04:29pior ainda se for ano eleitoral,
04:31porque o PT está no poder no Brasil desde 2022,
04:35há 16, 17 anos.
04:36E se eu te perguntar, ou perguntar para qualquer um,
04:39como que a cultura do Brasil nesses últimos anos,
04:41a cultura do Brasil melhorou,
04:43ela se tornou acessível,
04:45ela se tornou em melhor qualidade?
04:46Não, Duda, a resposta é não.
04:48Então, por que eu vou acreditar agora em mais um programa,
04:50em mais uma sopleta de letrinha,
04:52em mais uma promessa do presidente Lula?
04:54Eu não acredito.
04:55Quero agradecer muito a Companhia de Energia,
04:59que tem um carinho muito especial
05:00com a minha região aqui de Cotia da Granja Viana.
05:03Eles acabaram de mandar um e-mail dizendo
05:06que vai ter fortes chuvas e vento amanhã.
05:10Então, já passei a antecipar,
05:12eles já cortaram a energia hoje.
05:14Entendeu?
05:15É uma maravilha aqui.
05:16Porque vai que chove e não cai a luz.
05:18E você fica, né, desolado.
05:21Poxa, show, caiu a luz.
05:23Então, eles já cortaram antes, como sempre.
05:26Aliás, então vocês me desculpem,
05:29vamos botar um gerador aqui nessa casa,
05:31o painel solar, mas enfim, vamos adiante.
05:35A gente acha que agora o som já está ok
05:37para a gente falar desse tema tão importante
05:39que é a cultura, com a secretária da Cultura
05:42do Estado de São Paulo, a Marília Marton,
05:46que ela está mais por dentro deste plano nacional
05:49e também está por dentro de um debate
05:53que o Ketsman está fazendo aí, muito bem,
05:56ela caiu, ela volta daqui a pouquinho.
05:58É um debate muito atual
06:01sobre o uso ideológico da cultura.
06:05Secretária, muito prazer ter a senhora
06:07aqui no Papo Antagonista.
06:08Obrigada, Amada.
06:09Voltei.
06:10Acho que agora todos estão me ouvindo.
06:12Sim.
06:13Bom, primeiro...
06:14Agora todos, tu.
06:16Primeiro a pergunta é se eu li o plano, né?
06:19O projeto do plano.
06:20Eu confesso a vocês que a minha relação
06:23com o governo federal, assim como com todos
06:26os governos, é extremamente republicana,
06:28até porque a gente está aqui para trabalhar
06:30para o setor da cultura e é impossível
06:34a gente fazer isso de forma isolada do Brasil,
06:36um país que tem uma diversidade cultural muito grande.
06:39Lembrando que grande parte dessa diversidade
06:41também perpassa pelo Estado de São Paulo,
06:44uma vez que a gente recebe as pessoas do Brasil inteiro
06:47para consumirem e viverem aqui.
06:50Então, o Estado de São Paulo tem um diferencial
06:52em que a gente tem um pouco do Brasil inteiro
06:54e um pouco do mundo inteiro aqui dentro.
06:57Então, a importância de trabalhar a cultura
06:59de uma forma diversa,
07:02acreditando que essa diversidade, inclusive,
07:04é o que traz para nós a potência
07:07de uma criatividade diferenciada,
07:09faz com que a gente, de fato, trabalhe o máximo possível
07:12para que a gente abranja todas as diversidades.
07:14Sobre a questão ideológica do uso da cultura,
07:18eu acho que tem um pouco de equilíbrio
07:21que precisaria acontecer.
07:23De uma certa forma, quando a gente tem um distanciamento
07:26da classe da direita,
07:29daqueles que acreditam na liberdade, enfim,
07:32isso faz com que empurre para o outro lado
07:36a própria pauta.
07:38Então, na verdade, o trabalho aqui sempre foi
07:40que a gente trouxesse as pessoas
07:41para que elas entendessem, a princípio,
07:44a cultura é um acesso democrático a todas as pessoas
07:47e elas precisam conhecer de tudo
07:49para que essa diversidade seja alcançada
07:53ao máximo possível.
07:54Então, eu posso ir em uma peça de teatro
07:56como cidadã e gostar ou não gostar.
07:59É uma liberdade que eu tenho,
08:01mas eu quero ter o direito de poder assistir aquela peça.
08:04O que foi acontecendo ao longo do tempo
08:06e que como a gente teve um monopólio da agenda,
08:09então, houve aí um entendimento
08:11de que todo mundo da cultura é de um lado A,
08:15a gente acabou afastando o outro lado
08:17e com isso você acaba também impossibilitando
08:20que pessoas que trabalhem,
08:23que têm uma ideologia pessoal para o lado oposto,
08:26consigam estar no palco.
08:28E isso é o que faz com que a gente
08:30acabe tendo esse monopólio de conversa.
08:33Sobre planos, não é de hoje,
08:36é uma construção...
08:37Trabalhei há muitos anos na Secretaria da Cultura,
08:39já saí, já voltei,
08:41e a gente entende que plano,
08:43do jeito que é feito, é muito ruim.
08:46Por quê?
08:46Porque o plano nacional,
08:48quando a gente pensa em Brasil,
08:49num país continental,
08:51é muito difícil, a partir de Brasília,
08:54você achar que vai conseguir
08:56alcançar todas as diversidades
08:58que existem nesse país.
09:00Obviamente, isso também não faz parte do Estado,
09:03porque o Estado também está longe.
09:04Veja, eu estou num Estado que tem 645 municípios.
