Cardápio da COP30: o céu é o limite

O Antagonista

Imagens do cardápio da COP30 mostram alimentos e bebidas com preços elevados.   A garrafa de água mineral de 350 ml, por exemplo, está sendo vendida a 25 reais - mesmo preço da lata de refrigerante de 350 ml e a coxinha por 30 reais.   Madeleine Lacsko, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:  Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.    Apresentado por Madeleine Lacsko, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.    🕕 Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.    Não perca nenhum episódio! Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber as notificações.    #PapoAntagonista    Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista:   https://bit.ly/papoantagonista   🎧Ouça O Antagonista nos principais aplicativos de áudio, como Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, TuneIn Rádio e muito mais.   Siga O Antagonista no X:   https://x.com/o_antagonista    Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.   Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.   https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344   Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Transcript

00:00Agora nós vamos mudar de assunto, nós cestamos, a gente tinha que falar do assunto da Cruzoé, né gente, é pesado, mas agora nós vamos cestar com o insustentável cardápio da COP30, que é o que tá na capa aqui, né, do Papo Antagonista de hoje.

00:17Garrafa de água por R$25,00 e estrogonofe por R$60,00. Gente, vou falar uma coisa pra vocês, volta na garrafa d'água, volta na garrafa d'água, porque essa aqui eu acho que é o que vai chamar atenção.

00:35Com gás, R$25,00, sem gás, R$25,00, refrigerante em lata, R$25,00, suco de polpa, R$300,00, R$30,00.

00:49Eu achei interessante também que eles dão ali, eles avisam, né, o refrigerante tem edulcorantes, corantes, aromatizantes, enidrido, carbônico, CO2, CO2.

01:00Vamos ver agora o resto do cardápio da COP.

01:05Jesus amado, coxinha de carne, coxinha de galinha, coxinha de queijo de presunto, coxinha de tacacá, coxinha de tacacá.

01:18Exato.

01:20R$40,00.

01:20R$40,00. O que que tem na coxinha? Farinha de trigo, e ainda feita com margarina.

01:26Olha a cara de pau! A cara de pau tacar, margarina na coxinha.

01:32Que mais? Alho, pimentinha, pimentão, cheiro verde, chicória, colorau, camarão, tucupi, jambu, requeijão e sal.

01:45Jesus Cristo!

01:46Jesus Cristo! Não é de tacacá, já, ó, ó lá, Magal, Robson, isso aqui é tacacá, isso aqui é uma salada de qualquer coisa.

01:54É uma engraçada, porque acho que o tacacá é tipo uma sopa, né, que tem um monte de coisa aí.

01:58É, aí eles tacaram o jambu e o camarão e o tucupi, com requeijão.

02:04É.

02:05Gente, é sério que esse cardápio é da COPE?

02:08Empada de frango, R$40,00, empada vegana, esfirra R$35,00.

02:13Aí tem o quiche de alho poró, pãozinho de palmito, pãozinho de...

02:16Mas é que é muito caro, um falafel, R$40,00.

02:21Nossa, o pão de queijo tá R$30,00? Que absurdo.

02:24Gente, pão de queijo tá R$30,00?

02:27Não é?

02:28Daqui a pouco nós vamos falar que no aeroporto...

02:31No aeroporto isso tá barato.

02:35Olha, esse cardápio da COPE R$30,00, ele é completamente insustentável.

02:44Insustentável sob o ponto de vista econômico, porque é um cardápio que não dá pra ninguém pagar isso.

02:52Eu tinha visto aqui estrogonofe de R$60,00, e felizmente eu tenho pago bem mais que isso no estrogonofe.

03:02Mas, gente, uma coxinha de R$30,00 com uma água de R$25,00, vamos dizer, a pessoa pegou uma água e duas coxinhas são R$85,00.

03:12Não tem a menor condição.

03:15E achei também um cardápio insustentável sob o ponto de vista de quem pretende mostrar o país.

03:23Porque eventos como esse são pra mostrar a nossa culinária.

03:26E ali, assim, achei, eu achei, eu que gosto de cozinhar, penso que é uma palhaçada,

03:36tanto sob o ponto de vista do preço, quanto sob o ponto de vista cultural.

03:40Duda, o que você pensa sobre esse cardápio?

03:44Tem até uma enquete aqui da gente.

03:46O que você vai comprar?

03:47Coxinha de tacacá de R$40,00 com tacacá com requeijão?

03:52Ou os outros negócios que eles fazem, todas as massas com margarina?

03:59O que você vai comer disso aí?

04:01Com certeza, coxinha de tacacá.

04:03Acho que é uma coisa meio, uma comida meio fusion, né?

04:06Porque no Brasil, o que eu tinha aprendido é que a coxinha tinha sido criada em São Paulo,

04:10numa fazenda, que não tinha frango pra todo mundo, então desfiaram o frango,

04:15jogaram numa massinha, fritaram, e aí pra alimentar todo mundo, deram a coxinha.

04:20E aí agora é a coxinha de tacacá, então culinária paulista, paraense, morri de vontade.

