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Meio-Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília.

Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes do cenário político e econômico do Brasil.

Com um olhar atento sobre política, notícias e economia, mantém o público bem informado.

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Notícias
Transcrição
00:00A primeira turma do Supremo Tribunal Federal iniciou nesta terça-feira o julgamento do chamado Núcleo 4 da suposta trama golpista.
00:09O grupo é formado por sete réus denunciados pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de golpe de Estado.
00:16Segundo a acusação, os investigados teriam disseminado notícias falsas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e promovidos ataques contra instituições e autoridades.
00:30Eles respondem pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
00:46Vamos ver quem faz parte exatamente deste grupo.
00:51Ailton Moraes Barros, ex-major do Exército.
00:54Ângelo Denicoli, major da Reserva do Exército.
00:57Carlos César Moretzon Rocha, presidente do Instituto Voto Legal.
01:03Jean Carlos Rodrigues, subtenente do Exército.
01:06Guilherme de Almeida, Guilherme de Almeida não, esse era poeta.
01:09Guilherme Almeida, tenente-coronel do Exército.
01:12Marcelo Bormevet, agente da Polícia Federal.
01:16E Reginaldo Abreu, coronel do Exército.
01:20Durante a sua manifestação, o Procurador-Geral da República, Paulo Goné, afirmou que a atuação deste núcleo foi fundamental para se instabilizar o processo eleitoral de 2022.
01:33Vamos o lembrar.
01:34O uso indevido da estrutura do Estado foi essencial para manipulação e distorção de informações com aparência técnica,
01:43combatendo o sistema eletrônico de votação e denigrindo autoridades em exercício dos poderes estabelecidos.
01:49Aqui ganharam relevo as contribuições do Policial Federal Marcelo Bormevet e do Sargento do Exército, Jean Carlos Rodrigues,
01:58dentro da estrutura denominada ABIN Paralela, coordenada pelo então diretor-geral Alexandre Ramagem.
02:06Comprovou-se que os acusados agiram de modo, de forma coordenada com o núcleo central da organização criminosa,
02:14concentrando a produção e disseminação de notícias falsas contra os mesmos alvos apontados publicamente por Jair Bolsonaro,
02:23a fim de enfraquecer o prestígio popular das instituições democráticas,
02:27tornando mais fácil as medidas seguintes da sua adulteração.
02:31Quanto a Guilherme Marques Almeida, comprovou-se que o acusado Guilherme Marques Almeida
02:38atuou na divulgação massiva do conteúdo falacioso preparado pela organização criminosa
02:44e divulgado pelo influenciador argentino Serimedo.
02:49As alegações finais da Procuradoria Geral da República
02:51pormenorizaram as táticas empregadas pelo réu para garantir alcance máximo do conteúdo.
03:01Marques Almeida, à época, estava lotado no Comando de Operações Terrestres, COTER,
03:07as ações de Ângelo de Nicoli, conforme confirmado pelo réu Mauro Cid,
03:15no depoimento decorrente da sua colaboração premiada,
03:18em que descreveu a postura mais radical adotada pelo acusado após o resultado das eleições.
03:25Ouvido em juízo, em mais de uma oportunidade, inclusive nesta ação penal,
03:31o réu colaborador confirmou suas considerações sobre a postura proativa assumida por Ângelo de Nicoli
03:39após os resultados das eleições.
03:42Ailton Gonçalves Moraes Barros era o elo da organização criminosa com as milícias digitais
03:48e operou, de forma hostil, em momento decisivo de ataque à ordem democrática.
03:55Foi peça importante na engrenagem da organização criminosa.
03:59Deve ser responsabilizado pelos crimes que lhe são imputados.
04:03Sr. Presidente, diante desses fundamentos resumidos para fim da exposição oral,
04:08a Procuradoria Geral da República reitera o pedido de condenação dos réus pelos crimes indicados na denúncia.
04:15Muito obrigado.
04:15Rodolfo Borges, o que é que você destaca desse caso?
04:21Boa tarde a todos.
04:22Olha, de todos os núcleos destacados pela Procuradoria Geral da República, no caso da trama golpista,
04:29esse é o que, digamos, a denúncia é mais, vamos dizer, frágil.
04:35Frágil no sentido de que, para se condenar esses mesmos réus ou acusados pelo que foram condenados os réus do Grupo 1,
04:47acho que tem uma distância muito maior do que ali já existia, né?
04:51Porque, vamos lembrar que os réus do Grupo 1, do núcleo crucial, no qual estava o ex-presidente Jair Bolsonaro,
05:00condenou-se, gente, por tentativa de abolição do Estado Democrático,
05:07e aí tem essa particularidade do uso de violência,
05:11por eles serem os cabeças ali, né?
05:15Quem estava arquitetando a trama golpista.
05:17Esse grupo agora, que começa a ser julgado,
05:20são as pessoas que colaboraram para isso, de acordo com a denúncia,
05:24a partir da disseminação de informações falsas,
05:27que, ao circularem, estariam colaborando para que a população, ou parte da população,
05:35se incomodasse mais e, portanto, colaborasse para essa tentativa de dar um golpe de Estado.
05:45Então, assim, essas pessoas compartilharam informações falsas,
05:48isso não é certo, obviamente, não é algo correto de se fazer,
05:51mas daí, ah, condená-los também pelos mesmos cinco crimes pelos quais foram condenados os outros,
05:58me parece que tem uma distância maior.
06:00E, ao dizer isso, não estou dizendo que eles não vão ser condenados,
06:03provavelmente eles serão condenados,
06:06porque a tendência que se mostrou até agora nesse julgamento
06:09é de que não tem muita margem para questionamentos a não ser,
06:13e aí, o que eu digo, também espero que vai acontecer nesse caso,
06:18um voto divergente do ministro Luiz Fux.
06:21Como fez no julgamento dos réus do núcleo 1, do núcleo crucial.
06:30E aí, se o Fux for votar da mesma forma que ele fez no outro núcleo,
06:34ele vai fazer de forma a individualizar cada uma das condutas,
06:40e, ao fazer isso, provavelmente ele não vai chegar à mesma conclusão
06:43do que os outros ministros, a gente imagina,
06:46que vão votar da mesma forma também como fizeram no outro núcleo,
06:49provavelmente vão chegar, que é a condenação de todos os envolvidos.
06:53O último destaque que eu tenho para fazer, antes de passar para continuar o debate,
06:58é que hoje, também, com essa sessão de hoje,
07:02assumiu, na primeira turma, o ministro Flávio Dino.
07:05Mudou a presidência do STF, o Luiz Fachin assumiu a presidência no lugar do Luiz Alberto Barroso,
07:12que, inclusive, já anunciou que vai se aposentar.
07:15E aí também giram as turmas, e aí, antes, o núcleo 1 foi julgado na primeira turma
07:21sob o comando do Cristiano Zanin, e agora é o Flávio Dino que comanda essas sessões.
07:29Wilson Lima.
07:30Eu vou pegar um pouco do... vou começar pelo fim, falando um pouco sobre o Flávio Dino.
07:37O Flávio Dino está tendo uma postura como presidente da primeira turma bem diferente
07:42da postura dele como integrante da primeira turma.
07:45Ele, pelo menos nesse primeiro momento, evitou piadinhas, evitou gracejos,
07:50então, assim, ele assumiu, nesse momento, uma postura institucional.
07:53Não sabemos até quando vai, mas, pelo menos nesse primeiro momento,
07:57ele adotou uma postura mais sóbria.
07:58Sobre o julgamento do núcleo 4, eu vou pensar um detalhe que o Rodolfo comentou,
08:04porque eu acho que o grande problema dessa ação penal é metodologia.
08:10E nós já discutimos isso aqui no meio-dia.
08:13O Paulo Gonet, ele adotou como método apresentar o filme.
08:18O problema é que o julgamento está sendo pela foto.
08:22Então, por isso que é muito complicado para você estabelecer
08:25um nexo causal do núcleo 4 com o núcleo 1,
08:29sem cometer algum tipo de injustiça.
08:32Eu lembro que no julgamento do Mensalão,
08:33você teve ali 39 réus,
08:37e todos foram julgados de uma forma retilinha.
08:40Ali se analisou o filme.
08:41Então, a partir dali, você conseguiu individualizar a conduta de cada um.
08:44O ministro Joaquim Barbosa conseguiu estabelecer
08:47o nexo e a ligação de cada um
08:49naquele esquema criminoso.
08:50Aqui, quando você faz o fatiamento desses quatro núcleos,
08:55desses núcleos da trama golpista,
08:58e aí começa a julgar por núcleo,
09:01você perde o elemento filme.
09:04E isso enfraquece a condenação de todo mundo.
09:07Porque você começa a mirar a foto.
09:09É justamente esse o ponto que foi questionado
09:11no voto do ministro Luiz Fux.
09:13Ele optou por analisar fotos,
09:17fragmentos da trama golpista.
09:19E quando você analisa o fragmento,
09:22você não tem ideia do todo.
09:23E aí, vou trazer para esse núcleo 4,
09:27que é o núcleo de fake news.
09:28Ele deveria ser incluído como um ponto,
09:31como um ponto dentro da trama do núcleo 1.
09:36E aí, por exemplo, várias perguntas se fazem.
09:38Ah, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado?
09:41Foi.
09:41Mas qual foi ele como líder de organização?
09:44Qual foi a influência dele nesse núcleo 4?
09:47Houve uma ordem?
09:49Houve uma determinação?
09:50Houve uma estrutura que foi montada a partir do Palácio do Planalto?
09:54Entende?
09:54Então, no momento que você fragmenta isso,
09:57você, obviamente, cria esse tipo de questionamento,
10:00cria esse tipo de...
10:02Você fragiliza todo o processo.
10:06Então, por isso que o Rodolfo falou justamente isso.