09:08Seria até desastroso eu achar
09:10que eu vou dar condição de falar
09:12sobre todas as culturas
09:13ou tipos de culturas que a gente tem.
09:15Então, quando a gente discute plano,
09:17e aí confesso que eu acabo sendo uma voz
09:19um pouco isolada,
09:21eu sempre penso que o governo federal
09:23deveriam dar diretrizes,
09:25orientações nacionais,
09:26sobre fruição,
09:28sobre difusão,
09:29sobre formação.
09:30Os Estados deveriam trabalhar os setoriais,
09:33como a gente trabalharia
09:34área do cinema,
09:36área de games,
09:37área de teatro.
09:38E quem deveria ter um plano,
09:40um plano transversal,
09:41são os municípios.
09:42E nem sei se o município de São Paulo
09:44ou do Rio de Janeiro,
09:45pelo tamanho da sua dimensão,
09:47não deveria ter outra estratégia.
09:49Porque é muito complicado achar
09:51que, de uma forma una,
09:53que é que todas aquelas pessoas,
09:54a gente viu aqui uma sala cheia
09:56de pessoas ali,
09:57elas representam os sete milhões
09:59de trabalhadores da cultura
10:00que a gente tem nesse país.
10:02Até porque sete milhões de trabalhadores
10:04que trabalham em diversas linguagens.
10:08Então, como que a gente acha que,
10:10sei lá,
10:10500 pessoas vão representar
10:12essas setecentas milhões,
10:13essas sete milhões?
10:14Então, assim,
10:15é muito difícil acreditar
10:17num plano que seja nacional
10:19e ditado de cima para baixo.
10:21A gente tem problemas graves
10:23quando a gente tem essa relação.
10:26Eu posso aqui dar um exemplo para vocês.
10:29Quando a gente tem o sistema de cota
10:30posto desse jeito
10:32que a gente tem hoje
10:33nos editais que vêm da PNAB,
10:35a gente cria distorções.
10:37A gente cria distorções,
10:38porque, por exemplo,
10:39eu posso fazer aqui um edital
10:41voltado para quilombolas.
10:44E dentro do edital,
10:46eu tenho que garantir
10:47vaga para negro,
10:48para indígena
10:49e para pessoa com deficiência.
10:51Veja, indígena
10:53jamais terá quilombola.
10:55Então, assim,
10:56qual é o sentido de ter isso?
10:58Então, a discussão
10:59que deveria ter do governo federal
11:00são as diretrizes
11:01e são as métricas
11:03que a gente deveria medir
11:05como é que o impacto cultural
11:06acontece de forma nacional
11:08a partir das linguagens setoriais.
11:11Então, tem uma distorção
11:13que vai acontecendo.
11:14Até porque,
11:15sobre o aspecto ideológico,
11:17e aqui o Ricardo falou muito bem,
11:19em tese, a cultura não deveria ter
11:21essa perna ideológica,
11:23porque ela não é para ter.
11:25A minha guerra aqui
11:26com os artistas, os produtores,
11:28vocês não precisam falar
11:29sobre quem vocês votam
11:30ou deixam de votar.
11:31O que cada um faz
11:32é seu, é privado.
11:34E a gente acredita nisso,
11:35porque a gente acredita
11:36na liberdade individual.
11:37Agora, o que você produz,
11:40o que você faz,
11:42você deveria levar
11:43a esta diversidade para a ponta.
11:45Porque é fácil eu falar
11:46sobre aquilo que eu sou.
11:48eu quero ver você
11:49falando aquilo que você não é,
11:51porque é isso que a cultura faz.
11:52A gente entra nessa própria questão
11:55daquilo que é meu,
11:57mas eu não trabalho para mim,
11:58porque eu trabalho para o público.
12:00Então, eu acho que a gente
12:01precisa discutir um pouco mais
12:03sobre o que a gente espera
12:04desses planos.
12:05Cria-se sistema nacional da cultura,
12:09baseado no sistema único de saúde.
12:11Sim, mas o parto, né?
12:13O parto, ele é feito aqui em São Paulo,
12:16o protocolo dele é feito no Manaus,
12:18é feito na Paraíba,
12:20mas a cultura não é assim.
12:22Então, como é que a gente respeita
12:24um sistema nacional
12:25vindo de cima para baixo
12:26quando você tem a cultura
12:28capilarizada de baixo para cima?
12:30É contraditório.
12:32Sim.
12:32Mas, enfim, eu confesso que
12:34nesses aspectos
12:35eu me sinto uma voz
12:36um pouco isolada.
12:39Interessante.
12:40Secretária, tem uma questão
12:42que a gente estava falando
12:44da ideologia e da cultura.
12:48A cultura é um instrumento
12:50de guerra, praticamente,
12:52para propagar ideologias.
12:54Ela pode ser infestada
12:57por ideologias.
12:58O que eu tenho visto,
13:01por exemplo,
13:01no âmbito da prefeitura,
13:03do município de São Paulo,
13:05a briga que está,
13:06sobretudo no municipal.
13:09Eu estive no municipal,
13:11eu frequento,
13:11eu gosto muito de ópera,
13:13eu considero que o que foi feito
13:15no Barba Azul do Bela Bartok,
13:18que foram duas óperas,
13:19em seguida uma outra
13:20que era uma lacração danada,
13:22e que o cantor cantava de microfone,
13:25se for para ouvir de microfone,
13:26eu não vou na ópera,
13:27eu vou no show da Xuxa,
13:29a gente viu a Maria de Buenos Aires
13:31ser completamente dilacerada,
13:35toda a atmosfera de Buenos Aires
13:38criada pelo Piazzolla.
