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Com a IA criando obras, ideias e soluções, será que ela pode ser tão criativa quanto o ser humano? Álvaro Machado Dias, neurocientista e colunista do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, analisou o papel da criatividade no mundo atual, como desenvolvê-la e até onde a inteligência artificial pode chegar.

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Transcrição
00:00Neste momento, a gente mostra que criatividade é um dos temas mais fascinantes e relevantes do nosso tempo.
00:06Com a inteligência artificial gerando arte, histórias e soluções inovadoras,
00:11muita gente tem se perguntado, o que é de fato o ser criativo?
00:15Qual o papel da IA na criatividade humana?
00:17Para falar sobre isso e também explorar como nos tornar pessoas mais criativas,
00:22eu converso agora com o Álvaro Machado Dias, que é um dos notáveis do nosso canal.
00:26Boa tarde para você, Álvaro. Seja bem-vindo.
00:28Olá, tudo bom, Marcelo?
00:29Tema profundo hoje, né?
00:31Sim.
00:31Então, Álvaro, qual que é a essência da criatividade?
00:34Dá para você medir a criatividade ou a capacidade criativa de um indivíduo?
00:38Sim. A essência da criatividade precisa ser dividida em duas partes.
00:43De um lado estão as obras ou as contribuições criativas.
00:47Do outro lado está a criatividade como uma potência de ser, uma competência humana.
00:53As coisas criativas, em geral, elas surgem assim, a gente as percebe dessa maneira,
00:58lembrando que criatividade de algo é sempre um juízo que a gente faz, porque elas rompem
01:04com as expectativas e com o status quo. Está todo mundo fazendo assim, de repente surge uma
01:09outra maneira e, lenta ou rapidamente, esta nova maneira é vista como superior.
01:16É como se ela resolvesse um problema que nunca havia sido formulado.
01:20As coisas criativas, portanto, são aquelas que geram novos rumos, novos encaminhamentos
01:27para o status quo. Já as pessoas criativas são pessoas que têm habilidades para gerar
01:33esse tipo de coisa, mas também que têm propriedades que são, sim, avaliáveis do ponto de vista
01:39neuropsicológico. Ou seja, você consegue fazer testes e ter uma inferência aproximada
01:45do quanto alguém é criativo. E um dos principais testes é o do pensamento divergente.
01:51Ou seja, o quanto alguém consegue criar algo que se distancia de algo que foi colocado anteriormente.
01:59Por exemplo, eu te dou uma palavra do tipo cadeira. E a pergunta é, me fale uma segunda palavra
02:05que seja maximamente distante, divergente de cadeira. Esse é o exercício.
02:11Olha que exercício engraçado.
02:13Então, por exemplo, a gente pega esse painel aqui, que está basicamente aqui com tons de cinza
02:18e azul e eu falo, eu quero colocar um amarelo aqui. Isso seria um dado de criatividade, então.
02:24Esse seria um dado de criatividade se, assim, olha só, aí você está falando da criatividade
02:29inserida no mundo real. Isso se tornaria criativo se a gente percebesse que a inserção do amarelo
02:35representa tanto uma ruptura com as expectativas do tipo, nossa, não esperava esse amarelo,
02:41quanto algo que melhora o status quo. Ou seja, você olha para o painel agora com esse amarelo e fala,
02:48caramba, ficou melhor, ficou muito mais interessante.
02:52Deu um tchan ali, né?
02:53Deu o famoso tchan a mais. Essa é a ideia da criatividade.
02:56Criatividade não é simplesmente o efeito de você colocar algo que é dissonante, que é divergente,
03:03mas sim algo que, através da divergência, gera uma percepção de valor,
03:07tal como se estivesse respondendo a uma pergunta nunca formulada sobre como fazer aquilo melhor.
03:12Eu dei um exemplo aqui no caso da arte, né?
03:14Mas, obviamente, isso interessa muito para as empresas quando a gente pensa em gestão,
03:18quando a gente pensa em criação de novos produtos.
03:21É você achar um componente ali que seja diferente, mas não só diferente.
03:25Diferente para melhorar aquele produto, né?
03:26Sem dúvida.
03:28Nesse domínio da construção de produtos, a gente pode dizer que existem duas grandes linhas criativas.
03:36Eu estou sempre falando num nível mais profundo das coisas, né?
03:39Então, assim, existem muitas linhas, mas duas são fundamentais e todas as outras entram aqui dentro.
03:44Uma é a linha continuista, que é constituída pelas inovações incrementais.
03:51As inovações incrementais, geralmente, elas ou melhoram alguma coisa que já está colocada,
03:57através de um insightzinho, ou elas criam bundles, ou seja, coisas associadas que vão montando um ecossistema.
04:04Exemplo, você lança um telefone celular e depois você lança um fone que se conecta por Bluetooth de maneira praticamente instantânea.
04:12Coisas assim.
04:13Então, esse é um ecossistema.
04:14Do outro lado estão as inovações que realmente representam destruição criativa, como falava o Champeter.
04:22Ou seja, elas são inovações que tornam esta maneira de fazer as coisas obsoleta.
04:28Um exemplo é o e-commerce tornando o trabalho dos cacheiros, viajantes, um trabalho dispensável.
04:36Há sempre aqui perdas, mas a lógica é que o ganho societário sempre supera os custos da oportunidade dessas novas ideias.
04:47O Álvaro, a gente falou de tudo isso relativo à criatividade humana.
04:51Nos nossos tempos, a gente está convivendo com uma outra inteligência aí, que é a artificial.
04:54A inteligência artificial, ela pode ser também criativa?
04:59E se você responder que sim, tem um limite para isso?
05:02Eu gosto que você já sabe o que eu vou responder.
05:06Sim, pode e há um limite com toda certeza.
05:10A gente pode pensar nesse sentido muito mais computacional ou informacional, a criatividade a partir de três módulos.
05:17Um módulo é a busca, ou seja, o search na língua computacional, de soluções.
05:26Então, por exemplo, eu tenho uma maneira de fazer as coisas, eu tenho uma maneira de gravar um programa de televisão.
05:32Ah, então eu vou criar outras maneiras em paralelo.
05:35E aí, no final das contas, o processo subsequente vai ser de avaliação dessas maneiras e aí entra a racionalidade na coisa.
05:42Então, eu tenho, assim, a geração de opções como uma característica profunda da criatividade.
05:48Essa é realizada pela inteligência artificial com toda certeza.
05:51Depois, eu tenho uma segunda, que é a capacidade de combinar coisas distintas.
05:58Lé com cré, fazer com que, por exemplo, peças de roupa que aparentemente não dialogariam,
06:03dialoguem de uma maneira nova.
06:05Isso é super importante na moda e assim por diante.
06:07Esse tipo de inteligência combinatória, que é determinante para a criatividade,
06:11também é implementada através de algoritmos e, consequentemente, está na inteligência artificial.
06:17Só que tem um terceiro tipo, que é a transformação existencial, que é essa que muda o status quo.
06:25Essa não está implementada, nem pode ser, dentro dos paradigmas atuais, implementável na inteligência artificial,
06:31porque ela depende de um entendimento do mundo, de um feeling sobre o que vai ser relevante
06:36para a experiência das pessoas no dia a dia, coisa que só quem está no domínio dos vivos é capaz de determinar.
06:43Agora, que tipo de mudança no tratamento da criatividade, o avanço da inteligência artificial,
06:48trouxe para as empresas?
06:49Eu acho que, de um lado, as empresas vêm sendo pressionadas e, consequentemente,
06:55vêm se forçando a pensar novos rumos.
07:01Então, a inteligência artificial, como uma pressão,
07:04ela vem trazendo uma necessidade de acelerar os processos de P&D,
07:09vem trazendo uma busca de uma reflexão sobre a própria estrutura organizacional,
07:15sobre cargos e pessoas, sobre o que cada um deve fazer.
07:21Aliás, é um processo que a gente não pode separar do que aconteceu na pandemia,
07:24porque, afinal de contas, a gente teve aqui o maior experimento cognitivo-comportamental
07:28da história da humanidade e isso também trouxe uma necessidade de reflexão.
07:32Então, a inteligência artificial é aquela pressão, aquele foguinho embaixo da panela
07:36que faz com que as empresas repensem processos.
07:40Por outro lado, essa mesma pressão, ela muitas vezes surge para os executivos
07:47como uma necessidade de implementação rápida.
07:52E isso significa, na prática, que os usos criativos da inteligência artificial
07:57são reduzidos e são trocados em pró de qualquer forma de implementação
08:02para não perder essa corrida.
08:05O resultado disso é muita gente começando projetos de IA,
08:09muitas vezes projetos caros e depois vendo que, ai, eu precisava pivotar para um outro lado
08:14porque isso aqui não vai agregar muita coisa.
08:16Ou seja, ao mesmo tempo que a inteligência artificial faz com que a empresa como um todo
08:21ela acabe acelerando os seus processos de transformação
08:26em alguns domínios e na mente de alguns executivos,
08:29ela força o convencionalismo, que é o contrário da criatividade,
08:34pela necessidade de não ficar para trás numa suposta corrida.
08:39Tem muita gente que fala assim, Alvaro, eu não sou muito criativo, eu sou mais técnico.
08:43Você acha que a criatividade pode ser aprendida?
08:46Eu acredito que sim.
08:48E essa minha crença não é baseada só no meu feeling criativo,
08:53ela é baseada no que os estudos mostram.
08:56E há várias maneiras de fazê-lo.
08:58Uma maneira que é absolutamente fundamental é incorporar, é tentar resgatar da infância o espírito lúdico.
09:08Porque o que a gente faz na infância do ponto de vista de formação intelectual espontânea
09:14é, sobretudo, a formação de um arcabouço criativo para a vida.
09:19O faz de conta tem esse papel, o brincar tem esse papel, o prazer da descoberta espontânea,
09:26que é típico da infância, tem esse papel.
09:28Então, essa habilidade de, de repente, não levar as coisas tão a sério, tão a ferro e fogo,
09:35e usá-las como parte de um faz de conta do mundo real,
09:40é um caminho básico, mental, que não envolve nenhum tipo de curso,
09:44ou não envolve você comprar um programa de não sei o que, nada disso.
09:49Tá aqui e é muito recomendado.
09:51Outra coisa legal é você pensar que existe uma polinização cruzada, por assim dizer,
09:57entre aquilo que você faz numa área da tua vida e aquilo que acontece em outra.
10:02Então, para se ter mais criatividade, é bom você exercer atividades criativas
10:05que já estão sistematicamente estabelecidas, como, por exemplo,
10:08fazer uma oficina de arte ou qualquer coisa do gênero.
10:10É recomendável.
10:11Então, quer dizer, um grupo de executivos que está achando ali que não está tendo novas ideias,
10:16vai fazer um curso de teatro, vai pintar um quadro,
10:18faz qualquer coisa que tire um pouco daquele, sei lá,
10:21daquele comportamento estritamente técnico, né?
10:24Exatamente.
10:24Um pouco menos de seriedade te traz mais seriedade nos resultados.
10:28Álvaro Machado Dias, mais uma vez, um papo interessantíssimo.
10:32Obrigado pela sua participação.
10:33Eu te agradeço muito.
10:34Até semana que vem.
10:35Até.
10:35Até.
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