04:28Eu acho, Madá, que quando você tem esses eventos, é natural que os preços subam, né?

04:33Então, se tem show da Taylor Swift,

04:37e você tem um lugar ainda que tem pouca infraestrutura,

04:44o preço sobe, né?

04:45Mas eu acho que no caso da COPE, tem um elemento extra,

04:50que é o seguinte, não é que tem muita gente no mesmo lugar,

04:54é que a gente tem muita gente com dinheiro no mesmo lugar, né?

04:58E isso acho que faz muita diferença.

05:00Então, as pessoas que estão indo pra COPE,

05:04eu não fui, Madá, a empresa não me mandou, você vê,

05:07mas as pessoas que estão indo, ou são muito ricas,

05:12ou tem o seu jatinho privado,

05:15ou não são elas que estão pagando as contas, né?

05:19Então, é a empresa que manda,

05:22ou é a ONG,

05:25ou é o governo, então, diplomatas,

05:29e essa gente está vindo muito de países também desenvolvidos.

05:33Então, quando faz a conversão aqui,

05:36pra eles isso não significa nada.

05:38E aí, os preços acabam subindo, né?

05:41Então, assim, eu acho que, é claro que tem

05:43a lei da oferta e da demanda,

05:45e um evento de grandes proporções,

05:47num lugar com pouca infraestrutura,

05:49você já teria um aumento no preço.

05:51Mas eu acho que esse aumento está sendo ainda maior,

05:54porque não é qualquer um que tem condição de ir lá,

05:58e está em Belém, nesse momento,

06:01pagando já um hotel caríssimo,

06:03e pagando esse tipo de valor aí pra comer.

06:07E você, Kertzmann,

06:08o que você acha dessa história toda?

06:11O que você acha desse cardápio?

06:13Muita gente ponderando aqui,

06:15que é o preço pra turista.

06:17No nosso chat também aparecendo a ponderação

06:19que o Duda faz,

06:20que, de repente, para o estrangeiro,

06:22quando ele converte pra dólar,

06:25não fica tão caro.

06:27Qual que é a sua opinião sobre esse cardápio?

06:31Olha, Amada, como o Duda mesmo já falou,

06:33esse tipo de situação ocorre costumeiramente,

06:37seja aqui no Brasil, em qualquer país do exterior,

06:39todo local que concentra muita gente,

06:41gente que tem um poder aquisitivo maior

06:44em eventos muito grandes,

06:45você encontra esse tipo de situação,

06:48o aumento dos preços.

06:50O que acho que difere um pouquinho,

06:51aqui no caso do Brasil,

06:52que, em primeiro lugar,

06:55a gente está falando de Belém,

06:55que é uma cidade pequena,

06:56uma cidade sem a menor condição,

06:59sem a menor infraestrutura

07:00pra poder receber um evento desse,

07:02então, esse quadro acaba ficando ainda mais grave.

07:06E outra questão também que a gente tem que levar em conta

07:08é que o brasileiro exagera um pouco nessas situações.

07:13Sei lá, talvez nesse mesmo evento,

07:16um evento de grande porte,

07:17em Davô, na Suíça,

07:18muito provavelmente o cafezinho,

07:21o café expresso do outro lado da rua,

07:23do local de evento,

07:24saltasse de, sei lá, 3 euros pra 3,30 euros,

07:273,50 euros, né?

07:29Seria um valor mais elevado,

07:31mas talvez não gritante, tão perceptivo.

07:34Aqui no Brasil,

07:34uma coxinha que provavelmente seria vendida

07:365, 6 reais,

07:37está sendo vendida a 30, 40 reais.

07:39Então, por questões até culturais mesmo,

07:43isso acaba ficando um pouco mais agravado, né?

07:46E mais gritante.

07:47Mas, Amadá, deixa eu aproveitar que é sexta-feira,

07:49posso contar uma história,

07:52fazer uma ironia, uma brincadeira?

07:55Vamos lá, que a gente ama um caos.

07:58Além do mais, você sendo mineiro,

08:01você sendo mineiro,

08:02você não devia me perguntar se você pode contar uma história.

08:05Isso é praticamente uma obrigação

08:07implícita no seu contrato,

08:09porque senão não tinha chamado ninguém de Minas, né?

08:11Se não é pra contar caos, vem fazer o quê?

08:13Só que, apesar de mineiro,

08:15o caos é paulistano, né?

08:17O pessoal da minha geração,

08:19o Duda aí, da minha geração mais ou menos,

08:21vai se lembrar que há alguns anos em São Paulo,

08:24tinha uma determinada semana

08:25em que você tinha Fórmula 1

08:27e salão de automóvel, né?

08:30E quando você concentrava isso,

08:32esses dois eventos,

08:33bares, restaurantes, hotéis,

08:35tudo subia muito de preço.

08:37E eu, lá naquela época,

08:38na minha juventude,

08:39estava com amigos

08:40num desses locais, né?