13:40Isso substitui ideologias,
13:41não foi substituído por arte.
13:44Eu nunca vi isso na Sala São Paulo,
13:46por exemplo.
13:47O que é possível,
13:50a cada museu que vai,
13:53a cada espetáculo que vai,
13:56você encontra lá,
13:58a ação da arte.
14:01Olha, Mardai,
14:02eu acho assim,
14:03primeiro que a minha discussão,
14:05no geral,
14:05com os produtores,
14:07enfim,
14:07os trabalhadores,
14:08empreendedores da cultura,
14:10é,
14:10vocês precisam entender
14:11que a gente não faz arte para a gente,
14:14tá?
14:14a gente faz arte para o público.
14:17Então,
14:17quando você pensa num espetáculo,
14:19você tem que pensar que vão ter pessoas
14:21que vão sair das suas casas,
14:23elas vão pagar por um aplicativo
14:25ou gastar gasolina,
14:27gastar para parar o carro,
14:29vão gastar para comer,
14:30vão gastar,
14:30e isso tem um custo
14:32na maior parte da população.
14:34E às vezes elas saem de casa
14:36na expectativa de assistir uma coisa
14:39e não é aquilo que elas estavam ali
14:41na expectativa.
14:42Então,
14:42eu acho que tem uma honestidade
14:44que precisa estar posta.
14:46Então,
14:47quando você fala para mim,
14:48olha,
14:48eu saí de casa e fui no municipal
14:49e vi uma adaptação,
14:53né,
14:53para,
14:53aqui vou tentar ser mais polida aqui no nome,
14:58uma adaptação de uma ópera,
14:59tinha que estar lá declarado
15:01que era uma adaptação.
15:02Porque eu posso não querer assistir
15:04uma adaptação de Tristão e Isolda.
15:06Eu tenho esse direito.
15:07A escolha é minha enquanto público.
15:12Agora,
15:12as pessoas fazem,
15:14elas colocam o nome de uma ópera original,
15:16elas chegam,
15:17você chega lá,
15:18aquilo que você estava na expectativa de assistir
15:20não é o que condiz,
15:22e isso te frustra,
15:24porque realmente frustra,
15:25porque as pessoas vão para lá
15:26para assistir uma coisa
15:27e acabam vendo outra.
15:30Eu confesso que
15:31isso pode ser feito,
15:33não há nenhum problema.
15:34Agora,
15:34o público precisa saber.
15:36Eu ouvi de muitos empresários,
15:38por exemplo,
15:38nessas últimas óperas
15:40do municipal,
15:41que eu pago,
15:42ajudo,
15:43sou um contribuinte,
15:44lá,
15:45é patrono do municipal,
15:46e vou deixar de ser,
15:48porque eu não acredito
15:48naquilo que eles estão fazendo.
15:50Essa é a liberdade também.
15:51Eu não quero mais pagar por aquilo.
15:53Eu convido as pessoas aqui
15:54a irem na Sala São Paulo,
15:55a irem no Teatro São Pedro,
15:57que sim,
15:58eventualmente,
15:58a gente faz alguma adaptação,
16:00mas no geral,
16:01muito mais de figurino,
16:03muito mais de cenário,
16:04porque, obviamente,
16:05a gente tem um teatro
16:06um pouco menor
16:07do que os teatros europeus,
16:09então,
16:09para poder caber o cenário,
16:10você acaba fazendo.
16:11mas a obra,
16:12a ópera e a obra
16:14estão ali garantidas
16:16para que o público veja
16:17aquilo que ele pagou para ver.
16:20Então,
16:21eu acho que tem uma questão
16:22de adaptação de ópera
16:23que está extrapolando.
16:25A gente tem discutido bastante
16:27que algumas coisas,
16:28por isso que a importância
16:30da gente falar sobre
16:31as pessoas não abandonarem a cultura,
16:34não entregarem ela, sim,
16:35de bandeja,
16:36porque o que vem acontecendo
16:38é que,
16:39para eu conseguir alguma coisa,
16:41eu preciso lacrar
16:43no meu espetáculo.
16:45Eu nem acredito naquilo,
16:47mas como eu sinto
16:48que há uma facilidade,
16:50porque hoje o monopólio
16:53está posto,
16:54então eu coloco simplesmente
16:56para poder parecer
16:57que eu sou da turma.
16:59Isso é péssimo para a cultura.
17:01Eu acho que, na verdade,
17:03quando a gente fala,
17:04por exemplo,
17:04da Lei Rouanet,
17:05que é a lei que dá
17:07a maior liberdade
17:08para os empresários,
17:09porque a Lei Rouanet
17:09é o empresário que paga,
17:12o governo te dá
17:13uma isenção fiscal,
17:15quem paga é o empresariado.
17:17Quando o empresário
17:18decide apoiar,
17:19ele tem essa liberdade
17:21de escolher,
17:22como esse patrono
17:23que diz que não vai mais apoiar,
17:25porque aquilo que ele paga
17:26não é para ver aquilo,
17:27e ele não quer mais apoiar aquilo.
17:29Então,
17:29este tipo de liberdade
17:31e que a gente tem
17:32o dever aqui de falar
17:34para vocês,
17:35enfim,
17:36nós estamos aqui
17:37num meio
17:38em que tem uma ampla divulgação,
17:40muita gente aqui nos ouvindo,
17:42e eu fiz questão
17:42de estar aqui,
17:43agradeço demais
17:44essa oportunidade,
17:45é para dizer
17:45se você quer acreditar
17:47que a gente pode transformar,
17:48e sim,
17:49Ricardo tem razão,
17:50a cultura é fundamental,
17:52ela é fundamental justamente
17:53porque ela abre
17:54os nossos horizontes
17:55e ela dá a possibilidade
17:57das nossas escolhas melhores.