10:08que o fato de que esse núcleo 4 está sendo julgado separadamente,
10:13você dissocia um pouco esse grupo da trama inicial
10:16e você, obviamente, cria margem para esse tipo de questionamento.
10:21A ideia, Wilson, tem uma questão de que o fato de todo mundo
10:25ter sido denunciado pelos mesmos crimes,
10:28e aí quando você compartimenta os réus,
10:32você tem que recontar a história toda, né?
10:35Porque é o filme, né?
10:36Você tem que recontar o filme todo de novo.
10:38Olha, o filme é esse.
10:40E esses aqui participaram
10:42dessa parte específica da trama.
10:46Mas, assim, não quer dizer,
10:48e aí quem está olhando de fora,
10:49é muito razoável também se pensar dessa forma,
10:52que todo mundo
10:53que atuou nessa trama
10:55mereça exatamente a mesma pena.
10:58Que é o que aconteceu
11:00e foi uma questão de constrangimento
11:02para o STF público
11:03do pessoal que foi condenado pelo 8 de janeiro.
11:07Porque não é que não seja válido, né?
11:09Vale esse destaque.
11:10Não é que não seja válido julgar as pessoas assim.
11:13Agora, quando você julga dessa forma,
11:15isso tem uma consequência na forma como as penas
11:17são interpretadas por quem está assistindo.
11:20E aí, no caso da Débora, da cabeleireira,
11:24isso ficou mais gritante.
11:25Porque, olha,
11:26teve gente que entrou no palácio
11:27e quebrou alguma coisa.
11:29Teve gente que
11:30desafiou os ministros do STF
11:33a fazer coisas lá nas mesas deles
11:35que não deviam ter sido feitas.
11:37Essa, especificamente,
11:39pintou ali, escreveu
11:40na estátua da justiça com batom.
11:42E aí, quando você individualiza,
11:44fica uma coisa...
11:45Quem está assistindo fica olhando com perspectiva.
11:48Peraí, mas se esse aqui fez isso
11:50é que ele fez uma coisa diferente
11:51que me parece menos ofensiva e tal,
11:54por que eles estão com a mesma pena?
11:57Agora, isso aconteceu desde o início
11:59dos julgamentos dos condenados
12:01pelo 8 de janeiro.
12:03Quando os próprios ministros do STF
12:05reconheceram ali
12:07os primeiros julgamentos que foram públicos,
12:10porque depois eles foram todos
12:11para o plenário virtual,
12:12que não tinha exatamente uma prova
12:13de que aquela pessoa que estava sendo condenada
12:15fez exatamente uma coisa específica.
12:18ele quebrou isso aqui,
12:19ele fez isso, ele fez aquilo.
12:20Algumas pessoas foram filmadas.
12:22Quem foi filmado e ficou clássico
12:24quebrar aquele relógio
12:28no Palácio do Planalto,
12:30aquela pessoa está filmada,
12:31tem uma prova ali,
12:32está todo mundo vendo.
12:33Agora, tem muita gente que não foi filmada,
12:35não foi identificada a conduta delas.
12:37E aí, a gente pega isso desde a origem,
12:40que é no final de 2023,
12:41os primeiros julgamentos,
12:42as primeiras condenações
12:43dos réus do 8 de janeiro.
12:48E essa forma de julgar,
12:50ela veio até hoje.
12:52E vai ser assim que essas pessoas
12:53vão ser julgadas.
12:55E aí, eu repito,
12:56é certo ou errado?
12:57A questão não é ser certa ou errada.
12:59A questão é,
13:00a partir da forma como é feito,
13:02como essas condenações são interpretadas
13:04e o que isso deixa de perspectiva
13:07para o próprio tribunal.
13:08Porque é como isso que eu estava falando
13:09com o Bessac mais cedo.
13:11Assim, não é só o julgamento
13:13incide o caso.
13:15É como essa...
13:17É a primeira vez, né,
13:17que o Brasil está julgando com essa lei
13:19crime de golpe de Estado.
13:21E isso é um padrão
13:22que o Supremo Tribunal Federal
13:24está estabelecendo a partir de agora.
13:26E aí, ele vai ficar refém
13:27do que ele está fazendo também.
13:30O próximo julgamento que venham a ocorrer
13:32sobre esse assunto,
13:33eles vão ser julgados publicamente
13:35à luz do que está acontecendo agora.
13:38Então, se o Supremo mudar a forma
13:40como ele entende
13:41que deve ser julgado,
13:43os crimes pelos quais eles devem
13:46condenar as pessoas que participaram disso,
13:49isso não vai ser um problema para o tribunal.
13:51Então, assim,
13:51está de fato sendo muito rígido o Supremo.
13:54E eu não vou entrar no mérito aqui,
13:55isso é discutível,
13:56mas eu não vou entrar nesse mérito
13:57de ser certo ou ser errado.
13:58Agora, que tem uma consequência clara, tem.
14:00E o Supremo vai ter que
14:02conviver com isso
14:03a partir desse julgamento.
14:05o Supremo vai ter que ver com isso.
14:05Legenda por Sônia Ruberti
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