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No Só Vale A Verdade, o economista Samuel Pessôa explica por que o Brasil ostenta uma das taxas de juros mais altas do mundo, comparável a vizinhos como Chile e México.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/BNl7aoOootY

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Transcrição
00:00Eu queria colocar para você a seguinte questão da taxa de juros.
00:03Não é de hoje que o Brasil sempre está, ou é medalha de ouro, é de prata, é de bronze.
00:09Exatamente.
00:11Taxa de juros. Eu ouço isso falar há muito tempo.
00:14Especialmente, não sei, desde o momento lá do plano real, você tem um momento de taxa de juros muito alto.
00:19As justificativas as mais diferentes possíveis, depende do momento histórico.
00:24Hoje, por que a taxa de juros no Brasil, e lembrar que nos governos Lula 1 e Lula 2,
00:30especialmente no Lula 1, o vice-presidente da República, José Alencar, sempre falava contra a taxa de juros e tal.
00:36Por que nós temos uma taxa de juros que sempre é uma das maiores do mundo, em termos reais?
00:41Porque a gente vive quase que permanentemente um equilíbrio com excesso de demanda.
00:49E aí, para equilibrar esse excesso de demanda, a gente acaba tendo que manter a taxa de juros elevada.
00:58Quais são os sinais, por exemplo, agora que a gente tem excesso de demanda?
01:01Como eu falei, primeiro sinal, um déficit externo de transações correntes de 3,5% do PIB.
01:10Uma economia que está produzindo 4 milhões de barris de petróleo por dia
01:16e que tem um superávit na balança de petróleo de 30 bilhões de dólares por ano.
01:22Então, não era para a gente ter um déficit externo de 3,5% do PIB.
01:26Nós também estamos com uma inflação de serviços de 6% ao ano.
01:33Por que eu estou enfatizando a inflação de serviços?
01:36Porque serviços são um tipo de bem, os serviços, que a oferta é local.
01:43Fica mais caro, não dá para importar.
01:46Fica mais caro, eu tenho que aumentar o preço.
01:48Então, a inflação de serviços dá uma ideia de como está o balanço entre oferta e demanda.
01:57E outro lugar que a gente olha é o mercado de trabalho.
02:00Olhar nos últimos anos, os salários, na média, eles têm crescido a uma velocidade superior
02:06à velocidade de crescimento da produtividade do trabalho.
02:11Se os salários estão crescendo mais do que a produtividade,
02:14as margens do setor privado estão sendo comprimidas.
02:19Isso é um sinal de uma economia além do pleno emprego.
02:23Uma economia que está pressionando a sua base de recursos materiais.
02:28Há um tempo atrás, eu olhei para comparar,
02:31porque o Brasil não é que a gente é campeão de juros se eu comparar com a Coreia, com o Japão ou com a China.
02:37Não, o Brasil é campeão de juros se eu comparar com o Chile, Colômbia, Peru, México,
02:46países aqui do nosso entorno.
02:49Aí eu olhei alguns dados.
02:51Pega a taxa de poupança.
02:53Taxa de poupança brasileira de 4 a 5 pontos percentuais do PIB menor do que a dos nossos pares.
02:592. Pega gasto previdenciário.
03:05A gente gasta 4 a 5 pontos percentuais do PIB a mais em previdência do que esses nossos pares.
03:12Carga tributária.
03:13A gente tem uma carga tributária 8 a 9% do PIB maior do que esses nossos pares.
03:21A gente tem um gasto público 10% do PIB maior do que esses nossos pares.
03:26Então, estou dizendo que a gente é diferente.
03:29Não estou dizendo que a gente é diferente da Coreia, de Taiwan, do Japão.
03:33Não, a gente é diferente.
03:35Quando olhamos o setor público, gasto previdenciário, arrecadação de impostos,
03:41a gente é diferente do Chile, do Peru, da Colômbia e do México.
03:47E aí não tem a ver, alguns falam o seguinte,
03:50nós temos uma das piores distribuições de renda do mundo.
03:54Uma concentração enorme aqui no Brasil.
03:58Então, na hora que há algum aumento real de salário,
04:01que, por exemplo, derivado dessa medida do imposto de renda,
04:04acaba havendo um aumento de salário,
04:07como há uma demanda reprimida muito grande,
04:10as pessoas querem viver um pouquinho melhor.
04:12Isso numa linguagem muito popular.
04:15E aí é legítimo.
04:16As pessoas querem viver um pouco melhor,
04:17poder comprar aquilo que não compravam normalmente.
04:20E isso é derivado, segundo alguns, da péssima distribuição de renda.
04:25Ou seja, o andar de cima é muito pequeno, numericamente falando,
04:29entre os mais de 200 milhões de brasileiros.
04:31Mas eles têm um poder de força político muito grande
04:34nos órgãos decisórios, fundamentalmente no Congresso Nacional.
04:39E que não há a perspectiva, ou menos a história mostraria,
04:44e isso eu estou só levantando essa pergunta para você,
04:47que, nos últimas décadas, essa concentração tem dado sinais de melhora,
04:51de desconcentração.
04:53E isso explicaria, e aí eu passo a questão para vocês,
04:57segundo algumas leituras, o baixo índice de poupança.
05:01Você só poupa quando você tem um relativo consumo
05:04que permite que parte dos recursos que você tem,
05:07você guarde para, no futuro, utilizá-lo da forma como bem desejar.
05:11Mas como as condições de vida são muito precárias no país,
05:15essa taxa de poupança seria baixa, em parte por causa disso.
05:19E em parte porque há privilégios fiscais fabulosos
05:24aos donos do poder, para lembrar do Raimundo Faoro.
05:28É por aí ou não é?
05:29Ou é mais ou menos?
05:31É mais ou menos por aí.
05:33Eu vou te dar um número para você ver como a coisa é complicada.
05:37A Índia é mais pobre do que a gente.
05:39A Índia, como país, é bem mais pobre que o Brasil.
05:44Mas com o PIB muito maior que o nosso, né?
05:45Não, não, mas o PIB per capita da Índia é muito menor.
05:48Perfeito isso.
05:49Porque quando eu estou falando taxa de poupança,
05:52eu estou medindo tudo como proporção do PIB.
05:55Então, a escala do país não faz diferença.
05:59Então, a China, a Índia é pobre.
06:01Bem pobre.
06:02Acho que ainda é um...
06:04Renda per capita 30% do Brasil, alguma coisa assim, 20% ainda.
06:07Eles estão crescendo muito, se a gente continuar nessa pasmaceira,
06:11daqui uns 20 anos, eles vão nos alcançar,
06:13como a China nos alcançou há uns 5, 6 anos atrás.
06:16Mas eles ainda têm uma renda per capita bem menor do que a nossa.
06:20Pobres.
06:21Sabe qual é a taxa de poupança da Índia?
06:2435% do PIB.
06:26É mais do que o dobro da brasileira.
06:29Por que isso, no nosso caso?
06:31Porque desde quando eu era pequenininho,
06:33eu ouço falado que a nossa taxa de poupança é muito baixa.
06:39É, é uma característica...
06:40Históricamente...
06:41Por que?
06:41Qual, assim, seriam as razões?
06:44Você apresentou alguma, mas...
06:46É assim, eu vou te dizer...
06:47Por que a gente poupa?
06:49A gente poupa porque a gente tem medo do futuro.
06:54A gente poupa para aguardar para o futuro.
06:56O Brasil, a gente tem um sistema...
07:01A gente tem seguros públicos.
07:04Que, dada a escala, dada a renda per capita brasileira,
07:09a gente gasta muito.
07:11Vou te dar uma ideia.
07:13Pega uma pessoa que ganha dois salários mínimos
07:15e contribui para a Previdência bonitinho.
07:19Ela vai se aposentar com dois salários mínimos.
07:22Não estou dizendo que está errado.
07:23Mas estou dizendo que, dada a nossa regra previdenciária,
07:28ela não precisa poupar,
07:29porque ela já está poupando na Previdência.
07:33Só que a gente tem uma estrutura previdenciária
07:35que é extremamente benevolente.
07:41Os velhos no Brasil têm uma vida muito boa
07:44em relação à vida que eles tiveram na vida adulta,
07:47antes de serem velhos,
07:49na vida produtiva deles.
07:50O Brasil tem, provavelmente,
07:52o sistema previdenciário
07:54mais generoso do mundo.
07:58Não estou exagerando.
08:00Ah, mas o velho tem dificuldade?
08:03Não.
08:03O brasileiro tem dificuldades.
08:06Eu um dia olhei os números do Brasil
08:07comparados com a Coreia.
08:09Escrevi uma coruluna sobre isso.
08:10A Coreia tem uma renda per capita
08:12três ou quatro vezes a nossa.
08:15Por um critério equivalente,
08:16dados do Banco Mundial,
08:18a pobreza na velhice na Coreia
08:19é maior do que a brasileira.
08:21E por que será isso?
08:23Porque o sistema previdenciário deles
08:25é super avarento.
08:27Você tem que poupar privadamente
08:28para ter renda na Previdência.
08:29Você não tem uma Previdência pública
08:31tão generosa quanto a nossa.