17:59Então,
17:59se a gente acredita
18:00tanto nisso,
18:01a gente precisa
18:02apoiar a cultura,
18:03e aí a cultura
18:04fora das narrativas
18:05que estão lacrando.
18:07Essa é a opção
18:08Madá que tem.
18:09O teatro municipal,
18:11ele tem uma parte
18:11de recurso
18:12que é pago pela prefeitura,
18:13mas uma parte
18:14de recurso
18:14que é paga
18:15por leis de incentivo.
18:17Então,
18:17existem empresários
18:18que estão colocando
18:19dinheiro ali
18:20e que acreditam naquilo,
18:22ou empresários
18:22que colocam dinheiro
18:23no municipal,
18:25e no final das contas
18:25esperam uma coisa
18:26e estão recebendo outra.
18:28E aí é a liberdade
18:29de parar de apoiar,
18:31como a gente viu aí
18:32um empresário grande
18:33falando que não vai mais apoiar.
18:39Duda,
18:40tem pergunta?
18:41Tenho.
18:41Secretária,
18:43eu gostei da sua visão
18:44de cultura,
18:46que não é uma cultura,
18:47que a gente não pode
18:48impor a cultura
18:48de cima para baixo,
18:50tipo alguém lá
18:51iluminado lá em cima
18:52dizendo
18:53ah,
18:54esse aqui eu vou promover,
18:55aquele ali não,
18:57vai ser essa narrativa
18:58ou vai ser a ideologia.
19:01Entendi,
19:01pelo que você falou,
19:02que você vê mais
19:03a cultura mesmo
19:04como a expressão
19:05das pessoas,
19:07uma coisa
19:07democrática,
19:09que vem de baixo
19:11para cima.
19:12E quando você falou
19:13de capilaridade,
19:14na hora
19:15me veio aqui na cabeça
19:17as fábricas
19:18de cultura
19:19que tem
19:20em várias cidades
19:21do Estado
19:22e que tem um monte
19:23de curso gratuito,
19:25então formar as pessoas
19:26para que elas possam
19:29realmente
19:30produzir cultura.
19:33Essa ideia
19:33das fábricas
19:34de cultura,
19:35ela já estava
19:36aqui antes,
19:37é uma ideia
19:38de vocês,
19:38podia explicar um pouquinho
19:39esse projeto?
19:41Olha,
19:41o projeto
19:42da ProFelicidade
19:43eu já tive
19:43na secretaria
19:44algumas vezes,
19:44e quando a gente
19:46estava discutindo
19:46no ano de 2000,
19:49mais ou menos,
19:502002,
19:51houve um convênio
19:52entre o governo
19:53do Estado de São Paulo,
19:54Fundação SEAD
19:55e BID.
19:57E a partir
19:58de um entendimento,
19:59de uma pesquisa
20:00que foi rodada
20:01a respeito
20:02do índice
20:03de vulnerabilidade
20:04juvenil,
20:05ele começou
20:06na capital paulista
20:07onde se identificou
20:09onde os jovens
20:09eram mais vulneráveis
20:11ao tráfico,
20:13enfim,
20:14a eles não terem
20:15oportunidade.
20:16E aí,
20:16essas fábricas,
20:18elas foram implantadas
20:19em nove pontos
20:20da cidade de São Paulo,
20:22hoje a gente está
20:23começando a décima,
20:24no Heliópolis,
20:26e ela tem como missão,
20:27ela tinha muito
20:28fazer o contraturno
20:30com crianças,
20:30então,
20:31as crianças iam
20:32para a escola
20:32e no período
20:33da tarde
20:34ou da manhã,
20:35elas têm atividades
20:36nas diversas linguagens
20:38da cultura,
20:39dança,
20:39canto,
20:40circo,
20:42teatro,
20:42cinema,
20:44e todas as fábricas
20:45de cultura
20:45têm estúdios
20:47de gravação
20:47de última geração,
20:49o que possibilita,
20:50por exemplo,
20:51a formação
20:53de técnicos ali,
20:55mas também
20:55construção de músicas
20:57feitas a partir deles,
20:59tem teatro
21:00para eles poderem
21:00fazerem apresentações,
21:02então,
21:02a gente começou
21:03um trabalho
21:04de realmente fazer
21:05esse contraturno.
21:06Claro que,
21:07conforme o tempo
21:08foi passando,
21:09e a gente tem aí
21:10quase 20 anos
21:11de programa
21:12e mais de 10 anos
21:13da primeira fábrica
21:15de cultura inaugurada,
21:16tudo isso foi
21:17se modificando.
21:18Hoje você tem
21:19menos crianças,
21:20você tem mais jovens,
21:21hoje a gente tem
21:22a terceira idade,
21:23então,
21:23a gente começou a criar
21:24programas para a terceira idade,
21:26a gente começou a criar
21:27programas geracionais,
21:28encontrando,
21:29a criança vem com a vovó
21:30assistir um cinema
21:32dentro da fábrica
21:33de cultura,
21:34para que a gente pudesse
21:34estimular que as crianças
21:35também tenham
21:37essa convivência
21:38de encontro
21:39com os seus avós
21:40e possam assim
21:41respeitar,
21:42a gente está falando
21:43sobre criar cidadão.
