Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Álvaro Machado Dias, neurocientista e colunista do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, analisou o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho. Dias explicou por que a substituição de empregos por IA é mais lenta do que se imagina e quase impossível no Brasil em setores como medicina, direito e transporte.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00A principal aposta para o desaparecimento em massa dos empregos corporativos
00:04é que a inteligência artificial faça o trabalho dos executivos de entrada.
00:08Porém, será que os dados corroboram essa perspectiva globalmente?
00:12E no Brasil, qual é a perspectiva?
00:14Hoje a gente vai falar com Álvaro Machado Dias, que é um dos notáveis aqui do nosso canal,
00:19sobre essa dimensão fundamental do avanço da inteligência artificial.
00:23Álvaro, bom dia para você. Boa tarde, já acho que a gente pode dizer, né?
00:27Olá, boa tarde, Marcelo.
00:27Seja bem-vindo.
00:29Obrigado.
00:29Ô Álvaro, já há indicativos macroeconômicos aí de que a inteligência artificial já esteja substituindo os empregos?
00:36A gente ouve falar muito isso, mas tem gente que contesta também.
00:40Como é que você explica para a gente essa tendência?
00:42Pois é, eu diria que 50% dos posts do LinkedIn sobre trabalho e inteligência artificial
00:49e talvez 50% dos artigos nas revistas de negócio estão dizendo que a IA está substituindo empregos humanos.
00:58Isso é verdade em uma escala menor.
01:01Então, por exemplo, há demissões massivas nas empresas de tecnologia.
01:06Só que, vamos lá, desemprego é um índice macroeconômico dos mais importantes.
01:13E quando a gente olha por esse ponto de vista, que é realmente o ponto de vista que mais interessa,
01:19o Brasil, por exemplo, em 2024, fechou com desemprego de 6,6%, o menor registrado até hoje.
01:28E nesse ano caiu um pouquinho mais.
01:30Os Estados Unidos têm desemprego, esse ano, depois do primeiro trimestre, na faixa dos 4 e pouco porcentos.
01:38Reino Unido também um pouquinho mais, mas ainda dentro dos 4, menos que 5.
01:41União Europeia e China, um pouco mais do que 5%.
01:46O que significa que o desemprego ao redor do mundo, ele está em níveis bastante controláveis,
01:54negando que exista impacto macroeconômico da substituição do trabalho pela inteligência artificial, como se diz por aí.
02:03Como é que a gente junta essas duas coisas, né?
02:05A observação anedótica, quer dizer, aquela baseada numa visão específica com o todo.
02:10O negócio é o seguinte, as empresas de tecnologia, durante a pandemia, contrataram demais.
02:17E essas contratações, elas depois foram sendo pivotadas para diferentes produtos.
02:22E neste momento, na verdade, desde o ano passado, há uma tendência a mandar essas pessoas embora.
02:30Ou seja, parte do fenômeno envolve sobrecontratação.
02:34Do outro lado, se a gente se cria um clima de que a inteligência artificial está substituindo o trabalho,
02:41é fácil você simplesmente fazer ciclar isso daí e, no final das contas, contratar mais barato.
02:46Então, também existe um aspecto estratégico nessa história.
02:49E, finalmente, há, de fato, uma substituição inexorável do emprego pela inteligência artificial,
02:55mas ela é muito mais lenta do que parece, tanto que, do ponto de vista dos dados,
03:01o que a gente vê é o contrário do que todo mundo vem falando por aí,
03:04sem parar para prestar atenção no que realmente a macroeconomia nos traz como informação.
03:10Você está falando aí de uma tendência global.
03:12Agora, o Brasil, imagino que tem algumas especificidades, né?
03:14O Brasil tem muitas especificidades, esse é outro ponto importante,
03:19esse debate, ele é importado de maneira crítica, o que é uma tremenda ingenuidade.
03:24Também eu vejo isso toda vez que vai ter essas discussões sobre emprego,
03:29as pessoas estão falando, não, porque no Brasil vai acabar o emprego.
03:32Só que é o seguinte, vamos lá, o emprego, o trabalho, e vamos dizer assim,
03:37a produção de lucro em cima do trabalho é a maior otimização da história do capitalismo.
03:42A gente não pode subestimar isso, é muita ingenuidade.
03:46Então, as pessoas falam que a substituição acontece quando vem uma máquina
03:51e ela faz uma coisa tão bem quanto um funcionário.
03:54Falso, ingênuo, diria até, com perdão de quem já escreveu essas coisas tantas vezes, bobinho.
04:00Por quê? Porque, na verdade, os salários são elásticos
04:04e o custo dos tokens, ele é real e ele aumenta com a quantidade de esforço demandado da máquina,
04:11ou seja, com a demanda.
04:13No final das contas, a gente tem uma relação entre custo em tokens e elasticidade do salário
04:19que não é considerada quando a gente simplesmente olha as duas coisas e fala,
04:22ah, claro, a máquina faz a mesma coisa que a pessoa, então, substitui a pessoa.
04:26Ué, mas a pessoa, eventualmente, ela pode estar saindo mais barato do que a máquina,
04:31porque também tem custo.
04:33Essas infraestruturas de inteligência artificial custam muito, aliás.
04:35E isso no Brasil é diferente disso, por exemplo, na Suécia, nos Estados Unidos.
04:41Então, a gente tem que considerar que o ponto de vista que faz sentido a gente adotar
04:46é o ponto de vista em que a gente assume que os agentes econômicos são utilitários.
04:51Ou seja, eles, na hora do vamos ver, vão pesar o custo-benefício das opções existentes.