08:32E aí, um parênteses.
08:35Então, assim,
08:36você vai na China.
08:37A China poupa 50% do PIB.
08:40A China poupa hoje,
08:41que é mais rica do que o Brasil,
08:43mas há 30 anos atrás,
08:45quando era muito mais pobre
08:46do que o Brasil,
08:47também poupava 40, 50% do PIB.
08:50Porque lá, Vila,
08:52se você precisar de hospital,
08:54você tem que ter dinheiro.
08:55Porque paga.
08:56Seu filho vai para uma escola
08:59pública secundária,
09:01escola pública secundária
09:03é paga.
09:04Não sei como está hoje,
09:05mas até uns 5, 6 anos atrás
09:06era paga.
09:08Universidade pública nem se fala.
09:09Na China é sempre paga.
09:12Não tem universidade pública
09:13de graça para ninguém.
09:14Aposentadoria é o que você
09:16poupar no banco.
09:17Não tem aposentadoria pública.
09:20Então, esses países
09:22de alta poupança,
09:24eles são países
09:26que não têm seguros públicos.
09:29Ou os seguros públicos
09:30são bem avarentos.
09:32No sentido,
09:33você contribui muito
09:34e tem de volta
09:35menos do que você contribuiu.
09:38E os países latino-americanos
09:41têm menos seguros públicos
09:42do que o Brasil.
09:44O Brasil
09:45tem o maior gasto previdenciário
09:47do mundo
09:48se você controlar
09:49pelo perfil etário.
09:53O que eu estou querendo dizer?
09:54Pega
09:54uma série de 140 países.
09:58Já fiz essa conta.
10:00Está no meu blog essa conta.
10:02140 países
10:03gasto previdenciário
10:05com proporção do PIB.
10:07Claro, tem país
10:08que é mais velho
10:08que a população
10:09é mais envelhecida
10:10vai gastar mais.
10:12Então, você faz
10:12uma correlação
10:14entre gasto previdenciário
10:16e estrutura etária.
10:17Proporção da população
10:18com mais de 65 anos.
10:21Aí vê
10:22o resíduo
10:23dessa regressão.
10:24Vê o sim.
10:24O que quer dizer isso?
10:25para a pessoa entender.
10:27Vê o quanto
10:28que um país
10:29gasta mais
10:30de previdência
10:31em relação
10:31à média do mundo
10:32e o quanto
10:34que o país
10:35gasta menos
10:36de previdência
10:36em relação
10:37àquela média
10:38do mundo
10:38já controlando
10:40pelas diferenças
10:41demográficas.
10:43Eu fiz essa conta
10:43para uma amostra
10:44de 140 países.
10:45O Brasil
10:46era o segundo
10:46que mais gastava
10:47no mundo.
10:48Só a Ucrânia
10:48ficava na frente
10:49da gente.
10:51E o número
10:52que deu
10:52foi o seguinte.
10:53A gente tinha
10:54na época
10:55quando eu fiz
10:55essa conta
10:56um sobregasto
10:57com previdência
10:59de 7%
11:01do PIB.
11:03Esse sobregasto
11:05com previdência
11:06significava
11:07uma taxa
11:07de poupança
11:085%
11:09do PIB
11:09menor.
11:10Você tem
11:11uma ideia?
11:11O Japão
11:12tinha um gasto
11:14abaixo
11:15da média mundial
11:16de 5%
11:17do PIB.
11:18e é verdade
11:21se eu olhar
11:21os jornais
11:22tem umas notícias
11:23engraçadas
11:24às vezes
11:25no Japão
11:25a gente vê isso
11:26essas notícias
11:28um velho
11:30praticou
11:31um pequeno crime
11:32aí você
11:33roubou
11:34uma coisinha
11:35um idoso
11:36no Japão
11:36aí você vai ver
11:37porque ele fez isso
11:38ele fez isso
11:39para ir para a prisão
11:41porque a prisão
11:42funciona como um asilo
11:43uma sociedade
11:45que os idosos
11:47estão praticando
11:48pequenos crimes
11:49para ir preso
11:50tem algum problema
11:51o problema é que eles
11:52gastam muito pouco
11:53em oferta
11:54por isso a poupança
11:56é muito grande
11:56a taxa de juros
11:57é muito baixa
11:58e nesse sentido
11:59nós somos melhores
11:59que o Japão
12:00a gente é o excesso
12:02contrário
12:02a gente gasta
12:04demais
12:05em seguros públicos
12:07para a nossa realidade
12:08consequentemente
12:10a taxa de poupança
12:11é muito baixinha
12:12e os juros
12:12são altos
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