21:44Se você perguntar para mim,
21:46todo mundo da fábrica
21:47de cultura vai virar artista?
21:48Provavelmente não,
21:50mas eu tenho absoluta certeza
21:51que ali elas vão aprender
21:52a serem cidadãos melhores,
21:54entregar mais à sociedade,
21:55entender como é
21:57que a capilaridade,
21:58como é que o coletivo,
22:00esse trabalho coletivo,
22:02estar no lugar
22:02com as pessoas,
22:04o respeito,
22:05as fábricas de cultura,
22:06a gente tem,
22:07a gente brincava lá
22:08no começo
22:08que as fábricas de cultura
22:10tinham que ser que nem o metrô,
22:11não pode ter um papel no chão,
22:13as pessoas não podem ver
22:14uma coisa quebrada
22:15e assim a gente perpetua
22:16com essa filosofia.
22:18Então as pessoas
22:19que vão para as fábricas
22:20de cultura,
22:20elas encontram
22:21um prédio limpo,
22:22um prédio agradável,
22:24acolhedor,
22:25ali elas são recebidas
22:26com carinho,
22:27então a gente tem
22:28esse trabalho,
22:29todas as fábricas
22:31têm biblioteca
22:31com livros
22:32lançados,
22:34recém-lançados,
22:35todas as fábricas
22:37de cultura
22:37têm óculos
22:38de realidade virtual,
22:39então assim,
22:40muitas crianças
22:41há muito tempo
22:42já têm acesso
22:43a óculos
22:44de realidade virtual
22:45que crianças
22:46eventualmente
22:46de classe média
22:47ainda não têm,
22:48então lá eles têm,
22:50então a gente tem
22:50fábrica de games
22:51hoje desenvolvendo,
22:52ajudando eles
22:53a desenvolver,
22:54então a gente vem
22:55buscando dentro
22:56das periferias
22:57de São Paulo
22:58trabalhar isso
22:59e claro,
23:00depois isso foi
23:00se alargando,
23:01a gente tem uma
23:02fábrica de cultura,
23:03tem fábrica de cultura
23:04na Grande São Paulo,
23:05Osasco,
23:06Diadema,
23:07São Bernardo,
23:07a gente tem em Santos
23:08uma fábrica de cultura,
23:09inclusive num prédio
23:10histórico da cidade,
23:12fábrica de cultura
23:13em Iguape,
23:14trabalhando,
23:15a questão inclusive
23:15agora voltada
23:16para a questão
23:16do cinema,
23:17porque ali é uma região
23:19que a gente tem
23:19trabalhado muito
23:20o audiovisual
23:21com um terceiro filme
23:22já sendo rodado
23:23ali na região,
23:24então assim,
23:25a gente vem trabalhando
23:26incansavelmente
23:27para que a gente possa
23:28dar oportunidade
23:29e de novo,
23:30nem todo mundo
23:31trabalhará com a cultura,
23:33mas eu tenho
23:33absoluta certeza
23:34que a gente terá
23:35pessoas melhores
23:37entregues à sociedade.
23:42Kertzmann,
23:43tem pergunta?
23:45Tenho sim,
23:46em primeiro lugar,
23:47seja bem-vinda,
23:48secretária Marília,
23:49obrigado pela presença,
23:51todas as secretarias
23:53e todos os secretários
23:54de quaisquer estados
23:55que eu conheço
23:56sempre reclamam
23:58um pouquinho,
23:58ah, o orçamento
23:59está curto,
24:00precisava de mais investimento
24:03e tudo mais,
24:03eu queria saber
24:04da senhora
24:04exatamente isso,
24:06como é que a senhora
24:07enxerga a sua
24:08dotação orçamentária,
24:09como é que a senhora
24:10enxerga o governo
24:12Tarciso,
24:12propriamente dito,
24:14em termos de mola
24:15propulsora,
24:16para o setor da cultura,
24:17para o estado
24:18de São Paulo,
24:19a cidade de São Paulo,
24:20capital,
24:21os olhos são sempre voltados
24:22para o que acontece
24:24na capital,
24:24mas a senhora mesmo falou,
24:25são 600 municípios
24:26pelo interior,
24:27são regiões distintas,
24:29com características distintas,
24:31como que a sua secretaria
24:34está aparelhada,
24:35está estruturada
24:35para poder levar
24:36a cultura
24:37para todas essas cidades,
24:38para todas as regiões
24:39do estado de São Paulo?