04:58Finalmente, tem um ponto importante que é, no Brasil, os conselhos de classe são muito fortes.
05:05Conselho de medicina, conselho de psicologia, conselho de odontologia, conselho de engenharia,
05:10conselho que você quiser.
05:13Apesar de existir essa discussão, quem é melhor, a máquina ou o médico na leitura do exame?
05:18No final das contas, quem tem um CRM para carimbar é o médico.
05:21E a máquina não vai ter CRM nenhum, porque isso não vai ser aprovado pelo Conselho Federal de Medicina,
05:26que tem uma posição muito forte, inclusive, junto ao Congresso Nacional.
05:29Isso vale para a OAB, isso vale para todos os conselhos.
05:32Então, está aí outra bobagem de se assumir que, basicamente, a equivalência funcional
05:38resolve o problema de quem está com interesse em, vamos dizer, massificar o serviço,
05:44que pode ser bom para a população, tá?
05:45Eu acho que não necessariamente é ruim, pode ser ótimo que a inteligência artificial
05:49faça esses trabalhos, só que ela não tem o carimbo certo.
05:52Então, no Brasil, não vai acontecer desse jeito.
05:55Agora, vamos falar de uma outra categoria que, aparentemente, corre muito risco,
05:59que é a categoria de motorista de aplicativo, por exemplo.
06:02A gente está vendo já nos Estados Unidos começarem a ser testados os robôs, os robotaxis da Tesla.
06:08Você tem vontade de andar num robotaxi, aliás?
06:10Eu já andei.
06:11Já andei?
06:11Sim, já, já.
06:12Como é que foi?
06:13Muito interessante, foi muito legal.
06:15Andei na China, foi bem bacana.
06:17Andeu medo?
06:18Não, não tive medo nenhum, até porque eu tenho pouco medo.
06:20Eu não sei o que acontece, mas eu sou um cara que veio meio desprovido de medos para o mundo,
06:24que é até perigoso.
06:26Medos são boas adaptações.
06:27Esse é outro ponto que eu acho que ele está cercado por uma nuvem de ingenuidade,
06:33e era bom dissipar essa nuvem logo.
06:34É verdade.
06:35Eu fiz um aposto, mas só concluindo a pergunta.
06:38Os motoristas devem ter medo, então, de perder emprego para o robô?
06:41Eu acho que não.
06:42No Brasil, não.
06:43E eu vou dizer por quê.
06:44Olha só, um carro autônomo, para ele ser lançado, ele precisa se mostrar muito seguro.
06:52100% seguro.
06:53Isso significa que ele para toda vez que tem um pedestre, uma situação ameaçadora e tudo mais.
06:59Pois bem, por que, afinal de contas, ninguém se atira no meio da Avenida Paulista,
07:05a pessoa se atira com o trânsito em andamento para atravessar a rua porque deu vontade?
07:10Porque ela sabe que um míope como eu vai passar por cima, sem querer, porque é o que acontece.
07:15Pois bem, imagina se todo mundo soubesse que pode se jogar no meio da rua, que os carros sempre pararão.
07:22Esses são os carros autônomos, que sempre param.
07:24Agora, aplique isso para os motoristas de aplicativo, taxista, gente com pressa, motoboys,
07:29todo mundo cortando os carros autônomos, que vão sempre parar,
07:32porque por design eles precisam mostrar essa segurança.
07:37Será mesmo que esses carros serão otimizadores do tempo dos motoristas?
07:42É só pensar um pouquinho, é óbvio que não.
07:45É óbvio que numa situação em que eu tenho um veículo que obedece as regras de maneira plena,
07:50o veículo que não obedece vai tirar vantagens.
07:54E isso significa que o taxista que pode vir rasgando vai permanecer ativo, vai permanecer valioso,
08:01porque, afinal de contas, vai ser mais funcional e rápido do que o carro autônomo,
08:04que simplesmente vai lá e faz aquela rota assim, e se alguém se jogar na frente, ele para.
08:08A gente tem que pensar o que é, no fundo, no fundo, o trânsito.
08:13O trânsito é um sistema dinâmico baseado em soluções no caos.
08:18E o caos valoriza quem não segue, não é totalmente alinhado à conformidade do ponto de vista de processos.
08:26Entende o problema, Marcelo?
08:28Então, essa é mais uma ingenuidade.
08:30Não quer dizer que carros autônomos não surgirão e não se espalharão aos milhões.
08:35Irão.
08:35Mas a ideia de que, ah, isso significa que o motorista não vai ter mais nenhum papel é ingênuo,
08:39porque o motorista pode cortar na frente do carro autônomo,
08:42e na prática é isso que o motoboy faz, e é por isso que ele acaba sendo valorizado na sociedade,
08:46que é o grande paradoxo dessa profissão, né?
08:48A gente é cortado no trânsito, fica revoltado.
08:50Mas, por outro lado, quando aquele iFood chega em cinco minutos, você fala,
08:53nossa, que milagre do mundo moderno.
08:55Milagre que é o mesmo que você viu quando você estava lá no trânsito.
08:58Assim é.
08:59Muitas variáveis, né?
09:00E também o fator cultural é importantíssimo, não é, Álvaro?
09:03Exatamente.
09:03A gente não pode jamais subestimar o peso das culturas locais,
09:07o peso das regulações locais e o peso dos salários locais.
09:11Álvaro Machado Dias, um prazer falar com você mais uma vez aqui.
09:14Muito obrigado.
09:15Prazer imenso, Marcelo.
09:16Legenda Adriana Zanotto
09:21E aí
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado