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O poder, a riqueza e/ou a popularidade reforçam em indivíduos deslumbrados, corrompidos e/ou autoritários a sensação de que eles podem cometer violações impunemente, porque, na hipótese de serem alvos de escrutínio, contarão com a força do Estado, a persuasão do dinheiro e/ou a revolta de suas massas de manobra.

Um país culturalmente saudável dispõe de consciências e mecanismos suficientes, senão para dissuadir os potenciais violadores da moral, das leis e dos pressupostos democráticos, para puni-los por cruzarem linhas previamente apontadas, a despeito do poder, da riqueza e da popularidade que eles tenham.

Já um país culturalmente doente, onde a idolatria, o adesismo, o conchavo e a instrumentalização dos meios de ação prevalecem à moral, às leis e aos pressupostos democráticos, os potenciais violadores são estimulados a cruzar as linhas e, mais cedo ou mais tarde, acabam protegidos contra qualquer punição - até porque os violadores de um lado e de outro, não raro, blindam-se mutuamente.

Um país assim adoecido, ou jamais cultivado, vive, historicamente, ciclos de escândalos criminais e de impunidade geral, que apenas enterram mais fundo, a cada ocorrência, os tão necessários freios contra novas violações.

No Brasil, o resultado disso é a conturbação permanente que inviabiliza o desenvolvimento.

Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:

Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

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00:00O poder, a riqueza e ou a popularidade reforçam em indivíduos deslumbrados, corrompidos e ou
00:07autoritários a sensação de que eles podem cometer violações impunemente, porque na hipótese de
00:14serem alvos de escrutínio, contarão com a força do Estado, a persuasão do dinheiro e ou a revolta
00:21de suas massas de manobra. Um país culturalmente saudável dispõe de consciências e mecanismos
00:27suficientes, se não para dissuadir os potenciais violadores da moral, das leis e dos pressupostos
00:34democráticos, para puni-los por cruzarem linhas previamente apontadas, a despeito do poder, da
00:40riqueza e da popularidade que eles tenham. Já um país culturalmente doente, onde a idolatria, o adesismo,
00:47o conchavo e a instrumentalização dos meios de ação prevalecem à moral, às leis e aos
00:53pressupostos democráticos, os potenciais violadores são estimulados a cruzar as linhas e, mais cedo ou
01:00mais tarde, acabam protegidos contra qualquer punição, até porque os violadores de um lado
01:06e de outro, não raro, blindam-se mutuamente. Um país assim adoecido ou jamais cultivado vive
01:15historicamente ciclos de escândalos criminais e de impunidade geral, que apenas enterram mais
01:21fundo, a cada ocorrência, os tão necessários freios contra novas violações. No Brasil, o resultado disso
01:30é a conturbação permanente que inviabiliza o desenvolvimento.
01:35Então, esse foi um comentário que eu fiz no X, hoje, mais cedo e trouxe aqui para a abertura do
01:41programa, porque às vezes a gente precisa ter uma visão holística sobre o que está acontecendo.
01:46Ricardo Kertzmann.
01:49É, Felipe, eu imagino que qualquer pessoa que acompanhe atentamente o dia a dia dos três
01:56poderes, executivo, legislativo e judiciário, e nas três esferas, seja municipal, estadual,
02:02federal, pelo menos desde a redemocratização, que é para não ir tão longe assim, eu imagino
02:08que esteja sentindo uma profunda tristeza, um desgosto muito grande, porque é esse tipo
02:16de situação que está tão bem descrita aqui, Felipe, que já fez, pelo menos a mim, perder
02:22completamente a esperança de que o Brasil possa, de fato, se livrar dessas amarras do atraso,
02:29dessas amarras do compadril, dessas amarras da impunidade, tudo isso que mantém a nossa
02:36nação, que tem um potencial gigantesco, mas que nos mantém no subdesenvolvimento.
02:41Eu queria destacar aqui, eu destaquei, na verdade, dois trechos em especial do que você escreveu,
02:47me permita que abri aspas.
02:49O primeiro é, os potenciais violadores são estimulados a cruzar as linhas e, mais cedo
02:55ou mais tarde, acabam protegidos contra qualquer punição, até porque os violadores, de um
03:02lado e de outro, não raro, blindam-se mutualmente.
03:05Olha, Felipe, se isso aqui não é o retrato acabado do Brasil, se não é o retrato acabado
03:10de tudo que a gente assiste, eu repito, pelo menos desde a redemocratização, eu não sei
03:15o que é, porque é exatamente isso que ocorre, são pessoas ou grupos poderosos cometendo
03:22crimes para, à frente, conseguirem se livrar das punições, para depois outras pessoas
03:28e outros grupos poderosos cometerem também crimes e também se livrarem das punições,
03:34porque estes grupos e essas pessoas, em determinados momentos, são opositores, mas em determinados
03:40momentos, também estão juntos, atuando, né, para que essa impunidade permaneça.
03:45A gente comentou isso ontem, que é a respeito da flexibilização da lei da ficha limpa.
03:50E o segundo trecho, Felipe, é o encerramento, abrindo aspas para você.
03:54No Brasil, o resultado disso é a conturbação permanente, que inviabiliza o desenvolvimento.
04:00Fecha aspas.
04:01O Brasil é esse poço, infelizmente, de atraso, por causa disso tudo que você narrou.
04:06Não tem como contradizer, não tem como refutar, só tem a lamentar e, como eu disse,
04:12é o que me faz ter perdido completamente a esperança de que, um dia, o país consiga
04:16se livrar de todo esse atraso.
04:19Pois é, e às vezes são as mesmas pessoas que cometem crimes, que depois fazem algum tipo
04:23de acordão ou que acabam impunes em razão de leniência, de complacência de outras pessoas
04:30igualmente poderosas, eventualmente também com esqueletos no armário, que voltam a delinquir,
04:35que continuam roubando, que são pegas, às vezes em dois escândalos seguidos e depois
04:40também são tratadas com leniência.
04:43A gente está vendo, inclusive, nesse momento do país, gente que foi condenada à prisão
04:48e passou pela prisão, mas que não cumpriu toda a pena prevista na condenação, na prisão,
04:53no escândalo do Mensalão e do Petrolão, que hoje é entrevistado nos programas de TV
04:59como estrategista político, como alguém que é aliado do presidente da república,
05:04que repete as suas declarações publicamente, depois, obviamente, porque está repetindo,
05:10só que, na verdade, privadamente, provavelmente pauta até o presidente da república.
05:16Então, é um ciclo muito grave e constante que o Brasil vive.
05:20E quando que a gente vai conseguir interromper esse ciclo, Duda Teixeira?
05:25Pois é, o Brasil é um país que tem dificuldade de punir essas pessoas que passam do ponto,
05:32que abusam do próprio poder, que cometem atos de corrupção.
05:38Isso tem a ver com a nossa justiça, que é fraca, é ineficiente
05:44e também abre espaço para influências, interferências políticas.
05:52O julgamento agora do Jair Bolsonaro e outros sete réus, independente de terem não evidências contra eles,
06:01é um julgamento mal feito, tem várias coisas para serem apontadas.
06:06Então, a nossa justiça é muito falha.
06:09Além disso, a gente tem uma classe política que funciona como uma casta, que se protege, que se blinda.
06:16Temos uma sociedade que, em grande parte, é tolerante com as pessoas que cometem esses abusos,
06:24apesar de ter uma sociedade civil organizada, e aí a imprensa tem um papel muito grande,
06:30outras organizações da sociedade civil que fazem uma pressão constante.
06:35Mas a gente ainda parece que é, no Brasil se falava muito, ainda é uma democracia jovem.
06:42A gente ainda está se desenvolvendo para ser uma democracia plena e conseguir que a justiça seja feita.
06:49Mas essa democracia jovem já tem 40 anos.
06:53Pegar o final aí, a redemocratização que o Ricardo citou é de 85.
06:58Então, já não está tão jovem assim.
07:01E aí a gente ainda tem esse cenário mundial em que as democracias são, vez por outra, ameaçadas.
07:09Então, o Brasil está ainda amadurecendo nesse ponto e precisa evoluir muito para que realmente
07:16essas pessoas que cometem esses abusos sejam punidas.
07:19Pois aí, a capa da Cruzoé, da qual a gente vai falar agora, eu acho que encaminha também esse elo com o meu comentário de abertura
07:29e com o que o Duda Teixeira já está falando, já se referindo diretamente ao julgamento de Jair Bolsonaro.
07:34Porque, se a gente pegar o que aconteceu nas últimas décadas no Brasil, inclusive agora, você tem pessoas poderosas
07:43que ou cometem crimes ou tentam cometer crimes ou simplesmente acham que podem cruzar todas as linhas.
07:53E depois você tem reações institucionais que são necessárias, mas que variam da imperfeição
07:59e, eventualmente, é até inerente à natureza humana, você tem uma reação institucional imperfeita.
08:06Se é uma imperfeição aqui, outra ali, etc.
08:10Bom, a gente tem que ver uma maneira de preservar os elementos de prova para que eles não se percam
08:17e não se gere uma impunidade geral simplesmente por causa de uma imperfeição aqui e ali.
08:21Agora, repito, variam de imperfeitas até a reações institucionais que contêm uma série de medidas
08:29autoritárias, arbitrárias, abusivas, etc.
08:32E aí você vai dando mais caldo ainda para reação contra investigadores, contra juízes,
08:41contra a cúpula do Poder Judiciário e mais caldo político, evidentemente,
08:46para a demanda de anistia ou a demanda de impunidade.
08:51E o Brasil tem muita dificuldade de sair desse ciclo.
08:56E isso fez a gente refletir, inclusive, sobre a questão da impermanência.
09:01Quer dizer, nada é definitivo?
09:04Vamos rodar a melhor vinheta do Brasil, a vinheta maravilhosa da revista Cruzoé.
09:10Está na agulha, está no ponto produção.
09:12Então, vamos embora.
09:21Nada é definitivo?
09:29Centrão e pré-candidatos articulam anistia a Bolsonaro enquanto o STF julga ex-presidente.
09:35A matéria assinada por Duda Teixeira e Wilson Lima detalha isso aí,
09:39que eu estou lendo para vocês no subtítulo.
09:41Duda, o que você destaca?
09:43Essa reportagem eu escrevi com o Wilson Lima, lá de Brasília,
09:48ele que seguiu muito de perto toda essa movimentação pela anistia.
09:53E é isso, a gente ainda tem o julgamento do Bolsonaro e da trama golpista
09:58indo até o dia 12 desse mês,
10:01mas teve um movimento muito forte essa semana com várias articulações
10:07para já pensar aí numa anistia para o Bolsonaro.
10:10O Tarcísio, obviamente, diz que, ou pelo menos indica nas suas atitudes,
10:18que só será candidato com apoio de Jair Bolsonaro.
10:20Agora, isso não quer dizer que o Bolsonaro está numa condição
10:25de escolher independentemente das pressões que ele sofre nos bastidores
10:31e pela situação em que ele próprio se encontra
10:34e, obviamente, colocado lá não só por reações institucionais,
10:39mas porque ele aloprou até não poder mais
10:42e deu margem para ficar na situação em que se encontra hoje.
10:45Então, não é que o Jair Bolsonaro simplesmente se espera dele.
10:51É porque Bolsonaro, a qualquer momento, pode fazer qualquer coisa.
10:53A gente já viu a conduta pública dele durante muitos anos para entender isso.
11:01Só que aquelas pessoas que estão no centrão,
11:04que estão tentando construir uma candidatura para derrotar o Lula,
11:08elas estão fazendo movimentos que é justamente para que o Jair Bolsonaro
11:13apoie alguém como o Tarcísio.
11:16Então, publicamente, podem dizer que isso virá do Bolsonaro,
11:19mas tem toda uma articulação nos bastidores
11:22para que isso aconteça de uma maneira que o Bolsonaro não consiga sequer
11:27indicar outra pessoa, apoiar outra pessoa,
11:30porque ele próprio depende,
11:32o seu futuro depende, pelo menos no raciocínio dele,
11:36de um presidente que coloque em pauta o indulto,
11:40que lute para conseguir algum tipo de vantagem,
11:43vantagem no caso de ele ser condenado para reduzir a sua pena,
11:48para que se ele for condenado à prisão,
11:50que ele vá pelo menos para a prisão domiciliar,
11:53para que a ineligibilidade seja derrubada,
11:56para que eventualmente ele fique livre de qualquer condenação
11:59e possa concorrer de novo nas eleições.
12:01Então, tudo isso é o movimento que está acontecendo nesse momento.
12:05Ainda não tem uma concretização final,
12:07mas a gente está monitorando.
12:09Ricardo Kertzmann, quer acrescentar algo?
12:13Rapidamente, Felipe.
12:14Em primeiro lugar, existe aquela célebre frase,
12:17que se eu não me engano foi o Pedro Malan,
12:18que disse certa vez que no Brasil até o passado é incerto,
12:22então, né, quiçá o futuro.
12:25E sobre a situação do presidente Bolsonaro,
12:28está entre a cruz e a espada, Felipe,
12:30porque para além de todas essas questões que você acabou de levantar
12:34sobre possibilidade de indulto, de anistia e tudo mais,
12:37há aquele papel que é o segundo papel mais importante da República.
12:42O primeiro, o papel mais poderoso e importante é o do presidente da República.
12:47E o segundo papel mais importante e poderoso é do líder da oposição.
12:51A partir do momento em que ele e Bolsonaro, a família Bolsonaro,
12:55abrirem mão dessa liderança em prol, seja de Tarcísio,
12:59seja de Ronaldo Caiado, Zema, enfim, qualquer opositor ao presidente Lula,
13:04eles vão cair, isso é inevitável, num ostracismo político que ninguém deseja,
13:09muito menos uma família com as características da família Bolsonaro.
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