24:41Olha, Ricardo,
24:41obrigada pela pergunta,
24:42porque as pessoas,
24:43no geral,
24:44elas têm aí
24:45a preocupação
24:45de achar que,
24:46porque é um governo
24:47de direita,
24:49não tem essa relação
24:50com a cultura,
24:51e eu quero aqui
24:52fazer um depoimento
24:53de alguém que trabalha
24:54há muitos anos
24:54no estado,
24:55não é de hoje,
24:57então, assim,
24:58desde o primeiro dia
24:59que eu encontrei
25:01o governador Tarcísio,
25:02ele, assim,
25:03antes de eu tomar posse,
25:04estou falando 22
25:05de dezembro de 2022,
25:08que foi a última reunião
25:09que eu tive com ele
25:10antes da gente tomar posse,
25:11e o governador disse
25:12para mim o seguinte,
25:13que ele tinha andado
25:14muito interior paulista,
25:16e ele tinha visto
25:17muita cultura,
25:18e que ele,
25:19muitas coisas
25:20que ele não sabia,
25:21que ele tinha absoluta certeza
25:22que grande parte
25:23da população
25:24não conhecia,
25:25e não conhece,
25:27e aí ele fez um desafio
25:28de como que a gente
25:29faria essa troca cultural
25:31entre o interior
25:32e litoral
25:33com a capital,
25:34já que a capital
25:34é tão promissora,
25:36tem tantos equipamentos
25:37aqui,
25:37a gente fala da Sala São Paulo,
25:39Teatro São Pedro,
25:40mas grande parte
25:40dos próprios equipamentos
25:42do estado de São Paulo
25:43estão centralizados
25:44aqui na capital,
25:45e aí eu disse para ele,
25:46olha,
25:46é um grande desafio,
25:48e eu confesso ao senhor
25:49que a gente vai desenhar
25:50a melhor estratégia,
25:51aí você fala,
25:52e sobre o seu orçamento,
25:54eu confesso a você
25:55que desde que eu estou
25:56na secretaria,
25:57tudo que eu pedi
25:57ao governador
25:58eu fui atendida,
25:59tudo,
26:00ampliação orçamentária,
26:02recurso específico
26:03para algum tipo
26:04de investimento necessário,
26:06a gente aqui nunca teve
26:07nenhuma discussão,
26:09apesar das dificuldades
26:10que eventualmente
26:11a gente tenha
26:12por um ano,
26:13outro ano,
26:13por um momento,
26:14outro momento,
26:15a gente sempre teve aqui
26:16uma relação muito boa
26:18promissora com a própria
26:20secretaria da fazenda
26:21que entende a cultura
26:23como uma indústria criativa,
26:25e isso é fundamental
26:26as pessoas entenderem
26:27que na cultura
26:28tem inúmeros trabalhadores
26:29que geram emprego
26:31e que trabalham
26:32e sustentam suas famílias
26:33a partir da cultura,
26:34a cultura não são só
26:36os artistas,
26:37a cultura tem um módulo
26:39enorme de profissionais
26:41que trabalham,
26:41a gente está aqui falando
26:42para uma emissora,
26:43então vocês aí,
26:44todos que nos veem
26:45na câmera,
26:46mal sabem quantas pessoas
26:47estão por trás
26:48da câmera trabalhando,
26:49são pessoas que trabalham
26:51no setor da cultura,
26:52porque é isso,
26:53o audiovisual faz parte
26:55do setor da cultura,
26:56então para a gente
26:56é fundamental
26:57esse entendimento
26:58e eu nunca,
27:00nunca tive nenhum problema
27:01para explicar isso
27:02para o governador.
27:03Como que a gente começou
27:04a trabalhar,
27:05Ricardo,
27:05para poder te responder
27:06especificamente
27:08sobre orçamento,
27:09porque quem olha
27:09o meu orçamento
27:10do começo até agora
27:12vai dizer assim,
27:13mas nem cresceu
27:14o seu orçamento,
27:15como é que vocês
27:15fizeram tudo isso?
27:16Porque a gente fez
27:17a primeira coisa
27:18que um bom gestor
27:19pede para fazer,
27:20o que funciona,
27:21o que não funciona,
27:22o que está dando resultado,
27:24o que não está dando resultado,
27:25o que pode ser melhorado
27:26e o que eventualmente
27:28tem que ser transformado
27:29e a gente fez isso,
27:31a gente tinha um programa
27:32que tinha muitos anos
27:33no Estado,
27:34que chamava
27:35Oficina Cultural,
27:36a gente desmobilizou
27:37a Oficina Cultural
27:38e criou um programa
27:39chamado Cult SP Pro,
27:41há um ano atrás.
27:42O Cult SP Pro
27:43é a cultura,
27:44é uma escola livre
27:46de cultura
27:46para profissionais da cultura,
27:48ela é voltada
27:49para os profissionais da cultura,
27:50ela é voltada
27:51para dar uma série
27:52de cursos
27:53de média e longa duração
27:54para aquelas pessoas
27:56que querem realmente
27:57entrar na prática profissional
27:58e melhorarem o seu core.
28:00Então, assim,
28:01em um ano,
28:02a gente já transformou
28:03a vida de várias pessoas,
28:05a gente já ampliou
28:06inúmeras possibilidades,
28:08porque eventualmente
28:09uma pessoa que trabalha
28:11com marcenaria,
28:12ela foi lá,
28:13fez Cult SP Pro
28:14e ela começou
28:15a fazer cenários.
28:17A gente tem vários
28:18exemplos disso,
28:19a gente tem trabalhado
28:20com uma das escolas
28:21mais importantes do interior,
28:23que é demandada
28:24pelo interior,
28:25que se chama
28:25Escola de Patrimônio.
28:26Então, a Escola de Patrimônio,
28:28ela trabalha
28:28com resgate mobiliário,
28:30com ar fresco,
28:31imobiliário,
28:32restaurações
28:33e, obviamente,
28:34que o interior paulista
28:35é muito rico
28:36de imóveis,
28:37móveis históricos,
28:39coloniais,
28:40apesar das pessoas
28:41acharem que São Paulo
28:42não tem isso,
28:43São Paulo tem muito disso.
28:45Então, a gente começou
28:46a trabalhar
28:46e muita demanda
28:48do interior pedindo por isso.
28:50A gente começou
28:50a trabalhar
28:51com os nossos equipamentos,
28:52como o Museu do Café,
28:55Museu da Língua Portuguesa,
28:56Museu do Futebol,
28:57um próprio Museu
28:58de Imagem e Som
28:59com uma capilaridade
29:01para o interior.