08:41Que costumam subir muito de preço.

08:43E aí, sei lá,

08:44uma dose de uísque custava 50 reais,

08:48vai colocar em dinheiro de hoje,

08:50é, 80 reais.

08:52Uma cerveja long neck custava 50 reais.

08:56Uma aguinha, uma água de coco,

08:58uma caixinha de água de coco,

09:0050, era tudo muito caro,

09:01tudo muito abusivo, né?

09:03A gente estava em turma

09:04e a gente não tinha observado os preços.

09:07E quando veio a conta,

09:08conferindo a conta,

09:09aquela conta astronômica

09:10e todo mundo brigando com o garçom,

09:12mas você está louco, né?

09:13Uma caixinha de água de coco,

09:15esse valor todo,

09:16uma latinha de energético.

09:19E alguém, Madá,

09:20pediu um Rolls,

09:21aquela balinha, um Drops, né?

09:23O Rolls.

09:23E isso aí, Madá,

09:24à época, à época,

09:26custava 10 reais.

09:27Então vamos dizer que hoje seria 30 reais.

09:29Aí o Ricardo aqui,

09:31nessa hora, falou assim,

09:32não, olha o seguinte,

09:33eu pago 100 reais nesse uísque,

09:34pago 50 na garrafinha de long neck,

09:3830 na água de coco,

09:40mas eu não pago essa grana nesse Rolls

09:42de jeito nenhum.

09:43Pode chamar a polícia,

09:44porque claro que romou uma confusão danada,

09:46a polícia apareceu

09:47e eu dizia o seguinte,

09:48se tiver no cardápio, eu pago.

09:50E estava no cardápio,

09:51eu tive que pagar.

09:54Mas olha, gente,

09:55isso que a gente está falando dos eventos,

09:58a gente normalizou,

10:00na cultura brasileira,

10:03a lei de Gerson, né?

10:05Que é, quem é que lembra?

10:06É preciso levar vantagem em tudo.

10:08No meu entendimento,

10:10um dos principais obstáculos

10:12para o nosso turismo

10:13é a lei de Gerson, sim.

10:16Porque a gente já tem

10:17um oceano Atlântico

10:18entre a gente e a Europa,

10:20que já dificulta.

10:21Tem o Caribe entre a gente

10:23e os Estados Unidos,

10:24que já dificulta.

10:26Fala português,

10:28que já dificulta.

10:29Agora,

10:30os preços que se fazem

10:31para turistas

10:32são escorchantes.

10:34Quantos casos a gente vê

10:35de turista

10:36que o pessoal chega lá

10:37e cobra 100 dólares,

10:38um queijo,

10:39na praia de Ipanema.

10:41As pessoas não veem

10:43a gravidade disso.

10:44A gente tem a fama

10:45de ser um país

10:45de gente safada,

10:46um país de gente desonesta.

10:48E a COP30,

10:51eu vejo ela como um evento

10:52que é um evento estatal, né?

10:56É um evento do Estado brasileiro,

10:58que o Estado hospeda

10:59e que ele é internacional.

11:01Eu já estive

11:02na Assembleia Geral

11:03da ONU em Genebra.

11:04Não tem preço

11:06absurdamente mais alto, não.

11:09Os preços em Genebra

11:10são altos,

11:11você acha um pouco mais alto.

11:13Aqui, o que eu vejo,

11:14que para mim é muito grave,

11:15primeiro é absurdamente mais alto.

11:18É mostrar...

11:19Não é um evento comercial.

11:22Não é um show comercial.

11:24É um evento do governo

11:25em que o governo fala

11:26aqui no nosso evento

11:28se admite a safadeza,

11:31se admite explorar turista,

11:33porque isso aí

11:33não é o custo do negócio.

11:35E depois,

11:37a qualidade, gente,

11:38porque foi aí que...

11:39Aí que me pegou.

11:41Aí que me pegou.

11:43Quando teve a Copa do Mundo,

11:46vou contar um caos também,

11:47já que você contou.

11:49Teve a Copa do Mundo

11:50aqui no Brasil,

11:50a FIFA tinha instituído

11:52que o acarajé

11:54nos jogos no estádio na Bahia

11:57seriam de micro-ondas.

11:59E eu fiz parte

12:00de um grande levante popular

12:02pelo acarajé da Baiana

12:07que já era feito na Fonte Nova.

12:10Por quê?

12:11Se vai servir uma coisa

12:12da nossa culinária,

12:13que é histórica,

12:14que é a nossa cultura

12:15e que não é do jeito que se faz,

12:16serve outra coisa, então.

12:19Então, assim,

12:19essa burla

12:20da coxinha de tacacá,

12:23do não ter nada

12:23que é brasileiro,

12:24esse é o momento

12:25de mostrar algo

12:26que é brasileiro,

12:27que cobrasse esse preço,

12:30cobrasse esse preço,

12:31que não é um preço alto,

12:3230, 40 reais,

12:33mas entregasse algo

12:34que entrega também

12:35a nossa cultura, né?

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