29:02Eles precisavam
29:03rodar o interior.
29:04Então, a gente faz parceria
29:05com equipamentos municipais
29:07e carrega
29:08um pedaço
29:09do nosso acervo
29:10para o interior.
29:11A gente tem tentado
29:12fazer encontros.
29:13Então,
29:14Museu do Café,
29:15por exemplo,
29:16de Ribeirão Preto,
29:17encontrar o Museu
29:18de Café de Santos
29:19e eles trabalharem
29:21em conjunto
29:21para que a gente possa
29:22fazer trocas
29:23de conhecimento
29:23e também levar
29:25para o interior
29:26aquilo que a gente
29:27já tem montado
29:28enquanto exposições.
29:30A gente tem feito
29:30várias coisas
29:31de trazer o interior
29:32para cá.
29:33A gente tem promocionado
29:35que o interior
29:37venha conhecer
29:37os nossos equipamentos.
29:39Eu, particularmente,
29:40tenho uma relação
29:41com quase todos
29:42os municípios.
29:43A gente tem trabalhado
29:44demais
29:44para que eu possa
29:46ter encontro
29:47com o maior número
29:48possível deles.
29:50Hoje, eu tenho
29:50uma lista de transmissão
29:51que eu falo diretamente
29:53com mais de 450 municípios
29:55em que eles têm
29:56a liberdade
29:57de conversar
29:57comigo diretamente.
29:59A gente tenta ajudar
30:00o máximo possível
30:01as aflições
30:01que acontecem
30:02ali na ponta.
30:03A gente sabe
30:03da dificuldade
30:04que eles têm lá
30:05e a gente tenta
30:06fazer essa troca
30:07o máximo possível.
30:08Então, tem uma relação
30:09muito importante.
30:10A gente tem um programa
30:11aqui, convido todos
30:13que não conhecem,
30:13chama Revelando São Paulo.
30:15É um programa
30:16que existe há muitos anos,
30:17Ricardo.
30:18Ele, inclusive,
30:19deve estar batendo aí
30:20quase 30 anos.
30:21E a gente,
30:23desde o ano passado,
30:23a gente resolveu
30:24quintuplicar
30:26o Revelando São Paulo,
30:27porque ele acontecia
30:28só na capital.
30:29E aí, a gente começou
30:30a fazer, em 2023,
30:32a gente fez Capital
30:33e São José dos Campos.
30:35E o ano passado,
30:36a gente já foi
30:36para cinco lugares.
30:38Ele acontece
30:38em cinco regionais
30:39do estado de São Paulo
30:41diferentes,
30:41em que a gente une
30:43produção artística,
30:46musical,
30:47gastronomia
30:48e artesanato.
30:50É uma grande festa.
30:51esse ano,
30:51a gente teve
30:51a última edição
30:52aqui na capital,
30:53no Parque do Trote.
30:54Quase 400 mil pessoas
30:56no final de semana
30:57para conhecer
30:58tudo que a gente tem
30:59de artesanato,
31:00catira,
31:00congado,
31:01Moçambique,
31:02tudo que a gente produz
31:03reunido num único evento.
31:05É um dos eventos
31:05mais bonitos
31:06que a gente tem.
31:07A gente faz
31:07em Barretos,
31:09Iguape,
31:10Presidente Prudente,
31:11São José dos Campos
31:12e na capital.
31:13E estamos ensaiando
31:14para ver se ano que vem
31:15aplia para mais uma região,
31:17mas confesso a você
31:17que a minha turma
31:18quer me matar,
31:19porque é, de fato,
31:20uma grande mobilização,
31:21porque mais de 200 prefeituras
31:23participam em cada uma
31:24das edições,
31:25justamente para que a gente
31:26possa juntar e reunir
31:28todo mundo
31:28e mostrar para a população
31:30aquilo que a gente tem
31:31de grande potencial.
31:32Secretária,
31:36eu preciso encerrar aqui,
31:38mas eu não vou resistir
31:39sem botar uma pimenta,
31:40porque é o seguinte,
31:40se ela está falando aqui
31:41de cultura e disso,
31:42daquilo,
31:43se olha de um governo
31:44de direita,
31:46hoje em dia a direita
31:47reclama que se o artigo
31:48ele vai ser
31:49escomungado,
31:50não tem mais lugar.
31:52Vejo o que aconteceu
31:53com a Cássia Kiss,
31:54por exemplo,
31:55e outras tantas,
31:56Regina Duarte,
31:57o caramba.
31:59Mas a direita também
32:00não tem a sua parcela
32:02em ter abandonado a cultura,
32:04eu não vejo pessoas de direita
32:06falando da cultura
32:07como a senhora fala,
32:09há uma resistência
32:10muito grande,
32:12o público que fica falando
32:13de lei Rouanet,
32:15que é lei Roubanet,
32:17como é que lida com isso?
32:18A gente não criou
32:19essa cama também?
32:21Olha,
32:22eu tento fazer
32:22meu papel aqui,
32:23Madá,
32:24eu fico tentando explicar
32:25o máximo que eu posso
32:26para os empresários,
32:27eu faço uma chamada
32:28para os empresários
32:29acreditarem na cultura,
32:31a cultura sempre foi
32:32patrocinada pela direita,
32:35historicamente,
32:36gente,
32:37banco não é gente de esquerda,
32:39não existe isso,
32:41se a gente parar
32:42para pensar
32:42que o grande mecena
32:44que a gente teve
32:45no mundo
32:46foi a família Médici,
32:49não dá para dizer
32:50que eles eram de esquerda,
32:52eles eram banqueiros,
32:54então,
32:54e foram grandes mecenas,
32:56faziam grandes mecenatos ali,
32:58ajudaram Leonardo da Vinci,
33:00Michelangelo
33:01e tantos outros
33:01a crescerem
33:02e a serem grandes artistas,
33:04então,
33:05o apelo que eu faço
33:06sempre
33:06para a comunidade
33:08da direita
33:09é,
33:09acreditem,
33:10a cultura,
33:11ela de fato
33:11é transformadora,
33:13e deixar ela
33:14abandonada
33:15não vai ajudar em nada,
33:17e dizer
33:17que a Rouanet
33:19é ruim
33:19não vai resolver,
33:21porque,
33:21na verdade,
33:22a Rouanet
33:22é o melhor
33:23e mais democrático
33:25sistema que a gente tem,
33:26porque quem decide o apoio
33:28não é o governo,
33:30quem decide o apoio
33:31é o empresário,
33:32então,
33:33se por acaso
33:34o empresário
33:35falar,
33:35não,
33:36mas o lugar tal
33:37tem uma coisa assim,
33:38uma coisa assada,
33:39ele precisa colocar alguém
33:40que faça uma curadoria
33:41que escolha para ele
33:42projetos que estão
33:44ali alinhados
33:45àquilo que ele acredita,
33:46não estou nem dizendo
33:47aqui se é à direita
33:47ou à esquerda,
33:48eu estou dizendo
33:49alinhados àquilo que ele acredita,
33:51porque,
33:51eventualmente,
33:52um artista
33:53qualquer
33:53que se coloque
33:55como um artista
33:55de esquerda,
33:56ele pode estar
33:57num projeto
33:58que tem alinhamento
33:59com a direita,
34:00eu não vou dar aqui
34:01um exemplo claro,
34:02mas eu acho que aqui
34:03todo mundo,
34:03toda vez que a gente
34:04fala sobre
34:04o Capitão Nascimento,
34:06a gente pode
34:07ter certeza
34:08que a gente está falando
34:09de dois polos
34:10se encontrando
34:10num filme,
34:11então,
34:12eu acho que
34:13precisa ter esse apelo,
34:15eu aqui faço
34:16esse trabalho
34:17de pedir
34:18para que os empresários
34:19não abandonem,
34:20a cultura,
34:20ela é fundamental,
34:21ela é transformadora,
34:23ela tem gerado
34:24empregos,
34:25ela estimula
34:26o turismo,
34:27então,
34:27assim,
34:27a gente precisa
34:28acreditar,
34:29a cultura é onde
34:30a gente,
34:31é claro que a educação
34:31é fundamental,
34:32mas é na cultura
34:33que a gente vai ver
34:34essa diversidade,
34:35eu falo que a liberdade
34:36tem a ver com a liberdade
34:38de escolha,
34:40eu escolho
34:40não ver porcaria,
34:42mas tem gente
34:42que pode escolher,
34:43eu escolho ver
34:44produtos de boa qualidade,
34:46tem quem escolha
34:47não ver,
34:47esse é o sentido
34:49da gente,
34:50esse é o democrático
34:51da gente,
34:51então,
34:52o apelo é,
34:53eu posso aqui
34:54estar sendo
34:55até leviana,
34:56mas eu gostaria
34:57de ter mais opções
34:58boas do que opções
35:00ruins
35:00para a gente assistir,
35:02lembrando,
35:03inclusive,
35:04Madá,
35:04que tem um dito
35:05que os próprios
35:06artistas falam,
35:07se eu sou uma pessoa
35:08que nunca fui no teatro
35:10e saio da minha casa
35:12e vou para um teatro
35:14e a peça é ruim,
35:16eu não vou chegar
35:16para os meus amigos
35:18e falar,
35:19ah,
35:19eu fui assistir
35:19uma peça ruim,
35:20eu vou falar
35:21que o teatro
35:22é ruim,
35:23porque para mim
35:24aquilo é o teatro,
35:26então,
35:27a grande preocupação
35:28que a gente tem hoje
35:28é de formação
35:29de público
35:30e formação
35:31de público,
35:32ele precisa ser crítico
35:33para ir em um teatro
35:34se for ruim,
35:34falar,
35:35aquilo é uma porcaria,
35:36mas aquele outro
35:37é bom,
35:38porque aquele outro
35:38que é bom
35:39vai transformar vidas
35:40e aquele que é porcaria,
35:42ok,
35:42passou,
35:42foi embora,
35:43acabou,
35:44ninguém viu,
35:44cai no ostracismo,
35:45mas o bom
35:46perpetua,
35:47a gente tem hoje
35:48peças de teatro
35:49que já passam
35:50de cinco anos
35:51de apresentação,
35:52a gente não pode falar
35:53que essa peça
35:53é ruim,
35:54essa peça com certeza
35:55é muito boa
35:56e o público
35:56gosta de assistir
35:58essa peça.
36:03Marília Marton,
36:04secretária da Cultura
36:05do Estado de São Paulo,
36:06muitíssimo obrigada
36:07por ter participado
36:08aqui do Papo Antagonístico,
36:10uma boa noite.
36:10Boa noite,
36:12obrigada Ricardo,
36:13Duda,
36:13Madá,
36:14pela oportunidade,
36:15a gente está à disposição
36:16quando vocês quiserem,
36:18estamos aqui
36:18para poder discutir
36:19o que for necessário.
36:20Obrigada.
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